Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia da Vidigueira
| IPA.00004322 |
Portugal, Beja, Vidigueira, Vidigueira |
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Arquitectura religiosa, maneirista. O edifício segue uma das tipologias mais frequentes das igrejas das Santas Casas da Misericórdia no Sul do país, com uma nave dotada de capela-mor estreita e elevada, ladeada por capelas colaterais mais baixas e um pouco mais estreitas, falso transepto e tribuna dos mesários. Esta estrutura austera, fortemente marcada no exterior por contrafortes encimados por pináculos piramidais, revelam características próprias da arquitectura maneirista regional. A simplicidade espacial que daqui advém foi subvertida pela profusão decorativa do Barroco, bem patente nos altares de estilo nacional e nos painéis de azulejaria, sendo tal efeito ainda sublinhado pelas obras efectuadas no período de transição do Rococó para o Neoclassismo, com a introdução da policromia nas capelas do Santíssimo e de Nossa Senhora das Dores e na própria tribuna, conferindo ao conjunto um carácter ecléctico. |
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Número IPA Antigo: PT040214030009 |
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Registo visualizado 789 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
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Descrição
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Planta longitudinal, escalonada, composta por nave e capela-mor, mais estreita, com duas capelas colaterais, e tendo adossadas, do lado direito, a capela do Santíssimo, e do lado esquerdo a sacristia com ligação à Casa do Despacho e anexos. Volumes articulados da nave, a que se adossam a capela-mor, a capela do Santíssimo, a torre e os anexos do antigo hospital, com coberturas diferenciadas, sendo de duas águas na nave e na capela-mor, de uma água na capela do Santíssimo e em coruchéu na torre. Fachada principal orientada a O., de um pano rematado em empena sobrepujada por cruz de cantaria apoiada em base quadrangular com marcação dos símbolos do Calvário. Portal granítico de verga recta adintelada, precedido por degrau e encimado por janelão de sacada, de verga de mármore, adintelada, e varanda com base de cantaria apoiada em três cachorros e grade de ferro forjado, do modelo de «barrinha». + direita, eleva-se a torre sineira, com forte embasamento de cantaria de granito e dois pisos separados por cornija, abrindo-se no segundo os olhais de arcos de volta perfeita, resguardados por balaustrada de mármore, e concluindo em coruchéu rematado por catavento com a forma de um anjo esvoaçante. À esquerda, encimando as dependências da antiga Casa do Despacho e hospital anexo, eleva-se o campanário da Misericórdia, com o sino próprio para os sinais, sobrepujado por urnas bolbosas. Alçado S. de três panos definidos por contrafortes com embasamento de cantaria e encimados por pináculos piramidais. No terceiro pano abre-se o portal lateral de verga recta de cantaria, antecedido por três degraus. No segundo pano adossa-se um fontanário moderno. No primeiro pano destaca-se o volume cego da capela do Santíssimo. Interior de uma nave coberta por abóboda de berço que arranca de cornija, reforçada no corpo do cruzeiro por um arco toral, a marcar o falso transepto, cujo pavimento é sobrelevado em relação o corpo da nave e separado por balaustrada de mármore e quatro degraus. Coro alto em alvenaria, apoiado em arco de asa de cesto e com balaustrada, e guarda-vento. Arco triunfal de volta perfeita, em cantaria, apoiado em pilastras, a meio das quais arrancam os arcos das capelas colaterais, também de volta perfeira e em cantaria. Altar-mor avançado em relação ao celebrante, com retábulo em talha dourada e tribuna ladeada por colunas pseudo-salomónicas que se prolongam em arquivoltas. Sacrário esférico. Mesa do altar com túmulo do "Senhor Morto", envidraçado e resguardado por finos balaustres de madeira dourada, sendo o fundo decorado por um baixo-relevo em talha, figurando a "Lamentação sobre Cristo Morto", ricamente policromado e dourado. Capelas colaterais com retábulos de talha dourada e frontais de azulejaria monócroma de azul e branco. Capela do Santíssimo, a que se acede por arco de volta perfeita com moldura de cantaria apoiada em pilastras e dois degraus, encerrada por grade de talha parcialmente dourada, ornamentada por motivos fitomórficos e sobrepujada pela representação da "Sagrada Custódia". Altar e sacrário em talha policromada e dourada, enquadrando pintura a óleo sobre tela alusiva à "Última Ceia". Pavimento com pedra tumular. Na parede do lado do Evangelho abre-se a porta da sacristia, ladeada por painel de azulejos monócromos de azul e branco, representando "Cristo e a Samaritana", envolto por moldura de enrolamentos de folhas de acanto e assinado "An.to p.ra f.", sobre o qual se rasga a varanda de uma das enfermarias do hospital, resguarda por gelosia. No corpo da nave destaca-se, do lado da Epístola, a tribuna dos mesários, em talha dourada e policromada, apoiada em quatro cachorros de alvenaria, sob a qual se situa, enquadrada por um arcosólio, a arca tumular de Rui Pereira. Porta lateral encimada por pintura mural representando "Cristo e o Cirineu", enquadrado por pintura de talha dourada. Do lado do Evangelho abre-se, em arco de volta perfeita com moldura de cantaria almofadada, assente em pilastras, a capela de Nossa Senhora das Dores, com retábulo de talha dourada e marmoreados polícromos, com camarim envidraçado onde se conserva a imagem de roca da padroeira. Sacristia de planta rectangular, iluminada por uma janela e coberta por abóbada de lunetas cegas, apoiada em cachorros de cantaria, com lavabo de cantaria, em forma de urna semicircular encimada por calvário e encimado por volutas, com carranca de homem barbudo e inscrição alusiva ao incêndio que destruiu a igreja. |
Acessos
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Rua Miguel Bombarda |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, adossado, com a fachada principal a abrir para uma rua e o alçado S. a abrir para um largo ajardinado. |
Descrição Complementar
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Inscrições: OS HER(DE)IROS (DE) / ES(TE)Vã P.RA MãDARã / FAZER ESTA CAP.A (C_) IAZ.O / P.A SI. E SEOS (DE)SEDE(TES) / P.A NELA SE DIZER A MISSA / COTIDIANA Q. O (ME)SMO POS / (DE) PEÇã / NO MORGAD.O Q. (IN)S/TITUIO (DE) SVA 3.A Q FOY / PREMV/TA.DA P.A ESTA CAP.A POR / B.VE (DE) SVA SANT.DE MO/REO / EM 1.O (DE) FEU.RO / (DE) 740. EM 24 DE IVNHO P.A 25 / DE 1687 SVCEDEO / O LAMENTAVAL INCENDIO / NA CAPELA E IMAGEM SAG.R DO S.TO CHRISTO REEDIFICOCE / NO ANO / DE 1688. Sarcófago do fidalgo Rui Pereira assente em dois leões afrontados, com o brasão dos Pereiras e dos Henriques |
Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CONSTRUTOR: António Carvalho. ENTALHADOR: Francisco Delgado Camaninho (1688). PINTOR DE AZULEJOS: António Pereira (séc. 18). |
Cronologia
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1592 - construção; 1620 - feitura da Sala do Despacho; 1687 - incêndio que destruiu o altar do Santo Cristo e outros sectores do imóvel; 1688, janeiro - contrato com o entalhador lisboeta Francisco Delgado Camaninho para a feitura do retábulo-mor (FERREIRA, vol. II, p. 506); séc. 18, inícios - reconstrução, incluindo a feitura das capelas colaterais; colocação dos azulejos, assinados por António Pereira; finais - feitura da Capela do Santíssimo e tribuna; 1820, década de - capela de Nossa Senhora das Dores. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Paredes de alvenaria de pedra e cal, rebocadas e caiadas, cobertura em telha de canudo, pavimento de tijoleira e soalho, portal e elementos secundários de cantaria, retábulos de talha dourada e policromada, estuques policromados, painéis de azulejaria monócroma de azul e branco. |
Bibliografia
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ESPANCA, Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Distrito de Beja, Lisboa, 1992; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva, A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras, Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2009, 3 vols.; SERRÃO, Vítor, O Conceito de Totalidade nos Espaços do Barroco Nacional: A obra da Igreja de Nossa Senhora dos Prazeres em Beja (1672-1698), in Lusofonia, Revista da Faculdade de Letras de Lisboa, n.ºs 21 -22, 1996, p. 256. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU:DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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Sarcófago do fidalgo Rui Pereira, alcaide-mor de Portel, proveniente da extinta ermida de Santa Margarida, primitiva sede da confraria de Nossa Senhora das Candeias, incorporada na Santa Casa da Misericórdia em 1548. |
Autor e Data
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José Falcão e Ricardo Pereira 1997 |
Actualização
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