Convento de São Bento da Vitória
| IPA.00005556 |
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória |
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Convento maneirista com igreja cruciforme, de nave única precedida por galilé, capelas colaterais intercomunicantes e abóbada de berço em caixotões, e dois claustros. Capelas com retábulos de talha dourada de estilo nacional e joanino. O claustro principal tem motivo serliano. O cadeiral, de estilo nacional, com relevos narrativos da vida de São Bento de grande qualidade, é um dos melhores do estilo. O retábulo-mor constitui o mais grandioso exemplar do tipo de retábulo com tribuna de estilo nacional na variante em que as colunas alternam com pilastras. Retábulos de estilo joanino de vários andares e sanefa do arco triunfal também joanino, de forma tradicional. |
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Número IPA Antigo: PT011312150039 |
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Registo visualizado 4791 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro masculino Ordem de São Bento - Beneditinos
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Descrição
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Planta composta por igreja cruciforme, de nave única e transepto saliente, dois claustros, um quadrangular e outro rectangular, e dependências conventuais desenvolvidas à esquerda. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e quatro águas. A fachada principal da igreja, toda de cantaria, possui três registos separados por cornijas salientes e vários corpos ritmados por pilastras sobre embasamento moldurado. No primeiro registo abrem-se cinco vãos de arcos plenos, sendo o central maior, fechados por gradeamentos. Sobrepôem-se-lhes, ao nível do segundo registo, duas janelas com frontão circular, e, ao centro, três nichos com frontões triangulares e um circular, com imagens de Santa Escolástica, São Bento e Santa Gertrudes Magna. O terceiro registo, mais estreito e com remate lateral curvo, é rasgado por um grande janelão semicircular; sobre uma cornija, frontão circular com nicho e imagem de Nossa Senhora da Vitória. No alinhamento das pilastras, dispõem-se frontal e superiormente no terceiro registo pináculos. Mais recuada à fachada, organizam-se duas torres sineiras quadradas, também de cantaria, com duplas pilastras nos cunhais e coroadas por cúpulas. O edifício conventual, de alvenaria rebocada, com pilastras nos cunhais encimados por pináculos, possui quatro pisos, rasgados regularmente por janelas, tendo os dois pisos superiores bandeiras. Interior: galilé com abóbada de tijolo. Nave com seis capelas colaterais intercomunicantes, de arco pleno, com retábulos de talha e encimadas por tribunas, ambas com sanefas de talha; cada capela é fechada por balaustrada de jacarandá. Coro-alto com cadeiral em U, de duas filas e espaldar ricamente decorado com cenas da vida de São Bento. Do lado do Evangelho, encosta-se-lhe órgão de tubos em talha. No topo da nave, dois púlpitos quadrados com baldaquino. Os braços do transepto têm no topo retábulos de talha ladeados por portas e janelas e encimadas por janelão semicircular, todos com sanefas de talha; ladeando o arco triunfal, capela com retábulo e janela. Nave e transepto coberta por abóbada de canhão em caixotões e de aresta no cruzeiro. Arco triunfal pleno sobre pilastras sobrepujado por sanefa. Capela-mor rasgada colateralmente por seis janelas com sanefas de talha encimando cadeiral; amplo retábulo de talha e cobertura em abóbada de canhão formando caixotões. Ante-sacristia abobadada, com lambril de azulejos, grande lavatório e várias imagens. Sacristia rectangular com abóbada de berço, retábulo de talha dourada, contadores embutidos na parede e grande arcaz. O claustro contíguo à portaria, todo em cantaria, possui dois pisos separados por cornija e ritmados por duplas pilastras com vãos rectangulares entre elas. Em cada ala, abre-se no 1º piso três arcos plenos e no 2º janelas de sacada com bandeira, balustrada de cantaria e frontões triangulares e circular. Sobrepujando as coberturas, bolas sobre plintos no alinhamento das pilastras e cartelas com enrolamentos ao centro. O outro claustro, de três pisos separados por frisos, têm apenas duas alas com arcos plenos sobre pilares e janelas de guilhotina nos pisos superiores. |
Acessos
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Vitória, Travessa de São Bento da Vitória; Travessa de São Bento; Rua e Travessa das Taipas |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 |
Enquadramento
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Urbano. Ergue-se em pleno centro histórico com fachada principal virada para uma rua apertada e junto a outros monumentos classificadas. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: Igreja / Cultural e recreativa: arquivo *1 |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: Diogo Marques Lucas; Gabriel Rodrigues (púlpito, caixas, varandas e enquadramento de talha do órgão, atr. do retábulo-mor, cadeiral); Marceliano de Araújo (painéis do cadeiral); entalhadores José da Fonseca Lima e José Martins Tinoco (retábulos do transepto), António Cardoso e Manuel Vieira; Frei Domingos de São José Varela (órgão); mestres pedreiros Domingos Pires e Manuel Luís da Costa (sacristia); João Gonçalves dos Santos (ourives). ORGANEIROS: Frei Manuel de São Bento (1750); Pedro Guimarães (1996). |
Cronologia
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1597 - Chagada ao Porto dos frades beneditinos; 1598 - data do alvará régio da concessão; fundação; 1598 / 1646 - construção do convento; 1599 - instalação de alguns religiosos; 1604 - início da construção, prolongando-se os trabalhos durante cerca de 100 anos; 1656 / 1659, entre - colocação de lavatório na antiga sacristia; 1659 / 1662 - construção da portaria; conclusão da escada para o claustro; 1662 - execução de um órgão que existia no coro-alto; 1665 - reparação do órgão; 1690 - as obras da fachada da igreja estavam quase concluídas; 1705 - data dos pedestais onde assenta o retábulo-mor; adjudicação da sacristia; 1710, cerca de - espelho da sacristia; 1713 - encomenda do retábulo para a sacristia; 1716 / 1719 - balaustrada das capelas da nave; início da construção do órgão, do lado da Epístola, pelo Frei Manuel de São Bento; 1718, 8 Maio - António Cardoso e Manuel Vieira executaram o coro-alto, grades, cruz e seis capelas; 1719, 30 Abril - o órgão, do lado da Epístola, estava em adiantada fase de construção; estava assente a caixa do órgão da autoria de Gabriel Rodrigues e é-lhe dada de empreitada a caixa do órgão mudo, que lhe fica fronteiro; 1722 - continuam as obras dos órgãos; 1722 / 1725 - colocação do retábulo-mor; colocação do púlpito; despendem-se 24$600 réis para o douramento dos canos do órgão; 1725 / 1728, anterior a - feitura dos retábulos laterais do arco triunfal; 1734 - data do arcaz da sacristia; 1737 - colocação da estátua de São Bento; 1740 / 1743 - construção do outro claustro; 1750 - Frei Manuel de São Bento intervém nos órgãos; séc. 18, meados - feitura dos retábulos dos braços do transepto; 1758 / 1761 - reforma dos órgãos, com o aumento do número de registos; 1761 / 1764 - renovação do refeitório; 1773 / 1776 - colocação das estátuas nos nichos da fachada da igreja; colocação de credência na capela-mor; 1776 / 1779 - colocação de azulejos policromos na sala do capítulo; 1777 / 1780, entre - modificações no altar-mor; 1780 / 1783 - renovação decorativa da sala da livraria; 1783 / 1786 - reforma dos órgãos por Frei Domingos de São José Varela; 1786, 8 de Março - contrato de ajuste com o ourives João Gonçalves dos Santos para a execução de dois lampadários de prata para a Confraria do Santíssimo Sacramento; 1789 / 1792 - colocação do cadeiral na capela-mor; séc. 18, fins - construção ou beneficiação do órgão; séc. 19 - colocação das grades das tribunas da nave; no período da Guerra Peninsular e posteriormente, parte do convento esteve ocupado pelas tropas invasores; 1810 / 1822, entre - o convento esteve ocupado por tropas portuguesas, que ai instalaram um hospital militar; 1832 - a sede da paróquia de Nossa Senhora da Vitória foi transferida da sua igreja para a do mosteiro, e ai se conservou até 1852; 1834 - extinção das ordens religiosas, instalando-se sucessivamente no mosteiro tribunais, as tropas da Junta do Porto durante a revolução popular de 1846 - 1847, o Batalhão de Caçadores 9 e outros serviços militares *2; 1852 - a igreja foi entregue à Confraria do Santíssimo Sacramento e Imaculada Conceição de Maria; depois de - desaparecimento dos ornatos de bronze do arcaz da sacristia; 1880 - restauro do órgão por António José dos Santos e filho, dirigindo o trabalho Teotónio J. Pereira; 1922 - grande incêndio destruiu parte do edifício; 1942 - a igreja é entregue aos monges de Singeverga; 1993 - instalação da Orquestra Clássica no convento; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1995, 27 julho - inauguração do Arquivo Distrital; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; o claustro nobre passa a estar a cargo do Teatro Nacional São João. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paresdes portantes. |
Materiais
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Cantaria de granito, betão, ferro fundido, madeira (pau preto, jacarandá, outras), azulejos, talha. Cobertura de telha. |
Bibliografia
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ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. III, Viseu, 2001; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, A ourivesaria portuense nos séculos XVII e XVIII, análise de alguns contratos, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 335-354; GIL, Júlio, As Mais Belas Igrejas de Portugal, Lisboa, 1992; Porto a Património Mundial, Porto, 1993; PEREIRA, Ana Cristina, Dissertação de Mestrado, MIPA, FAUP, Orientação Cientifica do Prof. Doutor Carlos Alberto Esteves Guimarães, outubro 2007; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995; s.a., Mosteiro de S. Bento - Quatro Séculos em Exposição, Suplemento Sete do 1º de Janeiro, Lisboa, 20 Abril 1997; SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vols. I e II, Braga, 1990. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN:DREMN |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN |
Intervenção Realizada
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Proprietário: 1880 - restauro do órgão por Teotónio J. Pereira e António dos Santos, organeiro de Mangulade; DGEMN: 1984 - Adaptação a Museu Nacional de Literatura; 1985 - adaptação a Centro Nacional de Música; beneficiação das coberturas; beneficiação da ala ocupada pelos beneditinos; impermeabilização; 1986 - instalação da ordem beneditina: trabalhos complementares e beneficiação; 1988 - instalação da ordem beneditina: trabalhos complementares; 1989 - quartos da ala norte; 1990 - instalação da ordem beneditina; IPPC: 1984 - início das obras de restauro e recuperação do convento; IPPAR: 1996 - recuperação do coro-alto e salas anexas à Igreja; 1999 / 2000 / 2001 - intervenção no órgão pelo organeiro Pedro Guimarães (Opus n.º 17 e n.º 32). |
Observações
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*1 - A Orquestra Clássica do Porto ficou instalada na parte do claustro nobre e adjacências, o Arquivo Distrital do Porto na área do claustro dos carros e ala transversal e a cela dos Padres Beneditinos na zona da igreja, ala N. e 3º piso da ala O.. *2 - Enquanto foram vivos os monges beneditinos de São Bento da Vitória, reuniam-se anualmente na igreja para a celebração litúrgica do dia do seu Patriarca. Após a morte do último monge, a celebração deixou de se realizar. *3 - O interior da igreja esteve revestido a azulejos seiscentistas, dos quais restam apenas alguns no Museu Municipal e nas casas adjacentes ao convento. |
Autor e Data
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Isabel Sereno e João Santos 1994 / Paula Noé 1998 |
Actualização
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Ana Filipe 2012 |
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