Antas da Serra do Soajo

IPA.00005162
Portugal, Viana do Castelo, Arcos de Valdevez, Cabana Maior
 
Conjunto de antas bastante destruído, subsistindo sobretudo a mamoa, mais ou menos elevada, e restando da câmara mais frequentemente a depressão central, por vezes 1 ou 2 esteios e, muito raramente, a sua estrutura total. A mais bem conservada e conhecida é a chamada Anta do Mezio. As antas de maiores dimensões implantam-se apenas nas zonas mais elevadas do sistema orográfico do concelho, enquanto as menores (quer pela mamoa, quer pela câmara) se situam em zonas mais baixas e próximas de alguns Castros. Enquanto que de modo geral as várias antas da Serra do Soajo têm a mamoa constituída pela mistura de cascalho graúdo e terra, as 6 de Vilar de Ossos são constituídas pela mistura de terra e lascas de pedra, colhidas à superfície do monte, e com 1 disposição especial, ou seja, como as lousas de 1 telhado, mas de tal forma que são as inferiores que se imbricam nas superiores. Segundo Martinho Baptista, 2 antas da Portela do Mezio têm esteios com gravuras, presumíveis marcas do termo entre os povos do Soajo e Cabana Maior.
Número IPA Antigo: PT011601460001
 
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Registo

 
Conjunto arquitetónico  Estrutura  Funerário  Anta / Mamoa    

Descrição

Em Chã das Arcas 4 pequenas mamoas em 2 grupos distanciados cerca de 700 m. 1º grupo perto do castro da Pena, em que as mamoas, quase contíguas, tinham de altura 1 m. / 1,5 m., com depressão no lugar da câmara e tendo uma 1 esteio; 2º grupo, com as mesmas dimensões, aspecto e sem quaisquer esteios, distavam 1 da outra c. 100 m. Em Chã do Torrão 3 mamoas: a mais meridional formada por cascalho e terra e sem os esteios da câmara, de que existe apenas depressão, tal como nas outras 2, cujos perímetros tão próximos se cortam; têm c. 70 m. de circunferência x 1 m. / 1,5 m. de altura. No Alto ou Chã do Mezio 16 antas: 1) mamoa com c. 59 m. de circunferência x 2 m alt., com câmara destruída e de que restam apenas 2 esteios; 2) a 500 m., mamoas com as mesmas dimensões e câmara cuja mesa mede 2,10 m. x 1,50 m.; 3) a 70 m. da anterior, mamoa com 30 m. de circunferência x 1 m. de alt., nada restando da câmara; 4) a c. 40 m. para SE. da antecedente, mamoa com c. 60 m. de círculo no meio da qual ainda se ergue, meio enterrada, câmara com esteios dispostos "de-coberta" e mesa; ainda que tenha sido violada, a entrada parece ter sido para E.; 5) a 150 m. para SE. mamoa de iguais dimensões, câmara ainda com esteios e mesa, sensivelmente circular e com 2 m. de diâmetro; pequeno corredor de 2,80 m. de comprimento e 80 cm. larg.; orientada NO. - SE.; 6) a 300 m. para SE. da anterior, pequena mamoa de contornos pouco perceptíveis, câmara com c. 1 m. diâmetro; 7) a 150 m. rumo NE. para SO., mamoa com 55 m. de círculo e 1,5 / 2 m. de alt., e câmara com esteios e mesa, tendo de diâmetro 2 m.; 8) um pouco para S., mamoa com 60 de diâmetro x 2 / 3 m. alt. e depressão no sítio da câmara; 9) a 30 m. para SO. mamoa também muito destruída; 10) 6 m. para S. ruínas de pequena mamoa completamente saqueada; 11) a 160 m. da 8) para SE., mamoa com 1 m. alt. formando triângulo com a 8) e 9); 12) 55 m. da 9) para S. mamoa com 70 m. diâmetro x 3 de alt. e depressão na zona da câmara; 13) a c. 40 m. da 9) vê-se mamoa destruída formando triângulo com a 12); 14) afastada 80 m. para S. da anterior grande mamoa conservando esteios da câmara; 15) a 65 m. para S0. da anterior, mamoa com 2 m. de alt. e 1 esteio da câmara; 16) parece situar-se entre o Mezio e Bouças-Donas, do outro lado da ribeira e a algumas centenas de metros da 1ª. Em Chã do Porrêdo 1 mamoa de 64 m. de diâmetro x 1,5 m. de alt. e depressão no local da câmara; No Alto das Raposas 4 mamoas dispostas sensivelmente de O. para E., com diâmetro de c. 22 m. ou c. 35 m. e tendo das câmaras apenas a depressão central; No Alto de Sobredinho 1 mamoa também em estado ruinoso; Em Vilar de Ossos 6 mamoas tão destruídas que mal se destaca o seu relevo. Na Planície da Lamas do Vez encontrou Félix A. Pereira 6 mamoas com dimensões semelhantes às do Mezio e com as câmaras saqueadas e derrubadas. Na Chã do Calcado 2 antas, 1 bastante alterada e com interior da câmara medindo 1,30 m. e a 2ª, a 60 m. para E., em completa ruína; No Alto do Campelo anta muito grande com esteios e mesa, elíptica, medindo 3,20 m. x 2,40 m. x 0,50 m. de espessura. Na Serra da Anta visivel apenas a mamoa. Junto ao caminho que ligava freguesias de São Jorge e Ermelo, antes de chegar a Vilar de Ossos existiam as ruínas de 1 anta, já sem qualquer esteio. No Alto das Pias e mediações existiam 9 mamoas: 1 já muito desfeita, arrasada e desprovida de câmara; 4 eram só ruínas e com as mamoas já pouco perceptíveis; 1 outra de que só existia 1 esteio; outra, a melhor conservada deste conjunto, com mamoa de c. 85 passos, mostrando ter sido bastante grande, mas já sem esteios da câmara; 8ª muito destruída e a 9ª com mamoa e 2 esteios ao alto. Nas imediações da Quinta de Prados 3: 1 com duvidosos restos da mamoa arrasada; 2ª com esteios da câmara meio enterrados na mamoa e entulhada de terra e a 3ª só com mamoa e depressão central, na zona da câmara.

Acessos

Soajo, Lugar do Mezio e Cabana Maior

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910

Enquadramento

Montanha. Distribuiam-se pelas várias vertentes de algumas montanhas da margem esquerda do rio Vez, estando mais ou menos destruídas, e envolvidas por arborização e vegetação. A famosa anta do Mezio (nº7) situa-se junto ao Parque de Campismo da Serra do Gerês.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Funerária: anta / mamoa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: marco histórico-cultural

Propriedade

Afectação

Época Construção

Época megalítica

Arquitecto / Construtor / Autor

Cronologia

Época megalítica - Construção; posteriormente todas elas foram, sucessivamente violadas, espoliadas, destruídas reaproveitando-se os seus esteios.

Dados Técnicos

Materiais

Granito, terra, cascalho e lascas de pedra.

Bibliografia

BAPTISTA, António Martinho, Adenda à Notícia Explicativa da Carta Geológica de Portugal, folha 1-D (Arcos de Valdevez) - Arqueologia in Terra de Val de Vez, nº 9, Arcos de Valdevez, 1986, p. 97-116; MONTEZ, Paulino, História da Arquitectura Primitiva em Portugal. Monumentos Dolméticos, Lisboa, 1943; OLIVEIRA, A. Lopes de, Soajo. Uma Aldeia Diferente. "Cabeça de Montario", Viana do Castelo, 1970; PEREIRA, Félix Alves, Um Passeio Archeológico no Concelho dos Arcos de Valdevez in O Archeologo Português, vol. 8, nº 8, Lisboa, 1903, p. 193 - 209; idem, Novas Mamoas da Serra do Soajo in O Archeologo Português, vol. 8, nº 1, Lisboa, 1903, p. 72 - 75.

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, SIPA

Documentação Administrativa

Intervenção Realizada

Observações

As antas ou monumentos funerários colectivos surgiram no Neolítico e prolongaram-se por toda a Cultura Megalítica em Portugal. Eram constituídas por 1 câmara (de 2 ou mais lajes verticais - os esteios - e 1 ou mais lajes horizontais como cobertura - câmara ou o chapéu), por vezes com corredores de acesso, sendo depois protegidos por 1 montículo de terra - a mamoa ou "tumulos". Por nos termos baseado nos artigos de Félix Alves Pereira que, por volta de 1900, inventariou 58 antas, as nossas considerações são, certamente e compreensivelmente, falseadas. Já aquando das suas viagens por algumas montanhas da margem esquerda do rio Vez, a partir de 1893, grande parte das antas se encontravam em estado ruinoso. Por isso, volvidos quase 100 anos, e tendo em atenção a acção erosiva do tempo e a do próprio homem é natural que muitas já não apresentem quaisquer vestígios, ao mesmo tempo que admitimos a possível descoberta de outras. Tão grande número de antas na Serra do Soajo, leva-nos a concluir que Arcos de Valdevez é um concelho de grande riqueza arqueológica.

Autor e Data

Paula Noé 1992

Actualização

 
 
 
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