Fonte Romana de Vila Flor

IPA.00000475
Portugal, Bragança, Vila Flor, União das freguesias de Vila Flor e Nabo
 
Conjunto de duas fontes de épocas cronológicas distintas. A principal, de maior interesse arquitectónico, tem a particularidade de conciliar uma fonte de mergulho de origem medieval, terminada superiormente por moldura provavelmente de feitura posterior, com um mirante superior, construído em 1578, conforme assinalado na inscrição, com carrancas de diferentes tipos a decorar os ângulos e a zona central, em duas das faces, da arquitrave. A cobertura do mirante é em tijolo e não em cantaria como o resto da estrutura. Junto da face O. dispunha-se um tanque, mas que foi demolido no séc. 19. A fonte de espaldar, oitocentista, apresenta algumas linhas neoclássicas, ainda que de grande simplicidade. Tanque bebedouro, igualmente de construção oitocentista, mas provavelmente reformado na 1ª metade do séc. 20, também muito simples, mas amplo e com bordo facetado. Estão dispostas à volta de muro de planta em U invertido, em cantaria de granito, de aparelho regular, terminado em friso e cornija. É composto por fonte de mergulho de planta quadrangular simples, em cantaria de granito, com cobertura plana, tendo acesso por arco de volta perfeita e interior abobadado, encimado por miradouro tipo templete, também de planta quadrada, com quatro pilares de faces almofadadas e colunelos jónicos, suportando arquitrave com friso decorado por carrancas e cobertura em domo rebocado. Fonte de espaldar, de planta rectangular e face principal delimitada por pilastras toscanas, terminada em frontão contracurvado, decorado com escudo, tendo inferiormente duas bicas e com tanque rectangular disposto a toda a largura. Tanque bebedouro de planta rectangular, a toda a largura do muro, com cartela inscrita.
Número IPA Antigo: PT010410170005
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Estrutura  Hidráulica de elevação, extração e distribuição  Chafariz / Fonte  Chafariz / Fonte  Tipo mergulho

Descrição

Conjunto hidráulico de planta em U invertido, delimitado por muro em cantaria de granito, em aparelho irregular, terminado em friso e cornija, que constitui o seu capeamento, integrando ao centro da ala central fonte de espaldar e tendo adossado à ala esquerda tanque bebedouro e à direita banco de cantaria, junto à qual, e já fora do espaço que o U delimita, se ergue fonte de mergulho sobreposto por mirante. FONTE DE MERGULHO de planta quadrangular simples, em cantaria de granito, de aparelho regular, com as juntas preenchidas a cimento, superiormente terminada em moldura de perfil curvo. Face principal virada a N., rasgada por vão em arco de volta perfeita, com a zona inferior protegida por pequeno murete em granito e fechado com portão em ferro, pintado de verde, decorado com volutas estilizadas e tendo a inscrição: "CM / MCMXCIV"; no interior, possui a nascente a 3 m de profundidade. Sobre a fonte de mergulho, ergue-se um mirante alpendrado, igualmente de planta quadrada, suportado por quatro pilares de faces almofadadas, tendo adossados meios colunelos de capitéis jónicos, e, a meio de cada uma das faces, por quatro colunelos iguais, assentes em soco com cornija saliente, e suportando arquitrave, com friso decorado por carrancas nos ângulos e, nas faces viradas a E. e N. por outras carrancas com trombetas, tendo ainda a do lado E. a inscrição "1578 ANOS". Cobertura em domo, de tijolo, rebocado e coroado por pináculo, coroado por volutas jónicas, interiormente rebocada e pintada de branco, assente em trompas de ângulo. FONTE DE ESPALDAR, de planta rectangular e corpo em cantaria de granito, de aparelho regular, com face principal delimitada por pilastras toscanas, coroadas por plintos paralelepipédicos, rematados por esferas de cantaria, e terminado em empena contracurvada, com cornija, integrando ao centro escudo, decorado por outro mais pequeno ostentando flor-de-lis, rematado por cartela recortada e ornamentada por ramo de três flores em alto relevo. Tem inferiormente, junto às pilastras, duas bicas de configuração circular, ostentando canalização recente. Em frente do espaldar surge tanque de planta rectangular, bastante baixo. Esta fonte é ladeada por dois pequenos vãos, em arco de volta perfeita e gradeados, rasgados no pano do muro, ao nível do pavimento. Ao longo de toda a ala esquerda do U e extravasando a mesma, dispõem-se o TANQUE BEBEDOURO, de planta rectangular, cujo muro forma espaldar, tendo a meio cartela rectangular com a inscrição "O. P. A. S. S. H. 1934"; o tanque possui as paredes em cantaria de granito, de aparelho irregular, com bordo bastante saliente e facetado. O recinto delimitado pelo U apresenta pavimento desnivelado e em terra.

Acessos

EN. 215, Rua da Fonte Romana. VWGS84 (graus decimais) lat.: 41,305522; long.: -7,151677

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto 27 394, DG, 1.ª série, n.º 302 de 26 dezembro 1936

Enquadramento

Urbano, isolado, no limite exterior da vila, a S. da mesma, implantado num terreno bastante rebaixado relativamente à estrada que passa em frente, pavimentada a paralelos, com circulação automóvel, acedido por vários degraus, e protegido dessa por cinco plintos paralelepipédicos coroados por bola e muro de cantaria, capeado e tendo nos extremos plintos paralelepipédicos de remate em ponta de diamante. No interior do recinto das fontes, possui candeeiro eléctrico, suportado por estrutura de ferro, pintada de verde. Junto à face posterior, existem campos de cultivo. Na proximidade ergue-se uma das portas do antigo Castelo de Vila Flor (v. PT010410170006) e a Escola Secundária.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Hidráulica: chafariz

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: António Domingues Esteves (1938); Manoel Ferreira Morango (1942); Saúl de Oliveira Esteves (1954).

Cronologia

1286, 24 Maio - D. Dinis outorga foral a Póvoa de Além Savor, designado-a Vila Flor e concedendo-lhe uma feira mensal; 1294, 13 Abril - D. Dinis autoriza a realização de nova feira em Vila Flor; Época medieval - abertura do poço; séc. 15 - construção da fonte, então conhecida como Poço do Arco; 1512, 4 Maio - concessão de foral por D. Manuel; 1578 - data inscrita no entablamento assinalando a construção do mirante sobre a fonte de mergulho; 1675 - a fonte era denominada por Poço do Arco, por Rodrigo Mendes da Silva; 1859 - data inscrita na fonte de espaldar; 1868 - início da construção da estrada de Mirandela para Moncorvo, que passava junto à fonte, a qual levou à demolição, segundo Pinho Leal, à demolição de um tanque muito antigo com duas bicas, colocado "superiormente"; esta demolição levou a Câmara a construir um outro tanque, junto ao poço, mas para o lado da vila; séc. 19, final - segundo Pinho Leal, esta, era uma das 3 fontes de poço que existiam em Vila Flor; 1934 - data no muro do tanque bebedouro e no portão da fonte de mergulho; 1936, 10 Fevereiro - envio de duas fotografias da fonte pelo Presidente da Câmara, Francisco Guerra, à DGEMN; 2 Março - o Arquitecto Director da Direcção dos Monumentos Nacionais informa a Câmara ter solicitado a classificação da fonte como Imóvel de Interesse Público; 1937, 12 Maio - apresentação do orçamento, elaborado pela DGEMN, destinado a obras de reparação, pelo valor de 2 000$00 correspondendo o material a 890$00 e a mão-de-obra a 1 110$00; 7 Dezembro - aprovação desse orçamento pela DGEMN; 1938, 28 Março - autorização do Governo do dispêndio de 2 000$00, para obras de conservação e restauro, sem abertura de concurso público ou realização de contrato; 13 Junho - Francisco Guerra, presidente da Câmara Municipal, solicitou à DGEMN o início da obra; 1942, 17 Janeiro - a cúpula necessitava de novo restauro; 30 Janeiro - a Câmara Municipal solicita à DGEMN o início da obra; 18 Abril - concessão de 750$00 pelo Fundo de Desemprego para o restauro da cúpula; 1947, 5 Dezembro - a Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais informou o Director-Geral da DGEMN a necessidade de impermeabilizar e rebocar a cúpula, de limpar as juntas de cantaria e de construir e assentar de grade de ferro na cisterna, o que custaria 5 000$00; séc. 20, 1ª metade - fotografia mostra que a face E. do mirante era fechada em cantaria de granito; 1950, 20 de Março - o Padre Cassiano Dias Fais, Presidente da Câmara, solicita à DGEMN obras de conservação na cúpula; 13 Abril - parecer da Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais dirigido à DGEMN sobre a necessidade de proceder ao restauro do imóvel, incluindo o restauro da cúpula e sua cintagem, orçados em 2 000$00, e substituição da vedação em chapa do depósito de água, trabalho orçado em 4 000$00; 1953, 23 Dezembro - o arquitecto-chefe da Direcção dos Serviços dos Monumentos Nacionais observou a necessidade de restaurar a cúpula da fonte, apresentando um orçamento de 1 000$00; 1954, 7 Janeiro - relação de material referente ao tarefeiro Saúl de Oliveira Esteves, para a intervenção na cúpula, pelo mesmo valor; 1994 - data na porta da fonte de mergulho.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e paredes autoportantes.

Materiais

Estrutura em cantaria de granito; domo em tijolo rebocado; portão e grades de ferro.

Bibliografia

LEAL, Augusto Soares de Azevedo Barbosa de Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Lisboa, 1886; Guia de Portugal, Trás-os-Montes e Alto-Douro II Lamego, Bragança e Miranda, Lisboa, 1970; MORAIS, Cristiano, Roteiro de Vila Flor, Vila Flor, 1988; IPPAR, www.ippar.pt, 19 Janeiro 2007; www.vila-flor.net, 19 Janeiro 2007.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID

Intervenção Realizada

DGEMN: 1938, 27 Outubro - adjudicação da obra de conservação e restauro a António Domingues Esteves, pelo valor de 2 000$00, a qual incluía a reconstrução do pavimento em cantaria, do interior, limpeza da vegetação e lavagem da cantaria, com tomada de juntas a argamassa hidráulica, impermeabilização da cobertura abobadada de cantaria, construção de rebocos caiados a branco no interior e exterior da cobertura, colocação de porta de ferro para vedação e segurança do depósito, limpeza de lodos e terras existentes no tanque, e remoção do entulho resultante da execução da obra; 18 Novembro - início da obra de reparação; 1939 - reconstrução do pavimento, execução de rebocos no interior e exterior, impermeabilização da cobertura, remoção de vegetação, limpeza de cantarias (2 000$00); 1942, 28 Janeiro - adjudicação da obra de restauro da cúpula a Manoel Ferreira Morango, pelo valor de 1 500$00; 18 Julho - início da obra; 1942 - construção de muro em alvenaria argamassada envolvendo o imóvel, (1 500$00, incluindo fundações e reboco); 1947 - impermeabilização da cúpula da fonte, limpeza das juntas de cantaria, construção de grade de ferro na cisterna da fonte; 1953, 31 Dezembro - avaliação pelo MOP das três propostas apresentadas e autorização da adjudicação da obra a Saúl de Oliveira Esteves, por esse valor, acrescentando a necessidade de outra verba para administração e fiscalização, sem abertura de concurso público e de realização de contrato; 1954 - reparação da cúpula.

Observações

Autor e Data

Ernesto Jana 1993 / Marta Ferreira 2006

Actualização

 
 
 
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