Casa da Quinta da Prelada
| IPA.00005446 |
Portugal, Porto, Porto, Ramalde |
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Arquitectura civil residencial, maneirista, barroca e revivalista. Quinta composta por casa, a partir da qual se desenvolveria em eixo ao longo de grande extensão, o jardim, actualmente cortado, que culminaria no lago, onde se implanta uma torre ameada. Lateralmente, para E. situar-se-ia a mata, actualmente transformada em parque de campismo. O acesso principal é feito por portal armoriado misturando elementos maneiristas tais como pilastras cariátides em forma de sereia e aletas sobre pedestais com motivos flamenguistas, com elementos barrocos, posteriormente introduzidos por Nasoni, ao nível do remate. A casa de planta rectangular apresenta dois corpos barrocos, um deles correspondendo a uma torre, seguindo o modelo da casa-torre, com vãos recortados, e molduras também recortadas ricamente decoradas por volutas e conchas. Estes corpos pertencentes ao projecto de Nasoni seriam completados com mais três torres, em cada um dos ângulos, à semelhança do Palácio do Freixo (v. PT011312030008). Devido ao projecto inicial não ter sido concluído, a casa foi rematada com um corpo, cuja fachada voltada à principal seguiu os mesmos moldes decorativos, o que não se verificou na lateral, com vãos bastante mais simples, segundo modelos do final do séc. 19. O jardim encontra-se organizado segundo o eixo de uma alameda, atravessado por arruamentos, entre os quais se desenvolve, ainda em parte, zonas formais com canteiros de buxo, nos moldes do jardim francês. A alameda culmina num lago com torre ameada, fazendo a transição para o jardim inglês completado pela extensa mata, também ela atravessada por outra alameda, cujo culminar é novamente o lago. A torre implantada no meio do lago apresenta bastantes semelhanças com a que se encontra no Parque da Pena, em Sintra (v. PT031111120152). No jardim encontram-se várias fontes barrocas, com decoração exuberante de flores, figuras fantásticas, volutas e conchas. Nasoni concebeu para a Quinta da Prelada o seu esquema de grande traçado paisagístico submetido a um único eixo de desenvolvimento (CARITA, CARDOSO, 1998), hoje infelizmente parcialmente destruído, que começaria extra-muros da quinta, através de grande alameda ladeada por árvores com início em dois obeliscos, de ligação a meia laranja, a preceder o portal armoriado rasgado no muro, de acesso a pátio onde se ergue a casa, a partir da qual se inicia o longo jardim com alameda cruzada por arruamentos, onde se sucede um jardim formal, pomares e horta, culminando em lago circular com torre em ilha arborizada e gruta artificial, das mais antigas do Porto, já com linguagem do jardim inglês, fazendo a intersecção para a extensa mata desenvolvida a partir do local. O arquitecto conjugou na Prelada o jardim formal francês, tão em voga ainda em Portugal, com o jardim romântico, já em completamente voga em Inglaterra, situado no fim da extensa alameda do jardim definidora do eixo visual. A casa, originalmente no centro do eixo, é concebida como uma pequena parte integrante de toda a organização paisagística da quinta. O símbolo heráldico do castelo, ligado à família dos proprietários é repetido vezes sem conta, nomeadamente nos obeliscos que se encontravam no início do percurso, nos muros que precedem o portal armoriado, nas mísulas das sacadas e pedras de fecho das janelas, e até através do castelo torreado que se ergue no lago. |
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Número IPA Antigo: PT011312110042 |
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Registo visualizado 2465 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta retangular
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Descrição
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Quinta composta por casa, a partir da qual se desenvolveria em eixo ao longo de grande extensão, o jardim, actualmente cortado pela VCI, que culminaria no lago, onde se implanta uma torre. Lateralmente, para E. situar-se-ia a mata, actualmente transformada em parque de campismo. CASA de planta rectangular composta por quatro corpos, três deles dispostos paralelamente em que um corresponde a uma torre quadrangular no extremo O., e outro disposto perpendicularmente no eixo dos outros três. Volumes articulados e escalonados de dominante vertical, com coberturas em telhados diferenciados de três e quatro águas, com a água voltada à fachada posterior, no corpo perpendicular, bastante longa, com trapeira ao centro. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento, cunhais apilastrados e remates em cornija, ritmada por argolas de ferro, sob beiral, excepto no pano do extremo direito da fachada principal, encimada por platibanda com pedra de armas, e na torre com balaustrada limitada por pedestais independentes. Fachada principal voltada a S., com três panos diferenciados separados por pilastras, escalonados, correspondendo o do extremo esquerdo ao corpo da torre, marcada nos cunhais por meia cana côncava. A torre apresenta quatro registos, o pano intermédio, três, e do extremo direito, dois. Primeiro registo com porta em cada um dos panos, a central em arco canopial, com os batentes abrir para fora, e as laterais em arco polilobado encimadas por fragmentos de cornijas e volutas. Segundo superior com janelas de peitoril recortadas, duas no pano central, e uma em cada um dos extremos. Terceiro registo com três janelas de sacada com guarda em balaustrada de granito, no seguimento dos vãos do registo inferior, recortadas superiormente com molduras bastante ornamentadas, com aletas, orelhas e castelo no fecho, símbolo heráldico da família. As sacadas assentam em mísulas com símbolos heráldicos, também da família, nomeadamente castelos alternados com espadas, na torre combinados com cabeças de serpente. Último registo ao nível da torre, com janela também recortada superiormente, com moldura igualmente recortada e remate em frontão interrompido por concha, encimado por motivo floral que eleva a cornija de remate. Fachada lateral O., também de três panos, escalonados, o do extremo direito correspondendo à torre. O pano da torre e o central seguem linguagem decorativa idêntica à da fachada principal, em versão mais simplificada. O pano do extremo esquerdo, bastante mais baixo, apresenta os vãos desencontrados em relação aos outros panos e é rematado por meia empena. Fachada lateral E. com dois panos, o primeiro elevado ao centro, criando mais um terceiro registo, e o segundo pano com remate em meia empena. São rasgados por vãos de verga recta, correspondendo a portas, no primeiro registo, janelas de peito, no segundo, e de sacada no terceiro. Fachada posterior com visível escalonamento dos corpos, com o corpo perpendicular bastante mais baixo rasgado por vãos de verga recta. INTERIOR não observado. JARDIM dividido em duas áreas distintas, uma a S. e outra a N. da casa, separadas por gradeamento junto à fachada lateral, interrompido por portão entre pilares encimados por pináculos piramidais. Área S. de pequenas dimensões, rectangular, a preceder a fachada principal da casa, calcetada, com grande canteiro central rectangular, com os topos em semicírculo destacado no centro, relvado, com árvores de porte notável nos ângulos. Adossada ao muro, a E., encontra-se pequena fonte com bica floral em cartela oval, integrada no muro, e tanque de faces bojudas, com frontal côncavo. Área N., com pequeno terraço quadrangular, junto à fachada lateral da casa, com jardim de buxo, pontuado por camélias. Este terraço comunica através de escada com a zona da antiga extensa alameda, em quota mais baixa, que culminava no lago, actualmente cortada ao meio pela VCI. A alameda, ainda hoje perceptível, constituía uma longa latada, com colunas de cantaria oitavadas, de que ainda restam vestígios, coroada de vinha, bordejada de buxo e árvores. A atravessá-la encontravam-se três arruamentos perpendiculares, com pequena rotundas na intersecção, onde existiriam fontes, dos quais apenas é visível o que se encontra mais perto da casa. As quadras entre este arruamento apresentam, de um lado canteiros de buxo pontuados por várias espécies arbóreas, nomeadamente camélias e ciprestes, e do outro, um labirinto de buxo. A E. a área é percorrida por longo aqueduto de granito. No topo da alameda encontra-se o lago circular, inscrito em terraço rectangular, em quota superior, murado com casas de apoio nos ângulos, na face voltada a S.. A ligação deste espaço à alameda é feita por meia laranja lajeada a granito com três degraus, de onde partem dois lanços divergentes adossados ao muro do terraço. Entre estes, também integrada no muro encontra-se a chamada Fonte do Cágado, com espaldar de moldura recortada, rematado por fragmentos de cornija envolvidos por figuras fantásticas que se unem a grosso festão que brota, ao centro, de urna, que por sua vez é encimada por concha com golfinho e figura feminina, em cima deste. As figuras fantásticas, meias homem, meias pássaro seguram bica em forma de cágado de deita água para grande concha suportada por coluna que repousa em tanque semicircular. As casas de apoio, apresentam planta rectangular, com telhados de quatro águas, paredes em alvenaria de granito, remates em cornija sob beiral, e vãos de verga recta. No centro do largo surge ilha artificial, ajardinada, com torre circular de dois pisos, em alvenaria regular de granito, com remates em cachorrada encimada por merlões. O primeiro piso, de diâmetro maior é aberto por porta em arco pleno, voltada a S. e superiormente três frestas em arco quebrado, localizadas segundo os postos cardeais. O segundo piso apresenta uma única porta no alinhamento anterior, repetindo superiormente quatro frestas do mesmo tipo, de dimensões mais reduzidas, expostas duas a duas a O. e E.. No interior uma escada em caracol permite o acesso aos dois pisos da torre. A N. do terraço do lago está adossada ao muro do mesmo, no alinhamento da torre, uma gruta de planta rectangular, com uma bica de onde brota água. Encontram-se ainda vestígios de algumas fontes, que se espalham pela quinta e compunham todo o arranjo, nomeadamente a chamada Fonte do Broquel, com taça semicircular, sobre volutas, espaldar enquadrado por quarteirões, rematado por fragmentos de cornijas, encimada por pináculo, e ao centro nicho com bica em forma de cabeça de Medusa, lançando água pela língua olhos, sobre escudo com panóplias. |
Acessos
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Rua dos Castelos, Travessa da Prelada, Rua do Monte dos Burgos e Rua de Santa Luzia |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 28 536, DG, 1ª série, n.º 66 de 22 março 1938 / Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 *1 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, implantado em extensa área que pertencia à primitiva quinta, actualmente retalhada e entrecortada pela Via de Cintura Interna (VCI), criando dois núcleos, o da casa, a S., ladeado a E. pelo Hospital da Prelada, também ele implantado em parte dos terrenos da quinta, e o núcleo do lago, torre e fontes, a N., ladeado, também, a E. pelo Parque de Campismo da Prelada, que ocupa os terrenos da antiga mata da quinta, da qual ainda restam alguns exemplares arbóreos seculares. O acesso ao núcleo da casa é feito por portal no alinhamento da sua fachada principal, precedido por largo em meia laranja, calcetado e delimitado no lado oposto entre o início da R. dos Castelos por muro com pináculos em forma castelo. O portal é rasgado em alto muro de alvenaria irregular de granito, em pano elevado, delimitado por pilastras emolduradas, de ordem jónica, rematado por frontão curvo, de volutas, interrompido por grande pedra de armas dos Noronha e Menezes, enquadrada por volutas, cartelas com enrolados e putti. O vão, de verga recta, é enquadrado por pilastras cariátides em forma de sereia e aletas sobre pedestais com motivos flamenguistas. As sereias suportam quarteirões que se ligam ao entablamento de remate do vão, ricamente decorado com volutas e encimado por urnas, no enfiamento dos quarteirões. O núcleo do lago, torre e fontes apresenta actualmente o único acesso por portal voltado à Rua do Monte dos Burgos, enquadrado por pilastras emolduradas e aletas estilizadas, que comunica longa alameda arborizada, incluída actualmente no Parque de Campismo, e culmina em portal aberto em muro de alvenaria recortado encimado por urnas, que separaria a zona do jardim da mata. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Propriedade
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Privada: Misericórdia |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Nicolau Nasoni (1758), António Barbosa; JARDINEIRO: João José Gomes (séc. 19), |
Cronologia
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1258 - segundo as Inquirições da data existiam no local da Prelada quatro casais pertencentes à D. Mafalda; Séc. 17, segunda metade - Construção do portal principal e provavelmente da primitiva casa da família Noronha de Meneses; 1743 / 1748 - início da construção da nova casa e jardim, segundo risco de Nicolau Nasoni; o arquitecto trabalhou ainda o portal seiscentista da quinta, introduzindo novos elementos como frontão e a pedra de armas (AZEVEDO, 1988); 1758 - a quinta é descrita nas Memórias Paroquiais por Francisco Mateus Xavier de Carvalho, mencionando que a casa ainda estava em construção *2; era proprietário da quinta D. António de Noronha de Meneses e Melo, casado com a sua sobrinha D. Mariana Isabel da Mesquita e Noronha, herdeira da Quinta da Prelada; a casa viria a ser herdada pelo filho D. Manuel de Noronha e Meneses da Mesquita e Mello; séc. 19 - o jardineiro da Câmara Municipal do Porto, João José Gomes, faz diversos trabalhos no jardim; 1832, 8 de Julho - os expedicionários liberais desembarcados a S. do Mindelo, entraram na cidade pelo caminho que flanqueava a Quinta da Prelada, bem perto dos obeliscos (v. PT011312050027) que se encontravam à entrada da alameda que conduzia à quinta, actual R. da Prelada, passando desde então os mesmos a marcar a entrada das reduzidas forças de D. Pedro IV; 1833 - segundo desenho de Joaquim Vilanova estavam construídos os dois corpos, de Nasoni (torre e corpo central), encontrando-se outra construção, adossada, mais baixa e longa, de grande simplicidade, provavelmente restos da construção primitiva; 1876 - era proprietário da quinta D. Manuel de Noronha, conhecido como D. Manuel da Prelada; 1884 - um dos obeliscos é deslocado ligeiramente para alargamento da actual Rua direita de Francos; séc. 19, final - a construção, que se encontrava adossada aos dois corpos, de Nasoni, é demolida para dar lugar a outro corpo com o objectivo de rematar o conjunto; 1904 - a quinta é legada por D. Francisco de Noronha de Meneses à Santa Casa da Misericórdia do Porto; os obeliscos da quinta são posteriormente retirados; 1918 - instalação na Rua da Prelada dos estúdios da Invicta Filmes, utilizando muitas vezes para filmagens exteriores a Quinta da Prelada; 1937 - os obeliscos são colocados no jardim do Passeio Alegre; 1938, 22 Março - classificação como Imóvel de Interesse Público do Lago, fontes e escadarias que restavam da Quinta da Prelada, que veio a ser revogada pela classificação de 1977, abrangendo todo o conjunto, incluindo a casa, os jardins e mata; 1961 - abertura do Parque de Campismo da Prelada, ocupando a área da mata da quinta; 1987 - inauguração do Hospital da Prelada, construído em parte dos terrenos da quinta; 2004 - o lar que se encontrava instalado na casa é encerrado; 2006 - foi encerrado o parque de campismo; 2011, 1 de Julho - os jardins são abertos ao público. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estruturas, portais, elementos decorativos, guardas, fontes, bancos, aqueduto, muros de delimitação e suporte de terras, em granito; portas e janelas em madeira; guardas de algumas sacadas e do primeiro terraço da área N. do jardim, em ferro; cobertura em telha de canudo. |
Bibliografia
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A Cidade do Porto na Obra do Fotógrafo Alvão, 1872-1946, Porto, 1984; DIAS, Pedro A., Subsídios para a História do Porto, Porto, 1986; ALMEIDA, José António Ferreira de, Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1988; ARAÚJO, Ilídio Alves de, Arte Paisagista e Arte dos Jardins em Portugal, vol. I, Lisboa, 1962; IDEM, Jardins, Parques e Quintas de Recreio no aro do Porto, Porto, 1979; AZEVEDO, Carlos de, Solares Portugueses, 2ª edição, Lisboa, 1988; CARITA, Hélder, CARDOSO, Homem, Tratado da grandeza dos jardins em Portugal, 2ª edição, Amadora, 1998; CARVALHO, João, Misericórdia do Porto. Cinco séculos a fazer o bem, in O Tripeiro, 7ª série, Ano XVIII, nº12, Dezembro, Porto, 1999; CLETO, Joel, Rua da Prelada A Povoação das Pirâmides, in Jornal de Ramalde, 3ª série, nº 12, Porto, 22 Fevereiro 2002, p. 2; IDEM, Travessa da Prelada O Mistério da Pedra, in Jornal de Ramalde, 3ª série, nº 14, Porto, 22 Março 2002, p. 2; IDEM Rua Monte dos Burgos (2) A Rua do Campismo, in Jornal de Ramalde, 3ª série, nº 27, Porto, 15 Outubro 2002, p. 2; FERREIRA-ALVES, Joaquim Jaime B., A Casa Nobre no Porto na época Moderna, Lisboa, 2001; FERREIRA, José Augusto, Porto, Origens Históricas e Monumentos, Porto, 1928; FREITAS, Eugénio de Andrea da Cunha Freitas, A antiga sede da Misericórdia, in O Tripeiro, 7ª série, Ano XVIII, nº12, Dezembro, Porto, 1999; Guia de Portugal, IV, I, Fundação Calouste Gulbenkian, Coimbra, 1994; LEAL, Pinho, Portugal Antigo e Moderno, Dicionário, Lisboa, 1876; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal, Cidade do Porto, Lisboa, 1995; http://jn.sapo.pt/2005/02/02, 9 Fevereiro 2006; http://www.jn.pt/paginainicial/pais/concelho.aspx?Distrito=Porto&Concelho=Porto&Option=Interior&content_id=1882696, 1 de Julho de 2011. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN / Arquivo Pessoal do Arquitecto Paisagista Ilídio de Araújo; SCMP: AH |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN / DSID |
Documentação Administrativa
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SCMP: AH |
Intervenção Realizada
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SCMP: 1970 - Transformação das duas casas de apoio em "bungalows"; 1975 - iluminação envolvente ao lago através de postes; 2010 / 2011 - primeira fase de requalificação da casa, capela e jardins. |
Observações
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*1 - O Decreto de 1938 classificou o "Lago, fontes e escadaria que resta da Quinta da Prelada" e o Decreto de 1977 classificou a "Casa da Prelada, com o conjunto que a envolve, designadamente a mata e o jardim". *2 - segundo as Memórias Paroquiais "No lugar da Prelada há uma quinta (...) a sua entrada principal é no lugar do Carvalhido (...), onde faz um largo de 360 pés de comprimento e 43 de largo: no fim dele se elevam duas pirâmides de figura triangular assentadas sobre três bolas de pedra; elas têm de altura 30 pés e dois terços, acabam em ponta aguda com uma torre em cima, que são as armas dos Noronhas; as bases que as sustentam têm de alto 10 pés. Pegado às pirâmides começa a primeira entrada que tem de comprimento 756 pés e pouco mais dois terços, e de largura 35 pés; este caminho que corre bastantemente do Nascente para o Norte está bordado de árvores silvestres postas ao nível. No fim desta primeira entrada se levantam dois pedestais de 10 pés de alto, e também acabam com a figura de uma torre. E aqui retrocede o caminho para nascente onde faz uma carreira, até à porta, de 678 pés de comprido e 25 de largo, também copada de árvores silvestres. No fim desta entrada, e um pouco apartadas da porta, há duas grandes meias laranjas, de pedra lavrada com seus assentos. A porta é de relevo e tem 8 pés de largo e pouco mais que 13 de alto, mas o escudo das armas, que sobe 8 pés, lhe serve de remate. Dentro faz um pátio de 120 pés de fundo e 113 e 1/3 de largo, e tem em um dos lados uma fonte. As casas estão começadas com o risco de Nasoni e só a galeria que fica para o mar está acabada com uma torre que franquearam no cunhal do Poente, e que faz vista para o pátio... Esta obra há-de ter a largura do pátio e de fundo 40 pés com torres quadradas nos cantos. Nas escadas que descem para a quinta tem em um dos seus pátios uma fonte que faz a figura de um bruquel com a cabeça de Medusa, lançando água pela língua, e cabelos que transformados em cobras, deitam pelos olhos a água. Para a parte da quinta e debaixo da galeria das casas há um jardim de árvores do Norte e de espinho; a sua figura é oval e no meio tem um grande tanque redondo de água. Em correspondência deste jardim há outro irregular, mas de bom risco com árvores de boa vista e bem tratadas. Tem um tanque oitavado com uma estátua da Aurora sustentando em um dos braços uma cornucópia por onde saem alguns registos de água. Esta figura está sentada em um delfim pegando-lhe na cauda com uma mão. Para o Nascente fica um pomar de fruta de espinho doce; nele há um tanque para as aves anfíbias, e em um dos lados uma casa de pássaros. Pegando ao segundo jardim há um labirinto de buxo, que tem 72 pés e 3/4 por lado; a arte lhe fez com algumas figuras do mesmo buxo, mais vistosa a simetria. No fim das escadas sai do dois jardins uma rua que tem de comprido 1290 pés e de largo 10 e 2/3. Grande parte desta carreira é coberta de madeira em oitavo, e assentada em colunas de pedra, da mesma forma; ela é copada de vides e bordada de buxo de 4 pés de alto com árvores por um e outro lado. Na quarta parte desta rua há um tanque oitavado de água e na volta corre a largura da mesma rua. Ele tem no meio uma pirâmide que lança por dois registos água para o ar, e no assento do mesmo tanque um jogo de águas. Neste sítio há alguns assentos de pedra pintados a fresco, e por ele corre para um e outro lado uma rua com o mesmo ornato. As espaldas dos assentos são guarnecidas de azereiros para fazerem sombra. Mais adiante e quando se acaba esta abóbada de árvores, para um dos há uma fonte com ruas de limoeiros e laranjeiras. Segue-se um oitavado de onde saem duas ruas guarnecidas de aveleiras, fechadas em volta redonda. Nestas ruas há assentos de laurestins. Segue-se um mirante de onde nascem duas ruas guarnecidas com árvores de fruta de caroço. A rua principal, acompanham por uma e outra parte, quartos de hortaliças e pomares bordados de buxo. As ruas que ficam encostadas aos muros são guarnecidas de alecrim, salva e outras ervas cheirosas, e os mesmos muros tecidos de limoeiros que cobrem parte de uma delas. Vai a rua principal ter a um pátio onde se forma escada de dois lanços; no meio do pátio está uma fonte que é um cágado que lança água pela boca, e ela cai em uma grande concha. Servem de ornato àquela figura dois rapazes com semelhanças de monstros, e este sítio é obra de "Moyzaica". Subindo pelas escadas se dá em um planície irregular (...) Nela há um lago artificial, e perfeitamente redondo. (...) No meio dele está uma ilha onde se levanta uma torre de dois corpos (...) Na testa deste terreno há uma fonte bruta com a figura de Polifemo: ela tem na cabeça uma grande pedra e dos pés lhe... um golfo de águas que vão para o lago. De fronte desta figura e no meio do lago está uma estátua que representa Asis; esta lança água pela boca e veias dos braços, e na ilha há outra estátua de Galetea. Todas as figuras, que são de pedra, estão muito bem cortadas. Nos dois lados do lago que fazem vista para a quinta, estão duas casas de campo. Todo o mais terreno tem plátanos, cedros, arciprestes, e outras árvores, e os muros cobertos de limoeiros. Para a parte do Nascente, no mesmo sítio, há um pórtico com duas janelas, por onde se entra para a mata que esta quinta tem, e é capaz ainda para a caça grossa. Deste pórtico nascem três ruas que por si mesmo se vão separando, e a do meio vai ter a um pórtico de figura oval que está na estrada Viana e Galiza, e deste pórtico nascem outras três ruas que vão ter às portas da quinta (...). |
Autor e Data
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Isabel Sereno 1994 / 2000 / Patrícia Costa 2006 |
Actualização
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Ana Filipe 2011 |
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