Palácio dos Condes de Basto / Paço de São Miguel da Freiria / Palácio do Pátio de São Miguel
| IPA.00004446 |
Portugal, Évora, Évora, União das freguesias de Évora (São Mamede, Sé, São Pedro e Santo Antão) |
|
Arquitectura residencial e militar, quinhentista, manuelina, renascentista, revivalista. Vasto Paço acastelado multiperiodal, que respeita no essencial a estrutura dos solares alentejanos do Séc. 16 de que o monumento protótipo se considera o Solar da Sempre Noiva (v. PT040705030024 ); denota clara influência italianizante no corpo principal, quinhentista, com elegante loggia na frontaria e galeria alpendrada na parte traseira, protegido por duas torres. A planta irregular, resultante dos acrescentos e alterações de que foi alvo ao longo dos séculos, incorpora parte da cerca velha e constitui-se de vários pavilhões, de diferentes épocas, conjugados harmoniosamente numa feliz articulação de volumes. Os edifícios hoje visíveis são resultado das obras realizadas no final dos anos 50 do Séc. 20, e reflectem sobretudo as obras da empreitada de D. Diogo de Castro no período manuelino. Peça de excepcional qualidade, tanto arquitectonica como artística, que funciona como elemento indissolúvel da história da cidade. As pinturas murais dos salões nobres do corpo principal, de carácter profano e de excepcional qualidade artística e técnica: a sua temática classicizante e profana - parcialmente inspiradas nas Metamorfoses de Ovídio - a qualidade formal que revestem, a riqueza da paleta cromática, o rigor do desenho e a feliz articulação com a arquitectura, associados ao excelente estado de conservação em que se encontram, são dados que tornam estes painéis num dos casos mais representativos da pintura mural no contexto nacional. |
|
Número IPA Antigo: PT040705210037 |
|
Registo visualizado 2117 vezes desde 27 Julho de 2011 |
|
|
|
Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
|
Descrição
|
Planta irregular, composta por vários pavilhões de planta rectangular e incorporando troços da cerca velha; volumes articulados, massas dispostas na horizontal em três pisos, um térreo e dois nobes, com cobertura homogénea em telhado de 4 águas. É acessível através dos pesados portais exteriores em granito bujardado, com frontão triangular, a NO. e a S., que definem sensivelmente um eixo à volta do qual se concentram os edifícios e pátios que constituem o conjunto das edificações apalaçadas. A fachada principal, a N., comunica para o vasto pátio de São Miguel em redor do qual se centram os edifícios do Paço: o corpo principal, o corpo setentrional, as cavalariças, a adega, a biblioteca e outras dependências; a frontaria, a N, ostenta uma vasta loggia de vãos de diferentes dimensões, de que se destacam as elegantes janelas geminadas, com arco em ferradura, e o pequeno pórtico de entrada, encimado por cobertura de três pendentes e assente sobre colunas quinhentistas; a traseira do mesmo corpo alberga uma galeria/varanda com comunicação para um jardim, com fonte central em mármore e casa de fresco, delimitado por um pano da cerca velha. No pátio principal, salienta-se o pavilhão das cavalariças e aposentos de serviçais, suportado por contrafortes, com varandim de arcos de volta inteira. À entrada do pátio edifício embebidos no casario adjacente ao Paço, de dois pisos, loja e sobrado, e dois corpos perpendiculares, um com orientação N. - S., o outro E. - O.; este último apresenta varandim da escadaria de acesso ao piso superior: no vértice da junção, pequeno balcão de planta quadrada, alçado por pilastra de alvenaria, com abóbada de ogivas nervuradas, rematada pelo exterior em coruchéu cónico; arcada geminada de canto, em arcos de volta perfeita emoldurados por esquadria e colunelo fino em mármore branco de Estremoz, rematado por capitel ornamentado de acanto e com base sextavada. No outro corpo resta ainda pequeno oratório privado. INTERIOR: no piso térreo da fachada principal o Salão Nobre com cobertura ogival decorada de pinturas murais; salões nobres com pinturas murais de temática profana inspiradas nas Metamorfoses de Ovídio. |
Acessos
|
Pátio de São Miguel, acessível através duma pequena e íngreme rua sobranceira à Igreja do Espírito Santo; o portal S. integra-se no Largo Mário Tavares Chicó, confinante com a cabeceira da Sé |
Protecção
|
Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 8.218, DG, 1.ª série, n.º 130 de 29 de junho 1922 (Palácio) / IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 8.252, DG, 1.ª série, n.º 138 de 10 julho 1922 (Escada e varandim à entrada do Pátio de São Miguel, nº 2) |
Enquadramento
|
Urbano, harmónico, em encosta virada a NE., quase na cota suprema da colina de Évora; inserido em pleno centro histórico, na área correspondente à antiga alcáçova medieval, no lugar presumível do pretório romano, integra na sua construção troços da cerca velha; constitui um dos mais marcantes elementos caracterizadores da cidade, contribuindo, em conjunto com a Sé - de que dista cerca de 300m - e com a Igreja e colégio do Espírito Santo (actual Universidade), para a definição da silhueta urbana e da própria estrutura do aglomerado. |
Descrição Complementar
|
|
Utilização Inicial
|
Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
|
Política e administrativa: sede de fundação / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
|
Privada: Fundação |
Afectação
|
Sem afectação |
Época Construção
|
Séc. 11 / 12 / 15 / 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
|
PINTOR: Francisco de Campos, pinturas murais dos salões do corpo nobre (atr.) |
Cronologia
|
Época muçulmana - fez parte integrante da alcacár; 1176 - cedido por D. Afonso Henriques à Ordem Militar de São Bento de Calatrava; foi residência real de D. Fernando, que terá então ordenado o encarceramento do futuro Mestre de Avis; 1384 - assalto à fortaleza pelo Alcaide-Mor Alvaro Mendes de Oliveira; posteriormente, foi habitada por D. Nuno Álvares Pereira; Séc. 15, meados - aqui se instala, como donatário, D. Diogo de Castro, que inicia a dinastia dos Castros - família nobre ligada, por diversos feitos e acontecimentos, à História da cidade e do país, cujos membros ocuparam sucessivamente este Paço; Séc.16, década de 70 - estadia do Rei D. Sebastiao e, simultaneamente, grandes obras que isolam a área residencial dos donatários do Castelo de Évora das áreas respeitantes aos Marqueses de Ferreira, Frades Lóios, Condes de Portalegre e Celeiro do Cabido de Évora; nesta campanha de obras recuperaram-se várias estruturas arquitectónicas medievais e porventura ainda romanas ou muçulmanas, torres e outros edifícios da antiga alcáçova; 1570 - a escada e varandim à entrada do Pátio são integrados na área residencial, na posse dos Condes de Basto, por D. Fernando de Castro, aquando da morte do seu último proprietário o Cónego da Sé de Évora, Ambrósio Rodrigues; 1578 - 1580 - pinturas murais dos salões nobres do corpo principal (a sala oval, a sala de armas e a sala da Tomada de La Goletta) executadas pelo pintor Francisco de Campos;1699 - aqui permaneceu a rainha D. Catarina de Bragança; séc. 17 / 18 - o Paço alberga vários monarcas portugueses e elementos das mais importantes casas nobres europeias; séc. 19, finais - a propriedade era ainda pertença da família Castro, mas foi então vendida a um lavrador; 1958 - adquirido por Engº Eugénio de Almeida, Conde de Vilalva que de imediato procedeu às grandes obras de reabilitação que devolveram ao conjunto a sua dignidade: desentaipamento vãos loggia fachada principal, demolição de corpos adossados; etc.; Séc. 20, anos 80 - criação da Fundação Eugénio de Almeida; 2004, Julho - Abertura concurso pela DGEMN - DREMS para instalação de rede eléctrica; 2013, 12 de março - no âmbito das comemorações do 50º aniversário e do centenário do nascimento do fundador da Casa Eugénio de Almeida, e após obras de reabilitação realizadas ao abrigo do Projeto Acrópole XXI, reabertura do Museu de Carruagens, com a coleção de atrelagens que serviram a Casa Eugénio de Almeida entre a 2.ª metade do Séc.19 e inícios do séc. 20.
|
Dados Técnicos
|
Estrutura mista, paredes reforçadas por cunhais e pilastras em silharia e travadas interiormente por abóbadas e exteriormente por pendentes inclinadas; as paredes no interior da Igreja são reforçadas por pilares e arcos em silharia. |
Materiais
|
Alvenarias mistas de pedra e tijolo maciço rebocadas e caiadas; abóbadas em tijolo maciço rebocadas e caiadas; silharia e pavimentos exteriores em granito; cunhais, portais, alisares de vãos e coberturas em telha com beirado; pavimentos interiores em tijoleira e granito e madeira (loggia); mármore em elementos secundários e ornamentais. Restos de alvenaria de granito nos torreões. |
Bibliografia
|
ESPANCA, Túlio, Curiosidades de Évora, Cidade de Évora, Boletim da Comissão Municipal de Turismo, nºs 45 e 46, anos 19 / 20, Janeiro/Dezembro, Évora, 1962 / 1963; ESPANCA; Túlio, Inventário Artístico de Portugal - Concelho de Évora, Lisboa, 1975; CAETANO, Joaquim Oliveira e CARVALHO, José Alberto Seabra, Frescos Quinhentistas do Paço de S. Miguel, Évora, 1990; LIMA, Miguel Pedroso, O Recinto Amuralhado de Évora, 1996. |
Documentação Gráfica
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS |
Documentação Fotográfica
|
IHRU: DGEMN/DREMS, DGEMN: Arquivo Pessoal de Ilídio Alves de Araújo (IAA) |
Documentação Administrativa
|
IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS |
Intervenção Realizada
|
DGEMN: 1944 - pavimentação do Pátio de São Miguel; 1945 - adaptação de um edifício no Pátio de São Miguel para alvenaria; Eng. Eugénio de Almeida: 1958 - obras de restauro: desentaipamento de vãos loggia fachada principal, demolição de alguns corpos adossados, restauro global dos interiores, remodelação de coberturas e pavimentos; Fundação Eugénio Almeida: 1983 - instalação de um fogão de sala e chaminé de alvenaria nos anexos e assentamento de fogão de sala no Palácio; 1986 - restauro de pinturas murais em abóbadas. |
Observações
|
|
Autor e Data
|
Manuel Branco e Castro Nunes 1993 / Paula Amendoeira 1997 |
Actualização
|
|
|
|
|
|
| |