Edifício e Igreja da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel / Museu de Arte Sacra da Misericórdia de Penafiel
| IPA.00005313 |
Portugal, Porto, Penafiel, Penafiel |
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Arquitectura religiosa maneirista, tardo - barroca e neoclássica. Igreja maneirista de planta longitudinal e fachada principal axial, desenvolvida, ainda que suavemente, à moda da fachada retábulo; o alçado lateral S., inacabado, apresenta já elementos decorativos, movimento e dinamismo próprio do barroco. No interior afirma-se o neoclássico, através dos retábulos de talha branca e dourada. A igreja da Misericórdia é um dos maiores templos da cidade, tendo funcionado como Sé Catedral do extinto bispado de Penafiel no século dezoito. Possui algumas belas pinturas sobre madeira, seiscentistas, destacando-se também o cadeiral em pau-preto e o órgão. |
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Número IPA Antigo: PT011311240018 |
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Registo visualizado 1718 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
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Descrição
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Planta longitudinal composta por nave e capela-mor rectangular escalonadas, torre sineira adossada a S. juntamente com capelas e corpos de apoio à misericórdia. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas. Fachada principal orientada a O. toda em cantaria, dividida em dois registos, ritmada por pilastras e rematada em frontão triangular. No primeiro registo, abre-se ao centro portal simples de verga recta, e no segundo, nicho entre pilastras que suportam frontão recto interrompido por cruz, e dois pequenos vãos rectangulares laterais. As cornijas divisórias de registo, têm inferiormente sistema de glifo, triglifo e métopas. No tímpano, pináculos coroam as pilastras e ao centro surgem as armas da misericórdia. Torre sineira também de cantaria, com pilastras nos cunhais, inferiormente rasgada por vãos plenos, criando um primeiro piso que é coberto por abóbada de cruzaria, ventanas com balaustrada e coroada por fogaréus nos cunhais e cúpula bolbosa forrada a azulejos azuis e brancos. À torre adossam-se lateralmente, fachada inacabada, de linhas curvas e ornatos inacabados, com nichos por preencher, em cantaria, onde se destaca a composição central formada pela porta, nicho e óculo, flanqueada pelos cunhais onde se abrem os nichos; e capela de Nossa Senhora da Lapa, de linhas simples, que veio substituir a parte da fachada que ficou por levantar. Na cabeceira da igreja desenvolve-se a capela do Senhor dos Passos. As fachadas laterais apresentam pilastras nos cunhais, encimadas por pináculos e cruzes nas empenas. No INTERIOR apresenta nave única e capela-mor alta e bastante profunda, acessível por degraus, articuladas pelo arco triunfal pleno, sobrepujado por frontaleira de talha, entre estrutura de cantaria com pilastras coríntias e frontão triangular. Paredes rebocadas e pintadas de branco com lambril de azulejo monocromos, azul sobre fundo branco, órgão no lado da epístola, púlpito do lado do evangelho, dois altares colaterais e dois laterais. Tecto em abóbada de berço abatida em estuque emitando arcos torais. Capela-mor com retábulo de talha e tecto em abóbada de canhão formando caixotões. |
Acessos
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Penafiel, Gaveto da Praça Municipal; Rua de o Penafidelense; Largo do Padre Américo; Rua da Misericórdia |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 28/82, DR, 1.ª série, n.º 47 de 26 de fevereiro 1982 |
Enquadramento
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Urbano, adossado. Implantado em pleno centro histórico, em largo de pendente ligeiramente acentuado, apresenta a fachada principal voltada para o Largo Padre Américo e a posterior para a Rua da Misericórdia. A S. é flanqueada pela torre e adossada ao edifício do Centro de Convívio da Santa Casa da Misericórdia, e a N. à antiga casa do sacristão, actualmente núcleo museológico, formando no seu conjunto um quarteirão. Em frente ergue-se o edifício dos Paços do Concelho (v. PT011311240098). |
Descrição Complementar
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O percurso museológico contempla a igreja, coro-alto, sacristia, salão nobre, corpo inacabado localizado a poente e os antigos aposentos do sacristão, localizados entre a sacristia e a capela-mor. É neste espaço, com dois pisos, que se encontra a recepção e se inicia o percurso, concentrando-se aqui grande parte das obras expostas. |
Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Cultural e recreativa: museu |
Propriedade
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Privada: Santa Casa da Misericórdia |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1621 - Inicio das obras de construção da capela-mor, sobe a direcção do benemérito Amaro Moreira, abade da igreja de São Vicente de Ermelo, sepultado na capela-mor; 1625 - os trabalhos estendem-se ao corpo da igreja; 1931 - data provável de conclusão da igreja; 1741 - Penafiel ascendeu à categoria de vila por decreto de D. João V; 1755, 01 novembro - com o terramoto, a casa do despacho abriu-se na parte N., tendo sido re-edificada de imediato; 1758, 22 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo coadjutor José Carneiro Soares, é referida a igreja, fundada pelo licenciado Amaro de Meireles, abade de Armelo, dotando-a com duas mil medidas de pão; a Mesa administra o seu capital que ronda os 200 mil cruzados; o hospital, administrado pela Santa Casa da Misericórdia e sem rendas; tem uma albergaria para peregrinos e uma imagem do Santo Cristo; 1764 - inicia-se a construção de uma nova fachada, adossada a toda a fachada S., voltada para o edifício dos Paços do Concelho, 1769 - a falta de verbas e alguns conflitos entre o poder político e a Santa Casa, levaram à interrupção das obras; 1770, 1 de Junho - por bula do pontífice Clemente XIV eleva Penafiel a Cidade; 1770 / 1778, 11 Dezembro - a igreja funcionou como Sé Catedral do bispado de Penafiel, sendo bispo D. Frei Inácio de Caetano; 1780 - foram resolvidos os conflitos entre a Câmara e a Misericórdia, pelo Desembargo do Paço, a favor da Misericórdia, no entanto as obras nunca foram concluídas; 1834 / 1850 - montagem do órgão proveniente do Mosteiro de Bustelo (v. PT011311030019)*1; 2004 - inauguração e abertura ao público do núcleo museológico distribuído pela igreja e espaços anexos; 2018, 12 maio - inauguração das obras de restauro da igreja. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Paredes exteriores em alvenaria rebocada e pintada de branco; alçado principal, torre, alçado poente, pilastras, pináculos, molduras dos vãos, frisos, cornijas e embasamento em cantaria de granito aparente; paredes interiores com acabamento a reboco estanhado; tecto da nave com acabamento a estuque; tecto da capela-mor em granito; pavimento da nave em taburnos de granito e tampas em cadeira; retábulos de madeira policromada e dourada; cobertura em estrutura de madeira, revestida a telha de barro do tipo aba e canudo; revestimento da cobertura da torre a azulejos azuis e brancos. |
Bibliografia
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Câmara Municipal de Penafiel, Editora: Imprensa Moderna, Ldª, Porto, 1945; Guia de Portugal, IV, I, 4º. Vol. Coimbra, 1985; Porto: do nome de Portugal, Lisboa, 1992; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; CEPÊDA, Augusto Abreu Lopes, A Misericórdia de Penafiel - a igreja e uma pintura antiga, Penafiel, 1990; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990; IPPAR, Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, vol. II, Lisboa, 1993; CORREIA, F. da Silva, Origens e Formação das Misericórdias Portuguesas, Lisboa, 1994; SOEIRO, Teresa, Cidades e Vilas de Portugal. Penafiel, Lisboa, Editorial Presença, 1995, pp. 46-57; CAPELA, José Viriato, MATOS, Henrique e BORRALHEIRO, Rogério - As freguesias do Distrito do Porto nas Memórias Paroquiais de 1758 - Memórias, História e Património. Braga: Universidade do Minho, 2000; GARCIA, Isabel de Bessa, A clássica arquitectura de Penafiel. O caso da igreja da Misericórdia, CD Actas das Jornadas de Estudos as Misericórdias como Fontes Culturais e de Informação, Outubro de 2001, Penafiel, 2002; FILIPE, Ana, DUARTE, Artur Jaime, MALHEIRO, Miguel, Igreja da Misericórdia de Penafiel: Espaço museológico, Revista Monumentos, nº 23, Lisboa, 2005, pp. 140-145; A Intervenção no Património Práticas de Conservação e Reabilitação, FEUP e DGEMN, Porto, Outubro de 2005, Vol. I, pp. 141-157. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMN |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DREMN, DGEMN:DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DREMN; Arquivo Municipal de Penafiel: Fundo da Santa Casa da Misericórdia de Penafiel |
Intervenção Realizada
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SCMP: 1989 - Reforço da abóbada; beneficiação de paramentos exteriores; pintura dos paramentos: 1990 - consolidação da abóbada da sacristia; beneficiação do lajeado do pavimento e caixilharias exteriores; 1992 - estudo prévio do arranjo da casa mortuária; execução do guarda-vento da entrada principal da igreja; estudo da instalação eléctrica; bar e salas de convívio; 1993 - execução do levantamento do imóvel. DGEMN: 1989 - substituição da instalação eléctrica; 1993 / 1994 - Obras de beneficiação da ala poente do edifício; 1999 - obras de conservação das coberturas; reconversão dos espaços anexos à sacristia e construção inacabada localizada a poente, em espaços museológicos; 2000 - obras de conservação dos espaços anexos à igreja, 1ª-fase; 2001 - obras de conservação dos espaços anexos à igreja, 2ª-fase; levantamento e estudo do espólio existente, para selecção das peças para exposição no núcleo museológico; 2018 - conclusão das obras de reabilitação da igreja, bem como de conservação e restauro do seu acervo artístico, investimento de cerca de 810 mil euros, apoiados por fundos comunitários. |
Observações
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Possui de grande interesse as alfaias provenientes de Paço de Sousa e as pinturas de António Penedo representado Jesus em Casa de Marta em lugar do trono do altar-mor. A imagem inserida no nicho da fachada principal é a de Nossa Senhora do Amparo. *1 - Executado entre 1758 / 1761, por A. J. dos Santos, tendo sido acrescentada uma pedaleira. |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1994 / Ana Filipe 2008 |
Actualização
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