Portas de Benfica
| IPA.00005083 |
Portugal, Lisboa, Amadora, Falagueira-Venda Nova |
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Arquitectura financeira, revivalista. Barreira fiscal que se integrava no conjunto de uma série de estruturas semelhantes, que fechavam o acesso à cidade de Lisboa. É composta por dois corpos rectilíneos, com características da arquitectura militar, com o recurso a corpos torreados nos ângulos, remates em ameias, apesar de decorativas, e frestas de tiro, nas fachadas posteriores e nos ângulos, com espaço interior intercomunicante, tendo cada uma das dependências acesso pelas portas exteriores. Fachadas percorridas por embasamento, com remate em platibanda plena e ameias decorativas, com corpos simétricos, a partir de eixos centrais formados por panos salientes, onde se rasgam portas em arco de volta perfeita, contrastando com os demais vãos, de perfis rectilíneos. Todas as fachadas possuem um tratamento uniforme e semelhante, dando à estrutura uma hegemonia muito forte. Portas fiscais da cidade, construídas para cobrança de impostos, no séc. 19, com semelhanças entre elas, onde se destacam alguns elementos eruditos, especialmente nos remates, com o recurso às bandas lombardas, num revivalismo neo-românico, e à platibanda, percorrida por frisos, sobrepujadas por ameias decorativas. Apesar de terem perdido a sua função original, encontram-se notavelmente bem conservadas, sendo as únicas que se acham íntegras de um conjunto de várias portas que circundavam Lisboa, restando, apenas, alguns fragmentos das Portas de Algés. Estas eram semelhantes, bem como as existentes na Calçada de Carriche, já demolidas |
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Número IPA Antigo: PT031106080238 |
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Registo visualizado 839 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício Político e administrativo central Portagem Portas
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Descrição
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Conjunto formado por dois edifícios de piso único e planta rectangular simples, separados pela estrada que liga à Venda Nova, a Rua Elias Garcia, que nasce junto delas. Cada um dos edifícios possui, nos ângulos, corpos torreados, de plantas circulares, com coberturas diferenciadas, em telhados de quatro águas nos corpos principais e em terraço nos ângulos. Fachadas rebocadas e pintadas de rosa, o do lado S., com um rosa mais escuro, percorridas por embasamento de cantaria e rematados por banda lombarda e platibanda plena, seccionada por dois frisos de cantaria, que percorrem todo o imóvel, sobre a qual surgem, nos corpos principais, ameias decorativas e, nos ângulos, por banda lombarda, friso em toro e ameias semelhantes às anteriores. Cada um dos corpos é simétrico, com portal central saliente, rematado em pinhão e flanqueado por cunhais de cantaria calcária, vazados na zona superior, ao nível da platibanda, sobrepujados por cornija angular. É rasgado por portal em arco de volta perfeita, com pedra de fecho saliente, assente em impostas igualmente salientes, e moldura de cantaria, protegida por portas de duas folhas de madeira almofadadas, com bandeira vazada por elementos dispostos no sentido radial; as do corpo do lado N. encontram-se pintadas de vermelho e as opostas de madeira em branco. É flanqueado por dois panos, rasgados por porta de verga recta e duas janelas de peitoril, todas com molduras simples de cantaria, rematadas por pequeno friso saliente; as janelas têm caixilharias de madeira e portadas interiores. As fachadas posteriores são semelhantes, sendo as janelas de peitoril transformadas em pequenas frestas de tiro com molduras de cantaria recortadas. As fachadas laterais são semelhantes rasgadas por portal de verga recta, com molduras e portas semelhantes às anteriormente descritas. Os corpos torreados possuem portas em arco de volta perfeita, com pedra de fecho saliente e assentes em impostas, com moldura de cantaria; estão rodeados por quatro frestas de tiro com molduras de cantaria recortada. INTERIOR composto por três dependências intercomunicantes, cada uma com acesso por uma das portas que se rasga nos corpos. |
Acessos
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Estrada de Benfica / Rua Elias Garcia (Venda Nova) / Estrada da Circunvalação, 3 - 5 *1. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,753270, long.: -9,208888 |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, isolado e destacado, implantado nos limites do Concelho de Lisboa e o da Amadora, ficando parcialmente integrado naquele concelho, mais precisamente na freguesia da Venda Nova. Surge em zona plana, virado para a antiga Estrada Militar, separado dela por uma estreita faixa de passeio público, pavimentado a calçada de calcário, tendo, na zona posterior, o Bairro das Fontainhas, constituído por várias casas de piso único, que constituíam um bairro operário, tendo desaparecido as casas clandestinas que o compunham, actualmente formando um amplo terreiro sem qualquer construção e protegido por vedação. No lado esquerdo, o Bairro dos Salgados, constituído por casas clandestinas, situado na antiga Quinta dos Lilases e fronteiro e num nível mais elevado, o Bairro das Fontainhas. As portas abrem para um largo para o qual confluem quatro vias, constituindo um cruzamento, surgindo, num dos lados, um edifício da Carris, antigo posto da Polícia de Trânsito. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Política e administrativa: portas |
Utilização Actual
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Política e administrativa: departamento municipal / Educativa: escola de ensino especial |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1852- criação da Alfândega Citadina, para fiscalizar os acessos à cidade, cobrando o Imposto das Barreiras, sobre pessoas, veículos e bens; 1885, 17 Setembro - criação da Guarda Fiscal, pelo decreto n.º 4, referendado por Fontes Pereira de Melo, Hintze Ribeiro e Manuel Pinheiro Chagas, passando a estar dependente do Ministério dos Negócios da Fazenda; 1886 - Fontes Pereira de Melo anuncia a remodelação das contribuições, das pautas aduaneiras e a criação de um imposto real de água; o crescimento da cidade levou à necessidade de alargar o perímetro da estrada de circunvalação e ao afastamento das barreiras aduaneiras, com a edificação das portas de Benfica, posto fiscal e delegação das Alfândegas de Lisboa, no limite do concelho de Lisboa; 1910 - abolição do Imposto das Barreiras; 1922 - abolição, pela Lei nº 1.368, dos limites fiscais do concelho de Lisboa, esvaziando os edifícios da sua função; 1976, 3 Novembro - a DGEMN sugere que o edifício seja classificado como Valor Concelhio; 16 Novembro - a Junta Nacional de Educação propõe à Direcção-Geral do Património Cultural a feitura da proposta de processo de classificação; esta entidade pede ajuda à DGEMN, que concorda com a futura classificação do imóvel; séc. 21 - demolição das casas clandestinas do Bairro das Fontainhas, na zona envolvente do corpo S.; 2008, 14 maio - porposta de encerramento do processo de classificação do edifício pela DRCLVTejo, por não ter valor nacional; 26 maio - Despacho de encerramento do processo de classificação do diretor do IGESPAR. |
Dados Técnicos
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Estrutura autoportante. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria mista, rebocada e pintada; modinaturas, frisos, platibandas, ameias e embasamento em cantaria de calcário; portas, portadas e caixilharias em madeira de pinho, com vidros simples nas janelas. |
Bibliografia
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A Guarda Fiscal, in A Illustração Portugueza, Lisboa, nº 99, 25.09.1905; PROENÇA; Raul, (dir. de.), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; PROENÇA, Pe. Álvaro, Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; As Antigas “Portas de Benfica” mereciam ser restauradas e adaptadas a Museu de Alfândega Municipal, in Rodoviária, n.º 40, 10 Outubro 1976; SANTOS, Pedro Ribeiro dos, Génese e Estrutura da Guarda Fiscal (Ensaio Histórico), Lisboa, Imprensa Nacional Casa da Moeda, 1985; FERREIRA, Fátima, DIAS, Francisco S., CARVALHO, José S., PEREIRA, Nuno Teotónio, PONTE, Teresa N. da, Guia Urbanístico e Arquitectónico de Lisboa, Lisboa, 1987; CALLIXTO, Carlos Pereira, Portas de Benfica Devem Ser Salvas, in Diário de Notícias, Lisboa, 30.03.1991; GASPAR, Jorge, (dir. de), Valis. Valorização de Lisboa, Lisboa, 1992; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José Manuel, ABEL, Marília, Pelas Freguesias de Lisboa. O Termo de Lisboa, Lisboa, 1993. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA, DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID-001/011-018-1668/8, DGEMN/DSARH-010/125-0024/01 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: séc. 21 - restauro integral dos imóveis, com consolidação da estrutura, tratamento de rebocos, pinturas, madeiras e caixilharias; restauro das coberturas; remodelação do interior. |
Observações
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* 1- o imóvel encontra-se parcialmente integrado no concelho da Amadora, freguesia da Venda Nova. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 / Paula Figueiredo 2008 |
Actualização
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