Igreja Paroquial de Almendra / Igreja de Nossa Senhora dos Anjos
| IPA.00005792 |
Portugal, Guarda, Vila Nova de Foz Côa, Almendra |
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Igreja paroquial manuelina e maneirista, de planta retangular, de três naves, com tramos divididos por arcos formeiros de volta perfeita sobre colunas clássicas de fuste liso e capitel jónico, interiormente com iluminação axial por óculo e bilateral por janelas, cobertura em falsa abóbada de berço em madeira, na nave central, e meia abóbada de aresta nas laterais, tendo adossada à fachada lateral direita da frontaria torre sineira de planta quadrada. Fachadas em aparelho de cantaria, de fiadas regulares, à vista, a principal terminada em empena e cornija, coroada por cruz latina e pináculos. É rasgada por porta principal em arco de volta perfeita, integrado em alfiz com pilastras, rematado por entablamento e frontão triangular, enquadrada por contrafortes, e óculo. Portais laterais semelhantes, enquadrados por pilastras toscanas, sobre plintos paralelepipédicos, encimados por entablamento e pequeno frontão recortado. Torre sineira rasgada em cada uma das faces por duas sineiras em arco de volta perfeita. No interior apresenta púlpito e retábulo-mor em talha rococó e retábulos laterais e colaterais em talha de derivação do estilo nacional. |
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Número IPA Antigo: PT010914010010 |
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Registo visualizado 3498 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Igreja paroquial
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Descrição
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Planta retangular composta por três naves de planta retangular, capela-mor de planta quadrada mais alta e estreita, sacristia de planta retangular adossada à capela-mor e torre de planta quadrada adossada á fachada principal. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na igreja, três águas na sacristia e quatro águas na torre e capela-mor. Fachadas em aparelho isódomo de cantaria de granito aparente, rematadas por cornija sobreposta por beirada simples na nave e por cornija com gárgulas, sobreposta por entablamento coroado por pináculos na capela-mor e torre. Fachada principal voltada a O., terminada em empena, com cornija coroada no vértice central por cruz latina de secção quadrangular, sobre acrotério, e lateralmente por pináculos galbados sobre plintos paralelepipédicos. É marcada por possantes contrafortes, que enquadram o portal, em arco de volta perfeita, integrado em alfiz com pilastras, rematado por entablamento e frontão triangular, tendo cartela ao centro a data 1565 inscrita. Sobre o vértice e pináculo do frontão, rasga-se óculo de bordadura côncava e saliente. Torre sineira com quatro registos, separados por cornija, o primeiro rasgado por pequena fresta de iluminação de capialço, o segundo rasgado por pequena abertura vertical de arejamento, o terceiro registo cego, e o ultimo rasgado em cada uma das faces, por duas sineiras em arco de volta perfeita, albergando sinos, e é marcado por frisos de bordos arredondados e cornija integrando gárgulas, sobreposta por entablamento coroado por pináculos esféricos, sobre plintos paralelepipédicos. Fachada lateral esquerda voltada a N., rasgada no corpo da nave, por porta central, enquadrada por pilastras toscanas, sobre plintos paralelepipédicos, encimadas por entablamento e pequeno frontão recortado e volutado, encimado por pináculo, tendo ao centro rosto de perfil, esculpido em relevo; e três janelas verticais, de verga reta, divididas em cruz grega de pedra. No corpo da capela-mor surge, num primeiro registo janela em arco abatido, rematada em cornija recortada, e janela de capialço, parcialmente entaipada, e no segundo registo janela reta. Fachada S., rasgada na nave por portal semelhante ao da fachada oposta e duas janelas de lintel reto, e na capela-mor por uma janela também de lintel teto. Fachada posterior cega, enquadrada por contrafortes, percorrida por embasamento proeminente biselado, adaptado ao declive, e rematada por cornija com gárgulas de canhão e entablamento coroado por pináculos piramidais. Sacristia rasgada por janela a E.. INTERIOR com três naves de quatro tramos, divididas por quatro arcos torais de volta perfeita, apoiados em colunas de pedra, de fuste simples e capiteis jónicos. Paredes em pedra à vista e pavimentos em taburnos de granito e cobertura em falsa abóbada de berço em madeira, na nave central, e meia abóbada de aresta nas laterais. Á entrada da igreja, do lado do Evangelho surge batistério, elevado em plataforma de três degraus escalonados, onde assenta pia batismal de taça hemisférica e gomeada, sobre coluna cilíndrica. Na nave central surge adossado a uma coluna, púlpito de talha pintada de branco e dourada, com bacia retangular também de madeira, com guardas planas, encimado por baldaquino retangular, decorado com motivos dourados e pintados, tendo ao centro uma pomba branca. Assenta sobre coluna clássica e é acedido por escada de pedra que contorna o pilar. Lateralmente, nas naves laterais apresenta dois retábulos confrontantes, em talha dourada, de estrutura semelhante, o do lado do Evangelho dedicado a Santo António e o do lado da Epístola às Almas, de planta reta e três eixos definidos por colunas torças, rematadas em arquivoltas, altar paralelepipédico, com frontal decorado com motivos dourados. Retábulos colaterais, dedicados do lado do Evangelho ao Sagrado Coração de Jesus e do lado da Epístola ao Senhor da Agonia, enquadrados por pilastras toscanas em pedra, encimadas por entablamento e frontão recortado, apresentado a mesma linguagem formal, das molduras exteriores que envolvem as portas laterais. Arco triunfal de volta perfeita, assente sobre pilastras nervuradas, com impostas salientes decoradas com elementos vegetalistas esculpidos na pedra. Capela-mor antecedida por um degrau, com paredes e pavimentos em pedra de granito à vista, com cobertura estrelada de oito pontas, rasgada do lado da Epístola por porta em arco abatido, encimada por sanefa, de acesso à sacristia. Sobre supedâneo de granito surge o retábulo-mor de talha pintada de branco e decorada com motivos dourados, de planta reta e três eixos definidos por par de colunas clássicas, de terço inferior decorado com folhas de acanto, assentes em consolas, que suportam entablamento. Ao centro, nicho rasgado em arco de volta perfeita, alberga tribuna de quatro degraus, de perfil contracurvo e bordos salientes, com a exposição do Santíssimo. Eixos laterais formando uma espécie de templete que alberga imagens. Ático recortado, decorado com acantos e motivos florais, dourados, com a Santíssima Trindade ao centro. Altar paralelepipédico com frontal decorado com motivos vegetalistas. Sacristia com paredes e pavimento de pedra, e cobertura em caixotões de madeira, entalhada e pintada. Parede S. ocupada a todo o comprimento por arcaz e sobre este apainelado de madeira pintada, e ao centro retábulo de talha dourada e pintada, de um só eixo, definido por colunas torsas, sobre mísulas com cabeças de anjo e pássaros fénix. Ático formado por arquivolta no prolongamento das colunas. |
Acessos
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Largo da Praça |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 37 366, DG, 1ª série, nº 70 de 05 abril 1949 |
Enquadramento
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Urbano, isolado. Situa-se no limite do aglomerado urbano, em local plano e não delimitado por construções. Na proximidade encontra-se a Capela de Nossa Senhora do Socorro´(v. IPA.00015854), talvez datada do séc. 16 / 17 e com portal semelhante. Situa-se em cota inferior à via pública. |
Descrição Complementar
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Na fachada lateral N., a inscrição: "LOVVADO SEJA O SANTISIMO SACRAMENTO". Apresenta cinco retábulos, na nave, do lado do Evangelho, dedicado a Santo António, em talha dourada, de planta reta e três eixos definidos por quatro colunas torsas, decoradas por parras, pâmpanos e aves, sobre mísulas decoradas com acantos e cabeças de anjo ao centro, e com capitéis coríntios, que se prolongam sobre o entablamento, no ático em duas arquivoltas, de igual decoração, com fechos intercalados por motivos florais. Ao centro apresenta apainelado de madeira, pintado com flores e folhas, tendo sobreposta mísula decorada com acantos, flores e querubim, sem imagem. Eixos laterais, com apainelados de largas folhas de acanto enroladas, com consolas encimadas por imagens. Altar paralelepipédicos com frontal pintado e decorado com concheados dourados e friso a imitar franja, também dourado; em frente encontra-se o Retábulo das Almas, semelhante ao de Santo António, tendo no nicho central pintura representando o purgatório. A ladear o arco cruzeiro apresenta do lado do Evangelho o Retábulo dedicado ao Sagrado Coração de Jesus, enquadrado por pilastras toscanas de pedra, com linguagem semelhante às molduras da porta principal e lateral N.. Apresenta planta reta e um só eixo, definido por quatro colunas de estilo nacional, que suportam entablamento escalonado, e ático composto por arquivoltas, rendilhadas e decoradas com acantos. As colunas torsas, assentam sobre consolas, decoradas com motivos florais e vegetalistas. Mesa de altar paralelepipédica, com frontal decorado com motivos rococó. Do lado da Epístola retábulo do Senhor da Agonia, em talha atualmente sem douramento, com enquadramento marcado por pilastras semelhantes às descritas no retábulo anterior. O retábulo apresenta planta reta, e um só eixo definido por duas colunas torsas de cada lado, que se prolongam em arquivoltas também torsas, decoradas com motivos do barroco nacional, rasgado ao centro por amplo nicho que ostenta pintura sobre madeira representando o purgatório e imagem. Mesa de altar paralelepipédica, com frontal marcado por decoração rocaille, dourada. |
Utilização Inicial
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Religiosa: igreja paroquial |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese da Guarda) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PEDREIRO: Duarte Coelho (1565). PINTOR: Sebastião Afonso (séc. 16). |
Cronologia
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1320, 23 maio - bula do Papa João XXII concedendo a D. Dinis, por três anos, para subsídio de guerra contra os mouros, a décima de todas as rendas eclesiásticas do reino, sendo a igreja taxada em 30 libras; integra o termo e o bispado de Ciudad Rodrigo; séc. 16 - pintura do retábulo pelo pintor Bastião Afonso; 1523 - construção de uma capela no local; 1523/1524 - Contrato de obrigação feito por Armão de Carvalho, flamengo; para fazer o retábulo da igreja; 1565 - provável re-edificação do templo atendendo à data gravada em medalhão sobre a porta principal, com intervenção do pedreiro Duarte Coelho; 1571 - data de construção de uma das capelas laterais; Séc. 17 / 18 - alterações à construção inicial; 1625 / 1668 - data de construção de duas capelas; 1712 - o Padre Carvalho da Costa refere-a como sendo uma reitoria da apresentação do bispo de Pinhel e comenda da Ordem de Cristo; 1750 / 1758 - data de construção de duas capelas; 1758, 17 abril - nas Memórias Paroquiais, assinadas pelo pároco, José Gonçalves da Guerra, é referido que tem por orago Nossa Senhora dos Anjos, com cinco altares, o mor, o de Nossa Senhora do Rosário, Senhor da Agonia, Santo António e das Almas, tendo três naves por banda; tinha 5 irmandades, de Nossa Senhora dos Casados, Nossa Senhora dos Solteiros, Santo António, Santíssimo e Almas; era uma vigararia de apresentação ordinária, com 150$000 de rendimento; a povoação tinha cinco ermidas, a de Nossa Senhora do Socorro, no adro da igreja, a de São Sebastião, de São Pedro, São Lourenço, a ¼ de légua, e Nossa Senhora do Campo. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em aparelho isódomo de cantaria de granito à vista; pilastras, frisos cornijas, pináculos, molduras, cruz, escadas de acesso ao púlpito e colunas interiores em cantaria; portas de madeira; janelas com vidros simples; grades de ferro; guarda de acesso ao púlpito e grades da capela-mor em balaústres de madeira; pavimento em lajedo de granito; estrutura da cobertura da nave em madeira; teto da capela-mor em abóbada estrelada; teto da sacristia em caixotões de madeira; púlpito e retábulos em talha dourada e talha pintada; cobertura em telha marselha. |
Bibliografia
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ALMEIDA, José António Ferreira de, dir. - Tesouros Artísticos de Portugal, Lisboa, 1980; AZEVEDO, Correia de - Património Artístico da Região Duriense, Porto, 1963; AZEVEDO, Joaquim de - História Ecclesiástica da Cidade e Bispado de Lamego, Porto, 1877; CASTRO, José Osório da Gama e - Diocese e Distrito da Guarda, Porto, 1902; COIXÃO, António do Nascimento Sá, TRABULO, António Alberto Rodrigues - Evolução político-administrativa na área do actual concelho de Vila Nova de Foz Côa, Vila Nova de Foz Côa, 1995; COIXÃO, António do Nascimento Sá e TRABULO, António Alberto Rodrigues, Por terras do concelho de Foz Côa - subsídios para a sua história estudo e inventário do seu património, 2.ª ed., Vila Nova de Foz Côa, 1999; COSTA, P. António Carvalho da - Corografia Portugueza, (...), 2.ª ed., tomo II, Braga, 1868 [1.ª ed. de 1712]; DIONÍSIO, Sant'Ana - Guia de Portugal, Lisboa, 1927; Foz Côa Inventário e Memória, [coord. de SOALHEIRO, João], Porto, 2000; LEAL, Augusto Soares d'Azevedo Barbosa Pinho - Portugal Antigo e Moderno, Diccionário Geográfico, (...). Lisboa: Mattos Moreira, 1873; REAL, Mário Guedes - Pelourinhos da Beira Alta, in Beira Alta, Viseu, vol. XXXI, 1971; SERRÃO, Vítor, A Arte da Pintura na Diocese de Lamego (séculos XVI-XVIII), in O Compassao da Terra - a arte enquanto caminho para Deus, vol. I, Lamego, Diocese de Lamego, 2006; SOUSA, D. Gonçalo de Vasconcelos e - Subsídio para o Levantamento do Património Construído de Almendra, Câmara Municipal de Vila Nova de Foz Côa, 1993. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMC |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1950 - consolidação das cantarias das paredes da Torre, consolidação das cantarias das bases das colunas do portal lateral S., reparação das armações dos telhados, reparação dos pavimentos superiores da torre, reparação da porta principal, construção da porta lateral S. em madeira, levantamento parcial e novo assentamento da atual cobertura das naves; 1951 - consolidação das paredes exteriores, incluindo substituição de pedras, reparação do telhado da capela-mor e sacristia, pintura de portas e caixilharias, fornecimento e colocação de vidros; 1952 - construção de placa de betão armado no pavimento das sineiras da torre, execução de vitral circular para rosácea da fachada principal, execução de peitoril em cantaria na janela da sacristia, lavagem das cantarias, substituição de cantarias na base da torre sineira e na parede S., entre a torre e a porta principal, da base da pilastra da porta principal, apeamento e montagem das pilastras da porta principal; 1955 - construção de lajes em betão armado nos pavimentos intermédios da torre, construção de escadas em madeira para acesso aos pavimentos superiores da torre, revestimento das lajes em betão com tetos de camisa e de saia, revestimentos dos pavimentos da torre com tijoleira, lavagem e caiação interior das cantarias das paredes, dos arcos e das colunas da nave; 1959 - construção de uma laje no 2º piso da torre, lajeamento do 2º piso da torre e revestimento a tijoleira no piso superior, substituição de cantarias salitradas em diversos pontos das paredes exteriores, construção de teto em madeira sobre a placa do 2º piso, limpeza das paredes exteriores e refechamento de juntas, reparação ligeira da cobertura na capela-mor e sacristia, construção e assentamento de vitrais nas frestas da torre; 1961 - instalação elétrica (1ª Fase); 1961 - apeamento e substituição da cobertura da sacristia, levantamento do pavimento em madeira da sacristia e sua substituição por lajedo, substituição dos degraus e soleiras de cantaria em mau estado, conclusão do capeamento em cantaria da empena da fachada principal, restauro das cantarias inutilizadas na janela da sacristia, reajustamento das cantarias descidas sobre a padieira da entrada principal, substituição de cantaria em mau estado nas paredes da torre sineira, construção de uma cruz em granito e assentamento de mísula e de gárgula, respetivamente junto ao portal S. e na torre sineira, repregamento do teto da sacristia, reconstrução do arcaz da sacristia, construção e assentamento de portas e caixilhos, limpeza e refechamento de juntas das cantarias das paredes da torre; 1964 / 1967 - instalação elétrica; 1968 - construção do guarda-vento na porta principal; 1980 - reparação do relógio; 1983 / 1984 / 1985 - reparação parcial do pavimento em lajedo; 1997 - reparação de portas, caixilhos e instalação sonora; 1998 - reparação de coberturas, instalação de para-raios na torre; 1999 - regularização do pavimento em lajedo da nave, reparação dos tetos com limpeza e enceramento, iluminação das naves laterais. |
Observações
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Autor e Data
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Margarida Conceição 1992 / Ana Filipe 2013 |
Actualização
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Lúcia Pessoa 1999 |
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