Igreja Paroquial de Gondomar / Igreja de São Cosme e São Damião
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Portugal, Porto, Gondomar, União das freguesias de Gondomar (São Cosme), Valbom e Jovim |
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Igreja paroquial de fundação medieval, reconstruída no séc. 17, de que subsistem a estrutura, as fenestrações, o portal e os nichos da fachada principal, bem como o coro-alto, sobre colunas de inspiração dórica, o arco triunfal com enquadramento arquitetónico, amputado por obras do séc. 18, e os dois retábulos colaterais, de estrutura maneirista e com elementos decorativos rococós, revelando uma intervenção mais recente, destacando-se o do Evangelho, que mantém o frontal maneirista, de cartela enrolada e motivos vegetalistas enrolados e criando uma padronagem. No séc. 18, são feitos os retábulos mor e laterais, estes últimos com autor identificado. O mor é de boa qualidade de talhe e com arrojada gramática decorativa, em que as colunas divisórios dos eixos são substituídas pelos quartelões em forma de albarradas. Na centúria imediata o antigo campanário, vazado na base, é transformado em torre sineira, havendo obras de restauro do templo no final do séc. 20, com a remoção de retábulos de feitura mais recente e da teia da nave. É de planta retangular composto por nave, capela-mor, anexo e torre sineira no lado esquerdo, com coberturas interiores em falsas abóbadas de berço em caixotões de madeira, iluminada uniformemente por janelas em capialço nas fachadas laterais. Fachada principal rematada em empena, com os vãos rematados em eixo, composto por portal com remate oitocentista e janelão da mesma data, este ladeado por nichos com modinatura maneirista. As fachadas rematam em frisos e cornijas, as laterais com portas travessas. Interior com coro-alto e acesso pela sineira, com batistério na base da mesma e púlpito no lado do Evangelho. Possui retábulos de talha rococó nas capelas laterais, o do Evangelho pertencente à Ordem Terceira de São Francisco. Na capela-mor e batistério, surge azulejo de padrão seiscentista. O púlpito ostenta marchetados metálicos, revelando o reaproveitamento de elementos seiscentistas. |
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Número IPA Antigo: PT011304090007 |
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Registo visualizado 1397 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por nave, capela-mor, torre sineira adossada ao lado esquerdo e sacristia no lado oposto, de volumes articulados e escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas e quatro (sacristia) águas, sendo em coruchéu piramidal revestido a azulejo branco na torre, vazado por porta na face posterior. Fachadas em alvenaria rebocada, percorridas por socos em cantaria de granito, flanqueadas por cunhais apilastrados, firmados por pináculos piramidais e com bola, e rematadas em frisos e cornijas. Fachada principal virada a Oeste, rematada em empena coroada por uma cruz latina sobre plinto paralelepipédico. É rasgada por portal de verga reta, encimado por friso e falso frontão de lanços, e por janelão de volta perfeita e moldura simples, ladeado por dois nichos em abóbadas de concha, enquadrados por pilastras, frisos, cornijas e volutas a central pináculo em pinha; nos nichos, as imagens dos oragos, São Cosme e São Damião; sobre o janelão, cruz latina. No lado esquerdo e levemente recuada, a torre sineira, de dois registos, o inferior vazado por passagem inferior, onde se rasgam frestas (uma a nascente e outra a poente) e janela retilínea, sobrepujada por cornija e avental inferior, com porta de acesso na face sul; o segundo registo é vazado por quatro ventanas de volta perfeita, assentes em amplo friso de cornija, que cria um falso avental. Fachada lateral esquerda rasgada por seis janelas retilíneas e em capialço, duas delas no corpo da nave e quatro no da capela-mor; na nave, porta travessa semelhante ao portal axial. A fachada lateral direita possui três janelas em capialço no corpo da nave, tendo, no corpo da capela-mor, um anexo de dois pisos com quatro janelas retangulares em cada um dos pisos na fachada sul e uma porta e janela retangular na fachada oeste. Fachada posterior rematada em empena coroada por uma cruz e com óculo circular; no lado esquerdo, o corpo da sacristia, com empena reta e cego. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, percorridas por silhares de azulejos de padrão, os da nave são a azul e branco, de produção recente, sendo os da capela-mor policromos e seiscentistas, com coberturas em falsas abóbadas de berço, de caixotões de madeira, emoldurados e com florões dourados, assentes em frisos e cornijas do mesmo material, reforçadas por tirantes metálicos. O pavimento da nave é em taburnos de madeira e réguas de cantaria. As janelas encontram-se encimadas por sanefas simples, estando as portas protegidas por guarda-ventos de madeira. Coro-alto sobre três arcos abatidos, em cantaria, o central com um visível assentamento, sustentados por colunas de inspiração dórica; tem guarda de madeira torneada e acesso por porta no lado do Evangelho, a partir da torre sineira. Possui um órgão elétrico. No sub-coro, dois vãos de volta perfeita, o do Evangelho abrigando o batistério, protegido por teia metálica, contendo pia batismal em cantaria, cilíndrica e com inscrição latina incisa. No lado do Evangelho, o púlpito quadrangular, em cantaria de granito, composto por bacia e mísula, tendo guarda de madeira com marchetados metálicos e acesso por escadas no lado direito. Sucede-se um nicho e capela lateral à face, da Ordem Terceira de São Francisco. No lado oposto, dois nichos e a capela lateral à face, dedicada a São Pedro. Arco triunfal de volta perfeita, assente em pilastras toscanas de fustes almofadados, tendo fecho saliente, em voluta, enquadrado por seguintes e pilastras de cantaria, que sustentam o remate em cornija e pináculos piramidais, tudo em cantaria. Da cornija, evolui sanefão de talha dourada, com cartela central, ladeada por anjos de vulto e profusa decoração de rocalhas. Está ladeado pelas capelas retabulares colaterais dedicadas ao Crucificado (Evangelho) e a Nossa Senhora do Rosário (Epístola). Capela-mor com supedâneo de três degraus centrais, encimado por ambão e mesa de altar, ambos de talha dourada, composto por acantos e rocalhas, o ambão com tetramorfo na face frontal. Retábulo-mor de talha dourada, de corpo reto e três eixos definidos por cartelões, assentes em consolas de acantos e querubins. Ao centro, nicho de volta perfeita e boca rendilhada, com o interior em apainelados e fundo pintado, tendo dois anjos em relevo; contém trono expositivo de cinco degraus, encimados por baldaquino. A boca da tribuna é encerrada por tela pintada, a representar a "Última Ceia". Os eixos laterais possuem nichos de perfil contracurvo, rematados em acantos e querubins, assentes em mísulas salientes; na base, as portas de acesso à tribuna. A estrutura remata em cornija de festões, concheados e, ao centro, por cornija contracurva, sobrepujada por cartela, anjos de vulto e cornucópias. Altar paralelepipédico encimado por sacrário embutido na estrutura, envolvido por anjos e remate em lambrequins, cornija, anjos e querubins. Sacristia com lavabo em cantaria, tendo espaldar recortado e bica em forma de carranca, que verte para taça em forma de concha. |
Acessos
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Gondomar, Largo João Paulo II |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado em zona plana, com acesso por rotunda e uma pequena alameda, onde se ergue o Cruzeiro Paroquial, envolvido por canteiro ajardinado, onde se implanta a plataforma, de dois degraus retangulares com plinto paralelepipédico de faces almofadadas, coluna de capitel jónico e cruz florenciada sobre esfera. A rodear o cruzeiro, um parque de estacionamento. A igreja é envolvida a norte e a sul pelo Cemitério, tendo, a poente, uma casa de planta em L, de feição setecentista, conhecida como Solar da Igreja. Está rodeada por edifícios de habitação multifamiliares. A fachada lateral direita é marcada por bailéu. |
Descrição Complementar
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Sobre o PORTAL AXIAL, surge uma inscrição latina, incisa e avivada a negro: "SUNT MEDICI COSMAS SIMULET DAMIANUS UTERQUE / QUAM COLIT EXTINC DANON SINIR ESSE DOMUM", entre a qual se inscreve a data "1727". Na fachada lateral direita, na PORTA TRAVESSA, surge a inscrição: "COSMAS ET DAMIANUS DANT MEDICAMNA GRATIS / OMNIBUS INEIRMIS QUI PIA DONA FERUNT". No BATISTÉRIO, azulejo de padrão de laçarias, variante do P-17-01010 (http://redeazulejo.fl.ul.pt/pesquisa-az/padrao.aspx?id=62). Os RETÁBULOS LATERAIS são semelhantes, de talha dourada, com a base em marmoreados fingidos e anjos encarnados. Cada um deles tem corpo côncavo e três eixos definidos por quatro colunas torsas, percorridas por espiras fitomórficas e com o terço inferior marcado, as exteriores assentes em consolas, ornadas por querubins. A estrutura é enquadrada por duas pilastras com fustes de acantos, assentes em duas ordens de plintos paralelepipédicos, almofadados e ornados por folhagem. Ao centro, apainelado a enquadrar mísula, o da Ordem Terceira com baldaquino composto por cornija contracurva e lambrequins, que irrompe pelo remate, tendo o do lado oposto simples cornija e a moldura do nicho percorrida por motivos vegetalistas. Na base do painel da estrutura da Ordem Terceira, a representação das Almas do Purgatório. Cada um dos eixos laterais, mísulas com imaginária, enquadradas por apainelado e encimadas por elementos concheados. A estrutura remata em friso galbado e de querubins, sobre o qual assenta frontão semicircular, ornado por conheados, encimados por anjos de vulto, que centram nicho contracurvo e ornado por enrolamentos, encimado por coroa e tendo, sobre peanha, a imagem de Nossa Senhora da Conceição, no retábulo do Evangelho, e as Santas Mães no do lado oposto. Sobre o frontão, os seguintes de acantos, encimados por cornijas, de onde pendem lambrequins, encimado por rocalhas, sobrepujados por anjos com drapeados estofados, que centra, no do lado do Evangelho, as armas da Ordem Terceira de São Francisco, encimadas por cruz latina, tendo, no lado oposto, as insígnias do orago. Altares paralelepipédicos, o da Ordem Terceira decorado por cartelas com as armas da Ordem, acantos, rocalhas, tendo marcação de sebastos e sanefa de franjas. Sobre este, na predela, rasga-se nicho de perfil recortado e emoldurado por acantos, querubins e concheados, contendo figura jacente. O altar de São Pedro apresenta decoração semelhante, com frontal seccionado em quatro painéis, sobrepujado por sanefa; sobre este, sacrário embutido, rodeado por enrolamentos e remate em cornija angular, tendo a porta decorada por ostensório. O RETÁBULO COLATERAL DO EVANGELHO é de talha dourada, com anjos encarnados, de corpo côncavo e um eixo definido por duas pilastras e dois quartelões, e por um friso côncavo entre estes e a boca do nicho, todos profusamente ornados de acantos e assentes em plintos paralelepipédicos ou em consolas, o friso decorado por enorme concheado. Nicho de volta perfeita e boca rendilhada por acantos e enrolamentos, encimado por baldaquino de lambrequins e ornado por acantos, encanastrados e cornija interrompida por folhagem no topo. A estrutura remata em seguintes em forma de vieiras, ladeados por cartelões, que prolongam as pilastras exteriores do corpo do retábulo, que sustentam frisos e cornijas, sobrepujados por tabela horizontal, flanqueada por quartelões e encimada por friso de acantos, cornija e cartela recortada. Altar paralelepipédico, decorado por folhagem enrolada, que central cartela com as iniciais "IHS", cruz e os cravos da Crucificação, alusão ao orago, com sebastos e sanefa marcados. O RETÁBULO COLATERAL DA EPÍSTOLA é de talha dourada, com anjos encarnados e querubins pintados, de corpo reto e três eixos definidos por quatro quartelões e duas pilastras exteriores, assentes em consolas. Ao centro, nicho de perfil abatido, onde se enquadra peanha com a imagem do orago. Cada um dos eixos laterais possui peanhas protegidas por baldaquinos bolbosos e com lambrequins. A estrutura remata em friso e cornija, alteada na zona central, que sustenta sanefa de lambrequins, com fragmentos de frontão e cartela recortada, contendo as iniciais "AM", esta enquadrada por arco de volta perfeita, que arranca das pilastras laterais, com seguintes de acantos. Sobre estes, friso, cornija e tabela retangular vertical, flanqueada por quartelões e aletas volutadas, com decoração figurativa, representando, em relevo, a "Coroação da Virgem", tudo sobrepujado por pequeno espaldar contracurvo, rematado em cornija. Altar paralelepipédico com o frontal apainelado, integrando os sebastos e encimados por sanefas; sobre este e embutido na estrutura, o sacrário, com sanefa, de onde pendem falsos drapeados a abrir em boca-de-cena. No patamar das escadas de acesso ao segundo piso do anexo, um PAINEL DE AZULEJOS policromos, a representar uma "Adoração do Santíssimo". Um dos SINOS tem as inscrições: "1967", "FABRICA DE SINOS / DE / RIO TINTO / DE / A.M. DA COSTA / GONDOMAR" e "OFERTA DOS BOMBEIROS VOLUNTÁRIOS DE SÃO COSME DE GONDOMAR". Um outro, a mesma inscrição: "RESTAURAÇÃO 1967 DESTA MATRIZ". |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese do Porto - arciprestado de Gondomar) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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FUNDIDOR: A.M. Costa (1967). ENTALHADOR: Manuel da Costa e Andrade (1750). |
Cronologia
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Época medieval - fundação da paróquia; 1591 - primeiro livro de registos do cartório da paróquia; séc. 17 - construção da atual igreja e feitura dos retábulos colaterais e coro-alto; 1727 - remodelação da igreja, conforme data inscrita sobre a porta principal; possível execução do retábulo-mor; 1750, 19 fevereiro - contrato para a feitura do retábulo da Ordem Terceira de São Francisco por Manuel da Costa e Andrade, tendo no meio as Almas; as imagens de São Francisco e Nossa Senhora da Conceição já estão feitas nesta data; execução do retábulo de São Pedro pelo mesmo entalhador; 1758, 17 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco Sebastião Pinto da Silva, surge referida a igreja, como sendo dedicada a São Cosme e São Damião, comenda da Ordem de Cristo; tem cinco altares, o mor com o Santíssimo, o das Almas com a irmandade de São Miguel, o de Nossa Senhora do Rosário com irmandade, o de São Francisco com irmandade e o de São Pedro com a irmandade de Santa Rita; tem reitor, apresentado alternadamente pela diocese e pelos cónegos da Colegiada de São Martinho de Cedofeita, tendo de côngrua 42$000 e o pé de altar que rende cerca de 50$000; séc. 19 - construção da torre sineira, sobre um antigo campanário; 1967 - restauro da igreja e feitura dos sinos na Fábrica de Sinos de Rio Tinto, por A.M. Costa, um deles oferecido pelos Bombeiros Voluntários de Gondomar; apeamento do retábulo do lado do Evangelho, onde se integrava a imagem de Nossa Senhora de Fátima. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes em alvenaria rebocada e pintada; modinaturas, cunhais, cornijas, pináculos, frisos e réguas do pavimento, colunas, base do púlpito, pia batismal e lavabo da sacristia em cantaria de granito; pavimentos, guardas do coro-alto e do púlpito, guarda-ventos, portas e coberturas de madeira; tirantes em ferro; silhares e painel de azulejo tradicional; silhares de azulejo industrial de feitura recente; retábulos de talha dourada e encarnada; cobertura exterior em telha cerâmica. |
Bibliografia
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BRANDÃO, Domingos de Pinho - Obra de talha dourada, ensamblagem e pintura na cidade e na diocese do Porto. Porto: Diocese do Porto, 1986, vol. III. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGEMN: DSID, SIPA; Diocese do Porto: Secretariado Diocesano de Liturgia |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1997 - tratamento de rebocos e pinturas; colocação dos azulejos na nave; revisão das coberturas e pavimentos. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Figueiredo 2016 (no âmbito da parceria DGPC / Diocese do Porto) |
Actualização
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