Casa da Rua da Alfândega Velha / Casa do Infante

IPA.00005451
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Arquitectura civil pública, medieval e seiscentista. Edifício público de planta composta cujos principais momentos de construção se situam nos séculos 14 e 17. Situa-se na encosta ribeirinha do Douro, numa zona fortemente marcada pela expansão trecentista e quatrocentista da cidade. Data dessa época a construção do edifício da alfândega régia que está na origem da actualmente designada Casa do Infante. Por outro lado, para além da Alfândega, também a Casa da Moeda do Porto esteve aqui situada desde os finais do séc. 14, configurando-se então este conjunto de espaços edificados como o antigo Centro de Serviços da Coroa na Cidade. As primitivas Casas do séc. 14 foram sucessivamente transformadas e envolvidas por outras estruturas dos séc. 15 e 17, ocasionando uma complexa justaposição de construções de épocas diferentes. Esta primeira organização dos espaços com origem Baixo-medieval, foi drasticamente reformulada pela obra da 2ª metade do séc. 17 em grande parte responsável pela estrutura actual do edifício da Casa do Infante.
Número IPA Antigo: PT011312130012
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Político e administrativo central  Casa da moeda    

Descrição

Planta composta por quatro corpos rectangulares justapostos. Volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de 2 e 4 águas. Fachada principal de quatro andares rasgados por janelas de arco conopial; no 1º, no canto direito, porta larga de arco pleno encimado pelas armas da coroa e inscrição datada de 1677. Os corpos posteriores desenvolvem-se a uma cércea uniforme mais baixa. A partir da entrada principal tem-se acesso, por um amplo arco, a um pátio enquadrado por dois cobertos, também com um único arco, os quais constituem o segundo corpo edificado. Uma larga porta liga o pátio aos restantes corpos que prolongam o edifício para E. Nestes, o primeiro é constituído por um amplo espaço de três naves definidas por uma alta arcaria. Na sua continuidade, o último corpo possui dois pisos, sendo o acesso ao 2º pavimento realizado a partir da nave central por uma larga escadaria. Na fachada posterior existe uma série de altas janelas que iluminam aquele pavimento. Esta fachada abre para um estreito pátio o qual envolve o edifício pelos lados E. e N. Daqui tem-se acesso à R. Infante D. Henrique através de um túnel em rampa, que abre por uma porta em arco abatido encimada pelas armas da coroa. Junto a esta porta existe ainda uma pedra com o escudo da dinastia de Aviz. As escavações arqueológicas em curso (1995) neste edifício identificaram e puseram a descoberto um vasto conjunto de estruturas enterradas distribuídas por toda a sua área destacando-se as que estão a permitir reconstituir a organização medieval das Casas da Alfândega e da Moeda bem como os vestígios de uma construção romana de grandes dimensões apresentando pavimentos em mosaico polícromo datável do Baixo Império.

Acessos

Rua da Alfândega, Rua do Infante D. Henrique nº 47 a 53

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 9 888, DG, 1ª série, nº 146 de 02 julho 1924 / ZEP, Portaria, DG, 2ª série, n.º 27 de 02 fevereiro 1960 *

Enquadramento

Urbano, adossado. Localiza-se em pleno Centro Histórico, na zona ribeirinha, com a fachada principal virada a uma rua de pendor acentuado que desce da Praça do Infante D. Henrique para o Largo do Terreiro a partir do qual se tem acesso ao Cais da Estiva junto do rio Douro.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Política e administrativa: casa da moeda

Utilização Actual

Cultural e recreativa: arquivo

Propriedade

Pública: Estatal

Afectação

Época Construção

Séc. 14 / 17

Arquitecto / Construtor / Autor

João Eanes Melacho (séc. 14) / Marquês de Fronteira (séc. 17).

Cronologia

1325 - Referência ao início das obras para a construção da Alfândega régia; 1354 - referência às Casas da Alfândega como se encontrando já construídas e em utilização; séc. 14, último quartel - 1ª referência à Casa da Moeda do Porto durante o reinado de D. Fernando I; 1432 - data inscrita numa epígrafe permitindo datar a obra de construção do espaço alpendrado diante da entrada principal; 1587 - última referência a laboração na Casa da Moeda; 1607 - Alvará de extinção da Casa da Moeda; 1628 - referência a obras nas antigas Casas da Moeda; 1656 - O Vedor da Fazenda dá ordem para mudar a Alfândega para as antigas Casas da Moeda e pôr rapidamente em pregão as obras da Alfândega; 1677 - inscrição comemorativa da obra da Alfândega: "SVB PRINCIPE PETRO / ANNO MDCLXXVII / POR DIRECÇÃO DO MARQVES DE FRONTEIRA / GENTILHOMEM DA CAMARA DE S.A. E SEV VEA/DOR DA FAZENDA"; 1688 - carta régia determinando a reabertura da Casa da Moeda e obras na nova Casa da Moeda; 1860 - inicia-se a construção do novo edifício da Alfândega em Miragaia tendo os serviços sido gradualmente transferidos para as novas instalações; 1894 - descerramento de uma lápide sobre a entrada principal comemorativa do nascimento do Infante D. Henrique; 1923 - projecto de reedificação da fachada principal que lhe acrescentou mais um andar.

Dados Técnicos

Estrutura mista.

Materiais

Granito, cantaria, betão, madeira.

Bibliografia

AZEVEDO, Rogério de, A Casa do Infante. Elementos para o estudo da sua reconstituição, Boletim Cultural, 22 (1 - 2), Porto, Março / Junho 1960, pp. 264 - 290; idem, Casa da Rua da Alfândega Velha, Porto, Boletim da DGEMN, Nº 103, Porto, 1961; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no Ano de 1961, 1º Vol., Lisboa, 1962; Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1976; A Alfândega do Porto e o Despacho Aduaneiro. Exposição organizada pelo Arquivo Histórico Municipal do Porto, Porto, 1990; REAL, M. L., GOMES, P. D. e TEIXEIRA, R. J., Casa do Infante. Uma história a refazer, Oceanos, nº 12, Lisboa, Novembro de 1992, pp. 17 - 22; Porto a Património Mundial, Porto, 1993, p. 164; Património Arquitectónico e Arqueológico Classificado, Inventário, Lisboa, 1993, vol. II, Distrito do Porto, p. 56; REAL, M. L., GOMES, P. D. e TEIXEIRA, R. J.,2. A Tradicional Casa do Infante, Catálogo da Exposição Henrique, O Navegador, Porto, 1994, p. 135 - 196; REAL, Manuel Luis, GOMES, Paulo Dordio, TEIXEIRA, Ricardo Jorge, MELO, Maria Rosário, Intervenção Arqueológica na Casa do Infante (Porto). Avaliação do Projecto em Dezembro de 1994, 1º Congresso de Arqueologia Peninsular, Actas VII, Trabalhos de Antropologia e Etnologia, vol. 35 (3), Porto, 1995.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMN

Intervenção Realizada

DGEMN: 1957 / 1958 - levantamento das plantas e corte; 1958 - sondagens; obras de beneficiação geral; escavações para sondagens; 1959 - prosseguimento das obras de restauro e consolidação; 1960 - aquisição de candeeiros de iluminação para os tectos e paredes; montagem da instalação eléctrica; construção de pavimentos de betão armado no corpo frontal; conclusão dos pavimentos de moradias e guarda da escada do corpo frontal; fornecimento e colocação de madeiras em tectos e escadas de betão do corpo frontal; construção dos tectos de madeira nos salões do pátio central; execução de tectos de madeira planos / vigados nos salões laterais do corpo central; revestimento com madeira de castanho de tectos de betão armado; aplicação de madeiramentos dos tectos de betão dos andares intermédios do corpo frontal; construção de janelões de cantaria e pavimentação do pátio central e salões contíguos; construção da nova cobertura do corpo frontal; trabalhos de restauro do corpo frontal; obras de restauro, conservação e adaptação; reconstrução de pavimentos e acessos dos corpos central e posterior, trabalhos de conservação e restauro nos armazéns; diversos trabalhos de pedreiro e complementares das redes de saneamento; drenagem e lajeamento de pavimentos dos salões laterais e pátio posterior; conclusão de coberturas e consolidação de paredes; construção de tectos esquadrias de vãos com madeira de castanho; madeiramentos em tectos e pavimentos do corpo posterior e seus acessos; obras complementares do restauro do corpo frontal e salões laterais do pátio anexo; diversos trabalhos de carpintaria no r/c e andar do corpo posterior; acabamento das paredes e tectos dos serviços sanitários e de outras dependências; instalação de louças e canalização dos serviços sanitários do corpo posterior; fornecimento e colocação de vidro em caixilhos de madeira dos vãos de janela; 1991 - início do projecto de remodelação e ampliação das instalações do Arquivo Histórico Municipal do Porto, o qual incluiu, numa 1ª fase, a realização de uma intervenção arqueológica em curso (1995) da responsabilidade de Manuel Luis Real, director do AHMP, e dos arqueólogos Paulo Dordio Gomes e Ricardo Teixeira, sendo o autor do projecto de arquitectura o arquitecto Nuno Tasso de Sousa.

Observações

* DOF... Casa da Rua Alfândega Velha, onde segundo a tradição nasceu o Infante D. Henrique, abrangendo o conjunto de edificações que constituiam no séc. 14 o "Armazém Velho ou Alfândega Régia", e que se estendem até à Rua do Infante D. Henrique, por onde tem entrada, e especialmente o portal da fachada da Rua da Alfândega Velha, seu escudo de armas e lápide comemorativa inaugurada em 4 de Março de 1894, os fragmentos artísticos e arqueológicos do séc. 14, ou anteriores, encontrados ou que possam vir a encontrar-se nessas edificações, o portal da entrada da Rua do Infante D. Henrique e o escudo de armas de D. João I, ambos existentes na fachada de uma casa que tem naquela Rua os nºs 47 a 53.

Autor e Data

Isabel Sereno / Paulo Dordio 1995

Actualização

 
 
 
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