Mercado dos Lavradores

IPA.00004138
Portugal, Ilha da Madeira (Madeira), Funchal, Funchal (Santa Maria Maior)
 
Mercado construído por volta de 1940, integrado na arquitectura denominada do Estado Novo, constituindo um ponto de referência na linguagem urbanística, arquitetónica e funcional da cidade. Tem planta trapezoidal implantada num quarteirão, com praça retangular moduladora, de espaço interior fragmentado e diversificado, imaginado como uma cidade em miniatura, com ruas largas e praças espaçadas que ritmicamente formam um marco na arquitetura doméstica de cunho regionalista.Testemunho puro na arquitectura denominada do Estado Novo, do estudo económico-social do quotidiano funchalense, é considerada a maior obra do arquiteto Edmundo Tavares, com inventiva diversidade de volumes torreados e de espaços interiores, de que se destaca o pátio e a lota. Painel de azulejo na fachada O. em volume semicírculo; dois painéis de azulejos na entrada principal e na peixaria foram pintados por João Rodrigues, na Faiança Battistini, na época de Maria de Portugal, de temática regionalista, de formas vegetalistas estilizadas em frisos decorativos com flores, folhas e frutos entrelaçados, policromos, e desenho de actividades quotidianas feirantes a azul e branco ao centro.
Número IPA Antigo: PT062203040026
 
Registo visualizado 1728 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Comercial  Mercado    

Descrição

Planta trapezoidal disposta sobre quarteirão, com pátio central aberto, volumes articulados verticalmente. Cobertura em terraço, e em 2 águas com chapa de zinco e clarabóia. Marcação horizontal por embasamento, laje em consola entre 1º e 2º piso, platibanda, e vertical com pilares entre vãos. Fachada principal com torre quadrada, de escadaria de 3 pisos e vãos corridos encimados com escudo da cidade em basalto trabalhado; ao centro, num corpo mais baixo, a entrada principal em vão proeminente ladeada de pilares sumptuosos; segue-se corpo semicircular avançado e mais alto com painel de azulejos figurando entre pilares demarcados no 1º piso e vãos rectangulares regrados de caixilharia de ferro pintada a castanho ou vermelho no 2º. Alçado N. horizontalmente definido com vãos regulares, entrada central afirmada por caixilharia diferenciada e laje em consola. Alçado E. correspondendo à peixaria em toda a sua largura, de entradas no centro e extremidades com lajes em consola. Vãos em lajes envoltos em moldura de betão, separados com pilares decorados a tijolo intervalado a reboco, apresentando-se num conjunto quase simétrico. Alçado S. é o mais regular, com 3 pisos e 3 entradas enfatizadas por pilares adjacentes revestidos espaçadamente a tijolo. INTERIOR com pátio central pavimentado a calçada portuguesa de desenho geométrico e com pérgola ao meio, ladeado de E. e O. por 2 tanques, no centro dos quais vasos de cantaria trabalhada; nos 4 cantos estão bebedouros de mármore. As alas que dão para o pátio, de 2 pisos, têm colunata, sendo o 2º percorrido por varandim. Distribuídas ao longo do piso térreo numerosas lojas, espaçosas, de largas frentes envidraçadas circundam o pátio, as da fachada N. permitem o acesso pelo exterior, as da S. acompanham ambos os lados de um extenso corredor iluminado, perfazendo o piso da cave. Duas escadarias ladeadas por parede de azulejos florais sob as quais estão as instalações sanitárias / vestiário para pessoal, estão próximo da lota de peixe. Sobre estas, 2 volumes de outros sanitários ao nível do terraço. Neste piso encontram-se as alas de espaços de lambril de azulejos brancos e cobertura a chapa de zinco e clarabóia sobre o corredor central em cada ala. Pavimento cerâmico e caleiras defronte dos expositores facilitam a limpeza utilizando água do depósito sobre piso.

Acessos

Funchal (Santa Maria Maior), Rua Brigadeiro Oudinot; Rua do Hospital Velho; Rua da Boa Viagem; Rua Latino Coelho

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 1/2021/M, DR, 2.ª série, n.º 206 de 22 outubro 2021

Enquadramento

Urbano, isolado, integrado, implantação harmónica. Preenche quarteirão com ligeiro declive. Flanqueado a SO. pelo Lg. dos Lavradores.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Comercial: mercado

Utilização Actual

Comercial: mercado

Propriedade

Pública: Municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Edmundo Tavares. CONSTRUTOR: José Augusto de Sousa e Manuel Alberto Gomes. DIRECÇÃO TÉCNICA: José M. Pereira. PINTOR DE AZULEJOS: João Rodrigues.

Cronologia

1938, 09 dezembro - edital da Câmara Municipal do Funchal para abertura do concurso para a construção do mercado; 1939, 09 janeiro - início da construção do mercado; 1940, janeiro - abertura de concurso para montagem de monta-cargas; 25 novembro - inauguração oficial do mercado; 1971, 20 abril - escritura; 1993, 27 outubro - publicação da resolução de classificação do Mercado dos Lavradores, como Valor Cultural Local, em Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 1070/93, JORAM, 1.ª série, n.º 124; 2019, 07 junho - publicação da Resolução da Assembleia Legislativa da Região Autónoma da Madeira, n.º 15/2019/M, DR, 1.ª série, n.º 110/2019, relativa à recomendação ao Governo Regional para proceder à classificação do Mercado dos Lavradores do Funchal como Monumento de Interesse Público; 2020, 20 abril - publicação da abertura de procedimento de classificação do Mercado dos Lavradores, como Imóvel de Interesse Público, em Anúncio n.º 1/2020/M, DR, 2.ª série, n.º 77.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Betão, blocos de alvenaria rebocado, basalto, tijolo, vidro, ferro, mármore, cerâmica.

Bibliografia

Diário de Notícias, Madeira, 10 Janeiro 1938, 22 Dez. 1940 e 16 Agosto 1997; Jornal da Madeira, Madeira, 12 Set. 1997; SILVA, Pe. Fernando Augusto da, e MENEZES, Carlos Azevedo de, Elucidário Madeirense, vol. 2, Funchal, 1965; DRAC, Revista Islenha, nº 12, Jan. - Jun. 1993.

Documentação Gráfica

DRAC; Mercado dos Lavradores

Documentação Fotográfica

DRAC

Documentação Administrativa

Conservatória do Registo Predial do Funchal: extinta Conservatória Oriental do Funchal - 27 Jun. 1938 - R. Hosp. Velho nº 124, nº 58, p. 20, L.º B1º; 28 Jun. 1938 - nº 12 à R. Hosp. Velho, nº 58, p. 30 L.º B1º; 28 Jun. 1938 - R. Boa Viagem nº 31,33, nº 5576, p. 20 V., L.º B15º; 1 Jul. 1938 - R. Hosp. Velho nº 2 e Lg. Lavradores nº 13, nº 3605, p. 24 V., L.º B8º, matriz nº 388; 1 Jul. 1938 - Quarteirão R. Latino Coelho, B. Viagem, Hosp. Velho, Lg. Lavradores, matriz predial nº 294, 295, 296, 297, 298, 299, 300, 423, Conservatória Registo Predial, Comarca do Funchal sob nº 3528, 3409, 540, 18.625, 9830, 18.526, 1049; 11 Jul. 1938 - R. Hosp. Velho nº 8 e 10, nº 24736, p. 142 V., L.º B67º da Conservatória Comarca do Funchal e nº 24737, p. 143, L.º B67º; 19 Jul. 1938 - R. Boa Viagem e R. Hosp. Velho nº 14 e 16, nº 26561, p. 4, L.º B73º da Conservatória da Comarca do Funchal, matriz nº 393; 20 Jul. 1938 - R. Boa Viagem nº 35 e 39, matriz predial nº 302; 20 Jul. 1938 - Lg. Lavradores nº 5 e 8, nº 6909, p. 101, L.º B16º, matriz predial nº 422; 9 Ago. 1938 - R. Hosp. Velho nº 4 e 6, nº 2166, p. 91, L.º B4º, matriz nº 389.

Intervenção Realizada

CMF: 1980, déc. - obras de beneficiação gerais, infra-estruturas, construção de bancas, bancos circulares no 1º piso; 1988 / 1989 - início da remodelação e reparação do equipamento frio: novas divisões beneficiaram o 1º piso caracterizado por grandes mesas de mármore; 1989 / 1990 - construção do piso intermédio da peixaria; 1990 / 1991 - remodelação do 2º piso sector carne; remodelação da nave S. do 3º piso; 1992 - remodelação da nave N. do 3º piso; 1993 - remodelação da praça da lota; 1997 - início das obras do terraço sobre zona da peixaria para Centro de Artesanato: 1º fase: obras de beneficiação e remodelação da fachada posterior; 2º fase: colocação de varandas e arranjos exteriores.

Observações

Edmundo Tavares foi discípulo de José Luís Monteiro, seguindo humildemente na qualidade e gosto a linha de Raul Lino, expôs na SNBA 2 anos após ter terminado o curso na Escola de Belas Artes de Lisboa (1903 / 1913) projectos de casa de estilização portuguesa. Publicou e ilustrou alguns livros sobre a arquitectura doméstica tradicional, e projectou moradias em Lisboa: Bairro Social do Arco do Cego, com Frederico Machado (1919 / 35); Av. Gago Coutinho, nº 71, 1947 em Português Suave; no Funchal: agência do Banco de Portugal (anos 30 / 40); Liceu Jaime Moniz (1936 / 42) e outros em Coimbra, pontualmente em Santa Comba Dão, Vale de Lobos e Oliveira do Hospital. Na data da sua inauguração foi considerado o mercado mais moderno, de melhores instalações no país; hoje é o único pólo abastecedor significativo de produtos frescos na cidade.

Autor e Data

Maria Shirley 1998

Actualização

 
 
 
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