Casa de Simães e Jardins

IPA.00004863
Portugal, Porto, Felgueiras, União das freguesias de Margaride (Santa Eulália), Várzea, Lagares, Varziela e Moure
 
Casa unifamiliar com jardim maneirista, barroca e rococó. Quinta de recreio com jardim rocaille. "Entrámos e foi unânime a sensação de harmonia. Aquele terreiro de recepção de uma quinta em recuperação que mereceu melhores dias enquadrava um ambiente puro. O silêncio era absoluto e a paz de ouro." (CASTEL-BRANCO 2002:66). De facto é de anotar o equilíbrio conseguido pelas cinco fontes maneiristas do pátio que conjugam a sua imponência, original para a época, com a continuidade discreta dada pelos remates do muro unido ao coroamento das fontes, numa sequência de ss enrolados. Este conjunto é, na realidade o prenúncio das grandes obras paisagísticas dos escadórios no Norte do País; O chafariz com a base em forma de estrela é também uma peça pouco utilizada existente no terreiro. O jardim obedece ao mesmo critério de simplicidade e grandiosidade aliadas à força da história transmitindo à quinta um carácter forte e consistente.
Número IPA Antigo: PT011303110006
 
Registo visualizado 830 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta    

Descrição

A quinta compreende a casa (v.IPA.00024011), em posição central, o pátio fronteiro e o jardim. O acesso principal é feito por portão armoriado, rasgado em alto muro, composto por duas pilastras com bases e capitéis trabalhados e fuste liso, sustentando entablamento decorado com nervuras e sobrepujado por pedra de armas dos Coelhos, ricamente trabalhada e emoldurada por volutas. De cada um dos lados da pedra de armas, e também a rematá-la superiormente, surgem estátuas alegóricas. Transposto o portão entra-se em vasto PÁTIO, limitado ao fundo, e em grande parte à direita, pelas casas de habitação com a sua capela e, à esquerda, por um muro idêntico aquele em que se abre o portão. Nele se integram cinco fontes com figuras alegóricas, quatro das quais simbolizam a África, a Ásia, a Europa e a América, e a quinta um Cupido. Estas figuras montam monstros marinhos de cujas bocas jorra água, cada uma para um pequeno tanque. O coroamento do muro é decorado com panos de cantaria de recorte ondulado, encimadas por pedestais, suportando esferas e pináculos. Ao longo da base do muro, alguns bancos de pedra rodeados de verdura alternam com os tanques das fontes. Neste pátio, surge ainda um chafariz com tanque estrelado e duas taças e um azevinho (Ilex Aquifolium). Do lado S., o pátio é limitado em parte pela casa e no restante comprimento por um muro de suporte com canteiross. À direita, antes do início da casa, o pátio faz um recanto em que existe uma fonte com uma figura de homem (o Laconte da fábula) dominado por uma serpente que, enroscada nele, jorra água pela boca para um pequeno tanque. À esquerda desta fonte fica um pequeno miradouro, com bancos e alegretes no muro. Adjacente ao muro que suporta o pátio neste recanto e à parede lateral da capela, a cota inferior, está um grande tanque com lavadouro. A S. da casa, passando por dentro desta ou por um acesso entre a mesma e a capela, zona exterior limitada pela fachada com canteiro que a acompanha e, a S., por muro paralelo à fachada, rasgado por portão que dá acesso ao jardim. JARDIM constituído por três patamares sendo o primeiro simétrico e formado por seis grandes canteiros de buxo talhado com cerca de 1m de altura, actualmente não preenchidos. Entre os canteiros formam-se caminhos e em cada um dos dois cruzamentos o caminho abre num pequeno espaço circular. A O. dos canteiros de buxo existe a "ALAMEDA DOS LOUREIROS", perpendicular à casa e ligada por escadaria ao patamar superior do jardim é contituída por loureiros de grande porte desde o local onde um antigo lago foi aterrado, junto ao tanque com lavadouro até ao "CAMPO DA SEREIA". Este é constituído por um túnel de buxos em porte arbóreo, perpendicular à alameda e junto ao muro que limita a propriedade a S., conduz até uma imagem de uma sereia esculpida e pedra e colocada ao fundo, no muro limite a E.. Os dois terraços entre o primeiro, de buxo, e o "Campo da Sereia" não estão actualmente ajardinados sendo no entanto visível uma estrutura de camihnho que relaciona os diferentes patamares por escadarias alinhadas com o potão de acesso ao jardim. Nesta área existem actualmente latadas de vinha paralelas à Casa.

Acessos

Caminho municipal que serve a freguesia de Moure, ao Km 2,5 da EN 101 (Felgueiras - Lixa)

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 735/74, DG, 1ª série, nº 297 de 21 dezembro 1974 (Jardins) *1

Enquadramento

Rural. A quinta situa-se num vale, numa clareira de terras cultivadas e protegido a N., E. e O. por mata de Carvalhos. Tem em redor uma pequena povoação com caminhos estreitos e inclinados.

Descrição Complementar

"Entra-se num vasto pátio limitado ao fundo, e em parte à direita, pelas casas de habitação com sua capela, e à esquerda por um muro semelhante à quele em que se abre o portão". (ARAÚJO 1962: 117). "A imponência do terreiro indica-nos que pode ter sido um jardim com vegetação, sobretudo porque hoje ainda mantém cinco grandiosas fontes adossadas ao muro e uma escultórica fonte que lhe ocupa o centro" (CASTEL-BRANCO 2002:67).

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Residencial: quinta

Propriedade

Privada: pessoa singular

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 15 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Desconhecido.

Cronologia

1423 - Construção da casa na antiga Quinta da Coelha, propriedade de Gonçalo Coelho, primeiro Senhor de Felgueiras e Vieira e Senhor de Afena; 1607 - Francisco Pinto da Cunha, Alcaide de Celorico de Basto e Senhor de Felgueiras, por casamento com Francisca Maria da Silva Coelho e Noronha, filha de Aires Coelho, 7º Senhor de Felgueiras, compra a Manuel João Mendes e sua mulher Isabel a Quinta de Simães, pela quantia de seis mil reis, instituindo nela um morgadio que obrigava os herdeiros à utilização do apelido Pinto Coelho; ao longo dos séculos a casa ficou desabitada várias vezes tendo o seu apogeu nos séc 17 / 18; 1670, cerca de - construção do muro, fontes do pátio e grande lago do jardim; séc. 17, finais - plantação da alameda dos Loureiros; Séc. 18 - são efectuadas obras de embelezamento e decoração do pátio nobre, jardins, portão armoriado, muro principal, fontes e estátuas da quinta de Simães; séc. 20 - a propriedade é herdada pelo actual proprietário, de um tio, com apenas três anos de idade ficando o usufruto para seu pai até ao dia em casou.

Dados Técnicos

O jardim é estruturado em três socalcos vencendo o declive acentuado; a água utilizada para consumo, rega e ornamentação provém de minas situadas na mata exterior próxima da propriedade e corre em caleiras de pedra.

Materiais

INERTES: Granito. VEGETAL: àrvores - loureiro (Laurus nobilis); arbustos - alecrim (Rosmarinus officinalis), azevinho (Ilex aquifolium), buxo (Buxus semperviriens), roseira (Rosa sp) ,limonete (Aloysia triphylla).

Bibliografia

ARAÚJO, Ilídio, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, Lisboa 1962; BRANCO, Cristina, Jardins com História, Inapa, Lisboa 2002; CARITA, Hélder e CARDOSO, Homem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, Circulo de Leitores, 1990; CRESBEECK, Serra, Memórias ressuscitadas de entre Douro e Minho, Manuscrito 218, B.N. Lisboa, 1723; DIONÍSIO, Santana, Guia de Portugal, Vol. 4, Tomo II, Coimbra, 1986; GAIO, Felgueiras, Nobiliário das Famílias de Portugal, Braga, 1938.

Documentação Gráfica

IHRU: Arquivo Pessoal do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN:DSID, Arquivo Pessoal de Ilídio de Araújo (IAA)

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

*1 - DOF: Conjunto dos elementos que caracterizam o pátio nobre e jardins da Casa de Simães (muro principal, portão armoriado, fontes e estátuas). Ao remover parte do terreno foram encontradas várias peças ornamentais desde pedras trabalhadas a chafarizes, possivelmente pertencentes aos terraços inferiores do jardim.

Autor e Data

Isabel Sereno e Miguel Leão 1994 / Pereira de Lima 2004

Actualização

 
 
 
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