Mosteiro de Pombeiro / Igreja do Mosteiro de Santa Maria de Pombeiro

IPA.00004864
Portugal, Porto, Felgueiras, Pombeiro de Ribavizela
 
Arquitectura religiosa, românica e setecentista. Igreja românica de planta longitudinal de 3 naves com arcos diafragma, falso transepto e cabeceira tripla, reformada na época de setecentos. Da época românica subsistem os absidíolos e duas arquetas sepulcrais com estátua jacente (séc. 13). O portal e grande óculo, da mesma época, denota a influência do tipo bolonhês. Os toros das arquivoltas devem datar da segunda metade do séc. 12, mas a rosácea, emoldurada de colunas e arcos românicos e similar às de Roriz e Paço de Sousa, sugere o princípio do séc. 13.
Número IPA Antigo: PT011303150001
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Igreja de planta com desenvolvimento longitudinal, acentuado pela grande profundidade da capela-mor. A fachada principal, orientada a SO., está enquadrada por duas torres sineiras rematadas por coruchéus, conserva o portal românico, de cinco arquivoltas assentes em capitéis lavrados. É encimado por uma grande rosácea, emoldurada por colunas e arcos românicos. O interior de três naves, mantém os absidíolos e duas arquetas tumulares. Na parede N. da nave uma tampa de sepultura epigrafada, proveniente da galilé. Num dos silhares da parede do transepto no lado da Epístola, encontra-se gravada uma inscrição. Sobre o transepto o trifório foi substituido por varanda corrida e remate em lanternim. O coro-alto, com cadeiral, apoia-se em arco decorado. A capela-mor, de grande dimensão, possui retábulo em talha dourada. Em anexo, já no corpo do mosteiro a sacristia. Do mosteiro, implantado a S. da igreja, só já existe parte da fachada do claustro e corpo principal da parte residêncial. A fachada do claustro, de composição simétrica, rigorosa e bem proporcionada, com 2 pisos, tem ao nivel do rés do chão uma arcada composta por 9 arcos plenos. No piso, igual número de janelas de sacada com frontões segmentares e angulares emparelhados. Cada vão de arco ou janela de sacada são enquadrados por pilastras, sendo o conjunto dos três vãos centrais rematado por um grande frontão angular apresentando no tímpano um brasão. A rematar o alçado uma balaustrada coroada, no alinhamento das pilastras, por urnas. A fachada principal do mosteiro tem 4 portas no andar térreo, 3 das quais rematadas por frontões. Destas, a porta central dá acesso à zona habitacional e as laterais ao claustro e área agrícola respectivamente. Sobre estas portas um conjunto de janelas rectangulares de pequena dimensão formam o piso intermédio que corresponde à área das celas. No prolongamento destas para o espaço definido pelo claustro, as janelas são falsas, contribuindo apenas para o equilíbrio formal da fachada. No último piso, unidas por um friso contínuo, um conjunto de 7 janelas de sacada rematadas por frontões angulares, à excepção da central que tem frontão curvo. Esta excepção reforça o eixo da fachada, que é rematada por cornija com beiral e ao centro um frontão de lanços com brasão no tímpano e 3 urnas de remate, que se repetem em cada extremidade da fachada. A cobertura é em telhado de diversas águas. Os restantes corpos que constituem o edificado já sofreram algumas adaptações

Acessos

Pombeiro de Ribavizela, Lugar do Mosteiro, EM 1160

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136, de 23 junho 1910 / ZEP, Portaria n.º 651/2002, DR, 1ª série-B, n.º 135, de 14 de junho 2002

Enquadramento

Rural. Implantado num vale, isolado, assume ainda hoje uma posição de destaque relativamente à envolvente caracterizada por campos de cultivo e pequenas construções dispersas, para habitação ou anexos agrícolas. A NO. desenvolve-se o aqueduto (v. PT011303150096) que abastecia o mosteiro.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES:IGREJA: 1. (CEMP nº. 208) Inscrição funerária e comemorativa de fundação gravada num silhar truncado na margem direita; granito. Dimensões: 38,5x93,5. Tipo de letra: capitular do século XII. Leitura modernizada e reconstituída: ERA M CC XXX VII [...] MAII HIC REQUIESCE[T] GUNDISALVUS QUI FUNDAV[IT...]; Tradução: Era de 1237(=1199) aos [..] de Maio aqui descança Gonçalo que fundou [...]; 2. (CEMP nº. 230) Inscrição indicativa de localização de relíquias gravada em dois silhares; fractura no final da terceira linha do primeiro silhar; granito. Dimensões: 1º. 38x68; 2º. 39x68. Tipo de letra: capitular do século XII; Leitura modernizada: HEC SUNT RELIQUIE QUE HIC SEDENT PETRI, PAULI, ANDRE, JACOBI, THOME; Tradução: Estas são as relíquias, aqui conservadas, de Pedro, Paulo, André, Tiago e Tomé. 3. (CEMP nº. 320) Inscrição funerária gravada numa tampa de sepultura sob um escudo liso e intercalada por uma espada insculpida, cujo pomo é encimado por um crescente, alusão às cadernas do brasão de armas dos Sousa; Dimensões:54/64x299x29;Tipo de letra: capitular do século XIII. Leitura modernizada e reconstituída: VI IDUS MARTII OBIIT DOMNUS VELASC[US] MENENDI FILIUS COMITIS DONNI(sic) MENENDI ERA MCCLXXX; Tradução: Aos 6 idos de Março (=10 de Março) da era de 1280(=1242) faleceu o senhor Vasco Mendes, filho do conde Dom Mendo *1. 4. (CEMP nº. 473) Inscrição funerária truncada gravada num silhar; granito. Dimensões:31X49,5. Leitura: HIC IACET [...] PETRI. Tradução: Aqui jaz [...] Peres. 5. (CEMP nº. 639) Inscrição funerária gravada num silhar, truncado na margem esquerda; linhas auxiliares bem demarcadas; granito. Dimensões: 39,5x91. Tipo de letra: inicial capitular carolino-gótica. Leitura modernizada e reconstituída: [HI]C IACET JOHANIS PE[TR]I QUI FUIT PRIOR ISTI [M]ONASTERII ERA Mª CCCCª IIII; Tradução: Aqui jaz João Peres que foi prior neste mosteiro na era de 1404(=1366). 6. Inscrição comemorativa de uma obra, pintada sobre um silhar; moldura simples filetada; muito delida na primeira linha e no início da segunda; granito; Tipo de letra: gótica minúscula de forma. Leitura modernizada e reconstituída: [...] o senhor dom abade dom antónio de melo a mandou fazer.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja *2 / Residencial unifamiliar: casa / Criação e exploração animal: vacaria

Propriedade

Pública: estatal / Pública: Municipal / Privada: Pessoa singular

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 13 / 16 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

Jerónimo Luís; Frei José de Santo António Vilaça (retábulo-mor e cadeiral); Arq. Humberto Vieira, projecto de recuperação da ala poente. ORGANEIROS: Francisco António Solha (1766); Pedro Guimarães (1994).

Cronologia

853 - referências num breve papal de Leão IV; 1059, 13 Jul. - fundado por D. Gomes Aciegas; séc. 11 - protegido pela família Barbosa; 1112 - coutado por D. Teresa; 1155 - D. Afonso Henriques beneficia o mosteiro ao favorecer D. Gonçalo de Sousa; 1199 - data da obra românica da igreja do mosteiro iniciada pelo abade D. Gonçalo, conforme inscrição gravada junto à porta de acesso ao claustro; finais do séc. 12 - deposição de relíquias nos altares da igreja como noticia a epigrafe gravada na parede leste do transepto; 1234 - o mosteiro troca terras com o Mosteiro de São Miguel de Refojos de Basto, em Cabeceiras de Basto (v. PT010304140002); 1ª metade do séc. 13 - execução do portal ocidental e da rosácea; séc. 13 - Os Sousas são patronos do mosteiro e escolhem a galilé para sua sepultura; 1242, 10 de Março - data da morte de Vasco Mendes de Sousa filho do conde Mendo de Sousa, o Sousão, e de D. Maria Rodrigues veloso 1272 - 2º fase de obras realizadas na galilé da igreja do mosteiro sob o abaciado de D. Rodrigo segundo informação recolhida numa inscrição hoje desaparecida;1366 - data do falecimento do prior crasteiro João Peres conforme se lê numa inscrição gravada numa das paredes do claustro; 2ª metade do séc. 16 - o abade dom António de Mello manda executar obras de melhoramento na igreja como comprova uma inscrição gravada num silhar; 1578 - a galilé do mosteiro de Pombeiro ainda existia mas já muito danificada como refere Frei João de S. Tomás na Benedictina Lusitana, redigida entre 1644-51, vol. II, p. 77, onde se lê que nessa galilé: " estavão por ordem abertas todas as armas da nobresa antiga de Portugal de maneira que quando avia algua duvida sobre esta materia, a Galilé de Pombeyro & armas, que nella estavão servião de juis"; 1586, 6 Mar. - o seu rico património foi desmembrado em duas partes iguais por D. Filipe I, passando metade a custear os descobrimentos, através do Mosteiro dos Jerónimos; séc. 16 / 18 - grandes reformas construtivas na igreja e mosteiro; 1600 - Jerónimo Luís surge como mestre das obras; 1660 - enterramento do escritor Manuel de Faria e Sousa; 1702 - data numa das alas do claustro, segundo descrição de Craesbeeck em 1725; 1719 - construção do novo coro avançando a parede central da frontaria e deslocamento da rosácea da prumada do portal para o alinhamento das torres sineiras; 1722 - reformas no mosteiro destroem capela-mor românica; 1743 - acrescento do órgão, passando a ter cinco castelos (tinha 3); 1752 / 1753 - conserto do órgão; 1758 - nas Memórias Paroquiais é referido que o pároco é vigário regular beneditino, apresentado pelo Abade do Mosteiro com a côngrua de 50$000; 1767, 30 Abril - execução de um órgão por Francisco António Solha, e douramento de outro, importando o mecanismo em 900$000 e as caixas em 135$000; 1770 / 1773 - construção do retábulo-mor, segundo risco de Frei José de Santo António Ferreira Vilaça, o qual desenhou, também, a talha do arco do coro, o cadeiral de jacarandá, talha da nave, quatro capelas da nave e respectivos retábulos; douramento do órgão mudo; 1774 - 1777 - segundo o risco do mesmo, execução de dois retábulos laterais; 1777 - 1780 - execução de dois retábulos laterais, de risco de Frei José Vilaça; 1785 - encontra-se praticamente pintada; 1786 - afinação do órgão; 1801 - afinação do órgão; séc. 19 - entra progressivamente em ruína; 1930 - canaria dos órgãos roubada; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1997, Janeiro - Ministério da Cultura compra, por 24.500 contos, uma das parcelas privadas junto ao mosteiro, constituída por uma casa e três terrenos; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2017, 19 novembro - bênção das imagens de São Bento, de Santa Maria Maior e de Santa Escolástica colocadas na frontaria, após o seu restauro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Paredes em alvenaria de granito aparente na frontaria e torres e com acabamento rebocado e pintado nas restantes fachadas, à excepcção do embasamento, molduras, cornijas e outros elementos decorativos. Cobertura em telha cerâmica. Caixilharias em madeira e perfis de ferro

Bibliografia

ALMEIDA, José António Ferreira de, dir., Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, Selecções do Reader's Digest, 1980; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Geografia da Arquitectura Românica in História da Arte em Portugal, vol. 3, Lisboa, pp. 50 - 131; ALVES, Natália Marinho Ferreira, De arquitecto a entalhador. Itinerário de um artista nos séculos XVII e XVIII, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 355-369; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério, As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património, Braga, Universidade do Minho, 2000; GIL, Júlio e CABRITA, Augusto, As Mais Belas Igrejas de Portugal, Lisboa, Verbo, 1988; MATTOSO, José, Identificação de um País - ensaio sobre as origens de Portugal 1096-1325, vol. I, Lisboa, 1986; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1958 - reconstrução dos telhados da igreja; 1960 - reparação de telhados; 1961 - consolidação da cúpula do zimbório e reparação das coberturas; 1962 - reconstrução do telhado da nave lateral esquerda; 1963 - reconstrução dos telhados das naves laterais; 1964 - consolidação da abóbada da capela-mor; 1965 - reconstrução de estuques de vários pontos dos tectos da capela-mor, nave e absidíolos e reparações ligeiras no telhados; 1969 - beneficiação da cobertura; 1971 - desmonte, pintura, restauro e colocação do catavento da torre do lado S. e limpeza e reparação geral dos telhados; 1974 - escoramento da sacristia em perigo de desmoronamento e limpeza e reparação de telhados; 1975 - conservação, apeamento e reconstrução das paredes escoradas nas fachadas nascente e poente do corpo da sacristia e reparação da cobertura; 1976 - diversos trabalhos; 1977 - novas coberturas na zona do zimbório e capela-mor e reparação de portas; 1978 - reparação diversa, drenagem e revisão de rufos e caleiras e tectos; 1979 - reparação de tectos e trabalhos de beneficiação; 1981 - recuperação da ala do claustro adossada à igreja; 1982 - diversos trabalhos de recuperação; 1983 - beneficiação de coberturas e pavimento do claustro; 1986 - beneficiação do zimbório; 1987 - drenagens, isolamentos de pavimentos e beneficiações; IPPAR: 1993 - recuperação de coberturas; 1994 - restauro do orgão por Pedro Guimarães (Opus n.º 9); 1994 / 1995 / 1996 - reabilitação e recuperação das fachadas, coberturas da igreja, coro-alto e torres sineiras; drenagem exterior; 1997 / 1998 / 1999 - trabalhos arqueológicos; 1998 / 1999 - trabalhos de restauro no oratório do 1º piso das dependências monásticas; obras de recuperação da ala poente e restauro da sacristia; CMFelgueiras: 2016 - construção da réplica da fonte do claustro; ROTA DO ROMÂNICO / CMFelgueiras: 2017 - restauro do órgão e de três imagens da frontaria.

Observações

Desconhece-se a data precisa da fundação deste mosteiro. D. Fernando I de Castela deu o padroado do convento a seu sobrinho D. Gomes de Cela Nova, progenitor das família dos Sousas. Desta família passou para a dos Melos, Sampaios, representada pelo Barão de Pombeiro de Riba Vizela. O Abade de Pombeiro exercia as funções de esmoler-mor do Reino, quando o Rei passava para N. do Douro, e era ouvidor do Conde de Pombeiro. Segundo a descrição de Craesbeeck, em 1726 o mosteiro tinha de E. a O. pela parte N. e pela parte de dentro 48 varas; de N. a S. pela parte poente 50 varas; e de nascente a poente pela parte S. 65 varas; a igreja contígua com a capela-mor a nascente, tem esta de nascente a poente 16 varas; e de N. a S. 6, medida pela parte de dentro; toda a igreja de nascente a poente 30 varas; e de N. a S. 17 varas e meia; a sacristia de N. a S. 8 varas e meia e de nascente a poente 10 varas.*1. Origináriamente a tampa de sepultura encontrava-se na galilé. *2 - A Rota do Românico do Vale do Sousa inclui 19 imóveis: Igreja de São Miguel de Entre-os-Rios (v. PT011311100010), Igreja de Gândara (v. PT011311040009), Igreja de São Gens de Boelhe (v. PT011311020008), Igreja de Abragão (v. PT011311010015), Memorial da Ermida (v. PT011311150005), Capela da Senhora do Vale (v. PT011310080004), Igreja de São Pedro de Ferreira (v. PT011309050001), Ponte de Espindo (v. PT011305130009), Ponte de Vilela (v. PT011305020008), Igreja de Aveleda (v. PT011305020004), Torre de Vilar (v. PT011305260005), Igreja de Santa Maria de Airães (v. PT011303020007), Igreja Matriz de Unhão (v. PT011303280004), Igreja de São Vicente de Sousa (v. PT011303260008), Igreja Velha de São Mamede de Vila Verde (v. PT011303330020), Igreja de Paço de Sousa (v. PT011311220003), Igreja de Cete (v. PT011310080001) e Igreja Matriz de Meinedo (v. PT011305130002).

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Filipa Avellar 2004

Actualização

 
 
 
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