Teatro Rosa Damasceno
| IPA.00004607 |
Portugal, Santarém, Santarém, União de Freguesias da cidade de Santarém |
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Arquitectura cultural e recreativa, modernista e art déco. Sala de espectáculos com espaço bivalente para cinema e teatro, com lotação prevista para 1400 espectadores, plateia, 2 ordens de balcões, camarotes e frisas. Inspirado no Teatro Éden, de Lisboa, do arquitecto Cassiano Branco, construído em 1930 (Custódio, 1997). Modernismo - ao funcionalismo do projecto arquitectónico associa-se um elaborado projecto de decoração de interiores e do próprio mobiliário, da autoria do mesmo arquitecto, seguindo os ditames teóricos de Walter Gropius. Art Déco - tratamento linear dos pormenores estruturais e decorativos da fachada e da decoração de interiores; modelação dos estuques no interior da sala de projecção - no revestimento inferior dos camarotes e frisos - sugerindo o movimento ritmado de ondas; também o projecto de iluminação revela os avanços dos anos 30, no emprego de vidros opalinos modelando a luz das lâmpadas de néon, estrategicamente colocadas. |
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Número IPA Antigo: PT031416120049 |
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Registo visualizado 3954 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Cultural e recreativo Casa de espetáculos Teatro
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Descrição
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Planta composta. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas em telhado e em terraço; verticalidade acentuada. Fachada principal virada a S., definida pela articulação de 4 panos, de remate liso e escalonado, os 3 do lado esquerdo constituíndo um volume simétrico - 2 panos lisos rodeando um corpo semicilíndrico, cortado na secção inferior para albergar a zona da bilheteira e a entrada principal; amplos janelões de acentuada verticalidade rasgam o corpo saliente (com o nome do teatro, em escrita da época, na parte superior) e os restantes panos da fachada; vários frisos percorrem os panos laterais, prolongando a pala em betão que cobre a entrada. No interior o espaço articula-se em 3 zonas distintas: a zona de acesso e convívio, em 3 andares sobrepostos - átrio, foyers e zonas de acesso ao primeiro e segundo balcões - articuladas por escada de vários lanços; o espaço cénico, unificado, constituído por ampla plateia, a que se sobrepõe o primeiro e o segundo balcão, assentes num plano inclinado de vigas de betão armado, prolongados lateralmente por camarotes e frisas, apoiados em consolas, a cabine de projecção no eixo do palco; finalmente a zona de sanitários e serviços, no corpo adjacente do lado direito; o vestíbulo dos sanitários é coberto por tecto liso com abóbada com ressalto circular na zona central. Piso do vestíbulo e foyer, em marmorite de várias cores, formando uma composição geométrica marcada por frisos de latão. No foyer do primeiro balcão a primeira máquina de projectar do cinema da autoria da firma americana Ashcraft Meg. Co.. Do recheio fazem parte mesas, cadeiras, vitrines em ferro pintado, desenhadas pelo arquitecto. |
Acessos
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Rua Conselheiro Figueiredo Leal, n.º 3 - 5 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 |
Enquadramento
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Urbano. Localiza-se no tecido histórico mais antigo da cidade de Santarém, na artéria que liga o planalto do Alporão à Alcáçova. O cine-teatro implanta-se na orla do planalto, sobranceiro ao Vale de Atamarma, destacando-se no perfil das construções, a N., pelo volume compacto da caixa de palco, e a S., pela verticalidade do volume semicilíndrico da fachada principal. A envolvente caracteriza-se pela presença destacada da quinhentista Torre das Cabaças (v. PT031416120020) e da medieva Igreja de São João de Alporão (v. PT031416120002) - a O.-SO., bem como pelo conjunto da Igreja da Graça e restos da cerca (v. PT031416120001), pontuada por um troço de muralha, a S.. A configuração actual da zona provém da urbanização desencadeada no fim do século do séc. 19, com a abertura da artéria para o Miradouro das Portas do Sol. O Cine-Teatro está parcialmente adossado a O., ao edifício da Antiga Agência do Banco de Portugal (v. PT031416120053), tendo a E. edifícios de habitação de construção recente. A fachada posterior dá para logradouro de acesso a mirante para o vale de Atamarma, de onde se vislumbra, meio soterrada, a Albergaria de São Martinho (v. PT031416120037). |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Cultural e recreativa: teatro |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: José Luís Monteiro (1877-1884); Amílcar Pinto (1938). CONSTRUTORES: Bacelar Alves (1938); Benjamim de Almeida (1938); João Lopes (1938). |
Cronologia
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1849 - o Ministério do Reino concede autorização para reutilização da Igreja de São João de Alporão para Teatro; 1852 - a adaptação deveu-se a André de Macedo, actor (CARNEIRO, I, 375): durante mais de duas décadas na antiga igreja funcionou o Teatro de São João de Santarém, depois designado de São João de Alporão; 1876 - o teatro encerra por falta de condições, sendo a Igreja destinada a Museu; 1870 / 1876 - no meio de acesa polémica é decidida a construção de um teatro no local onde se erguia a igreja setecentista de São Martinho; 1877 - 1884 - construção do Teatro de Santarém, projectado pelo arquitecto José Luís Monteiro, tendo como modelo o Teatro Ginásio de Lisboa; 1885 - inauguração do teatro; 1894 - o teatro toma o nome da célebre actriz dramática, Rosa Damasceno; 1897 - feitura da primeira experiência de iluminação a gás na plateia; 1937, início - Direcção do Clube de Santarém, proprietário do Rosa Damasceno, decide remodelar o teatro *1 com o objectivo de aumentar a sua lotação: "Resolveu a Direcção do Club de Santarém, proprietária deste nosso belo teatro, remodelar as suas instalações de forma a permitir uma lotação superior, dando-lhe ao mesmo tempo um aspecto moderno, que esteja de harmonia com os preceitos da estética do nosso tempo"; o projecto prevê um lotação de 1.400 lugares, 600 na plateia e 400 em cada balcão (ARRUDA, 9 Abr. 1976); para as obras, o presidente da Direcção do Clube, Carlos Borges, terá emprestado 600 contos, sem prazo fixo (ARRUDA, 23 Abr.1976); 1938 - inauguração do actual edifício, totalmente remodelado a partir de projecto do arquitecto Amílcar Pinto *2, condicionado pelo aparecimento do cinema sonoro; dirigiram a obra os construtores Bacelar Alves, Benjamim de Almeida e João Lopes (FERNANDES, 1993); na inauguração é representada a peça de Ramada Curto, "A Recompensa", pela Cia. Rey Colaço, com Amélia Rey Colaço no papel principal; 1995 - encerramento do Teatro Rosa Damasceno; pouco depois, o proprietário do edifício, o Clube de Santarém, coloca-o à venda (O Mirante, 26 Junnho 2003); 1997, 3 Abril - Despacho de classificação; 2003 - é criado o Grupo de Amigos do Rosa Damasceno; 2004, Junho - foi realizado o negócio de permuta do Teatro Rosa Damasceno por 14 lotes de terreno em Fazendas de Almeirim, entre o Clube de Santarém (proprietário do teatro) e o empreiteiro Rosa Tomás (actualmente Grupo Enfis); 2005, Abril - Câmara Municipal de Santarém, sob a presidência de Rui Barreiro, decide por unanimidade "encetar os mecanismos legais para tomar posse administrativa do Teatro Rosa Damasceno; a intenção da autarquia é proceder rapidamente às necessárias obras de consolidação do histórico imóvel que os proprietários não realizaram ao longo dos últimos anos, apesar de notificados." (Mirante, 7 Abril 2005); 2007 - um incêndio destrói o interior do teatro; 2009 - encontra-se em curso o julgamento da venda do Teatro Rosa Damasceno, sendo pedido por parte da Câmara que seja anulado o contrato de permuta. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em betão e alvenaria de pedra e tijolo; cobertura em telha; janelas em vidro e ferro; portas exteriores e interiores em madeira e vidro martelado; pavimento em marmorite e madeira; balaustradas em ferro. |
Bibliografia
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Arquitectura Modernista em Portugal, 1890-1940, Lisboa, 1993; Arquitectura Portuguesa. Cerâmica e Edificação reunida, Janeiro de 1939, ano XXXI, 3ª série, pp. 14-15; ARRUDA, Virgílio, O Rosa Damasceno. Sua morte e transfiguração, Correio do Ribatejo, 9 Abril 1976; ARRUDA, Virgílio, O Rosa Damasceno. Suas obras e transformação, Correio do Ribatejo, 23 Abril 1976; BRAZ, José Campos, Santarém raízes e memórias - páginas da minha agenda, Santarém, Santa Casa da Misericórdia de Santarém, 2000; CUSTÓDIO, Jorge, Teatro Rosa Damasceno - Memória descritiva, (texto policopiado, Biblioteca Municipal de Santarém), Santarém, 1991; FERNANDES, José Manuel, Para o estudo da arquitectura modernista - a evolução estilística, Arquitectura, nº 137, Julho / Agosto 1980; FERNANDES, José Manuel, Cinemas de Portugal, Lisboa, 1995; Teatro Rosa Damasceno in Património Monumental de Santarém, Santarém, 1997; Câmara toma posse do Rosa Damasceno in O Mirante, 07 Abr. 2005 em , 07/11/2005; |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - Do antigo teatro foi aproveitada uma parede mestra com cunhais em cantaria, embebida na fachada posterior, onde também são visíveis 3 janelas em cantaria, não previstas no segundo projecto. *2 - Amílcar Pinto foi ainda o arquitecto de outros edifícios de Santarém - Café Central (1939), Hotel Abidis (1942 / 1944), casa na Avenida Gago Coutinho e Sacadura Cabral, nº 29, Casa do Campino. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1997 / Madalena Ribeiro 2005 |
Actualização
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