Castelo do Crato / Fortificações do Crato / Castelo da Azinheira

IPA.00004568
Portugal, Portalegre, Crato, União das freguesias de Crato e Mártires, Flor da Rosa e Vale do Peso
 
Arquitectura militar, medieval e moderna. Castelo medieval transformado no Séc. 17 em fortim abaluartado. Destaque para os restos de plataformas de artilharia montadas sobre estrutura abobadada que se adossou a muros não escarpados, prováveis reminiscências de arquitectura militar medieval. O projecto de conservação e revitalização em curso, processo simultâneo de conservação de ruínas e da sua transformação plástica em valores escultóricos, com a utilização de novos materiais; integração das ruínas em obra nova, que pretende revitalizar o existente através da construção de um centro cultural, que pode tornar-se um exemplo de referência na história da recuperação do Património Arquitectónico.
Número IPA Antigo: PT041206020006
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Militar  Castelo e cerca urbana / Fortaleza    

Descrição

CASTELO: fortim abaluartado, irregularmente estrelado, de 5 pontas, com paredões de tipo medieval a E. e um redente a S. / SO.. Ruínas da fortificação medieval na zona central, muros isolados ou com estruturas que se lhes adossaram para o levantamento de plataformas de artilharia. Ruínas da fortificação moderna: 4 redentes de faces escarpadas com uma guarita no vértice NO.; quartéis na zona N., com vestígios de chaminés e de nichos; uma construção subterrânea, de que restam apenas as paredes, no terrapleno do redente S.; estruturas abobadadas para a construção de plataformas de artilharia na zona central, com canhoeiras voltadas para E.; ruínas do que parecem terem sido instalações militares subterrâneas na zona central, a S.. A O. a porta principal do fortim, conservando os escaninhos de ponte levadiça, e uma cisterna bem no centro da fortificação. CERCA urbana que se desenvolve para N. / NO. / O.; a partir do fortim e no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio: troço E. da muralha, com ressalto no primeiro terço e terminando num torreão arruinado, de secção rectangular, que flanqueava a inflexão da muralha para NO.; troço de muralha até à Porta de São Pedro, para NO., constituído por três segmentos isolados, o último dos quais ligado ao torreão, de secção rectangular, da Porta de São Pedro; troço de muralha angular, na zona O., com restos de um torreão no vértice; troço S. da muralha, que se liga ao castelo/fortim, subindo a encosta *1.. No castelo e cerca urbana as muralhas são perpendiculares ao solo.

Acessos

Largo do Castelo (antigo Monte do Ervedal). WGS84 (graus decimais) lat.: 39,284608, long.: -7,642910

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 fevereiro 1982

Enquadramento

Urbano / rural, intramuros. Na parte mais alta da vila, no cimo de encosta rochosa, à cota de c. de 272m; rodeado a NE. / E. / SE. / S. e SO. olivais e terrenos agrícolas, disfruta visualmente da paisagem urbana da vila a O. e,a E.,da paisagem rural típica do Norte Alentejano, ainda quase pura, recortada ao longe, para os lados de Espanha, pelos contrafortes das Serras de Portalegre.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Militar: castelo e cerca urbana / fortaleza

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Fundação do Castelo do Crato

Época Construção

Séc. 13 / 15 / 17 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: António Teixeira Guerra (1992). ENGENHEIRO MILITAR: Luís Serrão Pimentel (1662).

Cronologia

1160 - conquistada a região aos mouros; 1232 - D. Sancho doa a região de Ucrate ou Ocrato à Ordem do Hospital, ficando esta com a obrigação de promover e fortificar a vila; início da construção do castelo sendo prior D. Mem Gonçalves; atribuição de foral pela Ordem do Hospital (18 Dezembro de 1270 pela Era de César); 1336 - 1341 - transferência da cabeça da Ordem do Hospital para Crato / Flor da Rosa, criando-se o Priorado do Crato; 1350 - a Vila do Crato é cabeça da Ordem de Malta; 1358 - 1359 - cartas de D. Pedro I, provando que se estavam fazendo "cauas & barbacas, em cada uma das Villas do Crato e da Amieira"; 1430 - reconstrução do castelo e construção da cerca urbana pelo 5º Prior do Crato, Frei Nunes de Góis; 1512 - foral novo de D. Manuel; 1518 - casamento de D. Manuel com D. Leonor, no palácio do castelo; 1525 - casamento de D. João III com D. Catarina, no castelo; reconstrução da porta do castelo; Séc. 17, inícios - a fortificação tinha ainda uma forma trapezoidal flanqueada por 5 torres, sendo a torre N. a de menagem; 1615 - 1621 - Pedro Nunes Tinoco desenha a povoação e as suas fortificações, constituindo o mais antigo desenho conhecido das mesmas; 1642 - reabilitação das fortificações face às novas tecnologias de guerra (construção de plataformas sobrelevadas para a instalação de artilharia), transformando-se o castelo em fortim abaluartado; integra a segunda linha defensiva; 1662 - obras nas muralhas por Luís Serrão Pimentel; 29 Outubro - tomada da vila pelo exército espanhol comandado por D. João d'Austria e destruição das fortificações e do cartório do Priorado; c 1991, 7 Novembro - projecto, ou proposta, de revitalização do castelo, dos arquitectos António Maria da Calça e Pina Teixeira Guerra; 1992 - início do projecto de conservação e revitalização, da autoria de António Teixeira Guerra.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes e estruturas mistas.

Materiais

Granito, tijolo e tijoleira, alvenaria de pedra disposta à fiada e argamassa de cal, com cunhais de silharia e vestígios de rebocos no castelo; argamassa de cimento e tinta experimental de cor branca (cibralite: cimento branco e aditivos) e de cor de ouro, tendo como componente principal o bronze; moldes de gesso.

Bibliografia

ALMEIDA, João de - Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses.Lisboa: 1948, vol. 3; KEIL, Luís - Inventário Artístico do Distrito de Portalegre. Lisboa: 1943; LOBO, Francisco Sousa - A defesa militar do Alentejo. Monumentos. Lisboa: Instituto da Habitação e Reabilitação Urbana, Dezembro 2008, n.º 28, pp. 22-33; RODRIGUES, Jorge e PEREIRA, Paulo - Guia Artístico do Crato. Crato: 1989; SOUSA, Tude Martins de - Algumas Vilas Igrejas e Castelos do Antigo Priorado do Crato. Arqueologia e História. 1930, vol. 8; SUBTIL, Manuel - Antiga Vila do Crato. Brados do Alentejo. 24 de Setembro de 1933, n.º 159; VITERBO, Sousa - Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal. Lisboa: Imprensa Nacional, 1904, vol. II.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR; Câmara Municipal do Crato

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR; Câmara Municipal do Crato

Intervenção Realizada

DGEMN: 1946 - reconstrução de panos de muralha; 1956 - diversos trabalhos de conservação; 1958 - obras de conservação; reconstrução de troços de muralhas; 1963 - reparação dos estragos causados pelas chuvas torrenciais na muralha que circunda o terreno das escolas do Plano dos Centenários na vila do Crato; 1977 - obras de conservação; reconstrução de troços de muralha, alicerces, refechamento de rombos; 1980 - consolidação de troços de muralha e do torreão virado a E.; 1983 - obras de conservação nas cortinas norte da fortaleza abaluartada; 1985 - obras de recuperação em troços de muralha da cerca, a N. e a S.; 1988 - 1989 - recuperação de muralhas; recuperação do baluarte N. com restauro das 12 células existentes e de uma guarita; 1992 - início obras projecto de conservação e revitalização do Castelo do Crato; 1997 - obras de reconstituição: nos paramentos do lado exterior da muralha E., remoção da vedação existente, refechamento de juntas; reconstituição em alvenaria com pedra idêntica à existente nas zonas afectadas por rombos ou derrocadas; limpeza da vegetação e entulhos na parte superior do castelo.

Observações

*1 - designação das antigas torres da cerca: do Sino, de Seda, de São Pedro, da Porta Nova, de Beringal e de Santarém; *2 - o projecto de revitalização em curso, concebido e gerido pela Fundação do Castelo do Crato, tem conservado o existente e propõe-se construir obra nova com as seguintes valências ao nível do seu projecto cultural: museu (gipsoteca e salas de exposição), sede administrativa da Fundação, salas de conferências, centro audiovisual / multimédia, núcleo de alojamento com capacidade para 15 a 20 pessoas, restaurante e zona de lazer; a conservação do existente tem sido feita, sobretudo, através da aplicação de novos materiais sob a forma de argamassa ou tinta com grande poder de consolidação; esta conservação de ruínas - e até de elementos naturais, como as rochas da zona central -, para além de parecer muito eficaz do ponto de vista da engenharia, transforma-as plasticamente em elementos escultóricos sem apagar a textura dos materiais, parecendo exaltá-la.

Autor e Data

Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1998

Actualização

 
 
 
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