Colégio e Igreja do Carmo / Lar da Ordem Terceira de São Francisco

IPA.00004245
Portugal, Coimbra, Coimbra, União das freguesias de Coimbra (Sé Nova, Santa Cruz, Almedina e São Bartolomeu)
 
Colégio universitário carmelita com três marcantes fases de construção, a primeira com Frei Baltazar Limpo, de que subsistem ainda alguns vestígios, numa galeria fronteira ao primitivo noviciado, formada por colunelos toscanos, sobre murete, pontuadas por pilares com meias colunas adossadas, diferenciado-se, uma coluna centrada no acesso ao quintal, com fuste de caneluras, capitel com pequenas volutas, e a data de 1548 inscrita no plinto paralelepipédico, indiciando pertencer à construção original. A segunda fase de construção, correspondente à reforma de D. Armador Arraiais, mantém-se a igreja, o claustro castilhiano e a sala dos actos grandes. Da terceira fase, já com a Ordem Terceira de São Francisco, salientam-se as escadas centrais do pórtico principal da igreja, e a transformação da parte colegial em hospital, restando ainda indicação de algumas enfermarias nas vergas das portas, mantendo-se durante a posse da Ordem Terceira, alterações continuadas, para adaptações às várias ocupações de que tem sido alvo. É de estrutura quadrangular, com igreja a S., três pátios e o claustro castilhiano, de tamanhos diferenciados, em volta dos quais se distribuem as dependências. A igreja é de planta composta por nave, para onde abrem quatro capelas laterais intercomunicantes, transepto inscrito com capelas no topo e capela-mor, com coberturas diferenciadas em abóbadas de berço e em meia cúpula, com caixotões de cantaria, pouco iluminada pelas janelas da frontaria, pelos lanternins das capelas do transepto e por uma janela da capela-mor, e com iluminação indirecta através das janelas laterais da nave, num esquema semelhante ao do Colégio de São Pedro localizado nesta mesma rua (v. PT020603170083). Também a fachada principal tem semelhanças com aquele Colégio; na igreja, são ambas harmónicas, apresentando as torres sineira integradas na fachada que se apresenta tripartida e com exo-nártex, mas só neste colégio os vão se apresentam em serliana. Remate em frontão triangular, elevado relativamente ao corpo da igreja, truncada nos ângulos laterais pelas torres sineiras. Interior com coro-alto, capelas laterais com acesso por arco de volta perfeita, protegidas por teias de madeira, possuem retábulos de talha dourada e policroma, com diversidade de estilos que demarcam as épocas de construção: de perfil maneirista os das capelas de do Cristo Crucificado e da capela de Santa Madalena, barroco nacional o da capela de São Bento, rococó o da capela de Nossa Senhora da Piedade, e joaninos os das capelas dos topos do transepto. Arco triunfal de volta perfeita. O retábulo-mor é de talha dourada maneirista de andares, com planta recta e cinco eixos, rematado por frontão semicircular. A ladear a capela-mor, duas sacristias rectangulares de tamanhos diferenciados, maior a lado do Evangelho, que dá ligação ao claustro. O colégio, a ladear a igreja à esquerda, na fachada principal, possui remate em platibanda plena centrada por um frontão triangular decorado com as armas da ordem, coroado por acrotério escultórico; no registo inferior apresenta vãos de métrica e formas irregulares, localizando-se neste registo ao centro a entrada para o lar da terceira idade em portal de arco em volta perfeita, nos dois registos superiores surge já uma distribuição simétrica de vãos rectilíneos. Claustro castilhiano quadrangular, de dois pisos, o inferior com arcadas de volta perfeita e o superior com galeria. A galeria nos seus extremos, tinha duas escadas de acesso, a corpos transversais de ligação ao noviciado; actualmente da escada a N., só restam indícios, existindo apenas a escada a S., mas o corpo transversal ao qual acede, já não liga ao antigo noviciado. O primitivo noviciado no seu exterior mantém, o ritmo dos vãos do registo superior, as molduras em chanfro na porta de acesso ao piso superior e algumas mísulas que a encimam, provavelmente pertencentes a um antigo alpendre. No interior, no 2º piso, mantém as estreitas portas rectilíneas das antigas alcovas com molduras em chanfro, e um grande vão entaipado no topo S., que daria para uma provável capela ali existente. Da 2ª fase de construção, correspondente à reforma de D. Armador Arraiais, mantém-se a igreja, o claustro castilhiano e a sala dos actos grandes. Da 3ª fase, já com a Ordem Terceira de São Francisco, salientam-se as escadas centrais do pórtico principal da igreja, e a transformação da parte colegial em hospital, restando ainda indicação de algumas enfermarias nas vergas das portas, mantendo-se durante a posse da Ordem Terceira, alterações continuadas, para adaptações às várias ocupações de que tem sido alvo. Neste complexo sobressai a grande monumentalidade da igreja, com fachada principal porticada e em serliana, a harmonia e articulação dos espaços interiores da nave, capelas laterais e corredores; o classicismo do claustro e a riqueza da decoração azulejar. Mas todo o complexo merece, ser preservado pela importância arquitectónica espacial e estrutural, decorativa, e ainda pela representação histórica que encerra de épocas marcantes na cidade de Coimbra. No claustro conjunto de azulejos cuja iconografia é rara em Portugal, ilustrando episódios da vida do profeta Elias, desde o nascimento até à morte. No salão nobre o revestimento de azulejos ilustra emblemática, formando um conjunto iconográfico igualmente raro. A nivel heráldico refira-se a existência de pedras de armas representadas de forma invertida e diferenças colocadas nas armas das familias Sardinha e Silveira.
Número IPA Antigo: PT020603170026
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Educativo  Colégio universitário    

Descrição

Planta quadrangular irregular, composta pelos corpos da igreja, claustro e dois pátios à volta dos quais se organizam parte das dependências, com corredores de ligação entre si, e ainda, num plano mais elevado, a E., o primitivo noviciado, de massas horizontalizantes e volumes articulados não coincidentes entre o interior e o exterior, com coberturas diferenciadas de uma, duas, três e quatro águas. IGREJA, situada a S., de planta longitudinal composta por nave única com 4 capelas laterais intercomunicantes, encimadas por dois corredores, transepto inscrito com capelas nos topos, capela-mor flanqueada por 2 sacristias, coro alto, duas galerias laterais, e duas torres sineiras. Fachada principal, voltada a O., de cantaria aparente, em aparelho isódomo, harmónica e com distribuição simétrica dos vãos; corpo central flanqueado por pilastras toscanas colossais sobre pedestais, marcado por exo-nártex, protegido por gradeamento em ferro e acesso por escadaria central, dividido em 3 panos definidos por pilastras toscanas, e dois registos definidos por cornijas; no primeiro os vãos abrem-se em serliana, com nártex coberto por abóbadas, de aresta na zona central e nas laterais de berço, que acede ao interior através de três portais de verga recta e moldura de cantaria, o central mais elevado e rematado por frontão triangular; no 2º registo, abre-se ao centro 1 janelão rectangular ladeado por duas janelas rectangulares que encimam duas pedras de armas epigrafadas do bispo construtor, da ordem carmelita (*1). Remate em frontão triangular, truncado lateralmente pelas sineiras, rasgado por janelão central e, por duas janelas termais.; sobre o janelão, nicho com escultura em pedra da Senhora da Conceição; As torres sineiras têm as faces voltadas a O. inferiormente rasgadas por grandes vãos em arco de volta perfeita a ladear a serliana, com cobertura interior em abóbadas de arestas e, junto à cornija de separação, abrem-se pequenas frestas; superiormente são rasgadas nas quatro faces por ventanas em arco de volta perfeita e rematadas em cornija; a finalizar os quatro ângulos, pináculos piramidais, em cantaria, sobre pedestais paralelepipédicos, e cobertura em cúpula. Fachada lateral esquerda, adossada às dependências do antigo colégio e ao claustro, acima deste no acompanhamento da nave estende-se galeria com 12 colunelos de fustes hexagonais, sobre murete. Fachada lateral direita, acompanha o desnível do terreno, sobressaindo inferiormente, entre contrafortes, o corpo saliente da capela da Senhora da Piedade rasgado por janelas rectilíneas nas três faces; acima desta capela, rasgam-se 3 vãos rectilíneos sendo o da extremidade esquerda mais pequeno e quadrangular, e superiormente possui uma galeria idêntica à da fachada esquerda. Fachada posterior adossada a dependências administrativas da Ordem Terceira. INTERIOR, de dois registos definidos por friso e cornija, revestidas de cantaria sensivelmente até dois terços da altura, interrompidas pelos vãos das 4 capelas laterais, em arco de volta perfeita sobre pilastras toscanas, protegidos por teias em madeira torneadas; superiormente as paredes são revestidas de azulejos de padrão formando tapetes de bicromia azul cobalto e amarelo sobre fundo branco, intercalados por quadros com pinturas figurativas, e janelas de guilhotina com sanefas de talha policromada, dourada e em marmoreados fingidos, vermelho ocre e azul. Tem coberturas diferenciadas em cantaria, em abóbadas de berço com caixotões assente em cornija saliente na nave, capela-mor e nas capelas laterais, estas últimas com os caixotões decorados por cartelas flamengas, nas capelas do transepto são em meia cúpula de caixotões decorados com elementos vegetalistas e com um lanternim junto ao arco de entrada, e no sub-coro em abóbada de berço abatida, com caixotões de decoração geométrica. Pavimentos diferenciados, escalonados em 4 planos, nave, capelas laterais, transepto e capela-mor. Separa a nave do transepto que lhe fica mais elevado, uma teia em balaustrada de madeira. Coro alto estende-se sobre o nártex, assente em arco abatido e possui guarda balaustrada de madeira, pintada em marmoreados fingidos, e um cadeiral de madeira entalhada, com espaldar de telas figurativas alusivas a carmelitas. No lado da Epístola orgão de armário. Através do coro acede-se às torres, às galerias, e aos corredores abobadados sobre as capelas laterais, tendo cada um destes corredores quatro janelas confrontantes, repartidas em igual número para a nave e para o exterior. No sub-coro, as paredes são revestidas por azulejo de padrão, idênticos às paredes laterais e possui guarda-vento pintado de castanho, em chapa metálica e vidro opaco. Junto ao sub-coro abrem-se as capelas, dedicadas, no lado do Evangelho, a Santa Maria Madalena revestida de azulejos de padrão e em ponta de diamante, e ainda com um registo figurativo representando o orago, tendo na parede do lado direito uma lápide epigrafada e armoriada, e, no lado da Epístola dedicada a Nossa Senhora da Piedade, revestida por silhar de azulejos policromos, figurativos, com representações da Paixão de Cristo, tendo na parede do lado esquerdo uma lápide epigrafada e armoriada. Sucedem-lhes, as capelas dedicadas a Cristo Crucificado no lado do Evangelho, com as paredes revestidas de azulejo de padrão, encimados por friso de querubins, tendo a do lado direito uma lápide epigrafada e armoriada alusiva aos instituidorese, a São Bento no lado da Epístola, rebocada e pintada de branco; todas as capelas possuem retábulos de talha dourada e policromada. Confrontantes, dois púlpitos quadrangulares em cantaria, assentes sobre mísulas volutadas, com guardas plenas decoradas com cartelas, e com sanefas de madeira coroadas por cartela semelhante às anteriores, sobre as portas de acesso. Os topos do transepto são semelhantes, com capelas dedicadas a São Francisco de Assis, no lado do Evangelho, e, no lado da Epístola, a Nossa Senhora do Carmo, iluminadas pelos lanternins que dão para as galerias exteriores das fachadas laterais; a capela do lado do Evangelho possui porta de acesso ao claustro e nela está uma lápide epigrafada proveniente do Colégio de São Tomás. Ambas possuem retábulos de talha dourada com fundo policromado de marmoreados fingidos, em tons de azul e rosa. Arco triunfal em volta perfeita flanqueado por duas mísulas com imagem de vulto. Elevada por um degrau, a capela-mor, com as paredes revestida por azulejos de padrão idênticos aos da nave, com duas portas axiais, dando a do lado do Evangelho para a sacristia nova e a do lado da Epístola para a sacristia velha, possui ainda duas janelas a do lado do Evangelho cega; pavimento em pedra, onde se encontra a sepultura de Frei Armador Arraiais, coberta por tampa sepulcral epigrafada, e retábulo em talha dourada. Sacristias rectangulares, a nova de maiores dimensões tem cobertura em abóbada de berço com caixotões, pavimento lajeado de pedra, e dá acesso ao claustro por uma porta rectilínea, localizada no topo O.. DEPENDENCIAS, na fachada principal, voltada para a R. da Sofia, apresenta três registos, três panos definidos por pilastras, remate em platibanda plena centrada por frontão triangular com as armas da ordem, coroado por acrotério composto por escultura feminina com duas crianças; no registo inferior os vãos rasgam-se em métrica irregular, o que se deve às adaptações ao comércio neste piso, situa-se neste registo no pano central o portal de acesso aos pisos superiores (lar da terceira idade), em arco de volta perfeita; nos registos superiores rasgam-se 26 vãos rectilíneos de métrica regular em axialidade, distribuídos 10 em cada pano lateral e 6 no central. INTERIOR, Claustro, quadrangular de 2 pisos seccionados por pilares-contrafortes, lajeado de pedra, possui ao centro do pátio um tanque baixo recortado em formato de flor de lis, centrado por um pequena escultura de São Francisco. O Piso inferior abre-se em 16 arcadas de volta perfeita apoiadas em colunas jónicas. O piso superior abre em galeria assente em murete, com 40 colunas de ordem toscana sobre pedestais paralelepipédicos, e com o brasão do bispo Arrais aposto num pilar central no lado da igreja, neste mesmo lado num plano mais elevado e recuado, surge a já referida galeria lateral da igreja voltada para o claustro. No interior do piso inferior as alas apresentam, cobertura em abóbada de berço assente em cornija, dividida em 5 tramos pelos arcos torais de cantaria sobre mísulas, incluindo os ângulos, nestes últimos possui abóbada de arestas com chaves decorativas de cantaria, alternadas de elementos vegetalista e figurativos; as paredes são revestidas por silhar de azulejos com cenas da vida do profeta Elias, de bicromia, azul cobalto sobre fundo branco e roxo manganês, de marmoreados fingidos no rodapé, e guarnição composta por elementos arquitectónicos e concheados. Interior do piso superior com cobertura plana de madeira, pavimento lajeado de pedra, paredes percorridas por silhar de azulejo de padrão. Como já foi referido, as dependências distribuem-se algumas em redor do claustro, sendo de realçar, no acompanhamento da ala N., a sala dos actos solenes, antecedida de vestíbulo que serve de recepção aos utentes da instituição, possui planta rectangular, 4 janelas altas confrontantes e abóbada idêntica à da sacristia nova, paredes percorridas por silhar de azulejos de guarnição com composições arquitectónicas e concheadas e temas emblemáticos com legendas, abaixo deles azulejos de motivo solto; no topo bacia de púlpito com sobre-porta ornada mostrando os símbolos da ordem carmelita. No ângulo NE. do claustro fica a capela mortuária, rectangular com a cabeceira a S., cobertura em abóbada de arestas de dois tramos, com chaves em florão, duas janelas na parede do lado da Epístola, paredes revestidas por silhar de azulejos, com cenas bíblicas, guarnecidos com elementos arquitectónicos; retábulo em talha dourada, dedicado à Senhora da Maternidade. Esta capela, através de uma alta porta rectilínea, de duplo batente de madeira com almofadados recortados, intercomunica a N. com o salão polivalente de cobertura em abóbada de arestas, dividida em 3 tramos por arcos torais sobre mísulas, mostrando no primeiro tramo junto à porta, arestas irregulares, devendo-se isso à diferenciação do pé-direito, que neste nível tem aproximadamente menos 1 metro, possui iluminação natural proporcionada por 6 janelas curvilíneas, 2 no topo e 4 nas paredes laterais, ao nível do último tramo da abóbada, possui porta à esquerda, e ao centro um palco em madeira. A parte superior do claustro a E, liga através de um corredor à galeria do noviciado, formada por colunas toscanas sobre murete, pontuada por pilares com meias colunas adossadas, diferenciando-se uma coluna centrada no acesso ao quintal, com fuste de caneluras e capitel de pequenas volutas; no topo S. possui umas escadas em cantaria de acesso a anexos do lar, no topo N. subiste ainda um degrau embutido na parede e uma arquitrave a indiciar a pré-existência de umas escadas idênticas às anteriores. O antigo Noviciado, situa-se num plano mais elevado tem acesso interno através de umas escadas de cantaria situadas no ângulo SE. do pátio ajardinado que o separa da galeria. Possui planta rectangular, dois pisos, modinatura dos vãos em cantaria; na fachada principal voltada ao colégio, no piso inferior apresenta 20 vãos de métrica irregular, alternados por porta e janela, localizando-se a S o portal principal que dá acesso ao piso superior (casa abrigo), em arco de volta perfeita, de moldura em chanfro formando ponta de lápis na base, encimado por 3 mísulas diferenciadas, em cantaria, as externas volutadas e a central simples; no piso superior rasgam-se 18 vãos de métrica regular, sendo o antepenúltimo a N. uma porta envidraçada com ligação a umas escadas metálicas (actualmente fora de serviço), os restantes são janelas abertas em capialço, protegidas por caixilharia em madeira pintada de branco e envidraçadas; fachadas laterais, a da esquerda é cega e dá para os terrenos do colégio, a da direita está adossada a um anexo habitacional, a fachada posterior tem um só registo, está voltada para os terrenos do colégio envolvidos pela cerca (actualmente incultos), é rasgada por 8 vãos, sendo 6 janelas os intermédios e 2 portas os externos. Interior, no piso inferior compartimentado por pequenas habitações; no superior (casa abrigo), os compartimentos distribuem-se ao longo de um corredor, à esquerda os quartos e uma sala de estar com portas estreitas de molduras de cantaria em chanfro, à direita uma pequena cozinha e os balneários, no topo a N. possui mais uma sala de estar, no topo a S., no alinhamento das divisões da direita contém um largo vão rectilíneo, entaipado indiciando a pré-existência de uma porta.

Acessos

Rua da Sofia, Coimbra

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 16/2011, DR, 1ª série, n.º 101 de 25 maio 2011

Enquadramento

Urbano, adossado a N., à igreja da Graça (v. PT020603170048), implantado em terreno de acentuada inclinação, com a frente principal voltada para a R. da Sofia (v. PT020603170033), confinante a S. com a Cç. do Carmo, que o separa do Antigo Colégio de São Bernardo (v. PT020603170084).

Descrição Complementar

Retábulo-mor em talha dourada, de planta recta, de dois andares e tímpano, divididos por arquitraves decoradas com querubins e grinaldas de frutos, com quatro eixos definidos por colunas de fuste decorado no terço inferior por querubins, acantos, vasos de flores e frutos, e de caneluras nos 2 terços superiores, com capiteis coríntios. Tímpano curvo com tábuas pintadas com a representação da transfiguração de Cristo, decorado na arquivolta do arco por 6 anjos músicos em baixo relevo. No eixo central, no primeiro andar abre-se nicho em volta perfeita, com 4 colunas sobrepostas idênticas às que dividem os eixos, possui imagem de vulto; no segundo andar possui tábua com a representação da Senhora do Carmo; nos eixos intermédios apresenta nos dois andares tábuas com representações: no lado do Evangelho o nascimento de Jesus e apresentação do Menino no templo, no lado da Epístola a adoração dos Magos e o repouso no Egipto. Nos eixos externos, possui esculturas de Santos, as inferiores sobre mísulas as superiores sobre a arquitrave. Na predela os plintos paralelepipédicos contém, baixos relevos com os santos evangelistas e dois doutores, intercalados por pequenas tábuas com representações de Santos: no lado do Evangelho Santa Eugénia e Santa Catarina discutindo com os doutores, ao centro dois Anjos a incensar, e no lado da Epístola, Nossa Senhora a dar escapulário e Santa Eufrázia. No sotobanco é pintado com marmoreados fingidos. Mesa do altar mais avançada separada do retábulo por alguns degraus, em cantaria decorada com baixos relevos, e suporta sacrário em forma de templete. Retábulos das capelas laterais: os das capelas de Santa Madalena e do Cristo Crucificado são semelhantes, de talha dourada, de planta recta de um só eixo entre dois pares de colunas de caneluras, decoradas com acantos no terço inferior, e com capiteis coríntios, remate em arco de volta perfeita com a arquivolta decorada por baixos relevos de temas fitomórficos; o retábulo de Santa madalena é centrado por grande tábua com a representação da morte da Santa, e no sotobanco possui cenotáfio em madeira com escultura jacente; as mesas dos altares são em forma de urna pintadas em marmoreados fingidos, com cruz dourada, trevada no frontal; na capela da Senhora da Piedade o retábulo é de talha dourada, policromada, com fundo de marmoreados fingidos, azul, rosa e bege, de planta côncava, delimitado por duas colunas de fuste liso decorado com acantos, capitel volutado e decorado por grinaldas de flores, possui nicho profundo com trono suportando imagem de vulto, com cobertura em abóbada suportada por 4 colunas de arestas douradas, possuindo mais duas idênticas a ladear o nicho, remate em frontão curvo decorado com cartela, ladeado por anjos; mesa do altar em forma de urna profusamente decorada com orelhões, grinaldas de flores, querubins e duas palmetas no frontal; na capela de São Bento o retábulo é em talha dourada, de planta côncava, com 2 pares de colunas torsas decoradas por pâmpanos, pássaros e anjos, situadas entre duas pilastras, e a prolongarem-se em arquivoltas, unidas no sentido do raio por escudo com um coroa segura por dois anjos, possui nicho central com trono decorado por acantos, suportando imagem de vulto; mesa do altar em madeira forrada de tecido estampado. Capelas do transepto com retábulos de talha dourada de fundos policromados, com marmoreados fingidos em tons rosados e azuis, de planta convexa; a capela de São Francisco, possui três eixos definidos por colunas com fustes de arestas douradas e decoração fitomórfica, de capiteis coríntios, suportadas por mísulas volutadas sobre pequenos atlantes, nicho central profundo com cobertura em falsa abóbada de arestas decorada com acantos, orelhões e com chave pendente, suportada por 4 pilastras com decoração fitomórfica, contém alto trono escalonado com imagem de vulto, eixos laterais com nichos curvos de cobertura concheada, com imagens de vulto sobre mísulas, alto remate profusamente decorado, em frontão com aletas, coroado por 2 anjos segurando coroa, no remate letreiro alusivo ao 1.º titular, Santo Alberto "OS IVSTI MEDITABITVR SAPIENTIAM". ; capela de Nossa Senhora do Carmo com remate semelhante à anterior, de 3 eixos definidos por 4 colunas torsas decoradas com grinaldas de flores, sobre mísulas idênticas às da capela de S. Francisco, nicho com trono escalonado encimado por baldaquino joanino, eixos laterais com mísulas suportando imagens de vulto encimadas por baldaquinos idênticos aos do eixo central. Na Sacristia lavabo em cantaria decorado no espaldar com as armas do Bispo Frei Amador Arrais. AZULEJOS: na parte superior do claustro no ângulo NE, o vestíbulo que antecede o corredor que liga aos quartos dos idosos, é revestido por silhar de monocromia azul cobalto sobre fundo branco, com albarras e dois cestos de flores e alguns de figura avulsa, de fabrico coimbrão, do séc. 18. AZULEJOS: Igreja: Nave, capela-mor, coro-alto: paredes totalmente revestidas de azulejo de padrão seiscentista; 5 x 5 azulejos; azul, branco e amarelo, formando tapetes, perfeitamente integrado na arquitectura. Capela Nossa Senhora da Piedade: dois painéis de azulejo, recortados na parte superior (16 azulejos na parte mais alta x 10 de largo); composição figurativa; monocromia, azul em fundo branco; iconografia religiosa: cenas da Paixão de Cristo (Cristo flagelado), enquadradas por motivos ornamentais rococó. Capela de Santa Madalena: Paredes revestidas de azulejo de padrão e de ponta de diamante, montagem pouco corrente, provavelmente posterior. Inserido no revestimento de azulejos de padrão, painel de composição figurativa, em policromia, representando Maria Madalena penitente, ajoelhada perante a imagem de Cristo na cruz (5 x 4 azulejos). Capela de Cristo crucificado: paredes revestidas de azulejo de padrão, tipo enxaquetado compósito. CLAUSTRO: 20 painéis de azulejo de composição figurativa, formando um alto silhar (24 azulejos na parte mais alta dos painéis), ilustram cenas da vida do profeta Elias. A composição central é em monocromia, azul em fundo branco; envolta por enquadramento de motivos ornamentais rococó, em tons de manganés; simulando na parte inferior rodapé de cantaria e, lateralmente, ligando os painéis uns aos outros, pilastras coroadas por vazos floridos; na parte superior dos painéis; em cartela, uma legenda em latim identifica a cena representada. O sentido da leitura do ciclo narrativo começa com a representação do profeta Elias e segue-se no sentido contrário às agulhas de um relógio. 1. Representação de Elias; 2. Nascimento de Elias e prova do fogo; 3. Elias e os pais vão para Jerusalém; 4. Elias e o rei Acab; 5. Elias ouve a voz de Deus; 6. Elias na torrente de Querit é alimentado por corvos; 7. Elias e o servo ouvem a voz de Deus; 8. Elias adormece debaixo de junípero; 9. Elias encontra Eliseu a lavrar a terra; 10. Elias constrói um templo no monte Carmelo; 11. Elias encontra-se com Acab e anuncia-lhe a morte; 12. Elias e Acab na vinha de Nabot; 13. Elias anuncia a morte do rei Acazias; 14. Elias sobe ao céu num carro de fogo; 15. Elias faz descer o fogo do céu sobre os cinquenta soldados; 16. Elias faz descer o fogo do céu sobre os cinquenta soldados; 17. Ressurreição de Elias; 18. O corpo de Elias jaz no chão da praça principal; 19. Ressureição de Elias; 20. Elias ouve vozes que o chamam ao céu. Este ciclo narrativo reproduz um conjunto de gravuras provenientes da obra "Speculum Carmelitanum Sive Historiae Eliani Ordinis", publicada em Antuérpia em 1680. Na parte superior das portas que se abrem nas alas do claustro, decoração em azulejo representando motivos vegetalistas e vaso de flores. SALÃO NOBRE (antiga sala do conselho): paredes revestidas de azulejos de composição ornamental e figurativa, formando silhar, representando emblemas identificados por legenda em latim; monocromia, azul em fundo branco; 17 azulejos na parte mais alta. Na parte inferior dos painéis, 4 fiadas de azulejos de figura avulsa. Revestimento que mostra ter sofrido alterações. INSCRIÇÕES: EXTERIOR: 1. Inscrição de louvor gravada em latim numa cartela colocada sob o brasão do lado esquerdo. Calcário. Dimensões: a altura a que se encontra a inscrição não permite efectuar as medidas. Leitura: IN HONORE BEATISSIMAE VIRGINIS DE MONTE CARMO. Tradução: À honra de Nossa Senhora do Monte Carmo. 2. Inscrição comemorativa da construção do colégio e indicativa do nome do fundador gravada em latim numa cartela colocada sob o brasão do lado direito. Calcário. Dimensões: a altura a que se encontra a inscrição não permite efectuar as medidas. Leitura: A.DOMINVS AMATORE EPISCOPVS PORTALEGRE CONSTRVCTVM 1571. INTERIOR: 1. CAPELA DE SANTA MARIA MADALENA: Inscrição comemorativa de instituição de capela gravada numa lápide, embutida na parede do lado direito, num campo epigráfico rebaixado, encimado por pedra de armas, tudo enquadrado por moldura dupla sendo a primeira perolada. Descrição Heráldica: escudo, colocado à valona, esquartelado: I e IV: três sardinhas e como diferença uma estrela, de 5 pontas (má representação de Sardinha); II: xadrezado de quatro peças em faixa e em pala (Sá); III: três faixas e como diferença uma cruz simples (Silveira). Timbre que está invertido: um búfalo sainte com argola nas ventas: Sá. Elmo cinzelado com virol, que está invertido, paquife e correias.O escudo encontra-se invertido pois no I quartel deveriam estar representadas as armas dos Sá e não a dos Sardinha, o que se poderá explicar por o brasão ter sido copiado de um sinete. A pedra de armas apresenta vestígios de policromia. Sulcos das letras preenchidos com betume negro, algum já a sair. Calcário. Dimensões: totais: 173x76,5; campo epigráfico: 35,5x65; moldura: 5,5; campo heráldico: 76,5x65; escudo: 30x26. Tipo de letra: capital quadrada de má qualidade gráfica. A letra contrasta com a qualidade plástica da pedra de armas e da moldura. Nexos e inclusões. Leitura modernizada: LUÍS SARDINHA CÉSAR E SUA MULHER DONA JOANA DE SÁ FIZERAM E DOTARAM ESTA CAPELA PARA SI E SUA FILHA DONA MADALENA DA SILVEIRA E HERDEIROS COM UMA MISSA QUOTIDIANA. 2. CAPELA DE CRISTO CRUCIFICADO:Inscrição comemorativa de construção e instituição de capela gravada numa lápide, embutida na parede do lado direito, num campo epigráfico rebaixado, encimado por pedra de armas, cujo timbre se sobrepõe à moldura superior, tudo enquadrado por moldura dupla simples. Moldura e pedra de armas com policromia: preto, vermelho e dourado. Descrição Heráldica: escudo, colocado à valona, esquartelado: I e IV: xadrezado de quatro peças em faixa e cinco em pala (Sá); II e III: cruz florenciada e vazia (Pereira). Timbre, que está invertido: um búfalo sainte xadrezado e com argola na venta (Sá). Calcário. Linhas auxiliares demarcadas. Os sulcos das letras estiveram preenchidos com betume negro de que restam pouco vestígios. Dimensões: totais: 110x75; campo epigráfico: 33,5x63; campo heráldico: 64,5x63; brasão: 28,5x22. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos e entrelaçados. Leitura modernizada: MATEUS PEREIRA DE SÁ FIDALGO DA CASA DE SUA MAGESTADE ARCEDIAGO DE RIBA DE COA NA SÉ DE LAMEGO FEZ E DOTOU ESTA CAPELA COM UMA MISSA QUOTEDIANA PARA SI E SEUS PARENTES A 21 DE ABRIL DE 1597. 3. CAPELA DE SÃO FRANCISCO: Inscrição funerária de Frei Luís de Sottomaior, gravada em latim numa lápide sem moldura nem decoração. A mísula está sobreposta à lápide. Eixo de simetria à esquerda. Linhas auxiliares demarcadas, a última linha não foi utilizada. Vestígios de betume no sulco das letras. Calcário. Dimensões: totais: 106,5x106,5. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos e inclusões. Leitura: MAGNUS THEOLOGUS VIR COELO DIGNUS FRATER LUDOVICUS SOTTOMAIOR DOMINICANUS FIDEI VEHEMENSIS ASSERTOR IN UTRAQUE GERMANIA ET ANGLIA PRIMARIUS CONIMBRICAE DIVINORUM LIBRORUM INTERPRES LONGE ILLUSTRIS ET EMERITUS MORIENS IPSA DIE ET HORA QUA SPIRITUS SANCTUS CORDA REPLEVERAT APOSTOLORUM SUAE MORTIS DIVINUS VIVAM SANCTITATIS IMAGINEM EXPRESSIT AUAM VIVENS SIBI PARAVERAT DEUM SEQUENDO TANDEM HIC SITUS EST ANNO 1610 SUAE AETATIS 84. 4. CAPELA-MOR: Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura emoldurada por blocos de pedra. Calcário. Dimensões: totais: 263x154; moldura: 23/23,5. Tipo de letra: capital quadrada, de óptima qualidade gráfica. Inclusões. Leitura modernizada: SEPULTURA DE DOM FREI AMADOR ARRAIS BISPO DE PORTALEGRE FEITURA D'EL REI DOM HENRIQUE E SEU ESMOLER-MOR FOI O PRIMEIRO RELIGIOSO QUE PROFESSOU NESTE COLÉGIO FALECEU AO 1º DE AGOSTO DE 1600. 5. Inscrição de consagração gravada em latim numa lápide, num campo epigráfico rebaixado, e enquadrada por moldura dupla. Sulco das letras pintados a encarnado. Mármore branco pintado de cinzento. Dimensões: totais: 70,5x84x5,5; campo epigráfico: 69x54,5; moldura: 7,5. Tipo de letra: capital quadrada do séc. 20. Leitura: JESUS ANNO MCMXL DOMINUS RAPHAEL MARIA DA ASSUNÇÃO DEI GRATIA EPISCOPUS LIMYREN HANC VETUSTAM ECCLESIAM SOLLEMNI RITU CONSECRAVIT III IDUS OCTOBRII IN HONOREM BEATAE MARIAE A MONTE CARMELO ATQUE SANCTI PATRIS NOSTRI FRANCISCI TITULARIUM EIUSDEM TEMPLI. 6. SACRISTIA: Inscrição gravada em latim no frontal da arca representada no painel escultórico, num campo epigráfico emoldurado. Sulcos das letras pintados a dourado.Calcário. Dimensões: totais: 169x72; campo epigráfico: 31x151; moldura: 8/9,5. Tipo de letra: capital quadrada. Leitura: ERIT SEPULCHRUM EIUS GLORIOSUM. 6.Inscrição de posse de capela e comemorativa da sua instituição gravada numa lápide, a que se retirou uma faixa de pedra, num campo epigráfico rebaixado, sob uma pedra de armas, enquadrada por moldura tripla em ressalto envolvida por cartela. Descrição Heráldica: escudo, colocado à valona, esquartelado: I: uma torre aberta e iluminada (Faria), entre duas flores- de- lis, e três em chefe; II: uma torre aberta rematada por uma cruz (Saldanha?); III: três caldeiras em roquete, (má representação de Caldeira); IV: três vieiras em roquete (Camelo).Timbre: uma torre aberta: Faria. Elmo cinzelado, que se sobrepõe à moldura, paquife e correias. A primeira e última linha encontram-se demarcadas. Alguns elementos que compõem a cartela estão partidos. Apresenta salitre. Calcário. Dimensões: totais: 134,5x97,5x0,5; campo epigráfico: 37x59,5; moldura: 7; cartela: 12; campo heráldico: 58,5x59,5. Tipo de letra: capital quadrada. Nexos e inclusões. Leitura modernizada: ESTA CAPELA É DE JULIANA DE FARIA COM MISSA QUOTIDIANA E DOZE CANTADAS EM CADA UM ANO POR SUA ALMA E DE SEU MARIDO CRISTÓVÃO DE ANDRADE FIDALGO NOS LIVROS D'EL REI E COMENDADOR DE CRISTO E POR SEUS DEFUNTOS DOTADA EM QUARENTA MIL RÉIS DE RENDA EM CADA UM ANO PARA ESTE COLÉGIO.

Utilização Inicial

Educativa: colégio universitário

Utilização Actual

Assistencial: lar

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 17 / 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: Diogo de Castilho, noviciado (séc. 16); Jerónimo Francisco (séc. 16) (atr.); mestre de obras: Francisco Fernandes (1597); Manuel João; PEDREIROS: António Fernandes, Manuel Fernandes, Onofre Simões¸ ENSAMBLADORES e ESCULTORES: Domingos e Gaspar Coelho; PINTORES: Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão (séc. 16).

Cronologia

1540 - Fundação do colégio pelo bispo do Porto, D. Frei Baltasar Limpo, destinado a clérigos, dsa diocese do Porto, que viessem estudar para a Universidade; 1541, 8 Dezembro - início das obras; 1543, 8 de Dezembro - D. Frei Baltazar Limpo muda de opinião e com autorização de D. João III entraram para o colégio os primeiros frades carmelitas calçados; 1544, Julho - obras lentas, pensa-se começar a construção da igreja e dormitório; 1547- oficializa doação do colégio aos Carmelitas Calçados; 1548 - construção do noviciado no tempo do Bispo Baltasar Limpo; 1571, 7 Agosto - primeiros estatutos do colégio; 1571, 7 de Setembro - carta régia de D. Sebastião insere colégio na Universidade; 1574, 26 Fevereiro - contrato entre os padres dos Colégios do Carmo e do Espirito Santo onde se define uma Azinhaga entre os dois colégios, testemunhado pelo arquitecto Jerónimo Francisco (a necessidade das construções de muros que assegurem a privacidade dos colégios e de portais de acesso ao colégio do carmo faz suspeitar da sua participação na direcção ou execução dos trabalhos podem ser dele a porta da entrada que ainda subsiste de acesso ao noviciado, à qual se liga uma pequena abóbada poderá ser da sua execução ou direcção de obras); 1596 - D. Frei Amador Arrais renuncia à mitra de Portalegre e recolheu-se no Colégio do Carmo, onde havia professado em 1542; 21 de Setembro - Frei Amador Arrais institui uma capela para sua sepultura na capela-mor; 1597 - conclusão da igreja erigida por D. Frei Amador Arrais, como indicam as inscrições gravadas nas lápides da fachada, e construção do claustro, onde terão participado o arquitecto Manuel João, Francisco Fernandes e os pedreiros Onofre Simões; 1597, 21 Abril - Instituição da capela de Cristo Crucificado, por Mateus Pereira de Sá, fidalgo, arcediago de Riba Coa na Sé de Lamego, irmão de Simão de Sá, bispo de Lamego e Porto; séc.16, final - Retábulo-mor encomendado por D. Frei Amador Arrais, obra dos ensambladores e escultores Domingos e Gaspar Coelho; as pinturas são de Simão Rodrigues e Domingos Vieira Serrão; 1598 - Manuel João, assumia o cargo de arquitecto régio da cidade de Coimbra, (lugar vago à cerca de 20 anos), em substituição de Jerónino Francisco que tinha falecido; 1600 - conclusão do claustro, conforme data inscrita numa mísula de um arco toral da abóbada, no ângulo NE. do claustro; morre D. Frei Amador Arrais cujo corpo é sepultado na capela-mor, como indica a inscrição gravada na tampa da sua sepultura; 1618 - instituição da capela com invocação de Nossa Senhora da Piedade, actualmente dedicada à Senhora do Carmo, por D. Juliana de Faria e seu marido Cristóvão de Andrade, fidalgo e comendador da Ordem de Cristo, que a dotaram de 40 mil réis de renda pagos ao colégio ; 1622 - instituição da capela de Santa Madalena, por Luís Sardinha César e sua mulher D. Joana de Sá; 1623 - instituição pia da capela de Nossa Senhora da Piedade, pelo Dr. Francisco Lopes Pacheco, cónego de Coimbra; séc. 17 - época a que pertencem os azulejos da capela de Santa Madalena e as teias do transepto e das capelas laterais; 1665, 10 de Fevereiro - instituição da capela do transepto do lado do Evangelho, dedicada a Santo Alberto, por Manuel Rodrigues de Abreu, cónego da Sé de Faro e prior de Arazede; 1721, 28 de Novembro - reitor do colégio agraciado pelo Papa Inocêncio XIII, podendo conferir graus académicos aos religiosos; séc. 18, início - época a que pertencem os silhares de azulejos com albarradas, no vestíbulo de acesso aos quartos que ficam no ângulo NE. superior do claustro; séc. 18, 1ª metade - construção do retábulo da capela do transepto, do lado da Epístola; séc. 18, 2ª metade - época de construção do retábulo da capela do transepto do lado do Evangelho. Época do fabrico dos azulejos da capela de Nossa Senhora da Piedade e do claustro; 1834 - com extinção das Ordens Religiosas a igreja é cedida para culto dos paroquianos de Santa Justa por portaria de 30 de Julho, (não chegaram a concretizar); 1837, 5 de Janeiro - por despacho do vigário capitular, a Ordem Terceira de São Francisco, obteve direito ao templo de acordo com seu pedido; 1837, Fevereiro - Ordem ocupa o edifício; 1841, 15 Setembro - legalizada concessão à Ordem Terceira por carta de lei, sendo concedida nas mesmas condições, em que já tinha sido feita aos moradores da freguesia de Santa Justa; 1845, 23 Abril - concedida à Ordem Terceira de São Francisco o edifício do extinto colégio para instalação de hospital; 1846 - início das obras de adaptação, posteriormente interrompidas; 1846, 17 Maio - ocupado pela junta governativa provisória da cidade de Coimbra (*2), para aquartelamento das forças populares; 1851 - inauguração do hospital; 1854 - alteração da entrada da igreja construindo-se umas escadas de acesso e um átrio com guardas e portão em ferro; 1855 - o Asilo da Mendicidade instala-se provisoriamente em parte do edifício, que era ocupado pelo hospital da Ordem Terceira; 1860, 11 Agosto - foi concedida à Ordem Terceira a cerca que pertenceu ao extinto colégio, exceptuando a parte que seria projectada para a estrada de acesso entre a Azinhaga do Carmo e o Cemitério da Conchada; 1860, 15 Novembro - o Asilo da Mendicidade deixa o edifício, mudando-se para outras instalações na R. do Montarroio; 1877/1884 - reforma do hospital; 1884 - Exposição Distrital de Coimbra, no claustro, organizada pela Escola Livre das Artes do Desenho; 1936 - as paredes da capela de Cristo Crucificado, foram revestidas por azulejo de padrão de fabrico moderno, e foram-lhe adicionados confessionários; 2005, Julho - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Cantarias (pilastras, arcos, molduras dos vãos); telha cerâmica (cobertura exterior); ferro recortado (gradeamento, portões); vidro simples (janelas); alvenaria rebocada (paredes); madeira (portas e caixilharia). Interior - pedra (pavimento da capela-mor, claustro,, galeria do noviciado); cantaria (vãos, pilares, arcos e abóbadas); azulejos (revestimento de paredes da igreja, claustro, sala dos actos solenes, capela mortuária, vestíbulo de acesso aos quartos do ângulo NE do claustro); tijolo (abóbadas); tijoleira (pavimento do coro-alto) alvenaria de pedra rebocada (paredes); madeira (pavimentos da igreja e de parte das dependências, caixilharia, retábulos, sanefas, guardas do coro, etc.).

Bibliografia

BORGES, Nelson Correia, Coimbra e Região, Lisboa, 1987; CASTRO, Eugénio de, As capelas sepulcrais da Igreja do Carmo, de Coimbra, sep. da rev. Biblos, vol. VII, nº 7-8, 9-10, Coimbra, 1931; CORREIA, José Eduardo Horta, A Importância dos Colégios Universitários na Definição dos Claustros Portugueses, in Universidade(s). História, Memória, Perspectivas (Actas), vol. 2, Coimbra, 1991; CORREIA, Vergílio e GONÇALVES, A. Nogueira, Inventário Artístico de Portugal. Cidade de Coimbra, Lisboa, 1947; CRAVEIRO, Maria de Lurdes, Diogo de Castilho e a Arquitectura da Renascença em Coimbra, dissertação de mestrado apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 1990; CRAVEIRO, Maria de Lurdes, A Reforma Joanina e a Arquitectura dos Colégios, Monumentos, n.º 8, Março 1998; DIAS, Pedro, Coimbra. Arte e História, Porto, 1983; IDEM, Notas Para o Estudo do Emprego das Ordens Clássicas nos Claustros Quinhentistas de Coimbra, Munda, n.º 13, Maio 1987; GONÇALVES, A. Nogueira, Os Colégios Universitários de Coimbra e o Desenvolvimento da Arte, in A Sociedade e a Cultura de Coimbra no Renascimento (Actas), Coimbra, 1982; MACHADO, Pedro da França, A Igreja do Colégio do Carmo: Um Singular Panteão na Baixa de Coimbra, Munda, n.º 30, Novembro 1995; VASCONCELOS, António de, Escritos Vários, vol. 1, Coimbra, 1938; http://sicnoticias.sapo.pt/vida/2013/03/14/obras-numa-capela-em-coimbra-revelam-frescos-no-teto-do-seculo-xviii, 15 março 2013; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/3744022 [consultado em 12 agosto 2016].

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DREMC

Intervenção Realizada

DGEMN: 1973 - Beneficiação da cobertura na igreja. Nas galerias, substituição de algumas colunas em mau estado, picagem e reconstrução dos rebocos e repavimentação em tijoleira nas galerias; 1979 / 1980 / 1981 - obras de beneficiação e valorização do claustro, no primeiro piso: reconstrução do sistema de drenagem, limpeza e reparação das caixas e colectores etc., levantamento de lajedo, demolição dos muretes existentes entre as colunas, regularização de leitos de assentamento das lajes, com massame e betonilha e refechamento das juntas com argamassas hidrofogadas, levantamento do pavimento em placas de calcário, no pátio e nos ângulos do claustro e recolocação das peças em bom estado, sendo a fundação constituída por cascalho sobre o qual assenta betonilha hidráulica, reparação e caiação das paredes e abóbadas. No 2º piso, reparação do pavimento através da remoção das lajes de calcário (algumas reaproveitadas), regularização e impermeabilização, substituição do tecto degradado, para madeira de pinho tratado, picagem, reconstrução e caiação do reboco; caiação das paredes e limpeza das cantarias na ligação entre os pisos; 2012/2013 - obras de conservação e restauro dos paineis de azulejos, talhada do altar-mor e duas telas, da capela da Maternidade *2.

Observações

*1 - Pedra de armas de Frei Amador Arrais, também a pedra de armas da Ordem. tem tenente de nobreza de 10 borlas acompanhadas por letreiros: A. D. AMATORE. EPO. PORTALEG. CONSTRVCTVM. 1597, à esquerda; IN. HONORE. BEATISSIMAE. VIRGINIS. DE MÕTE. CARM., à direita (transcrição de CORREIA e GONÇALVES, 1947). *2- constituída com a revolução anti-cabralista (VASCONCELOS, 1938). *2 - Durante a intervenção foi posta a descoberto pintura mural existente no teto da capela da Maternidade.

Autor e Data

Francisco de Jesus 1998 / Margarida Silva, Paula Correia e Filipa Avelar 2006

Actualização

Nuno Vale 2006
 
 
 
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