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Edifício e estrutura Edifício Militar Castelo e cerca urbana
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Descrição
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Fortificação composta por muralhas de que subsistem vestígios nos lados S., E. e O. da povoação, por três torres, a da Rainha, de Santo António e de São Roque, por dois cubelos circulares e por dois baluartes. As MURALHAS são em alvenaria de granito e xisto, este em predominância, ostentando nas mais antigas aparelho em espinha, com vestígios de adarve. INTERIOR das torres com abóbadas de berço. Na torre de São Roque a inscrição: "FERNANDUS MAGISTER DEI GRA ORDINIS CALATRAVEN IN PORTUGAL CUM SUO CONVENTU IPLAVIT AVIS IN FESTIVITATE ASSUPCIONIS SCE MAR E M.CC.LII STEFANUS MARTINI SCRIPSIT PATER NOSTER PRO AIA EIUS"."FERNANDO POR GRAÇA DE DEUS MESTRE DA ORDEM DE CALATRAVA EM PORTUGAL COM SEU CONVENTO FUNDOU AVIS 1214". |
Acessos
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Na zona mais alta da vila, com acesso pela Rua Machado dos Santos. WGS84 (graus decimais) lat.: 39.055860; long.: -7.889656 |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG, 1.ª série, n.º 136 de 23 junho 1910 |
Enquadramento
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Urbano, adossado ou integrado em edifícios residenciais, implantado no topo de uma colina, dominando o vale envolvente e permitindo a observação de uma vasta paisagem e a comunicação visual com outros pontos fortificados, como Alter do Chão e Pavia. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Militar: castelo e cerca urbana |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: marco histórico-cultural |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 13 / 15 / 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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EMPREITEIRO: António Serra (1971, 1985-86); José Faustino dos Santos (1974); Odilom Martins Garcia (1959). MESTRES de OBRA: Fernando Rodrigues Monteiro (1214-1223); Fernão Anes (1214-1223). |
Cronologia
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1211 - D. Afonso II doa as Terras de Avis aos Cavaleiros de Évora, sob a dependência da Ordem de Calatrava, na pessoa de D. Fernão Anes, com a condição de a povoar e erigir um castelo; 1214 - instalação da Ordem Militar de São Bento em Avis; 1214-1223 - construção do castelo e cerca urbana, com as obras orientadas pelo Meste D. Prior, Fernão Anes e o mestre D. Fernando Rodrigues Monteiro; Abril - composição entre Fernão Eanes, mestre de Avis, e o bispo de Évora, D. Soeiro, sobre a utilização dos rendimentos da albergaria de Évora e da povoação de Benavente; 1215, 12 Janeiro - D. Mafalda, filha de D. Sancho I, doa ao mestre de Avis a povoação de Seia; 10 Julho - D. Afonso II dá aos povoadores de Avis um foral semelhante ao de Évora; 1218, Agosto - confirmação da doação do foral, pelo rei; 1223, 20 Agosto - Martim Fernandes, mestre da Ordem de Avis, outorga foral à povoação; 1331 - Gil Peres, mestre da Ordem conseguiu uma sentença contra o mouro forro, Mafamede Francelho, que fora designado pela sua comunidade como alcaide e juiz da mesma, ficando, a partir desta data, dependente dos alcaides do castelo; séc. 15 - reabilitações das fortificações pelo Condestável D. Pedro; 1456 - construção da torre de menagem adossada aos aposentos conventuais e pintura do interior da mesma, por ordem do mestre D. Pedro; 1473 - D. Afonso V autoriza o corte na torre da Porta de Évora, para a transformar em pombal; séc. 16 - a tradição historiográfica refere ter havido alterações nas fortificações; 1512, 1 Janeiro - foral novo de D. Manuel; 1556 - tombo dos bens do Convento, feito por Jorge Lopes refere a torre de menagem ligada ao Paço dos Mestres, com duas salas abobadadas e escada interna abobadada e iluminada por seteiras, levando ao topo, onde surge uma construção revestida a cortiça e com chaminé; é ameada e tem, nos ângulos, orifícios onde se hasteiam as bandeiras; tem uma janela gradeada, encimada pelas armas de Avis e inscrição; séc. 17 - entaipamento da antiga Porta do Arco de Baixo e construção da nova Porta do Arco; 1625 - o Padre Jorge Cardoso, no Agiológio Lusitano refere que existiam cinco torres e seis portas; 1654, 19 Outubro - pedido de Frei Ambrósio Marques para o derrube da torre do castelo adossada ao convento, que ameaçava ruína *1, tendo caído uma parte sobre um galinheiro; séc. 17, final - no reinado de D. João IV, são demolidas duas torres, uma a NE. e outra a SO., provavelmente para, com os seus materiais, se construírem os 2 revelins ou redentes, a S. e a SO.; 1708 - o Padre Carvalho da Costa refere na Corografia Portuguesa que existiam cinco torres e seis portas, a do Anjo, a de Baixo (ou Porta da Rainha), a de Évora, com um cruzeiro fronteiro, de Santo António (ou Porta Nova), a de São Roque e a do Postigo; 1730 - descrição do castelo por D. Francisco Xavier do Rego, referindo a existência de seis torres, a da Rainha, da Porta de Évora, da Porta de São Roque, da Porta de Santo António, de Santo António e a Torre de Menagem, com seus portas, a do Anjo, de Baixo, de Évora, de São Roque, de Santo António e do Postigo *2; 1758 - nas Memórias Paroquiais, assinadas por Frei Gaspar Xavier Leitão, é referido que a vila tem um muro em toda a volta, constituindo uma praça regular, tendo, no séc. 17, sido construídos dois fortes a protegerem as portas de Évora e de Santo António; tinha seis torres bastante altas, duas delas derrubadas para a feitura dos fortes, ficando à altura dos demais muros; as quatro estão incólumes, sendo a de Menagem, da Porta de Santo António, da Porta de São Roque, que era do rebate, e a dos Mestre, por nela viverem os mestres da Ordem e agora servindo de cárcere aos frades; tem seis portas, a Debaixo, a do Anjo, de Évora, de Santo António, São Roque e do Postigo; é rodeado por uma ribeira, criando um fosso natural e por penhascos, tornando-a de difícil acesso; 1892, 4 Dezembro - num artigo do jornal "O Século", é referida a existência de uma torre muito antiga, com janelas góticas, cada uma delas com um sino; 1915 - 1918 - demolição da antiga torre de menagem, anexa ao Convento de São Bento de Avis; 1941, 30 Maio - pensa-se manter a cedência de uma das torres do prédio militar n.º 1 de Avis, o Castelo, ao Hospital da Misericórdia; é dado o parecer que o imóvel não deve ser alienado, mantendo-se arrendado a particulares; constata-se que grande parte da muralha está integrada em prédios particulares; 1943, 25 Novembro - ofício da DGEMN sobre a necessidade de expropriar alguns edifícios, para se proceder ao desafrontamento das muralhas e torres do castelo; 1944, 8 Novembro - António Pais da Silva Marques escreve uma carta à DGEMN, onde refere que é utópica a pretensão de restituir o Castelo ao seu estado primitivo, pois seria necessário demolir toda a povoação, com as casas adossadas à muralha ou a menos de 50 metros das mesmas; 1945, 20 Janeiro - decide-se o levantamento da planta da vila e das muralhas e o estudo da possibilidade de demolir alguns imóveis; 1947, 5 Março - a planta ainda não estava levantada nem haviam sido designados os imóveis para demolição; 1953, 24 Novembro - carta de Joana Procópio, com casa em Avis, solicitando a intervenção da DGEMN no restauro da muralha que abatera devido ao mau tempo, pois tinha a sua residência em risco; 23 Dezembro - numa vistoria é referida a necessidade de consolidar o cunhal de uma torre, consolidar silhares desagregados e evitar as infiltrações em certas zonas, devido à colocação de alegretes; 1955, 16 Junho - a Câmara pretendia construir um passadiço turístico sobre as muralhas; 1956, 2 Abril - carta de João Lopes Aleixo Cravitas, solicitando autorização para consolidar a muralha junto à sua habitação, obra que orçaria em 500$00 e que ele pretendia levar a cabo; é dada autorização, com a condição das obras serem acompanhadas pela DREMS; 1970, 07 Agosto - carta do presidente da Câmara fazendo seguir um pedido da Misericórdia de Avis, que alude à necessidade de se proceder ao arranjo da muralha junto ao hospital daquela instituição; 1979, 29 Agosto - pedido dos Bombeiros Voluntários de Avis para colocar a sirene da corporação na torre S. do Castelo, o que é autorizado; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126. |
Dados Técnicos
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Fortificações medievais e de transição: alvenaria de pedra disposta à fiada ou em espinha, com argamassa de cal muito argilosa; muros perpendiculares ao solo; torres de secção rectangular ou de frente arredondada e gola recta. Fortificação abaluartada: muros escarpados de alvenaria de pedra com argamassa de cal e reboco, com terraplenos" |
Materiais
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Xisto, cal e areia, barro e terra |
Bibliografia
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REGO, Francisco Xavier do, Descripção da Vila e Ordem d'Avis, 1730 (Ms. 106 da BNL); CARDOSO, P. Luís, Dicionário Geográfico de Portugal, Lisboa, 1758; KEIL, Luís, Inventário Artístico de Portugal. Distrito de Portalegre, Lisboa, 1943; ALMEIDA, João, Roteiro dos Monumentos Militares Portugueses, Lisboa, 1945/1948; COSTA, Maria Clara Pereira da, A Vila de Avis, cabeça de Comarca e da Ordem, Lisboa, 1982; REGO, Francisco Xavier do, Descrição Geográfica Cronológica, Histórica e Crítica da Vila e Real Ordem de Avis, in Cadernos de Divulgação Cultural, ano I, n.º 1, Avis, Câmara Municipal de Avis, Novembro 1985 [1.ª ed. de 1730]; RODRIGUES, Jorge, Guia Artístico de Avis, Avis, 1993. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; Câmara Municipal de Avis |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID-001/012-1705/1 a 1705/3, DGEMN/DSARH-010/039-0006 a 039-0007, 039-0009 a 039-0010, 039-0022 a 039-0023; CMAvis |
Intervenção Realizada
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CMA: 1921 - caiação de parte das muralhas junto ao terreiro do Mosteiro de Avis; DGEMN: 1959 - reconstrução de panos de muralha e consolidação das que estavam em mau estado, junto à Rua dos Muros; consolidação dos cunhais da torre; a obra foi adjudicada a Odilom Martind Garcia; 1967 - restauro dos terraços da torre e do adarve junto ao Hospital da Misericórdia, a zona do antigo Mosteiro; 1970 - consolidação da torre junto ao Hospital; SCMA: 1970 - desentupimento e aterro da fossa existente no interior da torre junto ao Hospital; DGEMN: 1971 - construção de cintas de betão na torre junto ao Hospital; reparação da segunda torre; reconstrução de rebocos e caiação no arco de acesso ao Mosteiro; reparação de diversos panos de muralha; a obra foi adjudicada a António Serra; 1974 - reconstrução de coberturas e telhados; picagem de rebocos e refechamento das juntas das muralhas e limpeza de vegetação; assentamento de uma porta de madeira na torre; reparação de paramentos, rebocos e caiação dos mesmos; a obra foi adjudicada a José Faustino dos Santos, de Évora; 1985 / 1986 - obras de conservação nas torres e muralhas, com reconstrução e impermeabilização do terraço da torre junto ao Hospital, com colocação de pavimento de tijoleira e reparação das gárgulas; reconstrução das zonas afectadas da torre, com limpeza de vegetação e substituição de silhares; a obra foi adjudicada a António Serra; 1988 - recuperação do adarve e construção de alguns degraus no mesmo para vencer desníveis; consolidação de um troço de muralha. |
Observações
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*1 - esta torre ficava junto às escadas de acesso à actual Câmara Municipal de Avis. *2 - existiam duas inscrições: uma em lápide de calcário - "Era de 1330, a 6 dias de Fevereiro, começárão a fazer este Castello por mandado do Mestre de Aviz Dom Lourenço Affonso, e elle pos a primeira pedra, M.C.C.B.III.C Castello"; a segunda surgia na torre de menagem, sobre a cruz da Ordem de Avis: "Era de 1336 annos a 25. dias andados de Fevereiro, fez este Castello Dom Lourenço Affonso Mestre de Aviz à honra, e Serviço de Deos, e de Santa Maria sua Madre, e das Ordens do muito nobre Senhor Dom Diniz Rey de portugal, e do Algarve, Reynante em aquelle tempo, e em defendimento de seus Reynos. Salvator mundi Salva me". |
Autor e Data
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Rosário Gordalina 1992 / Domingos Bucho 1998 |
Actualização
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