Quinta das Campainhas / Quinta do Beau-Séjour / Palácio do Beau-Séjour / Gabinete de Estudos Olisiponenses

IPA.00005597
Portugal, Lisboa, Lisboa, São Domingos de Benfica
 
Arquitectura residencial, romântica.
Número IPA Antigo: PT031106390196
 
Registo visualizado 3434 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Quinta  Palacete  

Descrição

Quinta (v. PT03110639378) com casa de planta longitudinal composta e volumes articulados, sendo a cobertura feita por um telhado a 2 águas sobre cada um dos corpos que ladeiam a parte central da casa, coberta por 3 telhados a 2 águas. O alçado principal do edifício desenvolve-se em 3 corpos que ostentam revestimento azulejar. Os corpos laterais, com 2 registos, avançam sobre o pequeno terraço que circunda todo o palacete, através de uma "bow window" semi-circular que cria uma varanda coincidente com ela no 2º nível. Coroando os corpos laterais observa-se uma platibanda sobre a qual jarrões encimam os cunhais e um frontão com revestimento cerâmico em azul e amarelo. O corpo central distingue-se dos laterais por ser constituído apenas por um piso térreo. Trata-se de uma construção de fachada rectangular onde se abrem 7 portas, 6 em arco apontado distribuindo-se lateralmente à principal que é em arco de volta inteira. Termina-se o corpo central por um frontão inscrito numa secção de círculo. Planimetricamente o palacete do "Beau Séjour" organiza-se segundo 2 eixos. O 1º, dominante, é o corredor que se desenvolve E./O. tendo, nos extremos, as 2 escadas conducentes ao 1º andar dos corpos laterais. O 2º eixo traduz a ligação N./S. ou frente-traseiras, e é estabelecido por 2 vestíbulos alinhados, o principal e o posterior, entre os quais se interpõe o já mencionado corredor. O 1º andar dos corpos laterais é constituído apenas por 2 compartimentos contíguos. No piso térreo destacam-se os seguintes compartimentos: a actual recepção do Gabinete de Estudos Olisiponenses, antiga Sala de Estar; a antiga Biblioteca do palacete, hoje sala de trabalho de funcionários; um antigo quarto de vestir comunicando com o respectivo quarto de dormir, com a sua "bow window", sendo hoje ambos os compartimentos salas de trabalho de funcionários do G.E.O.; a antiga Galeria ou Sala dos Quadros, actualmente sala do catálogo da biblioteca do G.E.O. - compartimento decorado por Francisco Vilaça - que para o tecto pintou as alegorias da Pintura e da Escultura que se observam; o denominado Salão Dourado, que era o mais notável compartimento do palacete, ostentando no tecto a grande tela de Columbano Bordalo Pinheiro, O Carnaval de Veneza - e que alberga hoje uma das salas de leitura da biblioteca; a Sala de Música, igualmente transformada em sala de leitura, cuja decoração ficou a cargo de F. Vilaça que executou estuques figurando instrumentos musicais; um pequeno vestíbulo de acesso à antiga sala de jantar e no qual se observa um grande painel cerâmico - da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro e executado na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha - integrando um lavabo; antiga Sala de Jantar - cuja decoração ficou a cargo dos 3 irmãos Bordalo Pinheiro: Columbano (telas aplicadas nos muros que foram dispersas por um leilão), Rafael (candeeiro cerâmico e decoração da sanca com motivos vegetalistas) e Maria Augusta (pintura de painéis em "L" de temática vegetalista nos ângulos do tecto) - é hoje uma sala de conferências e exposições, à semelhança do que se verifica com o compartimento envidraçado contíguo que funcionou em tempos como Sala de Jogos. O jardim, que se alonga perante o palacete e avança até ao alinhamento da Est. de Benfica, trata-se de uma miniatura de um jardim romântico. Nele pode observar-se um lago, de forma irregular e relativamente amplo, que foi navegável e possui uma pequena ilhota onde se ergue um abrigo de chuva constituído por uma cobertura em chapa de ferro, gomada a partir de um apoio central e que pequenas pontes levadiças (igualmente em ferro) ligam às margens do lago. As outras 2 construções existentes no jardim são um segundo abrigo de chuva em ferro idêntico ao mencionado embora mais pequeno e um pavilhão em alvenaria situado junto do muro, que funcionava como cobertura de uma escada conducente ao nível da Estrada de Benfica por meio de uma porta aberta no muro.

Acessos

Estrada de Benfica, n.º 368 a 372. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,746699, long.: -9,182812

Protecção

Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 132/2014, DR, 2.ª série, n.º 36 de 20 fevereiro 2014 / ZEP, Portaria n.º 415/98, DR, 2.ª série, n.º 89 de 16 abril 1998 *1

Enquadramento

Urbano, destacado, isolado da rua por jardim murado.

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Cultural e recreativa: arquivo / Cultural e recreativa: biblioteca

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Gabinete de Estudos Olisiponenses (G. E. O.)

Época Construção

Séc. 19

Arquitecto / Construtor / Autor

CERAMISTA: Fábrica Roseira (1859). ENTALHADOR: Leandro Braga (1887); ESTUCADOR: Francisco Vilaça )1887); MARCENEIRO: João Baptista Collomb (1887). PINTORES: Columbano Bordalo Pinheiro (1887); Maria Augusta Bordalo Pinheiro (1887); Rafael Bordalo Pinheiro (1887).

Cronologia

1849 - aquisição da Quinta das Louras ou das Loureiras, por D. Ermelinda Allen de Almeida (Viscondessa da Regaleira) a João Veríssimo de Barros Viana e sua mulher D. Maria Inácia dos Santos; a designação da quinta passa então a "Beau Séjour", tendo sido certamente construído o palacete por acção da Viscondessa; 1859 - venda da quinta do "Beau Séjour" por D. Isabel Allen Palmeiro, baronesa da Regaleira, sobrinha e herdeira da viscondessa, a António José Leite Guimarães, barão da Glória (1806 - 1876); o barão terá procedido ao revestimento azulejar (tipo estampilha da fábrica Roseira) do palacete; 1876 - morte do barão da Glória e passagem do "Beau Séjour" para a posse de seus sobrinhos e herdeiros; José Leite Guimarães e Maria da Glória Leite. 1887 - tem lugar uma significativa campanha de enriquecimento artístico do palacete (intervenções de Francisco Vilaça, Columbano, Rafael e Maria Augusta Bordalo Pinheiro), por acção dos herdeiros do barão da Glória; 1901 - construção do pequeno pavilhão da entrada pelo arquiteto José António Gaspar; séc. 20, década de 30 - morte de D. Maria da Glória Leite e o "Beau Séjour" passa para a posse de uma afilhada e seu marido, Augusto Fernandes de Almeida; 1971 - leilão que dispersa o recheio e venda da quinta então adquirida pelos Irmãos Maristas que aí instalam um colégio; década de 80 - aquisição pela C.M.L.; 1992 - instalação do G.E.O., depois de obras de recuperação do palacete; 1996, 06 março - publicação da classificação da Quinta e jardins, como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 2/96, DR, 1.º série-B, n.º 56.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes

Materiais

Alvenaria mista, cantaria de calcário, azulejo industrial (Fábrica Viúva Lamego), ferro fundido, telha, chapa de zinco, madeira, estuque pintado

Bibliografia

BARBOSA, Inácio Vilhena, Fragmentos de Um Roteiro de Lisboa (Inédito), in Annuario do Archivo Pittoresco, Tomo VI, Lisboa, 1863; Faleceu Ontem o Sr. Barão, in Diário de Notícias, Ano XIII, Nº 3846, 30.01.1876; PROENÇA, Pe. Álvaro, Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; Catálogo de Valiosas Pinturas Contemporâneas Portuguesas, Mobiliário, Antiguidades, etc., Lisboa, 1971; VALE, Teresa Leonor, O Beau Séjour: Uma Quinta Romântica de Lisboa, Lisboa, 1992; folheto do Palácio, CML. 2004

Documentação Gráfica

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; CML: Arquivo de Obras, pº nº 7976; IPPAR: pº nº JN 12/3 (120)

Intervenção Realizada

1920 / 1950 - beneficiação com carácter regular; 1971 - o leilão do recheio do palacete teve como consequência o esvaziamento do mesmo quanto a obras de pintura e peças de mobiliário; 1970 / 1980 - alterações ditadas pelas novas necessidades funcionais: subdivisão do espaço entre os dois torreões no primeiro andar, o revestimento de vários compartimentos com novos papéis de parede; o revestimento dos azulejos da cozinha com plástico autocolante; a reedificação, em alvenaria, da pequena estufa do jardim, inicialmente de ripas de madeira; 1989 / 1992 - obras de restauro a cargo da C.M.L., sob a direcção do Arquitecto Jorge Matos Alves, com a finalidade de adaptar o Beau Séjour para receber o G.E.O.: recuperação dos elementos deteriorados a nível da arquitectura ou da decoração aplicada à arquitectura; redimensionamento de compartimentos; aproveitamento da área da cave como depósito da biblioteca; recompartimentação copa e despensa, que foram transformadas em dois w.c.; no rés-do-chão foi instalada uma escada metálica de acesso à cave, no topo E.; redimensionamento do sotão, em particular do lado N., no qual se verificava uma maior compartimentação do espaço; restauro das pinturas dos tectos (antigos salão dourado, sala de jantar, sala de música e galeria ou sala dos quadros), bem como do painel cerâmico contendo o lavabo e candeeiro da sala de jantar da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro; pintura de paredes, portas, janelas e gradeamentos e à recuperação dos estuques decorativos (tectos e sancas); foi também substituída a caixilharia e cobertura da marquise (antiga sala de jogos) e nivelado o pavimento da varanda que circunda o palacete; relativamente ao jardim, cuja recuperação ficou a cargo da Arquitecta Paisagista Luisa Ferraz, da C.M.L., procurou-se recuperar as espécies vegetais existentes, incluir algumas cuja existência anterior se conhecia, bem como restabelecer a anterior organização das vias de circulação e percursos, com base nas fotografias mais antigas do Beau Séjour; quanto às construções, demoliu-se a pequena edificação em cimento com que os Irmãos Maristas haviam substituído a antiga estufa de ripas de madeira, deixando-se assim sem qualquer tipo de cobertura a pequena cascata rodeada de fetos; procedeu-se ainda ao entaipamento da porta que se abria no muro e que dava acesso à Estrada de Benfica, através da escada existente no interior do pequeno pavilhão do jardim.

Observações

*1 - DOF: Quinta do Beau -Séjour, também denominada Quinta das Campainhas, na Estrada de Benfica, 368 a 37. A Zona Especial de Proteção é conjunta, abrangendo a Quinta do Beau-Séjour (v. IPA.00005597) e o Bairro Grandela (v. IPA.00005969).

Autor e Data

Teresa Vale e Carlos Gomes 1993

Actualização

 
 
 
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