Sinagoga Portuguesa Shaaré Tikvah / As Portas da Esperança
| IPA.00005109 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António |
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Arquitectura religiosa, ecléctica. Projecto então cobiçado como modelo para futuras construções de Sinagogas na Europa. Conjunto austero, regido por cânones que restringem o uso da pintura e escultura contrapondo-as com a articulação de volumes e a expressão decorativa da arquitectura e do mobiliário. Elementos decorativos de influência romana, bizântina e românica. Templo: Colunas romano-bizantinas em pedra definem o eixo do Santuário, que está envolto em painel de madeira pintada, simulando mosaicos e é rematado com uma gravação dourada de um trecho da Lei. Decoração sóbria e geométrica solenizada com os tons dos materiais (pedra, madeira, vidro) e pontuada por acessórios religiosos móveis (metal) de valor artístico. Varanda com estrutura metálica (fachada lateral direita). |
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Número IPA Antigo: PT031106460316 |
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Registo visualizado 1766 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Sinagoga
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Descrição
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Planta rectangular, simétrica segundo o eixo longitudinal O. / E. (entrada - santuário / Jerusalém). Correspondência entre o exterior e o interior. Percepção da zona central do edifício como espaço amplo, de 1 zona posterior de apoio e de 1 zona anterior de acesso com corpo sobreelevado.Volume único, paralelepipédico, equilibrado, com telhado de 2 águas de chanfro no topo posterior; distinto no corpo de entrada a que correspondem 2 telhados cruzados de 2 águas.A cobertura é em telha de Marselha com telha de vidro na zona que corresponde ao templo. A fachada principal tem embasamento, cunhais e cimalha decorativos em cantaria. É rasgada por estreitos janelões com vidros de cor e caixilhos de desenho geométrico, cortados por 1 friso que corresponde à laje do pavimento superior. 1 pórtico ogival com 2 colunas assinala a entrada e 1 acesso (masculino). As fachadas laterais apresentam fenestrações alinhadas e hierarquizadas sendo as dos 2 primeiros pisos com arcos de volta perfeita e as do terceiro, oculares. Na fachada lateral esquerda 1 porta assinala 1 outro acesso (feminino). A fachada posterior apresenta por piso, ao centro 3 janelas em arco com teia de vitral em losango e dos lados 2 janelas quadrangulares. O interior decompõe-se em 3 elementos. Ao meio o templo, composto por 1 ala central com pé-direito correspondente aos 3 pisos e por alas laterais definidas pelos pilares que sustentam as galerias. 1 estrado (bimá) e uma mesa (almemór) ao centro identificam o lugar do(s) oficiante(s) orientados para a parede de topo (E.) onde 5 degraus acima (escada de Elias) se encontra o Santuário (ehal) que guarda os rolos da lei (torah). De ambos os lados e no topo oposto, orientados para o centro estão os assentos dos homens enquanto os das mulheres se encontram nas galerias superiores. O corpo da entrada é composto por 1 vestíbulo, sala de apoio, acesso à cave (balneário, mikve) e acesso ao piso superior das salas da direcção e da 1ª galeria. 1 corpo anexo à Sinagoga (à direita da fachada principal) faz a ligação à 2ª galeria, a 1 apartamento e integra, no piso O, as instalações sanitárias. O corpo posterior define-se por salas de apoio aos ritos e aos oficiantes, instalações sanitárias e a escada principal do acesso das senhoras às galerias. A iluminação do templo provém das janelas das fachadas laterais e por 3 grelhas de vidro colorado no tecto. O tecto tem a forma de caixotão, pouco profundo com estrutura em betão. |
Acessos
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Rua Alexandre Herculano, n.º 59 |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª Série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 / Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente |
Enquadramento
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Urbano, flanqueado. Implantação plana no logradouro do quarteirão. Prédio recuado e oblíquo em relação ao alinhamento das fachadas da rua.. Visibilidade exterior condicionada, incidindo sobre uma aresta e duas faces do imóvel a partir do portão de entrada. Propriedade vedada com muro e vegetação. Um prédio de rendimento de Ventura Terra (v. PT031106460142) compõe a frente do quarteirão, ocultando parcialmente o templo *1. |
Descrição Complementar
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A fachada principal apresenta, à esquerda, no soco uma lápide em pedra com a seguinte inscrição: (inscrição judaica) / COLÓNIA ISRAELITA DE LISBOA / ESTA PEDRA FUNDAMENTAL DA SYNAGOGA PORTUGUEZA / SHAARE TIKVA / FOI COLOCADA EM 18 DE YAR DE 5662 / 25 DE MAIO DE 1902 / POR ABRAHAM E. LEVY / SENDO PRESIDENTE DO COMITÉ. LEÃO AMZALAK / PRESIDENTE DA SECÇÃO DA EDIFICAÇÃO. A. ANAHORY / E THESOUREIRO DA COLONIA. SALOMON DE M. SEQUERRA / ARCHITECTO.VENTURA TERRA. |
Utilização Inicial
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Religiosa: sinagoga |
Utilização Actual
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Religiosa: sinagoga |
Propriedade
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Privada |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Bak Gordon Arquitectos (2005); Carlos Ramos (1948); Miguel Ventura Terra (1902-1904). CONSTRUTOR: Abílio Pereira de Campos (1902-1904). PINTOR: Veloso Salgado (1904). |
Cronologia
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Séc. 19 - tentativa de construção de uma sinagoga, mas existiam dificuldades, nomeadamente não reconhecimento oficial pelo regime monárquico; 1897, 4 Março - abertura de subscrição para a construção da Sinagoga; 12 Outubro - a subscrição foi enviada para Londres e Lourenço Marques; constituição de uma Comissão para o estudo da sua construção, nomeada pela comunidade judaica em Lisboa, representada por Leão Amezalak, Abrahão Anahory, Mark Seruya, Jacob Levy Azancot, Saul Cagi e Jaime Pinto; 1901, 23 Agosto - assinatura da escritura da compra do terreno no prolongamento da Rua Alexandre Herculano; 1902 - doação do terreno ao Comité Israelita de Lisboa; elaboração e aprovação do projecto da autoria de Miguel Ventura Terra (1866-1919), arquitecto que havia sido recomendado à Comissão por Joaquim Bensaúde; permitia a presença de 400 homens e 200 mulheres; 25 Maio - cerimónia de lançamento da pedra fundamental, colocada por Abraham E. Levy; 1904, 18 Maio - inauguração da Sinagoga, executada pelo construtor Abílio Pereira de Campos; execução da pintura por Veloso Salgado; 1940 - constituição de comissão para angariação de fundos para a reparação da cobertura da Sinagoga; 1948 - nomeação de nova comissão; elaboração e aprovação do projecto de reparação e ampliação do arquitecto Carlos Ramos; 1949, Maio - reabertura solene com a presença do grão-rabino de Paris, Jacob Kaplan; 1995, Dezembro - foi proposta a classificação do imóvel; 2004 - cerimónias solenes do centenário da construção da sinagoga. |
Dados Técnicos
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Estrutura inicial de paredes autoportantes em alvenaria e cobertura em madeira; ampliação com estrutura de betão. Galerias e pavimentos em madeira. |
Materiais
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Betão, alvenaria, ferro, cantaria, madeira, vidro, telha. |
Bibliografia
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ALMEIDA, Pedro Vieira de, História da Arte em Portugal - a arquitectura moderna, vol. XIV, Lisboa, pp.74-81; ALVES, Francisco Manuel, Memórias Arqueológico-Históricas do districto de Bragança, tomo V - os Judeus, Bragança, 1981, pp. IX-CXIV; AMZALAK, Moses Bensabat, A Sinagoga Portuguesa Shaaré Tikva - As Portas da Esperança, Lisboa, 1954; ANACLETO, R., História da Arte em Portugal -neoclacissismo e romantismo, vol.X, pp. 36, 37 e 126-128; Arquitecto Ventura Terra (1866-1919), Lisboa, Assembleia da República, 2009; BALESTEROS, Carmen e OLIVEIRA, Jorge de, A Judiaria e a Sinagoga de Castelo de Vide in Ibn Maruañ, nº 3, 1993, pp.123-147; Bíblia de Jerusalém, São Paulo, 1991; Bíblia Sagrada, Lisboa, Difusora bíblica, 1994; ELIADE, Mirceia, Traité d'Histoire des Religions, 2 vols., Paris, 1978; FRANÇA, José Augusto, A Arte em Portugal no séc. XIX, vol.II, Lisboa, 1966; História de Portugal, vol. VI, Lisboa, Ediclube (artigos: "sabadell", "Judaísmo", "Inquisição" e "Sebastianismo"); KEEN, Michael E., Jewish Ritual Art, Londres, 1991; Ilustração Portuguesa, 2ª série, nº191, Lisboa, 1909; LEVINE, Lee I., Synagogues, vol. IV, Jerusalém, 1993, pp. 1420 e seg.; LEVY, Sam, Sinagoga, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994; LOPEZ ALVAREZ, Ana Maria e PALOMARES PLAZA, Santyago, Museo Sefardi Nacional de Cultura Hispano-Judia, rev. de arqueologia, ano XVI, nº 169, 1995, pp.44-55; MEYER, Kayserling, História dos Judeus em Portugal, São Paulo, 1971; Monumentos, n.º 12 e n.º 13, n.º 16, n.º 19, n.º 23, Lisboa, DGEMN, 2000-2003, 2005; REHPELD,Walter, A Mística Judaica, São Paulo, 1986; "Religião e povo Judaico", REMÉDIOS, J. Mendes dos, Os Judeus em Portugal, 2 vols., Coimbra, 1895, 1928; Sinagoga de Lisboa e Arquitecto Ventura Terra - A Construção Moderna, Ano IV, nº 97, Lisboa, 1903; UNTERMAN, Alen, Dictionary of Jewish Love & Legend, Londres, 1991; VITERBO, Sousa, Diccionario Historico e Documental dos Architectos, Engenheiros e Construtores Portuguezes ou a serviço de Portugal, Lisboa, Imprensa Nacional, 1904, vol. III.; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Sinagoga, 9 Setembro 2011. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID - Plantas, alçados, cortes anteriores e posteriores à ampliação de 1949 (arquivo administrativo) |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID; CML: Arquivo de Obras, pº nº 20.499 |
Intervenção Realizada
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1949 - reparação da cobertura e ampliação da Sinagoga (segundas galerias; zona posterior do Templo -instalações de apoio e sanitárias, acesso directo às duas galerias; cave com balneário -mikve); 1959 - reparação da cobertura em consequência do rombo provocado pela queda de 1 chaminé do prédio ao lado; DGEMN / Comunidade Israelita de Lisboa: 2000 / 2001 - reparação geral das coberturas com incorporação de subtelha, limpeza e reparaçãodo vão do telhado e lanternim, limpeza de cantarias e execução de novos rebocos com reposição de marcação da estereotomia da pedra original, reparação de todas as caixilharias exteriores e integração de novas redes de electricidade, telefone e video exteriores; 2005 - concluídas as obras de benefeciação do templo e do corpo poente, segundo um projecto conjunto desenvolvido pela DRMLisboa e o atelier Bak Gordon Arquitectos (contratado pela comunidade israelita de Lisboa), foram feitos o restauro do interior do templo que procuraram recuperar o aspecto primitivo e melhorar as condições de conforto dos utentes; o corpo poente sofreu obras de adaptação que permitiram a incorporação de um espaço de biblioteca no último piso e a valorização do gabinete do rabino, zona de convívio das senhoras e instalações sanitárias; por motivos ligados a indefinições de carácter religioso a zona dos banhos rituais não ficou concluida. |
Observações
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*1 - a reserva imposta à sua construção advém do art.º 6º, do título I da Carta Constitucional de então - todas as outras religiões serão permitidas aos estrangeiros com o seu culto doméstico ou particular, em casas para isso destinadas, sem forma alguma exterior de templo. |
Autor e Data
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Ângelo Silveira 1995 |
Actualização
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Seabra Gomes 2001 |
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