Teatro Bernardim Ribeiro

IPA.00004464
Portugal, Évora, Estremoz, União das freguesias de Estremoz (Santa Maria e Santo André)
 
Teatro característico da arquitectura de raiz eclética e historicista de inícios deste século, constituindo basicamente por uma «caixa» dividida internamente, denotando algumas influências Arte Nova, particularmente ao nível dos elementos decorativos e revestimentos. Apesar da escala relativamente modesta, o teatro satisfaz as necessidades de carácter cénico e lúdico para que foi concebido, constituindo um interessante exemplar da arquitectura eclética e tardo romântica vigente em inícios deste século.
Número IPA Antigo: PT040704060025
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Cultural e recreativo  Casa de espetáculos  Teatro  

Descrição

Edifício de planta rectangular irregular, formando uma massa imponente que se destaca na envolvente; distribui-se em três pisos, visíveis exteriormente através de três registos marcados por frisos em estuque; possui cobertura de duas pendentes alteada na parte correspondente ao palco; a fachada principal, virada a S, é constituída por uma área de entrada avançada (formando interiormente uma zona de distribuição), vão de entrada com três portadas, acessível por três degraus em mármore e sobreposto por uma grande janela de sacada, por sua vez encimada por florões e outros elementos decorativos em estuque; cimalha arredondada, com friso inferior interrompido, em massa, e motivos de grinaldas, festões e máscaras enquadrando o escudo da cidade; ainda na frontaria, nos alçados mais recuados destacam-se as janelas de sacada geminadas, dispostas simetricamente ao lado do corpo avançado, e os pequenos óculos do piso superior, também ornamentados com florões em estuque; um corpo mais tardio, de planta rectangular, foi acrescentado ao alçado O, conhecido como Jardim de Inverno, e destinado a sala de exposições e recepções; os alçados laterais e tardoz não possuem características dignas de nota; interiormente, a sala de espectáculos tem a forma de uma ferradura, com dois balcões, plateia, camarotes e frisos e comporta oitocentos lugares sentados; é antecedida por corpo de sala com átrio, foyer do balcão, bastidores e camarins; o tecto é inteiramente preenchido por uma pintura em tela representando o Triunfo e os camarotes são divididos por painéis de pintura a óleo com representações de artistas e dramaturgos contemporâneos; as divisórias entre plateia, balcão, frisas e camarotes são decoradas com motivos em estuque dourado e pintado, salientando-se os florões, grinaldas e máscaras teatrais.

Acessos

Avenida 25 de Abril (antiga Rua do Mizurado)

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Decreto n.º 67/97, DR, 1.ª série B, n.º 301 de 31 dezembro 1997 / Incluído na Zona Especial de Proteção das Muralhas do Castelo de Estremoz (v. PT040704030008)

Enquadramento

Urbano, em zona de expansão E da cidade no princípio do século, marcada por edifícios burgueses de arquitectura modernista e "fin-de-siècle"; de destacar a residência imediatamente a seguir ao Teatro (lado E.), cúbica, denotando influências de Pardal Monteiro, a banda de garagens na rua perpendicular à R. 25 de Abril, claramente modernistas, bem como a residência fronteira ao teatro, (provavelmente contemporânea ou ligeiramente anterior à construção deste) com frisos de azulejo Arte Nova e elementos de arquitectura eclética.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Cultural e recreativa: teatro

Utilização Actual

Cultural e recreativa: teatro

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

PROJECTO: Ernesto da Maia; CARPINTEIRO E ESTUQUES DECORATIVOS: António Martins Esteves; PINTORES: Benvindo Ceia (pinturas do tecto); Martins Esteves e Manuel Silva Rato (pinturas dos camarotes e outras).

Cronologia

1916, 01 maio - inicío da construção do Teatro; 1921, março - conclusão das pinturas do tecto por Benvindo Ceia *1; 1922, julho - conclusão das pinturas do foyer; 25 julho - récita de inauguração com a Peça "Marianela", da companhia Amélia Rey Colaço/Robles Monteiro; 1940 - inventário dos móveis e utensílios existentes no Teatro Bernardim Ribeiro, efectuado pela Câmara; 1991 - projecto de recuperação da responsabilidade da Câmara com execução da empresa Projectoplano; 1988, maio - Despacho de classificação como Valor Concelhio.

Dados Técnicos

Estrutura de paredes portantes, constituída por uma caixa dividida internamente, sendo o peso descarregado em várias divisórias internas e travado por tectos em caixotão de madeira.

Materiais

Alvenaria mista de pedra e tijolo rebocada e pintada, cunhais em cantaria de granito; coberturas em travejamento de madeira; proscénio e estrutura de palco em madeira; molduras de vãos e portadas em madeira pintada; escadaria de acesso, alisares de vãos e rodapés exteriores em mármore; coberturas exteriores em telha de canal e cobrideira; pavimentos em soalho encerado; divisórias internas forradas a mármore e madeira; corrimões interiores da parte nova em aço inox; tecto da sala de espectáculos revestido por telas pintadas; estuques nos pormenores decorativos interiores e exteriores; varandas exteriores em ferro pintado.

Bibliografia

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID; IPPAR: DRE; CME

Documentação Administrativa

IPPAR: DRE; CME, Proposta de classificação; Memória descritiva constante do projecto de execução das Obras de beneficiação (1991).

Intervenção Realizada

1960 - projecto de obras de beneficiação e modificação (não executado); CME: 1991 *2 - Demolição parcial do Salão de Festas/Jardim de Inverno e substituição por um corpo de planta rectangular com funções polivalentes; criação de instalações sanitárias; remodelação da rede de electricidade; recuperação de coberturas, limpeza e restauro de pinturas, tratamento da estrutura de madeira do proscénio, recuperação de cadeiras; remodelação da área de ligação entre a sala de espectáculos e o novo espaço polivalente, incluindo bar, lavabos, segundo foyer, tratamento de rebocos exteriores e pintura geral.

Observações

*1- Em 1936 o pintor/decorador Benvindo Ceia (de Portalegre) colaborou na decoração do Teatro Politeama, em Lisboa, entre outros edifícios públicos; foi presidente da direcção da Sociedade Nacional de Belas-Artes; *2 - os autores do projecto foram os arquitectos Duarte Nuno Simões e Nuno Simões, cabendo a execução à equipa Projectoplano; optou-se por adoptar uma linguagem claramente contemporânea, suficientemente demarcada da existente e pela adaptação às necessidades funcionais dos espectáculos e actividades actuais, incluindo sala de conferências, equipamento audio-visual, etc.; saliente-se que as obras de remodelação optaram pela adopção de novos esquemas cromáticos para o exterior do edifício: vermelho sangue-de-boi para portadas e caixilharias em vez do anterior verde escuro; destacaram-se os motivos decorativos exteriores em estuque através do uso de cores; foram, na sua maioria, substituídos aquando das obras mais recentes.

Autor e Data

Paula Amendoeira 1998

Actualização

 
 
 
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