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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Quinta Palacete
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Descrição
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Quinta (v. PT03110639378) com casa de planta longitudinal composta e volumes articulados, sendo a cobertura feita por um telhado a 2 águas sobre cada um dos corpos que ladeiam a parte central da casa, coberta por 3 telhados a 2 águas. O alçado principal do edifício desenvolve-se em 3 corpos que ostentam revestimento azulejar. Os corpos laterais, com 2 registos, avançam sobre o pequeno terraço que circunda todo o palacete, através de uma "bow window" semi-circular que cria uma varanda coincidente com ela no 2º nível. Coroando os corpos laterais observa-se uma platibanda sobre a qual jarrões encimam os cunhais e um frontão com revestimento cerâmico em azul e amarelo. O corpo central distingue-se dos laterais por ser constituído apenas por um piso térreo. Trata-se de uma construção de fachada rectangular onde se abrem 7 portas, 6 em arco apontado distribuindo-se lateralmente à principal que é em arco de volta inteira. Termina-se o corpo central por um frontão inscrito numa secção de círculo. Planimetricamente o palacete do "Beau Séjour" organiza-se segundo 2 eixos. O 1º, dominante, é o corredor que se desenvolve E./O. tendo, nos extremos, as 2 escadas conducentes ao 1º andar dos corpos laterais. O 2º eixo traduz a ligação N./S. ou frente-traseiras, e é estabelecido por 2 vestíbulos alinhados, o principal e o posterior, entre os quais se interpõe o já mencionado corredor. O 1º andar dos corpos laterais é constituído apenas por 2 compartimentos contíguos. No piso térreo destacam-se os seguintes compartimentos: a actual recepção do Gabinete de Estudos Olisiponenses, antiga Sala de Estar; a antiga Biblioteca do palacete, hoje sala de trabalho de funcionários; um antigo quarto de vestir comunicando com o respectivo quarto de dormir, com a sua "bow window", sendo hoje ambos os compartimentos salas de trabalho de funcionários do G.E.O.; a antiga Galeria ou Sala dos Quadros, actualmente sala do catálogo da biblioteca do G.E.O. - compartimento decorado por Francisco Vilaça - que para o tecto pintou as alegorias da Pintura e da Escultura que se observam; o denominado Salão Dourado, que era o mais notável compartimento do palacete, ostentando no tecto a grande tela de Columbano Bordalo Pinheiro, O Carnaval de Veneza - e que alberga hoje uma das salas de leitura da biblioteca; a Sala de Música, igualmente transformada em sala de leitura, cuja decoração ficou a cargo de F. Vilaça que executou estuques figurando instrumentos musicais; um pequeno vestíbulo de acesso à antiga sala de jantar e no qual se observa um grande painel cerâmico - da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro e executado na Fábrica de Faianças das Caldas da Rainha - integrando um lavabo; antiga Sala de Jantar - cuja decoração ficou a cargo dos 3 irmãos Bordalo Pinheiro: Columbano (telas aplicadas nos muros que foram dispersas por um leilão), Rafael (candeeiro cerâmico e decoração da sanca com motivos vegetalistas) e Maria Augusta (pintura de painéis em "L" de temática vegetalista nos ângulos do tecto) - é hoje uma sala de conferências e exposições, à semelhança do que se verifica com o compartimento envidraçado contíguo que funcionou em tempos como Sala de Jogos. O jardim, que se alonga perante o palacete e avança até ao alinhamento da Est. de Benfica, trata-se de uma miniatura de um jardim romântico. Nele pode observar-se um lago, de forma irregular e relativamente amplo, que foi navegável e possui uma pequena ilhota onde se ergue um abrigo de chuva constituído por uma cobertura em chapa de ferro, gomada a partir de um apoio central e que pequenas pontes levadiças (igualmente em ferro) ligam às margens do lago. As outras 2 construções existentes no jardim são um segundo abrigo de chuva em ferro idêntico ao mencionado embora mais pequeno e um pavilhão em alvenaria situado junto do muro, que funcionava como cobertura de uma escada conducente ao nível da Estrada de Benfica por meio de uma porta aberta no muro. |
Acessos
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Estrada de Benfica, n.º 368 a 372. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,746699, long.: -9,182812 |
Protecção
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Categoria: MIP - Monumento de Interesse Público, Portaria n.º 132/2014, DR, 2.ª série, n.º 36 de 20 fevereiro 2014 / ZEP, Portaria n.º 415/98, DR, 2.ª série, n.º 89 de 16 abril 1998 *1 |
Enquadramento
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Urbano, destacado, isolado da rua por jardim murado. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: quinta |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: arquivo / Cultural e recreativa: biblioteca |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Gabinete de Estudos Olisiponenses (G. E. O.) |
Época Construção
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Séc. 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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CERAMISTA: Fábrica Roseira (1859). ENTALHADOR: Leandro Braga (1887); ESTUCADOR: Francisco Vilaça )1887); MARCENEIRO: João Baptista Collomb (1887). PINTORES: Columbano Bordalo Pinheiro (1887); Maria Augusta Bordalo Pinheiro (1887); Rafael Bordalo Pinheiro (1887). |
Cronologia
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1849 - aquisição da Quinta das Louras ou das Loureiras, por D. Ermelinda Allen de Almeida (Viscondessa da Regaleira) a João Veríssimo de Barros Viana e sua mulher D. Maria Inácia dos Santos; a designação da quinta passa então a "Beau Séjour", tendo sido certamente construído o palacete por acção da Viscondessa; 1859 - venda da quinta do "Beau Séjour" por D. Isabel Allen Palmeiro, baronesa da Regaleira, sobrinha e herdeira da viscondessa, a António José Leite Guimarães, barão da Glória (1806 - 1876); o barão terá procedido ao revestimento azulejar (tipo estampilha da fábrica Roseira) do palacete; 1876 - morte do barão da Glória e passagem do "Beau Séjour" para a posse de seus sobrinhos e herdeiros; José Leite Guimarães e Maria da Glória Leite. 1887 - tem lugar uma significativa campanha de enriquecimento artístico do palacete (intervenções de Francisco Vilaça, Columbano, Rafael e Maria Augusta Bordalo Pinheiro), por acção dos herdeiros do barão da Glória; 1901 - construção do pequeno pavilhão da entrada pelo arquiteto José António Gaspar; séc. 20, década de 30 - morte de D. Maria da Glória Leite e o "Beau Séjour" passa para a posse de uma afilhada e seu marido, Augusto Fernandes de Almeida; 1971 - leilão que dispersa o recheio e venda da quinta então adquirida pelos Irmãos Maristas que aí instalam um colégio; década de 80 - aquisição pela C.M.L.; 1992 - instalação do G.E.O., depois de obras de recuperação do palacete; 1996, 06 março - publicação da classificação da Quinta e jardins, como Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 2/96, DR, 1.º série-B, n.º 56. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, cantaria de calcário, azulejo industrial (Fábrica Viúva Lamego), ferro fundido, telha, chapa de zinco, madeira, estuque pintado |
Bibliografia
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BARBOSA, Inácio Vilhena, Fragmentos de Um Roteiro de Lisboa (Inédito), in Annuario do Archivo Pittoresco, Tomo VI, Lisboa, 1863; Faleceu Ontem o Sr. Barão, in Diário de Notícias, Ano XIII, Nº 3846, 30.01.1876; PROENÇA, Pe. Álvaro, Benfica Através dos Tempos, Lisboa, 1964; Catálogo de Valiosas Pinturas Contemporâneas Portuguesas, Mobiliário, Antiguidades, etc., Lisboa, 1971; VALE, Teresa Leonor, O Beau Séjour: Uma Quinta Romântica de Lisboa, Lisboa, 1992; folheto do Palácio, CML. 2004 |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DSARH; CML: Arquivo de Obras, pº nº 7976; IPPAR: pº nº JN 12/3 (120) |
Intervenção Realizada
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1920 / 1950 - beneficiação com carácter regular; 1971 - o leilão do recheio do palacete teve como consequência o esvaziamento do mesmo quanto a obras de pintura e peças de mobiliário; 1970 / 1980 - alterações ditadas pelas novas necessidades funcionais: subdivisão do espaço entre os dois torreões no primeiro andar, o revestimento de vários compartimentos com novos papéis de parede; o revestimento dos azulejos da cozinha com plástico autocolante; a reedificação, em alvenaria, da pequena estufa do jardim, inicialmente de ripas de madeira; 1989 / 1992 - obras de restauro a cargo da C.M.L., sob a direcção do Arquitecto Jorge Matos Alves, com a finalidade de adaptar o Beau Séjour para receber o G.E.O.: recuperação dos elementos deteriorados a nível da arquitectura ou da decoração aplicada à arquitectura; redimensionamento de compartimentos; aproveitamento da área da cave como depósito da biblioteca; recompartimentação copa e despensa, que foram transformadas em dois w.c.; no rés-do-chão foi instalada uma escada metálica de acesso à cave, no topo E.; redimensionamento do sotão, em particular do lado N., no qual se verificava uma maior compartimentação do espaço; restauro das pinturas dos tectos (antigos salão dourado, sala de jantar, sala de música e galeria ou sala dos quadros), bem como do painel cerâmico contendo o lavabo e candeeiro da sala de jantar da autoria de Rafael Bordalo Pinheiro; pintura de paredes, portas, janelas e gradeamentos e à recuperação dos estuques decorativos (tectos e sancas); foi também substituída a caixilharia e cobertura da marquise (antiga sala de jogos) e nivelado o pavimento da varanda que circunda o palacete; relativamente ao jardim, cuja recuperação ficou a cargo da Arquitecta Paisagista Luisa Ferraz, da C.M.L., procurou-se recuperar as espécies vegetais existentes, incluir algumas cuja existência anterior se conhecia, bem como restabelecer a anterior organização das vias de circulação e percursos, com base nas fotografias mais antigas do Beau Séjour; quanto às construções, demoliu-se a pequena edificação em cimento com que os Irmãos Maristas haviam substituído a antiga estufa de ripas de madeira, deixando-se assim sem qualquer tipo de cobertura a pequena cascata rodeada de fetos; procedeu-se ainda ao entaipamento da porta que se abria no muro e que dava acesso à Estrada de Benfica, através da escada existente no interior do pequeno pavilhão do jardim. |
Observações
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*1 - DOF: Quinta do Beau -Séjour, também denominada Quinta das Campainhas, na Estrada de Benfica, 368 a 37. A Zona Especial de Proteção é conjunta, abrangendo a Quinta do Beau-Séjour (v. IPA.00005597) e o Bairro Grandela (v. IPA.00005969). |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1993 |
Actualização
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