Mosteiro de Fiães / Igreja Paroquial de Fiães / Igreja de Santo André

IPA.00005248
Portugal, Viana do Castelo, Melgaço, Fiães
 
Mosteiro masculino da Ordem Cisterciense, de que subsiste apenas a igreja, construída no final do séc. 12 e reformado no séc. 17 e no 18. Tendo por base um eremitério ou cenóbio visigótico, já em meados do séc. 12 se documentava a existência de um mosteiro da Ordem de São Bento, surgindo integrado na Ordem de Cister, pelo menos, desde 1194, filiado na abadia de São João de Tarouca. Assim, a igreja, contrafortada e integrada no românico da primeira fase do foco do Alto Minho, constitui uma construção cisterciense, com a típica solução de cabeceira tripartida, escalonada, de linhas retilíneas, os absidíolos quadrangulares, rematados com banda lombarda e cornija bosantada, interiormente cobertos por abóbada de berço quebrado e iluminados por dupla fresta, a inferior de duplo capialço, e a capela-mor retangular, com igual cobertura, mas de dois tramos, e iluminada por duas frestas paralelas, o que constitui uma solução original e pode apontar para a existência inicial de um pequeno retábulo-mor entre elas. As capelas são acedidas por arcos apontados, de duas arquivoltas, a exterior boleada, de grande simplicidade, surgindo recolocados nos últimos pilares, junto aos arcos, quatro capitéis românicos, com certo arcaísmo e decoração vegetalista. As fachadas laterais conservam fresta e portas travessas românicas, em arco sobre impostas e de tímpano liso, de grande simplicidade, tendo várias outras na lateral sul, inicialmente de comunicação com as dependências conventuais. Interiormente, o corpo da igreja tem três naves, cobertas de madeira, separadas atualmente por arcos de volta perfeita, sobre pilares, cada uma com quatro tramos, possivelmente resultante da reforma do séc. 17. Segundo Carlos A. Ferreira de Almeida, é possível ter-se planeado inicialmente abobadar o corpo da igreja, como é característico do estilo, no entanto, tal nunca se viria a concretizar. A fachada principal, orientada, é secionada por contrafortes, formando três panos, revelando a divisão espacial interior, tendo o portal arco apontado e quatro arquivoltas sobre impostas, fruto de uma reforma de início do séc. 20, sobretudo das arquivoltas interiores, conforme documentam fotografias antigas. A remodelação do séc. 17 alterou o remate da frontaria, inseriu uma cornija divisória no pano central, sobre a qual se construíram três nichos concheados, albergando santos da ordem, abriram as janelas de capialço e se colocou as armas do promotor da obra, abrindo-se duas outras janelas de capialço na capela-mor, alterando a iluminação interior. Construiu-se ainda a torre sineira adossada a norte, de dois registos. No interior, procedeu-se à feitura do púlpito na nave central e do coro-alto, ambos com guarda em balaustrada, mas a do púlpito podendo ser sensivelmente mais tardia, tendo o coro sido apeado nas obras dos anos 70 do séc. 20. Os retábulos laterais da nave que, aquando da extinção das ordens religiosas, estavam nos absidíolos, são maneiristas, de tipo edícula, de estrutura semelhante, mas decoração distinta nas colunas, já que o do Evangelho tem espiras torsas e o da Epístola brutescos. O retábulo-mor, executado no séc. 17 / 18, é barroco, de estilo nacional, mas teve uma reforma no séc. 18, altura em que se acrescentou os apainelados laterais com decoração joanina e rosetões. Também em meados do séc. 18 se abriram as janelas de arco abatido na fachada lateral norte, junto à qual se desenvolvia o cemitério dos frades.
Número IPA Antigo: PT011603070006
 
Registo visualizado 3094 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  

Descrição

Planta composta de três naves, cada uma de quatro tramos, e cabeceira de três capelas quadrangulares, tendo adossado à fachada lateral esquerda torre sineira quadrangular e, à fachada oposta, sacristia retangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de uma água no absidíolo norte, de duas na nave, capela-mor e absidíolo sul, de três na sacristia e de quatro na torre sineira, rematados em beirada simples. Fachadas em cantaria aparente, a igreja e a capela-mor com contrafortes, na frontaria da igreja dispostos de ângulo, a cabeceira com soco de cantaria saliente, tendo as fachadas laterais terminadas em cornija sobre cachorrada e os absidíolos terminados em banda lombarda, sobre cachorrada, e cornija ornada de bosantes. A fachada principal surge virada a poente, terminado em empena, com cornija, coroada por cruz latina de cantaria, de braços percorridos por sulco, sobre plinto paralelepipédico ladeado de aletas, e por pináculos piramidais com bola nos cunhais. É dividida em três panos por contrafortes, abrindo-se no central, secionado a meio por cornija, portal de arco apontado, com quatro arquivoltas assentes em impostas, e com vão em asa de cesto; sobre a cornija existem três nichos, em arco de volta perfeita sobre pilastras, interiormente com abóbada concheada e albergando as imagens pétreas da Virgem, de São Bernardo, à esquerda, e de São Bento, à direita, sobre mísulas facetadas e decoradas, possuindo acantos nos seguintes. Superiormente, abrem-se três janelas de capialço, gradeadas, sendo a central sobreposta por brasão. Nos panos laterais rasgam-se superiormente janelas de capialço. À esquerda, sensivelmente recuada, dispõe-se a torre sineira, de dois registos, com os cunhais firmados por pilastras, coroadas por pináculos piramidais com bola, sobre plintos paralelepipédicos, e rematada em friso e cornija; possui dois registos, separados por friso, sendo o segundo rasgado, em cada uma das faces, por ventana, em arco de volta perfeita sobre impostas, albergando sino; no primeiro registo é rasgada, na face norte, por pequeno vão jacente, e na nascente, por portal de acesso, em arco de asa de cesto sobre imposta. A fachada lateral norte é rasgada, na nave, por duas janelas de arco abatido, gradeadas, com moldura terminada em cornija, por uma fresta e pela porta travessa, em arco abatido, sobre impostas, e, na capela-mor, por janela de capialço, gradeada. A fachada lateral sul, com a nave marcada regularmente por orifícios onde se apoiava o travejamento das antigas estruturas conventuais, é rasgada por dois portais, em arco de volta perfeita, com tímpano liso sobre impostas, e por duas frestas, e, na capela-mor, por janela de capialço; a sacristia possui acesso exterior, por porta de verga reta virada a poente. A fachada posterior da nave e capela-mor terminam em empena, a primeira coroada por cruz latina, decorada com elemento crucífero relevado, e rasgada por janela estreita retangular e dois pequenos vãos quadrangulares, e a capela-mor coroada por cruz inscrita num círculo e rasgada por duas frestas; nos absidíolos, terminados em meia empena, abrem-se duas frestas, sobrepostas, a inferior a abrir para o exterior, e na sacristia duas janelas retilíneas, gradeadas. INTERIOR com as paredes em cantaria aparente, pavimento de lajes e, a da capela-mor, de madeira, e cobertura de madeira, sobre travejamento, formando masseira na nave central, com tirantes do mesmo material, e nas naves laterais assente em mísulas. As naves separam-se por quatro arcos de volta perfeita, assentes em pilares toscanos, possuindo superiormente os paramentos rebocados e pintados de branco. Os primeiros pilares integram pias de água benta gomadas e mísulas de sustentação do antigo coro-alto. Na nave central, no terceiro pilar, dispõe-se, do lado do Evangelho, púlpito com bacia de cantaria sobre mísula, com guarda em balaustrada. Os quartos pilares são flanqueados por dois capitéis do templo primitivo, com decoração vegetalista. Na nave do Evangelho, sobre plataforma de perfil curvo, com dois degraus, existe pia batismal de taça cilíndrica e exteriormente decorada, ladeada por armário embutido, e, na da Epístola, junto à parede, existe a arca tumular de Fernão Eanes de Lima. Cada uma das naves têm ainda retábulo em talha dourada, de corpo reto e um eixo, o do Evangelho enquadrado por friso de pinturas murais, representando motivos vegetalistas. Arco triunfal de arco apontado e de duas arquivoltas, a exterior boleada, encimado por pintura mural formada por drapeados a abrir em boca de cena, protegendo custódia. No extremo direito a parede possui vão retangular. A capela-mor possui abóbada de berço quebrado, de dois tramos, marcados por arcos diafragmas apontados sobre pilares. Sobre supedâneo dispõe-se o retábulo-mor, em talha policroma e dourada, de corpo reto e três eixos, definidos por quatro colunas torsas, decoradas de acantos, pâmpanos, aves e anjos, sobre mísulas, igualmente ornadas de acantos e anjos, e de capitéis coríntios, que se prolongam no remate da estrutura em três arquivoltas, unidas no sentido do raio por aduelas, a central com apainelados de acantos. No eixo central abre-se tribuna, em arco de volta perfeita, com moldura de acantos, interiormente coberta por abóbada de berço com apainelados de acantos, e fundo pintado com flores e drapeados a abrir em boca de cena, albergando trono, de dois degraus galbados, decorados de acantos, sustentando imaginária. Nos eixos laterais surgem nichos pouco profundos, em arco de volta perfeita, contendo imaginária sobre mísulas. A estrutura retabular é ladeada por apainelados de talha, ornados de acantos e rosetões e friso exterior. Banco de cantaria, com plintos paralelepipédicos, quartelão e painéis de cantaria pintados com albarradas, e sotobanco com apainelados de talha, ornados de acantos. Ao centro integra sacrário, decorado de acantos e querubins, com porta de perfil curvo, dourada, com motivos eucarísticos. Altar paralelepipédico, com frontal pintado por motivos vegetalistas e marcado por sebastos. Absidíolos em arco apontado, de duas arquivoltas sobre impostas, a exterior igualmente boleada, interiormente cobertas com abóbada de berço quebrado sobre cornija, possuindo fresta na parede testeira. Sobre os arcos, abrem-se no extremo direito vão retangular. Sacristia com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento cerâmico e teto de madeira. Da zona regral, desenvolvida inicialmente a sul, já não existem estruturas, no entanto, uma das casas construídas a norte do cemitério integra, no piso térreo, dois arcos, de volta perfeita, sobre pilares toscanos, que devem ter pertencido ao mosteiro. Existem ainda nas imediações secções de uma conduta de água, vários silhares de cantaria, incluindo um troço do fuste de duas colunas e de dois capitéis ornado de colchetes.

Acessos

Fiães, Lugar do Convento; EM 501; EM 1140

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / Decreto nº 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Rural, isolado, na proximidade da raia de Espanha. Implanta-se na encosta da serra da Peneda, nas faldas de um pequeno vale, numa plataforma a cerca de 700 m. de altitude, formando adro, de planta irregular, rodeado por campos, com alguns carvalhos e castanheiros. O portal axial é precedido por três largos degraus e, junto à fachada lateral norte, desenvolve-se o cemitério da freguesia. Entre a estrada municipal e o mosteiro existe alameda de acesso, no início do qual se ergue um cruzeiro de construção oitocentista e, a norte do cemitério, a Fonte da Madalena (v. IPA.00036103).

Descrição Complementar

Na frontaria existe escudo esquartelado, tendo no I quartel as armas de Portugal, com cinco escudetes postos em cruz carregados com cinco besantes e bordadura de sete castelos; no II as armas da Ordem Cisterciense, com banda xadrezada de três tiras acompanhada de seis flor-de-lis, postas em orla; no III quartel tem esfera armilar; e no V cinco mitras, um bordão de Santiago no flanco esquerdo e uma figura indecifrável em ponta. O escudo é sobreposto por báculo, no traçado do partido saindo depois por dentro de uma mitra que o encima, com volta para a direita. Ladeia-o duas coroas abertas, passando no da direita uma serpe saliente do bordo superior do escudo e no da esquerda existe uma flor-de-lis, firmando no bordo superior. Na face norte da torre sineira, sob o vão jacente, existe silhar saliente com a inscrição "SA 1922". O retábulo lateral do Evangelho possui corpo reto e um eixo definido por quatro colunas, de fuste decorado com motivos vegetalistas e brutescos, de terço inferior marcado, sobre mísulas, sustentando o remate da estrutura. Este é formado por tabela retangular, definida por quarteirões, sustentando friso, cornija e frontão interrompido; na tabela existe painel central com albarrada em pintura mural, ladeado por duas molduras de talha com motivos geométricos e apainelado de acantos. Ao centro possui vão retangular, com fundo em pintura mural, representando drapeados a abrir em boca de cena, enquadrando imagem sobre mísula. Altar tipo urna com frontal pintado em marmoreados fingidos beges e cartela central. Na nave da Epístola, surge o sarcófago de Fernão Anes de Lima, pai de Leonel de Lima, 1º visconde de Vila Nova de Cerveira e Marquês de Ponte de Lima, com arca paralelepipédica, o facial da cabeça e a frontal direito decorado com escudos contendo as armas antigas dos Lima: de ouro, com quatro palas de vermelho. Possui tampa trapezoidal, com as armas antigas dos Lima, sobre espada, e um escudo xadrezado, de quatro peças em faixa e sete em pala, encimado por flor-de-lis. A arca assenta sobre suportes com figuração humana. O retábulo lateral da Epístola tem corpo reto e um eixo, definido por quatro colunas, de fuste em espiras torsas e terço inferior decorado de acantos e querubins, assentes em mísulas e plintos exteriores, com capitéis coríntios, suportando entablamento e o remate da estrutura. Este é em tabela retangular, definido por consolas e ladeado de aletas, rematado em friso, cornija e frontão interrompido; a tabela tem painel central pintado com uma flor, flanqueado por dois frisos de talha, um com motivos ovoides e outro com motivos geométricos. Ao centro, o retábulo tem painel pintado com drapeados a abrir em boca de cena a enquadrar imaginária. Sotobanco com apainelado de acantos e altar tipo urna, com frontal pintado a marmoreados fingidos a bege tendo cartela central. Na capela-mor, existe arca banco comprida, e restos do antigo cadeiral.

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 12 / 13 / 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIROS: Altino Coelho (1972-1975), António Alfredo Rodrigues de Carvalhido (1989-1990), José Pires Barreiros (1970), Marques & Marques, Ld.ª (1981-1982), Saúl de Oliveira Esteves (1958-1963), Viriato Alves Neiva (1971, 1976-1977). FIRMAS: Francisco Luiz, Pais & Fernando, Ldª (1980), Sociedade de Construções Âncora, Ld.ª (1993). VIDRACEIRO: João Baptista Antunes (1976-1977, 1981).

Cronologia

815 ou 851 - segundo J. Augusto Vieira, já havia notícias do mosteiro no tempo de Ramiro II e D. Paterna; 870 - data da edificação segundo o cronista Fr. António da Purificação; séc. 11 - só então se fala de um mosteiro beneditino, sucedendo-se doações, trocas e compras; 1142, 12 dezembro - carta de doação de certos bens ao mosteiro, outorgada pelo monge Fernando Tedão, que ali tinha professado, não se fazendo referência à regra seguida; 1157 - doação de Afonso Pais e 23 outros ao mosteiro de Fiães, que se regia pela regra de São Bento, "os montes de Fiães", cujos limites principiavam na Penha da Ervilha, Goão, outeiro da Aveleira, Coto da Aguieira e Vidualha, Costa Má, Curro da Loba, rio Doma, hoje Trancoso, Vale Goão, Douteiro da Aveleira, Coto da Aguieira e Vidual, dali regressando ao Coto da Ervilha (MARQUES, 1990, p. 20); com esta doação, entra na posse do mosteiro a posse do território coincidente com a área do couto, que então se constitui; 1173, 24 outubro - D. Afonso Henriques doa ao mosteiro todos os bens que tinha desde Melgaço até ao termo de Chaviães, e de Cótoro até ao rio Minho; nesta data ainda observa a regra de São Bento; posteriormente, D. Sancho I entrega aos povoadores de Melgaço estas terras concedidas por seu pai ao Mosteiro de Fiães; 1194 - documento no Cartulário de Fiães menciona pela primeira vez explicitamente o mosteiro integrado na Ordem de Cister, filiando-se na Abadia de São João de Tarouca e, mediante este, no de Claraval, em França; 1199, 11 dezembro - para compensar o mosteiro, o rei doa-lhe quatro casais e meio na "vila" de Figueiredo, Messegães e Monção (MARQUES, 1990, p. 24); 1210 - João Raimundo e sua mãe doam-lhe uma herdade em Doma, no lugar fronteiriço de Cristóval; 1211 - doação para obras; 1245 - outorgado um acordo entre o mosteiro e o concelho de Melgaço estabelecendo o quinhão do mosteiro na manutenção da muralha; 1243, 15 junho - D. Lucas, bispo de Tui, com consentimento do seu cabido e de João Garcia, arcediago de Valadares, pede a D. João, abade de Fiães, que construa a igreja de Santa Maria de Rompecilhe, na Galiza, e apresentasse um capelão para ter cura das almas dos seus habitantes; os monges deviam assim prestar assistência religiosa às aldeias de Rompecilha e à de Soutomendo, em Portugal, cuja capela atendia os habitantes da localidade e de Murça; séc. 13 - nas Inquirições de D. Afonso III, relativas a esta temática, diz: "Item dixerunt que don Sueiro Ayras tenia a Terra de mano d'el Rey don Alfonso Iº et filou uno omem no Mosteiro de Feaes et enforcou o, et por ende filou esse davandito Sueiro Ayras Sancta Maria de Orada, que era regaenga d'el Rey, et deu ao Moesteiro de Feaes. Item, veo Rey don Sancio Iº a Melgazo, et filou Sancta Maria de Orada porá si, et deu a Feaes por ela Figueiredo et C. maravedis et ora teen os frades de Feaes essa Sancta Maria et Figueiredo, etnon sabem por que a tem" (MARQUES, 1990, p. 24), o que deixa claro que a primeira transferência das terras da Orada para o domínio do Mosteiro de Fiães ocorreu para reparação da violação do direito de imunidade praticada pela terratenente Soeiro Aires; séc. 14 - provável feitura do sarcófago de Fernão Anes de Lima existente na igreja; 1320 - o mosteiro é taxado de 400 libras, só pelos bens que possui em Portugal, dicando de fora da avaliação os bens situados na Galiza; 1388 - segundo Fernão Lopes, na Crónica de D. João I, enquanto o rei preparava o ataque ao castelo de Melgaço, a rainha D. Filipe de Lencastre fica hospedada mosteiro, descendo depois para assistir à sua tomada, a 3 de março; 1392, 07 junho - D. João I quita ao mosteiro "a dizima de todo o pescado meudo que eles (frades) pescarem ou mamdarem pescar per sy ou por seus homens pera seu mantimento no rio do Minho termo de Melgaço contra Gualiza, afora a dizima das lampreas e savees e irizes que lhe nom quitamos" (MARQUES, 1990, p. 29); séc. 14 - 15 - o mosteiro deve ter sentido os efeitos nefastos da crise económica; 1483, 09 abril - é comendador do mosteiro o bispo de Ceuta e primaz de África, D. Justo Baldino, o qual havia arrendado as rendas do mosteiro relativas ao ano económico que ia principiar no São João desse ano ao abade de Rouças, Álvaro Gonçalves, e ao padre Fernando Domingues, moradores na vila de Melgaço, pela quantia de 21 mil reais brancos da moeda corrente, mais uma dúzia de marrãs (presuntos) secos e curados e dezoito lampreias secas; esse dinheiro devia ser pago em três prestações, no Natal, na Páscoa e no São João (MARQUES, 1990, p.31); 1490 - incêndio no arquivo; 1529 - quando D. João de Cós, que havia sido prior de Alcobaça mas fora expulso por um carmelita que pretendia reformar a abadia, sendo enviado por D. João III para Fiães, o mosteiro está em completo abandono, talvez devido às guerras fronteiriças; o abade João de Cós manda fazer alguns restauros; 1532 - D João III manda organizar o tombo do mosteiro; 1533, 26 janeiro - visitação pelo abade da casa mãe de Claraval, D. Edme de Saulieu e seu secretário Cláudio de Bronseval, estando o claustro em ruínas; o abade comendatário é D. João de Cós, já há três anos, sem título canónico (MARQUES, 1990, pp. 31-32); o mosteiro está em ruínas e votado ao abandono, sendo necessário fazer o e obras; frei Cláudio atribui-lhe a cobertura da igreja, sala do capítulo, dos claustros e dos aposentos do abade, dizendo "A antiga clausura, outrora muito importante, estava completamente em ruínas"; constituía exceção a casa da portaria (MARQUES, 1990, p. 32); habitam no mosteiro o abade, quatro religiosos e dois conversos; 1541 - é comendatário de Fiães D. Martinho do Couto, capelão de sua majestade; 1646 - o mosteiro é avaliado em 120$000; 1567 - as abadias cistercienses em Portugal constituem-se em Congregação autónoma, com Santa Maria de Alcobaça por casa-mãe, iniciando-se em Fiães um período de renovação monástica; implanta-se o regime de abades trienais, o qual, com a vigilância dos Capítulos Gerais, reunidos em Alcobaça de três em três anos, e a recuperação da disciplina e vivência monástica, dá início a uma fase de construção material; 1593, cerca - decide-se em Capítulo Geral fixar o número de religiosos que as casas da ordem podiam sustentar comodamente enquanto decorriam obras, definindo-se que "Fiães, tres antes destar repairadas" (MARQUES, 1990, p. 35); séc. 16, finais - D. Filipe I confirma todos os privilégios anteriores, exigindo que o mosteiro pague 40$000 anuais à Capela Real, cedendo, no entanto, o monarca seus direitos e regalias (VAZ, 2000, p. 123); 1716 - breve do papa Benedito XIV concede privilégios ao altar de São Sebastião, que era da confraria das Almas; 1671 - data do primeiro registo de casamento e de óbito documentado; 1676 - data do primeiro registo de batismos documentado; 1730 - Coronel Francisco Ayres de Vasconcelos manda fazer recrutamento para o serviço militar no couto de Fiães; o abade denuncia a ilegalidade e o abuso, levando o comandante militar de Valença a anular a ordem dada; 1735 - é abade frei Félix da Cerveira, natural de Viana do Castelo, a quem se deve o atual terreiro e a Fonte da Madalena, bem como a reforma da nave, que passa a ser iluminada por grandes janelas abertas na fachada principal e na lateral norte, e os edifícios de clausura; faz-se ainda a torre sineira; 1748 - D. João V recomenda que se intimasse a todos os governadores da Praça a respeitarem os privilégios do couto; 1749 - D. José autoriza a realização de uma feira pública junto ao mosteiro no dia 3 de cada mês (OLIVEIRA: 1903, p. 65); 1775, 17 dezembro - a pretexto da fundação do Colégio da Conceição, em Coimbra, o Geral da Ordem de Cister, frei Manuel de Mendonça concretiza a extinção de vários mosteiros cistercienses, nomeadamente o de Santa Maria de Fiães, na arquidiocese de Braga, anexando as respetivas rendas ao novo Colégio da Conceição (MARQUES, 1990, pp. 50-51); 1777 - após a subida ao trono de D. Maria I, Frei Francisco de Sá, inicia a correção da ação desenvolvida contra a congregação de Alcobaça e seus membros mais importantes; 08 outubro - o Capítulo Geral da Ordem, reunido em Alcobaça, restaura os mosteiros extintos "por sentença do deposto e desauthorado geral Frei Manoel de Mendonça", que os havia unido ao Colégio da Conceição (MARQUES, 1990, p. 51); o mosteiro reclama perante o capitão-mor de Valadares contra os generais e governadores das fortificações que se utilizavam os carros dos moradores do couto para as obras das fortificações, na sequência da qual se ordena que respeitem os privilégios do mosteiro (OLIVEIRA: 1903, p. 64); 1834, 28 maio - decreto de extinção das Ordens Religiosas; o mosteiro tem então a comunidade reduzida a dois monges, tendo ainda um terceiro religioso, mas a viver com os seus familiares por ter uma doença contagiosa; 03 julho - auto do inventário do mosteiro, pelo reverendo António José Ferreira de Araújo, desembargador e vigário geral da comarca e cidade de Braga, não se descrevendo os edifícios monásticos, desenvolvidos a sul da igreja *1; posteriormente, o governo manda por em praça as ruínas do mosteiro para serem vendidas, mas inicialmente não aparecem licitantes; depois é vendido em haste pública, estendendo-se a ruína pelas dependências, e a igreja passa a paroquial; 1836, 06 novembro - extinção do couto e sua incorporação no concelho de Melgaço; 1875 - data do cruzeiro da alameda de acesso; 1886 - data de gravura do Mosteiro de Fiães, publicada em o Minho Pitoresco; 1903 - descrição do mosteiro por Guilherme Oliveira *2; 1910, 16 junho - decreto classifica como Monumento Nacional apenas os trechos da Igreja de Fiães; 1922 - data inscrita no silhar existente na face norte da torre sineira; 1955 - o abade resolve ir a França visitar os paroquianos ali residentes, para angariar donativos para adquirir dois sinos para o mosteiro, concluir as obras da Casa Paroquial e fazer uma torre à capela de Adedele; 1963 - foto da DGEMN mostra fachada sul da igreja após a demolição da zona regral e a remoção das arcarias do claustro; 1971, junho - fotografias desta data ainda documentam o coro-alto com guarda em balaustrada e o absidíolo do Evangelho com estrutura retabular, ainda que em mau estado, com o Senhor dos Passos; o retábulo da nave da Epístola estava então no absidíolo desse lado; 1977, 29 setembro - decreto alarga a classificação como Monumento Nacional a toda a igreja com o seu recheio, bem como os elementos que restam do antigo mosteiro.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria granítica aparente e alvenaria rebocada; pilares, arcos, pias de água benta, pia batismal, mísulas, bacia do púlpito, sarcófago e respetivos suportes, e outros elementos em cantaria de granito; portas de madeira, pintada; pavimento em lajes de cantaria e tijoleira prensada na sacristia e estrado de madeira, na capela-mor; cobertura interior em madeira sobre travejamento ou em cantaria; retábulos em talha dourada ou policroma e dourada; guarda do púlpito em madeira exótica; pinturas murais; cobertura de telha.

Bibliografia

ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «A Igreja do Mosteiro de Fiães». In VI Centenário da Tomada do Castelo de Melgaço. Braga: 1988, pp. 77-86; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Arquitectura Românica de Entre Douro e Minho. Dissertação de Doutoramento em História de Arte. Porto: 1978, vol. 2; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «Primeiras impressões sobre a Arquitectura Românica Portuguesa». In Revista da Faculdade de Letras. Porto: 1971, vol. 2, pp. 61-118; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - «O Românico». In História de Arte em Portugal. Lisboa: edições Alfa, 1986, vol. 3; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de - Alto Minho. Lisboa: Presença, 1987; ALMEIDA, Fernando António - «Fiães: a filha do Senhor Abade». In O Expresso. Lisboa: 19 maio 1990, pp. 38-40; ALVES, Lourenço - Arquitectura Religiosa do Alto Minho. Viana do Castelo: Ofilito, 1987; CAPELA, José Viriato - As freguesias do distrito de Viana do Castelo nas Memórias Paroquiais de 1758. Braga: Casa Museu de Monção; Universidade do Minho, 2005; COSTA, Pe. Avelino de Jesus de - «Comarca Eclesiástica de Valença do Minho (antecedentes da Diocese de Viana do Castelo). In I.º Colóquio Galaico-Minhoto. Braga: Barbosa & Xavier, Limitada, 1983, pp. 86-40; ESTEVES, Augusto César - Obras Completas. Melgaço: 2003, vol. 1, tomo 1; GOMES, Saul António - Visitações a Mosteiros Cistercienses em Portugal nos séculos XV e XVI. Lisboa: 1998; MARQUES, José - O Mosteiro de Fiães (Notas para a sua história). Braga: Barbosa & Xavier, Limitada, 1990; OLIVEIRA, Guilherme de - Uma Visita às Ruinas do Real Mosteiro de Fiães. Lisboa: Typographia da Sociedade A Editora, 1903; PINTO, Luís de Magalhães Fernandes - «O Mosteiro de Fiães. Um Românico Beneditino». In Estudos Regionais. Viana do Castelo: Centro de Estudos Regionais, 1997, n.º 18, pp. 7-25; PINTOR, Pe. M. A. Bernardo - Melgaço Medieval. Braga: 1978; Relatório dos Trabalhos de Acompanhamento Realizados pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, ao Abrigo dos Protocolos com a Direcção Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais (1997 - 1999) (2001 - 2002), (Universidade do Minho). Braga: 2002; VAZ, A. Luís, VAZ, Carlos Nuno - Melgaço 2000. Roteiro. Braga: "A Voz de Melgaço" 2000; VIEIRA, José Augusto - O Minho Pittoresco. Lisboa: 1886, vol. 1.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMNorte/DM, DGEMN:DSMN/REM

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMNorte, SIPA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN: DSARH, DGEMN:DSID; DGLAB/TT: Ministério das Finanças, Inventário de extinção do Convento de Santa Maria de Fiães, cx. 2216

Intervenção Realizada

DGEMN: 1948 - plano de obras de conservação e restauro da igreja, que constavam do apeamento completo dos atuais telhados das dependências, demolição do pavimento e escada do coro, arranque do pavimento de madeira da nave central, desmonte cuidadoso e remoção dos altares já considerados impróprios, apeamento das silharias e cantarias de paredes de elevação e em entaipamento de vãos, apeamento cuidadoso e parcial de paredes de cantaria, escavação de terras em regularização de terreno junto da igreja, consolidação de alicerces, reconstrução de paredes de grossura da igreja com as cantarias apeadas e assentes em argamassa hidráulica, construção de lajedo de cantaria e seu assentamento em pavimentos, construção e assentamento de soleiras de cantaria apicoada em vãos de portas da igreja, execução de cornija com cachorrada na fachada sul da igreja e vários outros pontos, construção de frechais de armação de telhado em cimento armado na cintagem de paredes, construção da armação de telhado da nave, sacristia, com barrotame arrincoado e forro de castanho, e sobre as abóbadas da cabeceira com barrotame de carvalho, ripado de pinho, execução de portas, construção da cobertura com telha nacional dupla, limpeza e lavagem geral dos paramentos de cantaria das paredes, colunas, abóbadas, construção de vitrais de vidro colorido armado em chumbo nas frestas, fornecimento e colocação de vidro branco em grades de ferro existentes nas igrejas, apeamento cuidadoso do altar-mor e sua reposição, incluindo a substituição de peças de madeira avariadas; 1958 - obras de restauro da cobertura e consolidação de paredes, por Saúl de Oliveira Esteves, incluindo o apeamento da velha cobertura da capela-mor e absidíolos, escavação do terreno junto da cabeceira, para abertura de uma trincheira que permita evitar a entrada das águas pluviais, arranque da vegetação existente, consolidação parcial das cantarias de coroamento dos gigantes da capela-mor, reconstrução total da cobertura da capela-mor e absidíolos, pintura de grades de forro e colocação de vidros em falta; 1959 - prosseguimento das obras de restauro, por Saúl de Oliveira Esteves, com escavação e remoção de terras na parte posterior do imóvel, limpeza do paramento das cantarias interiores da nave, colocação de vitrais nas frestas da capela-mor e absidíolos, desmontar o altar existente no absidíolo norte, substituição das cantarias fendidas nas paredes da capela-mor e absidíolos; 1960 - prosseguimento das obras de restauro, por Saúl de Oliveira Esteves, com apeamento da atual cobertura, demolição das paredes atuais, recalçamento parcial de alicerces, construção de paredes de alvenaria de grossura, com aproveitamento da pedra existente em bom estado; 1961 - reconstrução da sacristia e consolidação de paredes da igreja, por Saúl de Oliveira Esteves, com recalçamento do alicerce com pedra nova, construção da cornija de cantaria apicoada na feição da existente, construção de ombreiras, soleiras e padieira da porta exterior e degraus de acesso, construção de frechais de betão armado para travação das paredes da sacristia e apoio da armação do telhado, construção da estrutura do telhado realizada com madeiramentos de castanho, execução do forro de madeira de castanho, execução e assentamento de portas e caixilhos de madeira de castanho, assentamento de telha nacional dupla, de fabrico patinado, execução de revestimento interior dos paramentos com argamassa de cimento, cal gorda e areia e caiação dos muros, execução do pavimento com tijoleira prensada, pintura das portas e caixilhos, assentamento de vidraça, construção de grades de varão de ferro; trabalhos de escoramento das fachadas principal e sul, por Saúl de Oliveira Esteves; 1962 - trabalhos de restauro da fachada sul, por Saúl de Oliveira Esteves, compreendendo o desmonte e apeamento de mísulas, da parede de cantaria, execução de escoramentos para apoio da estrutura da armação do telhado, reconstrução da parede apeada; 1963 - conclusão da reconstrução da fachada lateral sul e da frontaria e outros trabalhos de restauro, por Saúl de Oliveira Esteves, contemplando nomeadamente a substituição de pedras esmagadas e de juntouros partidos nos contrafortes da frontaria, reconstrução do cunhal sudoeste, entaipamento da abertura existente no absidíolo da Epístola, execução dos frisos em falta no mesmo absidíolo e conclusão da reposição da fachada sul, colocação de cantaria em espelho na fachada principal para remate dos juntouros de betão armado, remate do telha na zona em obras; 1970 - consolidação do cunhal sudoeste, incluindo escoramentos, demolições, reconstrução do alicerce e sua impermeabilização e reposição do cunhal em alvenaria de betão ciclópico, entre as duas faces da parede e as cantarias existentes pelas faces exteriores; revisão e limpeza geral dos telhados da nave; as obras são adjudicadas ao empreiteiro José Pires Barreiros; reconstrução das cantarias de dois contrafortes adossados à fachada principal, por José Pires Barreiros, com consolidação da sapata de fundação, colocação e betonagem de juntouros de betão armado, enchimento dos espaços vazio com betão ciclópico e reconstrução das mesmas cantarias; 1971 - trabalhos de consolidação das paredes da fachada principal, lateral norte e sobre os arcos da nave, e de beneficiação da cobertura, por Viriato Alves Neiva; corte e demolição de madeiramentos de soalhos e vigamentos do coro, execução de calçada à portuguesa assente sobre betonilha de cascalho no passeio do absidíolo sul; 1972 - reparações inadiáveis dos prejuízos causados pelo temporal, por Altino Coelho, com levantamento e apeamento da telha marselha, sua substituição por telha nacional dupla patinada, reconstrução de estruturas de madeira deterioradas e fornecimento de forro de madeira em tola; 1973 - prosseguimento da reconstrução da cobertura da nave central, por Altino Coelho; 1974 - conclusão das coberturas, por Altino Coelho; 1975 - trabalhos de conservação, conclusão da cobertura da igreja e reconstrução de portas, , por Altino Coelho, incluindo a picagem do revestimento das paredes sobrepostas às colunas, construção de portas exteriores em madeira; 1976 - construção de vitrais por João Baptista Antunes; diversas obras por Viriato Alves Neiva, contemplando a execução de betonilha em pavimento térreo na nave, execução de cantaria apicoada, assente em lajedo, junto das entradas laterais, escavação em desaterro de terras depositadas no terreno, envolvente à capela-mor, descasque de cal em paredes interiores e abobadadas, construção de porta relhada em madeira de castanho, com ferragens e execução de sondagens em pavimentos para futuros trabalhos; 1977 - drenagem da fachada posterior por Viriato Alves Neiva, com escavação de terras na abertura de vala no corpo da capela-mor e absidíolos, construção de caixas de rede de drenagem de águas pluviais e de dreno em tubos de betão vazado; reparação de vitrais por João Baptista Antunes; 1980 - reparação da instalação elétrica e instalação sonora, pela firma Francisco Luiz, Pais & Fernando, Ld.ª; 1981 - reparação de vitrais por João Baptista Antunes; tratamento de paredes e limpeza de telhados, na capela-mor e na nave, por Marques & Marques, Ld.ª; 1982 - trabalhos de conservação, por Marques & Marques, Ld.ª; 1989 - beneficiação geral, pelo empreiteiro António Alfredo Rodrigues de Carvalhido; 1990 - substituição dos taburnos da nave, por António Alfredo Rodrigues de Carvalhido; 1993 - levantamento do soalho na nave central, abertura de caixa e construção de betonilha, regularização e impermeabilização, seguido de assentamento de pavimento soalhado, pela Sociedade de Construções Âncora, Ld.ª; 1998 - obras de conservação e beneficiação geral, incluindo arranjos exteriores: beneficiação das coberturas exteriores e interiores, revisão geral dos elementos em granito à vista, tais como paramentos, pavimento, outros elementos estruturais e decorativos, limpeza geral dos paramentos rebocados e pintados, tais como os paramentos sobre a arcaria da nave da igreja, e os da sacristia; tratamento de vãos, revisão geral da instalação elétrica e sonora, drenagem exterior, consolidação do muro exterior do adro, junto às escadas de acesso, pavimentação do acesso à porta lateral norte em granito tipo "calçada à portuguesa"; 1999 - conclusão do arranjo das coberturas; limpeza e conserto do pavimento interior; acompanhamento arqueológico dos trabalhos de restauro e beneficiação, pela Unidade de Arqueologia da Universidade do Minho, ao abrigo do Protocolo realizado com a DGEMN; abertura de vala perimetral de drenagem, tendo-se detetado a existência de uma anterior desativada, e, junto à fachada principal, descobre-se um troço de calçada junto ao cunhal meridional, que se decide conservar, eliminando a drenagem nesta zona.

Observações

*1 - No processo de inventário, um documento de 1836 refere o mosteiro "com suas cazas e oficinas, que lhe são inherentes, bem como a Cerca, e Igreja, sem que se mencionem mais esclarecimentos (...)". No inventário dos objetos pertencentes ao culto divino, datado de 1834, consta na capela-mor o seu altar, com hum retábulo muito antigo, pintado e dourado, e, tendo no centro do mesmo e no fim do trono a imagem de Santa Maria, de vulto, pintada e dourada, e, lateralmente, as imagens, em vulto ordinário, pintadas e douradas, de São Bento e de São Bernardo. O altar de São Bento tem um humilde retábulo, antigo, pintado e dourado, albergando ao centro a imagem do orago, de vulto ordinário, pintada e dourada, com resplendor de folha, e, sobre a banqueta, uma cruz pequena, pintada de preto, com um Crucifixo pequeno. O altar de Nossa Senhora do Rosário tem um retábulo pequeno e antigo, pintado e dourado, tendo no centro a imagem do orago, em vulto ordinário, pintada e dourada, à direita uma imagem de Maria Madalena, em vulto ordinário, pintada e dourada. Na igreja havia mais dois altares laterais, um do lado do Evangelho e outro no da Epístola. Ambos indecentes, com seus retábulos velhos, com quatro imagens pequenas, sendo uma São Sebastião e duas do Menino Deus e Nossa Senhora, bem como um Crucifixo pintado numa cruz preta. Na sacristia tinha um "caixão" ordinário, com três gavetões e três armários; em frente da sacristia havia um oratório de pau, velho e pequeno, com um Crucifixo de palmo pendente em uma cruz de pau, pintada de verde. Na capela abacial havia um altar com seu retábulo antigo, pintado e dourado, tendo no centro a imagem de Nossa Senhora da Conceição, em vulto, pequena, pintada e dourada, com a sua coroa de folha, mais uma cruz dourada com um Crucifixo pequeno, uma pedra de ara, dois livros corais e uma estante pequena. O inventário refere ainda a existência de uma imagem de vulto ordinária, que dizem ser São Bernardo, pintada e dourada, e um sino na torre. Concluído o inventário, os bens são entregues ao pároco da freguesia Manuel Joaquim Fernandes da Costa. O inventário do mosteiro refere apenas os bens de administração direta: "Item digo item hum Mosteiro com suas ortas tudo circundado. Hum campo chamado da Magdalena, que produs so feno que parte do Nascente com a estrada publica que vai para Rouças e do poente parte com ribeiro chamado o Regueiro da Ponte. Item outro dito chamado o Campo Piqueno que produs feno com as mesmas confrontações. Item outro chamado do Follão que somente produz feno com as mesmas confrontações. Item outro dito chamado o Campo de Serca, que parte do Nascente com a serca do mesmo Mosteiro, e do Poente com o carreiro que vai para a Igreja e que somente produz feno. Item outro chamado do Moinho, com seu moinho, dentro que parte do Nascente com o terreiro do Mosteiro e do Poente com a estrada que vai para Rouças. Item mais a Serca por cima do Moinho que pare do Nascente com a estrada publica que vai para a igreja e do Poente com o Mosteiro que se compõem de carvalhos piquenos e tojo. Item outra tapada chamadas Mattas que parte do Nascente com Manuel Domingues de Souto Mendo de Vaixo, e outros, e do Poente com a estrada publica que vai para Melgaço, e sua produção he ttojo. Item mais hum monte chamado da Fraga, que se compõem de casinheiros, que parte do Nascente com Diogo Domingues de Pousafolles, e do Poente com a corga que vai para o lugar de Gonlle freguesia de Christoval e lugar do Campinho de Fiaens. Item mais a quinta sita no lugar de Caballeiros freguesia de Rouças que se compõem de cazas tilhadas e sobradadas, e terras de pão e vinho, e carvalheira no fundo, e com arvores de fruto que parte do Nascente com a estrada publica que bem de Fiaens ara Melgaço e do Poente coma quinta de Pascoa Domingues, e regato de babuzaens" (MARQUES, 1990, p. 60). *2 - Na descrição do templo e das ruínas do mosteiro, por Guilherme Oliveira, consta que "da torre, que devia ser grandiosa, restam alguns metros de grossas paredes, formadas de grandes pedras desconjuntadas, tendo, mesmo assim n'ellas cravadas, o enorme sino que ainda tange para o serviço da igreja. Havia n'este logar uns vestígios de muralha, que foram propositadamente demolidos para a construção do cemiterio que hoje alli existe, o qual é fechado por moderna grade de ferro". (OLIVEIRA, 1903, p. 42). Na fachada da igreja, o autor refere o portal "que é do mesmo estylo, (...) gótico pouco ornamentado" (OLIVEIRA, 1903, p. 42), o brasão arcebispal, tendo, à direita, o de Portugal e, à esquerda, o de uma rainha portuguesa que foi da casa de França, e a cobri-lo a mitra e o báculo e as respetivas coroas. No adro, que contorna o edifício, havia grandes carvalhos. "Existem tambem de pé as paredes frontaes de uma parte da ala direita do convento, a qual, como o requeria o logar, que é de grandes ventanias e temporaes, tem fortes cantarias. As janelas e portas são de pequeno formato e sem nenhuma importancia architectonica. Eram por detraz os claustros, dos quaes ainda se vêem algumas elegantes e finas columnas sustentando aqui um arco, alli um resto de flecha, e além formando monte (...). Existem tambem, dispersas pelo terreno transformado em campo de lavoura, paredes com restos de janelas, hombreiras, escadas, e o logar da fonte que abastecia o convento" (OLIVEIRA, 1903, p. 44). "Tinha o D. Abbade capela particular, - chamada abacial, - a qual está assinalada por pedaços de grossos muros mal conservados. Alli, em um altar, veneravam-se as imagens de Nossa Senhora da Conceição, de grande formato, e outra menor, de S. Bernardo. Havia dependências especiaes para as audiencias publicas, casa de albergue alpendradas, e um corpo de edifício do uso e estado independente do superior. Era na grande sala da presidencial que se resolviam os negocios do convento, na presença do escrivão de Valladares (OLIVEIRA, 1903, p. 45). O mosteiro era completado, com a casa do capítulo, refeitórios, penitencias e biblioteca que, "conjuntamente com o archivo, desappareceu em um dos incêndios" (OLIVEIRA, 1903, p. 46). "Seguem-se velhas casarias ou choças assobradadas, que são hoje a residencia do Reitor. Na frente d'estas, e ao lado do adro, existem ainda umas depressões no solo por onde se escoam fios de aguas sulphurosas, que são os vestígios dos antigos banhos que alli havia" (OLIVEIRA, 1903, p. 47). Frei Agostinho de Santa Maria refere que o povo vinha de longe banhar-se nesta fonte e tal era a virtude das águas que todos voltavam sãos. Especialmente no dia de São João Batista os enfermos aglomeravam-se, e, na ansia de encontrarem remédio para os seus males, criavam disputas e desordens, chegando a ocorrerem ferimentos mortais. Assim, as autoridades resolveram entulhar os banheiros, terminando a causa das discórdias, no entanto, em 1903 os doentes ainda lá iam ou mandavam buscar um pouco da água que corria. Oliveira descreve a igreja com "Duas ordens de robustíssimas columnas de granito, de remota antiguidade, formam a nave central da egreja. As cornijas e as cimalhas são ornadas com figuras mais ou menos plantasticas. Os arcos, largos e bem lançados, com elegantes archivoltas, teem grande imponência e vão até aos frechaes do tecto, que era de madeira apainelada. O tempo destruiu-o, e hoje, a telha vã que os ventos separa, faz que, através do seu arrendilhado, se veja o azul do céo, e se escoem as chuvas que hão arruinado o pavimento. As columnas, que sustentam o arco da frontaria estão cortadas com arte, a alguns metros do solo, o que lhe dá a apparencia de uma arcaria suspensa. O altar principal, assim como os lateraes, teem a obra de talha bem estragada, e parecem pequenos para o tamanho do templo. Na capella môr, há um retábulo pintado e dourado, e no throno a imagem de Santa Maria, e diversas. No altar de S. Bento vê-se tambem um retábulo menor. Esta imagem era, até há pouco tempo, visitada pelas populações dos contornos durante o anno, e, particularmente, no dia em que a egreja venera o santo, por ser de grande devoção e muito milagrosa. Há ainda diversos altares com as imagens de S. Sebastião e outras. O d'este santo, que era da confraria das almas, foi feito privilegiado em 1716, por breve do papa Benedito XIV. O púlpito é de madeira entalhada, com a folhagem alta. O grande côro tem a mesma simplicidade e robustez que se nota em todo o edifício. Dos túmulos, o único que existe é o de Fernão Annes de Lima, pae do primeiro Visconde de Villa Nova de Cerveira, o qual se supõe ter sido sepultado pelos anos de 1430 (...) tem as armas sobrepostas, e assente sobre dois supportes que terminam em cabeças de fórma humana. Este tumulo foi primitivamente collocado junto à capella de S. Sebastião. Hoje acha-se à direita de quem entra "OLIVEIRA, 1903, pp. 51-52)..

Autor e Data

Paula Noé 2019

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login