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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem das Irmãs Descalças de Nossa Senhora do Monte do Carmo - Carmelitas Descalças
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Descrição
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De planta irregular vazada por claustro, o edifício apresenta volumetria composta escalonada, sendo a cobertura efectuada por telhados a 2 e 3 águas articulados nos ângulos. O alçado principal, a O., organizado em 2 pisos, apresenta-se ritmado por pilastras de cantaria e vazado por vãos morfologicamente diversos e distribuídos a ritmo irregular, destacando-se a porta de acesso à primitiva portaria conventual dotada de pequena cobertura apoiada em mísulas e encimada por nicho de cantaria com uma imagem polícroma de S. José com o Menino. No extremo S. reconhece-se a fachada principal da igreja, lateralmente delimitada por cunhal e pilastra de cantaria e superiormente por frontão triangular vazado por óculo e sobrepujado de cruz. Rasga-se a eixo o portal, de emolduramento simples de cantaria e verga destacada, encimado por pedra de armas da infanta D. Maria (de Portugal, em lisonja) e nicho albergando uma imagem polícroma do orago. Ladeiam o nicho 2 janelas rectangulares com emolduramento calcário simples guarnecidas de malheiro de ferro. O alçado S. apresenta-se organizado em 3 corpos, correspondendo respectivamente à capela-mor, transepto (destacado e vazado por grande janela semi-circular) e nave da igreja. A igreja, de planta longitudinal em cruz latina e coberta por abóbadas de berço (e de aresta no cruzeiro) ostentando pintura ornamental de grotescos (atribuída a Inácio de Oliveira Bernardes e José da Costa Carneiro), apresenta 2 altares de talha dourada e frontal de azulejos seiscentistas polícromos no transepto, enquanto a capela-mor ostenta um muro de topo com simples revestimento marmóreo. Do lado da Epístola observa-se um vão rectangular guarnecido por malheiro de ferro junto ao qual se encontra a sepultura da fundadora (assinalada por registo epigráfico). Contiguamente ao muro N. da capela-mor encontra-se um compartimento rectangular cujos muros ostentam painéis azulejares figurativos alusivos à vida de Santa Teresa de Ávila. No muro N. deste compartimento observa-se, integrado num arcossólio ornamentado com embrechados, o monumento fúnebre da infanta D. Maria, essa de mármores polícromos com epitáfio latino no facial da arca maior. O claustro, quadrangular, é constituído por alas (sendo a S. contígua ao corpo da igreja e facultando o acesso directo ao transepto) em arcaria de volta redonda dispostas em torno da quadra. Ao centro a " Fonte da Saúde ". Reconhecem-se (junto aos ângulos) altares cujos frontais são constituídos por composições azulejares polícromas tendo por motivo central as armas das carmelitas descalças. Na sala da antiga portaria, compartimento rectangular com acesso pelo alçado principal e em comunicação directa com o claustro, pode observar-se lambril de azulejos monócromos do tipo albarradas. "A igreja definitiva foi construída a partir de 1662 como reza a crónica e confirma uma inscrição no cunhal esquerdo da fachada (...)"Maria, Filha de D.João IV Rei de Portugal construiu esta obra no Ano do Senhor de 1662".A inscrição refere-se à infanta D.Maria (1643-1693), filha ilegítima de D.João IV, patrocinadora mais importante do convento, onde viveu. A porta de madeira da igreja está datada de 1667, assinalando o fim das obras.//A igreja é um belíssimo edifício, de nave única estreita e alta. Tem um transepto pronunciado cujo braço sul deita para a cerca uma enorme janela termal; um profundo coro alto corre sobre a porta axial única, iluminado por duas janelas gradeadas na fachada; o latero-coro situa-se à mão direita da capela-mor. A fachada é de tipo carmelita, com frontão recto a toda a largura. // Quer dizer, a igreja de Santa Teresa em Carnide é do tipo criado por Francisco de Mora, usado em Portugal, até então, apenas em conventos de frades. Este tipo não foi seguido nos Cardais nem na grande maioria das fundações femininas da segunda metade do século XVII e do século XVIII." (GOMES, p.270). |
Acessos
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Rua do Norte a Carnide, n.º 45 |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º 740-DN/2012, DR, 2.ª série, n.º 248 de 24 dezembro 2012 / Incluído na Zona Antiga de Carnide-Luz (v. IPA.00006114) |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Assistencial: lar / Educativa: jardim de infância / creche |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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DESENHADOR: João Nunes Tinoco (1671). CANTEIRO: Luís Nunes Tinoco (1693). ESCULTOR: Silvestre Faria Lobo (séc. 18). PINTORES: Inácio de Oliveira Bernardes (séc. 18); José da Costa Negreiros (séc. 18). |
Cronologia
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1640, 29 novembro - doação de terrenos em Carnide por João Gomes da Mata, correio-mor do reino, para se edificar um convento de carmelitas descalças; 1642 - fundação do convento de Santa Teresa de Jesus, de religiosas carmelitas descalças, pela princesa Micaela Margarida (1582 - 1663), filha ilegítima do imperador Matias da Alemanha, com a aprovação de D. João IV; 1646 - colocação da 1ª pedra do edifício, pelo duque de Aveiro, D. Raimundo de Lencastre; 1650, 25 março - entrada para o convento, com a idade de 6 anos da infanta D. Maria, filha natural de D. João IV; 1663 - falecimento no convento da princesa e madre Micaela Margarida; 1662 - são retomadas as obras do convento por iniciativa da infanta D. Maria (1644-1693), que a partir desta data passa a residir no convento; 1667 - as obras encontravam-se concluídas; 1671, junho - desenho do retábulo-mor por João Nunes Tinoco; 1693 - falecimento da infanta D. Maria no convento, legando ao cenóbio todos os seus bens; 1693 - execução do túmulo de embutidos da Infanta D. Maria, filha de D. João IV, por Luís Nunes Tinoco (1642-1719); séc. 18 - execução de um presépio (presentemente no Palácio Nacional de Queluz), talvez por Silvestre Faria Lobo; pinturas de José da Costa Negreiros; 1755, 01 novembro - o terramoto provoca danos consideráveis no edifício, a parte conventual, muito afectada, é recontruída; abertura de janelas na igreja, durante a remodelação pós-terramoto; pinturas da autoria provável de Inácio de Oliveira Bernardes e José da Costa Negreiros; tem uma capela dedicada ao Senhor dos Passos, com irmandade e missas às sextas-feiras, por alma de todos os Irmãos; a Irmandade é responsável pela procissão do Senhor dos Passos; 1833 - segundo Luís Gonzaga Pereira, a capela-mor é de madeira com talha primorosa, mandada fazer por D. Maria I, por ser a anterior muito antiga, tendo a imagem de Nossa Senhora da Conceição; no lado do Evangelho, junto à teia da capela-mor, a Capela do Senhor dos Passos; as capelas da nave são de talha dourada; 1891, 20 outubro - morte da última religiosa, Madre Matilde Maria de São José, o convento de Carnide encerra as suas portas e o Estado toma posse do edifício; 1892, 21 abril - o imóvel é cedido à Associação Auxiliar das Missões Ultramarinas, denominação adoptada pela Irmãs de São José de Cluny; 1892, julho - os descendentes de D. António Gomes da Mata, Correio-mor do Reino (que em 1640 havia doado os terrenos da quinta para aí se construir o convento de carmelitas descalça) reividicam a posse do imóvel e de todos os seus anexos; 1899 - residiam no convento duas comunidades religiosas, uma portuguesa e outra francesa; Séc. 20 - instalação no antigo convento de uma comunidade de religiosas da ordem de São Vicente de Paulo que aí mantêm em funcionamento um colégio e um lar de 3ª idade; 1900 - aquisição do convento pela Congregação das Irmãs de São José de Cluny, após acção em tribunal contra esta e o Estado; 1908 - o presépio é descrito por Gabriel Pereira, como estando numa maquineta acharoada, tendo como temas a Sagrada Família, "Adoração dos Reis Magos", "Anúncio aos Pastores", "Fuga para o Egipto", cego da sanfona, anjos músicos, glória de anjos; 1924 - o convento funcionava como albergaria 1929 - compra do edifício pelo Reverendo José Governo a Jean Pouymayou para ali instalar o Asilo de Velhinhas de Palhavã; 1949 - o convento passa para propriedade da Confraria de São Vicente de Paulo; 1992 - projecto de ampliação do lar, pela construção de um novo edifício, a O., ligado ao antigo convento por passagem subterrânea; 1993, 08 abril - proposta de classificação do edifício pelo proprietário, a Confraria de São Vicente de Paulo; 1996, 11 setembro- Despacho de abertura do processo de classificação do imóvel; 1998, Dezembro - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2011, 09 novembro - proposta da classificação como Monumento de Interesse Público e de definição de Zona Especial de Proteção pela DRCLVTejo; 23 novembro - parecer favorável do Conselho Nacional de Cultura; Despacho do diretor do IGESPAR a decolver o processo para reduzir a área a classificar; 2012, 12 março - nova proposta da DRCLVTejo; 14 junho - publicação do projeto de decisão relativo à classificação do edifício como Monumento de Interesse Público e fixação da respetiva Zona Especial de Proteção, em Anúncio n.º 12 829/2012, DR, 2.ª série, n.º 114. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista. |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, azulejos, madeira pintada e dourada, ferro forjado. |
Bibliografia
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CAEIRO, Baltazar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; CALADO, Maria, FERREIRA, Vítor Matias, Lisboa. Freguesia de Carnide, Lisboa, 1993; CASTRO, João Baptista de, Mappa de Portugal, 2ª ed., Vol. I, Lisboa, 1762; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José Manuel, ABEL, Marília, Pelas Freguesias de Lisboa. O Termo de Lisboa, Lisboa, 1993; COUTINHO, Maria João Fontes Pereira, A produção portuguesa de obras de embutidos de pedraria policroma (1670-1720). Lisboa, Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras de Lisboa, 2010, 3 vols.; MATOS, Alfredo, PORTUGAL, Fernando, Lisboa em 1758. Memórias Paroquiais de Lisboa, Lisboa, Câmara Municipal de Lisboa, 1974; MECO, José, Azulejos de Lisboa, Lisboa, 1984; MECO, José, Azulejaria Portuguesa, Lisboa, 1985; PEREIRA, Gabriel, O Lindo Sítio de Carnide, Lisboa, 1898; PEREIRA, Gabriel, Pelos Suburbios e Visinhanças de Lisboa, Lisboa, 1910; PEREIRA, Luís Gonzaga - Monumentos Sacros de Lisboa em 1833. Lisboa: Oficinas Gráficas da Biblioteca Nacional, 1927; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1972; PAIS, Alexandre Manuel Nobre da Silva, Presépios Portugueses Monumentais do século XVIII em Terracota [dissertação de Mestrado na Universidade Nova de Lisboa ], Lisboa, 1998; PROENÇA, Raul, (dir. de), Guia de Portugal, Vol. I, Lisboa, 1924; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; GOMES, Paulo Varela, "As igrejas conventuais de freiras carmelitas descalças em Portugal e algumas notas sobre arquitectura de igrejas de freiras”, 2001, in 14,5 Ensaios de História e Arquitetura, Almedina, Coimbra: 2007. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; DGARQ/TT: Arquivo Histórico do Ministério das Finanças (Convento de Santa Teresa de Carnide, n.º 18) |
Intervenção Realizada
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Observações
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O imóvel também é conhecido por Antigo Convento de Santa Teresa de Jesus da Ordem das Carmelitas Descalças de Santo Alberto de Carnide, Antigo Asilo das Velhinhas de Carnide e Convento de Santa Teresa do Menino Jesus. |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1996 |
Actualização
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Laura Figueirinhas 1998 |
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