Convento de São Bernardo / Convento de Nossa Senhora da Assunção
| IPA.00004271 |
Portugal, Viseu, Sernancelhe, Carregal |
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Mosteiro cisterciense, bastante arruinado, mantendo a igreja relativamente bem conservada. É de planta rectangular, composto por igreja de eixo interno longitudinal, com nave, dois coros sobrepostos e capela-mor estreita, e por dependências conventuais organizadas em redor de um claustro quadrangular, possuindo num dos eixos, um corpo torreado, constituindo o mirante. Igreja com cobertura em falsa abóbada de berço abatido de madeira, na nave e poligonal na capela-mor, em caixotões, iluminada por amplas janelas em capialço, rasgadas na fachada principal, com acesso transversal por portal em arco de volta perfeita, ladeado por pilastras toscanas e encimado por friso, cornija e nicho. No interior, coros com as grades, púlpito seiscentista no lado da Epístola e retábulos laterais de talha dourada, maneirista o do Evangelho, e barrocos o da Epístola, colaterais e revestimento do arco triunfal, sendo joanino o da capela-mor. Coberturas pintadas com elementos vegetalistas e fitomórficos, a da nave com apainelados transversais e o da capela-mor com caixotões emoldurados a talha e sustentado por friso e cornija decorados por acantos e querubins. Claustro com dois pisos, o superior arruinado, com varanda balaustrada e sustentado por colunata toscana no inferior. Mirante com janelas protegidas por grades nas faces viradas ao exterior, a ladear a portaria e a porta de acesso à cerca, a primeira com decoração semelhante à do portal principal da igreja, tendo, sobre o nicho, um enorme escudo. |
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Número IPA Antigo: PT011818020010 |
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Registo visualizado 1472 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem de Cister - Cistercienses
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Descrição
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Planta quadrangular composta por igreja de planta longitudinal interna, composta por nave, dois coros sobrepostos e capela-mor mais estreita, e por dependências monacais desenvolvidas em redor de um claustro quadrangular. De volumes articulados e disposição horizontalista das massas, com coberturas diferenciadas a 2, 3 e 4 águas. Fachadas em cantaria de granito aparente, de aparelho isódomo, percorridas por embasamento saliente, também em cantaria, com cunhais apilastrados, encimados por pináculos piramidais, rematada por cornija e beiral. Fachada principal composta pelo corpo da igreja, rasgado, na nave, por portal em arco de volta perfeita flanqueado por quatro pilastras toscanas, as exteriores com duas ordens sobrepostas, que sustentam friso, cornija, dois pináculos e nicho com a imagem de São Bernardo, rodeado por volutas; é flanqueado por duas janelas rectangulares em capialço; a zona do portal é marcada, ao nível do telhado, por enorme cruz latina assente em plinto cúbico. No lado direito, desenvolve-se a zona dos coros, iluminados por quatro janelas sobrepostas, todas rectilíneas e em capialço, as do inferior jacentes. No lado esquerdo, a capela-mor iluminada por duas janelas, uma rectangular e outra quadrada, em capialço e protegida por grades de ferro, a que se segue o corpo cego da sacristia. A fachada lateral esquerda é marcada pelo corpo torreado do mirante, rectangular, rasgado superiormente, nas faces viradas ao exterior por quatro janelas na mais larga e por duas na mais estreita, todas quadradas e protegidas por grades; o piso inferior possui, na face principal, duas janelas quadrangulares; à esquerda deste corpo, porta de acesso ao interior, de verga recta, e, no lado direito, duas portas com o mesmo perfil. A fachada encontra-se, neste ponto, seccionada por muro transversal em cantaria; no lado direito do muro, o corpo da portaria, com o eixo central marcado por porta de verga recta, flanqueado por quatro pilastras toscanas de fuste almofadado, encimado por duplo friso e cornija; sobre estes, janela de verga recta flanqueada por duas pilastras também toscanas e almofadadas, sobrepujadas por nicho concheado com imagem e escudo, que irrompe acima da cobertura, protegido por cornija contracurvada de perfil borromínico; lateralmente, porta de verga recta no lado direito e janela no oposto, surgindo, superiormente, duas janelas rectangulares e quatro jacentes, em capialço, uma delas entaipada. No lado direito, adossa-se o corpo cego da sacristia, sobre o qual é visível a empena da portaria, rasgada por janela rectangular. Fachada lateral direita marcada pela empena dos coros, com cruz latina no vértice, rasgada por janela no superior e tendo, no lado direito, sineira em arco de volta perfeita assente em impostas salientes, com remate em cornija e pináculos piramidais. No lado direito, desenvolvem-se dependências conventuais, regularmente rasgadas por janelas rectilíneas com molduras em cantaria. Fachada posterior com o mirante no extremo direito, com acesso por arco de volta perfeita no piso inferior, a que se adossam sucessivos corpos, com remates em empena ou rectos, de um ou dois pisos, com acesso por portas de verga recta e janelas rectilíneas. Todas estas dependências estão organizadas em redor de um claustro quadrangular, bastante arruinado, com a zona inferior marcada por colunas toscanas, encimadas por friso, cornija e balaustrada que constituía a varanda do piso superior, inexistente. No centro da quadra, uma fonte de tanque octogonal, tendo, na zona central, duas ordens de plintos galbados, separados por taça concheada. INTERIOR da igreja rebocado e pintado de branco, percorrido por azulejos de padrão, formando silhar, com pavimento em lajeado de granito e cobertura em falsa abóbada de berço abatido, assente em cornija do mesmo material, estando pintada com apainelados transversais, elementos geométricos e fitomórficos. Os coros possuem grades, o inferior com ampla na zona central, ladeado por duas portas de verga recta, e, no superior três vãos protegidos por grades, divididos por pilastras em talha, os centrais encimados por busto e rematadas por friso de acantos e querubins; sobre estas, surge pintada uma Santíssima Trindade horizontal. No lado do Evangelho, o pórtico, ladeado por pia de água benta em cantaria, de perfil hemisférico e concheado; no lado da Epístola, púlpito quadrangular, de bacia e cantaria e guarda de madeira torneada, com acesso por escadas no lado esquerdo; confrontantes surgem dois arcos de volta perfeita de cantaria, assentes em pilastras toscanas, no interior dos quais surgem estruturas retabulares, dedicadas à Virgem, no lado do Evangelho e ao Crucificado, no oposto. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fuste almofadado, com as aduelas também almofadadas, flanqueado por dois retábulos colaterais, dedicados à Virgem e ao Sagrado Coração de Jesus, que se prolongam sobre o arco, rtevestindo-o totalmente a talha dourada. Capela-mor com cobertura de madeira de cinco panos divididos em caixotões, com decoração pintada de teor vegetalista e assente em friso e cornija entalhados, com mísulas equidistantes. Sobre supedâneo de cantaria, com degraus centrais, retábulo-mor de talha dourada de planta convexa e três eixos definidos por quatro colunas torsas percorridas por espira fitomórfica, assentes em consolas, que se prolongam numa arquivolta torsa, tendo, no fecho, um pelicano, a qual é ladeada por apainelados de talha, com decoração de acantos, constituindo o ático; no eixo central, tribuna de volta perfeita, bastante ampla, na base da qual se projecta um sacrário, encimado por estrutura poligonal, com colunas torsas nos ângulos e que sustenta o trono de dois degraus; a porta do sacrário encontra-se decorada por querubins; nos eixos laterais, apainelados pintados com motivos geométricos, que enquadram mísulas de talha; altar paralelepipédico, à frente do qual surge a mesa de altar, composta por dois pés entalhados, deocrados por amplo acanto. |
Acessos
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EN 226 Moimenta da Beira-Aguiar da Beira, à direita em A de Barros para EM 581, no Lugar de Tabosa |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 516/71, DG, 1.ª série, n.º 274 de 22 novembro 1971 |
Enquadramento
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Rural, a meia encosta, destacado e isolado, em zona paisagística. Possui, junto à fachada lateral esquerda, adro elevado, a que se tem acesso por escadaria; o acesso à igreja processa-se por quatro degraus quadrangulares. |
Descrição Complementar
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Retábulo lateral do Evangelho de talha dourada, de planta recta e um eixo definido por duas colunas com o terço inferior do fuste marcado e capitéis coríntios, tendo, ao centro, apainelado de talha e mísula, encimado por cornija e tabela rectangular horizontal, rematado por frontão trinagular; altar em forma de urna e o intradorso do arco é apainelado, decorado com rosetões. Retábulo lateral da Epístola de talha dourada, de planta recta e um eixo, definido por duas colunas torsas, firmadas por pináculos, tendo, ao centro, apainelado pintado e remate em friso e tímpano semicircular; altar paralelepipédico, bastante saliente. Retábulos colaterais de talha dourada, de planta recta e um eixo, formado por duas colunas torsas, que se prolongam sobre o arco triunfal em duas arquivoltas; as colunas assentam em consolas e, ao centro, surgem apainelados pintados a fingir brocados, onde se integram mísulas; remate em duplo friso de acantos e querubins, divididos por cornija saliente; altares em forma de urna, o da Epístola com frontal de seda adamascado. Sobre o arco, surgem sete painéis pintados, o central de maiores dimensões e com a figuração de Cristo crucificado. |
Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja / Devoluto |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica / Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1685, 4 Setembro - colocação da primeira pedra; data na talha do arco triunfal; 1689, 15 Novembro - aprovada a fundação pelo rei; 1690 - escritura de instituição entre Maria Pereira (fundadora) *1 e a Congregação de Alcobaça, representada pelo Doutor Diogo de Castelo Branco, Abade do Mosteiro das Águias e Frei Manuel Coelho, Abade do mosteiro de Salzedas, de fundação de um mosteiro, instituído pela primeira, na sua Quinta de Tabosa; 1692, 10 Setembro - ocupação do mosteiro pelas religiosas oriundas do mosteiro de Nossa Senhora da Nazaré do Mocambo; 1771, 2 Agosto - por despacho de D. José I, as rendas, religiosas e dotação, foram transferidas para Setúbal, para o antigo convento jesuíta, ficando o mosteiro entregue à pilhagem; D. Maria I, restituiu as freiras ao convento, mas sem renda nem dote; as freiras reformaram o mosteiro e a Igreja através de esmolas de outros mosteiros Cistercienses principalmente o de Alcobaça. 1834 - com a extinção das ordens religiosas o convento foi encerrado; a falta de recursos económicos originou a ruína no edifício; 1850, 27 Março - com a morte da última freira, D. Tomásia Rita Pinto Guedes, a igreja foi abandonada e pilhada; 1999 - compra do mosteiro por dois professores, visando a sua reconstrução |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Estrutura, modinaturas, frisos, cornijas, pináculos, pilastras, colunas, guardas do claustro, chafariz, pavimento da igreja, sineira, cruzes em granito; retábulos e coberturas em madeira; paredes interiores rebocadas; interior da igreja percorrido por silhar de azulejos; telha nas coberturas. |
Bibliografia
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MOREIRA, Vasco, Terras da Beira, Cernancelhe e o seu Alfoz, Porto, 1929; Guia de Portugal, Dir Raúl Proença, 2ª. Ed., III Vol. Beira - II - Beira Baixa e Beira Alta, Fundação Calouste Gulbenkien, Lisboa; COCHERIL, Dom Maur, Routier des Abbayes Cisterciennes du Portugal, FCG, Paris 1978; CORREIA, Alberto, Sernancelhe. Roteiro Turístico, Viseu, 1992; Convento de São Bernardo, Tabosa - recuperar as memórias do passado, in Expresso, 15 Maio 2002. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - parente próxima dos Condes da Feira, sendo possuidora de grande fortuna. |
Autor e Data
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João Carvalho 1996 / Paula Figueiredo 2004 |
Actualização
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