Castelo de Alpiarça / Estações arqueológicas da Quinta dos Patudos

IPA.00004658
Portugal, Santarém, Alpiarça, Alpiarça
 
Aglomerado proto-urbano. Povoado da Idade do Ferro. Povoado fortificado de grandes dimensões, rodeado por muralha, provavelmente com acrópole rodeada por outra muralha interna; nas suas imediações duas necrópoles com urnas guardando cinzas e artefactos. Os vestígios dos muros do castro parecem apontar a técnica de construção das muralhas celtas, compostas por terra e madeiramentos (MARQUES: 1972). As descobertas arqueológicas aqui realizadas permitiram a criação dos conceitos de "cerâmica de tipo Alpiarça" e de "cultura de Alpiarça", por Gustavo Marques, em 1972, por ele divulgados em conjunto com Miguéis de Andrade no ano seguinte. Nas urnas do Tanchoal e do Meijão foram encontradas cerâmicas brunidas (decoradas e não-decoradas) associadas a braceletes múltiplos de bronze do tipo La Mercadera, datáveis dos sécs. 5 / 4 a.c., que vieram permitir uma datação por comparação daqueles materiais *2.
Número IPA Antigo: PT031404010001
 
Registo visualizado 881 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto urbano  Aglomerado urbano  Povoado  Povoado da Época do Ferro  Povoado fortificado  

Descrição

O castelo de Alpiarça corresponde a um vasto castro (c. de 1.150m) rodeado ainda por imponente muralha de calhaus e areia, escondida pela vegetação, com c. de 4m de altura média, com duas zonas descontínuas, a sudeste, provavelmente correspondentes a entradas; no ponto mais elevado, uma outra descontinuidade de terreno, com diferentes níveis, pode ser indício de uma outra muralha quase desaparecida, envolvendo uma acrópole (MARQUES: 1972); o cabeço da Bruxinha, situado num outeiro que parece ter sido artificialmente separado do planalto onde se situa o castelo; as 2 necrópoles, rodeando o planalto a N. e a S..

Acessos

Pela EN 118, na direcção Almeirim - Alpiarça, em terrenos pertencentes à Quinta dos Patudos, dos 2 lados da estrada.

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 *1

Enquadramento

Planalto, outeiro, planície. Situam-se em terrenos agrícolas a S. de Alpiarça, cruzados pela EN; a E. da mesma o castelo de Alpiarça numa zona planáltica, a c. de 32m. de altura, dominando toda a região circumvizinha, ladeado a N. pela necrópole do Tanchoal e a S. pela necrópole do Meijão, ambas em zona de planície, delimitada a primeira pela ribeira do Forno, a segunda pela ribeira da Atela; a O. da estrada nacional o cabeço da Bruxinha, num outeiro separado por depressão com c. de 15m de largura do castelo de Alpiarça, na qual passa a EN.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Não aplicável

Utilização Actual

Não aplicável

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Época Construção

Idade do Ferro

Arquitecto / Construtor / Autor

Não aplicável

Cronologia

Séc. 05 - 04 a.C. - construção provável do castro pelos (cempsi), um importante grupo de celtas, que nas necrópoles vizinhas deixaram os testemunhos do ritual da incineração por eles praticado; séc. 04 a.C. - desaparecimento da cultura de Alpiarça, pressionada por influências distintas: pressões culturais mediterrânicas (pela abertura de vias de comunicação do litoral para o interior), a par da influência de formas culturais evoluídas do próprio mundo celta, oriundas da Meseta (MARQUES, 1973). A zona terá continuado a ser utilizada durante o período romano, já que algumas das urnas do Tanchoal datam desse período (MARQUES: 1972).

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes

Materiais

Muralha de calhaus e areia

Bibliografia

CORREIA, António Augusto Mendes, Sobre alguns objectos protohistóricos e lusitano-romanos especialmente de Alpiarça e Silvã, O Archeólogo Português, 21, Lisboa, 1916; CORREIA, António Augusto Mendes, A Lusitânia pré-romana in História de Portugal, dir. Damião Peres, Barcelos, 1928; IDEM, Urnenfelder de Alpiarça, Anuário de Pré-História Madrilena, vol. 4 - 6, Madrid, 1933 - 1935; ALMAGRO, M., La invasion celtica. Los campos de urnas de España in História de España, dir. de R. Menendez Pidal, 1, 2, Madrid, 1952; MARQUES, Gustavo, Arqueologia de Alpiarça: As Estações representadas no Museu do Instituto de Antropologia do Porto in Trabalhos do Instituto de Antropologia Dr. Mendes Correia, Porto, 1972; MARQUES, Gustavo e ANDRADE, Migueis, Aspectos da proto-história do território português - Idade do Ferro. I - Definição e Distribuição Geográfica da Cultura de Alpiarça, Idade do Ferro in Actas do III Congresso Nacional de Arqueologia, 1º vol., Porto, 1973; KALB, Philine e HOECK, Martin, Cabeço da Bruxa, Alpiarça (Distrikt Santarém). Vorbericht ueber die Grabung im Januar und Februar 1979, Madrider Mitteilungen, Madrid, 21, 1980; DELGADO, Manuela, Zur roemerzeitlichen Keramik vom Cabeço da Bruxa, Alpiarça, Madrider Mitteilungen, Madrid, 21, 1980; KALB, Philine e HOECK, Martin, Cerâmica de Alpiarça - Exposição Temporária na Galeira dos Patudos, Catálogo da exposição, Alpiarça, 1985; http://www.patrimoniocultural.pt/pt/patrimonio/patrimonio-imovel/pesquisa-do-patrimonio/classificado-ou-em-vias-de-classificacao/geral/view/72937 [consultado em 21 dezembro 2016].

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID

Documentação Fotográfica

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

1973 - primeiras escavações arqueológicas realizadas de forma sistemática, por Gustavo Marques e Gil Miguéis de Andrade, tendo os objectos encontrados sido depositados no Museu da Casa dos Patudos; Instituto Arqueológico Alemão: 1979 - prospecções realizadas no Cabeço da Bruxa e no Alto do Castelo, sob a direcção de Philine Kalb e Martin Hoeck; os materiais (entre os quais muitas urnas com engobe brunido) foram igualmente depositados no Museu da Casa dos Patudos.

Observações

*1 - DOF: Estações arqueológicas da Quinta dos Patudos (Castelo de Alpiarça, Cabeço da Bruxinha, Necrópole de Tanchoal e Necrópole do Meijão). *2 - o primeiro achado significativo é relatado por Mendes Correia na necrópole do Tanchoal - um depósito funerário de incineração, constituído por 17 urnas cheias de carvão e cinzas, enterrado a uma profundidade de 1 a 1,20 m; nas imediações foram encontrados um machado e braceletes em bronze, (biberons), um vaso caliciforme, uma taça incompleta decorada (CORREIA: 1935); a limpeza de materiais cerâmicos viria a revelar a existência de cerâmica de ornatos a cores, que seria designada como "cerâmica de engobe brunido do tipo Alpiarça". Os artefactos revelados por estas estações arqueológicas encontram-se no Museu da Casa dos Patudos e no Museu de Antropologia da Universidade do Porto.

Autor e Data

Isabel Mendonça 1997

Actualização

 
 
 
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