Convento de São Bento da Vitória

IPA.00005556
Portugal, Porto, Porto, União das freguesias de Cedofeita, Santo Ildefonso, Sé, Miragaia, São Nicolau e Vitória
 
Convento maneirista com igreja cruciforme, de nave única precedida por galilé, capelas colaterais intercomunicantes e abóbada de berço em caixotões, e dois claustros. Capelas com retábulos de talha dourada de estilo nacional e joanino. O claustro principal tem motivo serliano. O cadeiral, de estilo nacional, com relevos narrativos da vida de São Bento de grande qualidade, é um dos melhores do estilo. O retábulo-mor constitui o mais grandioso exemplar do tipo de retábulo com tribuna de estilo nacional na variante em que as colunas alternam com pilastras. Retábulos de estilo joanino de vários andares e sanefa do arco triunfal também joanino, de forma tradicional.
Número IPA Antigo: PT011312150039
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Convento / Mosteiro  Mosteiro masculino  Ordem de São Bento - Beneditinos

Descrição

Planta composta por igreja cruciforme, de nave única e transepto saliente, dois claustros, um quadrangular e outro rectangular, e dependências conventuais desenvolvidas à esquerda. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de uma, duas e quatro águas. A fachada principal da igreja, toda de cantaria, possui três registos separados por cornijas salientes e vários corpos ritmados por pilastras sobre embasamento moldurado. No primeiro registo abrem-se cinco vãos de arcos plenos, sendo o central maior, fechados por gradeamentos. Sobrepôem-se-lhes, ao nível do segundo registo, duas janelas com frontão circular, e, ao centro, três nichos com frontões triangulares e um circular, com imagens de Santa Escolástica, São Bento e Santa Gertrudes Magna. O terceiro registo, mais estreito e com remate lateral curvo, é rasgado por um grande janelão semicircular; sobre uma cornija, frontão circular com nicho e imagem de Nossa Senhora da Vitória. No alinhamento das pilastras, dispõem-se frontal e superiormente no terceiro registo pináculos. Mais recuada à fachada, organizam-se duas torres sineiras quadradas, também de cantaria, com duplas pilastras nos cunhais e coroadas por cúpulas. O edifício conventual, de alvenaria rebocada, com pilastras nos cunhais encimados por pináculos, possui quatro pisos, rasgados regularmente por janelas, tendo os dois pisos superiores bandeiras. Interior: galilé com abóbada de tijolo. Nave com seis capelas colaterais intercomunicantes, de arco pleno, com retábulos de talha e encimadas por tribunas, ambas com sanefas de talha; cada capela é fechada por balaustrada de jacarandá. Coro-alto com cadeiral em U, de duas filas e espaldar ricamente decorado com cenas da vida de São Bento. Do lado do Evangelho, encosta-se-lhe órgão de tubos em talha. No topo da nave, dois púlpitos quadrados com baldaquino. Os braços do transepto têm no topo retábulos de talha ladeados por portas e janelas e encimadas por janelão semicircular, todos com sanefas de talha; ladeando o arco triunfal, capela com retábulo e janela. Nave e transepto coberta por abóbada de canhão em caixotões e de aresta no cruzeiro. Arco triunfal pleno sobre pilastras sobrepujado por sanefa. Capela-mor rasgada colateralmente por seis janelas com sanefas de talha encimando cadeiral; amplo retábulo de talha e cobertura em abóbada de canhão formando caixotões. Ante-sacristia abobadada, com lambril de azulejos, grande lavatório e várias imagens. Sacristia rectangular com abóbada de berço, retábulo de talha dourada, contadores embutidos na parede e grande arcaz. O claustro contíguo à portaria, todo em cantaria, possui dois pisos separados por cornija e ritmados por duplas pilastras com vãos rectangulares entre elas. Em cada ala, abre-se no 1º piso três arcos plenos e no 2º janelas de sacada com bandeira, balustrada de cantaria e frontões triangulares e circular. Sobrepujando as coberturas, bolas sobre plintos no alinhamento das pilastras e cartelas com enrolamentos ao centro. O outro claustro, de três pisos separados por frisos, têm apenas duas alas com arcos plenos sobre pilares e janelas de guilhotina nos pisos superiores.

Acessos

Vitória, Travessa de São Bento da Vitória; Travessa de São Bento; Rua e Travessa das Taipas

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto nº 129/77, DR, 1ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977

Enquadramento

Urbano. Ergue-se em pleno centro histórico com fachada principal virada para uma rua apertada e junto a outros monumentos classificadas.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: mosteiro masculino

Utilização Actual

Religiosa: Igreja / Cultural e recreativa: arquivo *1

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

DRCNorte, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009

Época Construção

Séc. 17 / 18

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Diogo Marques Lucas; Gabriel Rodrigues (púlpito, caixas, varandas e enquadramento de talha do órgão, atr. do retábulo-mor, cadeiral); Marceliano de Araújo (painéis do cadeiral); entalhadores José da Fonseca Lima e José Martins Tinoco (retábulos do transepto), António Cardoso e Manuel Vieira; Frei Domingos de São José Varela (órgão); mestres pedreiros Domingos Pires e Manuel Luís da Costa (sacristia); João Gonçalves dos Santos (ourives). ORGANEIROS: Frei Manuel de São Bento (1750); Pedro Guimarães (1996).

Cronologia

1597 - Chagada ao Porto dos frades beneditinos; 1598 - data do alvará régio da concessão; fundação; 1598 / 1646 - construção do convento; 1599 - instalação de alguns religiosos; 1604 - início da construção, prolongando-se os trabalhos durante cerca de 100 anos; 1656 / 1659, entre - colocação de lavatório na antiga sacristia; 1659 / 1662 - construção da portaria; conclusão da escada para o claustro; 1662 - execução de um órgão que existia no coro-alto; 1665 - reparação do órgão; 1690 - as obras da fachada da igreja estavam quase concluídas; 1705 - data dos pedestais onde assenta o retábulo-mor; adjudicação da sacristia; 1710, cerca de - espelho da sacristia; 1713 - encomenda do retábulo para a sacristia; 1716 / 1719 - balaustrada das capelas da nave; início da construção do órgão, do lado da Epístola, pelo Frei Manuel de São Bento; 1718, 8 Maio - António Cardoso e Manuel Vieira executaram o coro-alto, grades, cruz e seis capelas; 1719, 30 Abril - o órgão, do lado da Epístola, estava em adiantada fase de construção; estava assente a caixa do órgão da autoria de Gabriel Rodrigues e é-lhe dada de empreitada a caixa do órgão mudo, que lhe fica fronteiro; 1722 - continuam as obras dos órgãos; 1722 / 1725 - colocação do retábulo-mor; colocação do púlpito; despendem-se 24$600 réis para o douramento dos canos do órgão; 1725 / 1728, anterior a - feitura dos retábulos laterais do arco triunfal; 1734 - data do arcaz da sacristia; 1737 - colocação da estátua de São Bento; 1740 / 1743 - construção do outro claustro; 1750 - Frei Manuel de São Bento intervém nos órgãos; séc. 18, meados - feitura dos retábulos dos braços do transepto; 1758 / 1761 - reforma dos órgãos, com o aumento do número de registos; 1761 / 1764 - renovação do refeitório; 1773 / 1776 - colocação das estátuas nos nichos da fachada da igreja; colocação de credência na capela-mor; 1776 / 1779 - colocação de azulejos policromos na sala do capítulo; 1777 / 1780, entre - modificações no altar-mor; 1780 / 1783 - renovação decorativa da sala da livraria; 1783 / 1786 - reforma dos órgãos por Frei Domingos de São José Varela; 1786, 8 de Março - contrato de ajuste com o ourives João Gonçalves dos Santos para a execução de dois lampadários de prata para a Confraria do Santíssimo Sacramento; 1789 / 1792 - colocação do cadeiral na capela-mor; séc. 18, fins - construção ou beneficiação do órgão; séc. 19 - colocação das grades das tribunas da nave; no período da Guerra Peninsular e posteriormente, parte do convento esteve ocupado pelas tropas invasores; 1810 / 1822, entre - o convento esteve ocupado por tropas portuguesas, que ai instalaram um hospital militar; 1832 - a sede da paróquia de Nossa Senhora da Vitória foi transferida da sua igreja para a do mosteiro, e ai se conservou até 1852; 1834 - extinção das ordens religiosas, instalando-se sucessivamente no mosteiro tribunais, as tropas da Junta do Porto durante a revolução popular de 1846 - 1847, o Batalhão de Caçadores 9 e outros serviços militares *2; 1852 - a igreja foi entregue à Confraria do Santíssimo Sacramento e Imaculada Conceição de Maria; depois de - desaparecimento dos ornatos de bronze do arcaz da sacristia; 1880 - restauro do órgão por António José dos Santos e filho, dirigindo o trabalho Teotónio J. Pereira; 1922 - grande incêndio destruiu parte do edifício; 1942 - a igreja é entregue aos monges de Singeverga; 1993 - instalação da Orquestra Clássica no convento; 1992, 01 junho - o imóvel é afeto ao Instituto Português do Património Arquitetónico, pelo Decreto-lei 106F/92, DR, 1.ª série A, n.º 126; 1995, 27 julho - inauguração do Arquivo Distrital; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Norte, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; o claustro nobre passa a estar a cargo do Teatro Nacional São João.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paresdes portantes.

Materiais

Cantaria de granito, betão, ferro fundido, madeira (pau preto, jacarandá, outras), azulejos, talha. Cobertura de telha.

Bibliografia

ALVES, Alexandre, Artistas e Artífices nas Dioceses de Lamego e Viseu, vol. III, Viseu, 2001; ALVES, Joaquim Jaime B. Ferreira, A ourivesaria portuense nos séculos XVII e XVIII, análise de alguns contratos, in Actas do I Congresso Internacional do Barroco, vol. I, Porto, 1991, pp. 335-354; GIL, Júlio, As Mais Belas Igrejas de Portugal, Lisboa, 1992; Porto a Património Mundial, Porto, 1993; PEREIRA, Ana Cristina, Dissertação de Mestrado, MIPA, FAUP, Orientação Cientifica do Prof. Doutor Carlos Alberto Esteves Guimarães, outubro 2007; QUARESMA, Maria Clementina de Carvalho, Inventário Artístico de Portugal. Cidade do Porto, Lisboa, 1995; s.a., Mosteiro de S. Bento - Quatro Séculos em Exposição, Suplemento Sete do 1º de Janeiro, Lisboa, 20 Abril 1997; SMITH, Robert C., A Talha em Portugal, Lisboa, 1963; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vols. I e II, Braga, 1990.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DREMN

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSID, DGEMN:DREMN

Intervenção Realizada

Proprietário: 1880 - restauro do órgão por Teotónio J. Pereira e António dos Santos, organeiro de Mangulade; DGEMN: 1984 - Adaptação a Museu Nacional de Literatura; 1985 - adaptação a Centro Nacional de Música; beneficiação das coberturas; beneficiação da ala ocupada pelos beneditinos; impermeabilização; 1986 - instalação da ordem beneditina: trabalhos complementares e beneficiação; 1988 - instalação da ordem beneditina: trabalhos complementares; 1989 - quartos da ala norte; 1990 - instalação da ordem beneditina; IPPC: 1984 - início das obras de restauro e recuperação do convento; IPPAR: 1996 - recuperação do coro-alto e salas anexas à Igreja; 1999 / 2000 / 2001 - intervenção no órgão pelo organeiro Pedro Guimarães (Opus n.º 17 e n.º 32).

Observações

*1 - A Orquestra Clássica do Porto ficou instalada na parte do claustro nobre e adjacências, o Arquivo Distrital do Porto na área do claustro dos carros e ala transversal e a cela dos Padres Beneditinos na zona da igreja, ala N. e 3º piso da ala O.. *2 - Enquanto foram vivos os monges beneditinos de São Bento da Vitória, reuniam-se anualmente na igreja para a celebração litúrgica do dia do seu Patriarca. Após a morte do último monge, a celebração deixou de se realizar. *3 - O interior da igreja esteve revestido a azulejos seiscentistas, dos quais restam apenas alguns no Museu Municipal e nas casas adjacentes ao convento.

Autor e Data

Isabel Sereno e João Santos 1994 / Paula Noé 1998

Actualização

Ana Filipe 2012
 
 
 
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