Minas de São Domingos
| IPA.00005865 |
Portugal, Beja, Mértola, Corte do Pinto |
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Minas de pirite cúprica exploradas através de galerias abertas na rocha, de exploração romana, utilizando apenas as pirites ricas em cobre. Exploração industrial sistemática das pirites cúpricas e sulfurosas, com vista à extracção de cobre, enxofre e à produção de ácido sulfúrico; em Inglaterra, para onde eram exportadas, os resíduos do tratamento das pirites para extracção de enxofre e ácido sulfúrico eram aproveitados para produção de cobre, ferro, ouro e prata. As minas de São Domingos foram o primeiro empreendimento mineiro do país. Em seu redor foi criada uma povoação destinada a suprir as necessidades do complexo: edifícios ligados à exploração mineira (armazém de ferro, fundição, serração a vapor, casas das máquinas de esgoto, extracção e compressores de ar, oficina, casa da balança, laboratório, sala de desenho, escritórios, estações de caminho de ferro), palacete do engenheiro director (v. PT040209020052), casas dos empregados e operários, quartéis (militar e de polícia), cavalariças, cocheiras, armazéns de víveres, mercado, hospital e farmácia, igreja (v. PT040209020048), cemitério. |
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Número IPA Antigo: PT040209020004 |
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Registo visualizado 3352 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto arquitetónico Edifício e estrutura Extração, produção e transformação Mina
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Descrição
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A jazida de pirite cúprica acompanhava os afloramentos de superfície, estendendo-se na sua maior dimensão no sentido ONO. e ENE. O campo reservado à exploração, com uma área de 798.000 m2., situava-se dentro de um hexágono irregular, com vértices no Cerro do Pego da Sarna, Cerro do Vale de Cambas, Cabeço das Bicadas, Alto de Chabocais, Alto do Vale da Mata e sinal da Herdade da Careta. Para exploração da jazida foram abertos 27 poços verticais em comunicação com o mineral, para serviço de esgoto, ventilação, pesquisa e extracção; uma galeria de esgoto ao nível da galeria romana, para servir a parte superior da mina; túneis para extracção e galerias em direcção e transversais, dividindo a massa em pilares e maciços, feitas na salbanda na altura dos diferentes pisos (a 12, 28, 52, 62, 75, 92 e 122 m abaixo do nível do esgoto). As galerias tinham, no início, 2 m de largura por 4 m de altura, alargando depois para 4m por 6 m. A exploração fez-se também a céu aberto, com escavações até aos 62 m e utilizando uma linha férrea para a extracção. Percorrendo as minas foram criados 7 açudes, utilizando a água da Ribeira de Chança. |
Acessos
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Povoação de São Domingos, na Est. 265 de Serpa para Mértola, a 17 km. de Mértola. |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público / ZEP, Portaria n.º414/2013, DR, 2ª série, n.º 120 de 25 junho 2013 / Parcialmente incluído no Parque Natural Vale do Guadiana (Rede Natura 2000) |
Enquadramento
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Rural. As minas situam-se na serra de São Domingos, na camada de xistos argilosos que aí atravessa o Alentejo, a 3 km. da ribeira do Chança. Uma linha férrea ligava São Domingos a Pomarão, porto no Guadiana, a c. de 18 km., por onde o minério era escoado. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Extração, produção e transformação: mina |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 04 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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397 - exploração das minas pelos romanos, que desceram até 20 m. abaixo da galeria de esgoto por eles criada; o volume de escavação rondou os 150.000 m3. Para esgotar as águas usavam rodas hidráulicas; 1857 - descoberta da mina por Nicolau Biava, a partir de vestígios de trabalhos antigos de mineração e das massas de escórias aí amontoadas; 1858 - concessão da exploração da mina aos concessionários Ernesto Deligny, Luiz Decazes e Eugénio Duclerc, por cedência de Nicolau Biava. Em breve será criada uma sociedade mineira, de nome "La Sabina", para explorar a jazida; na sua direcção estão Ernesto Deligny, o duque Decazes e James Mason, engenheiro, mais tarde visconde Mason de São Domingos, que arrenda a exploração à Firma Mason & Barry Ltd., com sede em Londres, pelo período de 50 anos, podendo o prazo ser prorrogado; 1864 - abertura da mina; a direcção técnica estará a cargo de Mason; 1889, 22 de Abril - segundo o "Relatório sobre a Pesca Marítima e fluvial e industria da Pesca no Districto Maritimo de Villa Real de Santo António", já há muitos anos que as minas não deitam para o Guadiana águas sulfatadas de cobre, apenas de ferro: "a mina aproveita as águas de cobre na cementação depositando-as quando extraídas em grandes tanques construidos para esse fim e onde deitam sucata de ferro, extraindo depois o cobre, que é a sua maior riqueza pois que o exporta em pó por maior preço que a pedra mineral; dos tanques saem as águas que já perderam o cobre e são só sulfato de ferro, fazendo-se este despejo no rio só quando este traz águas muito barrentas e das muitas ribeiras que nele desaguam, ou quando há cheia" (1889, p. 5); 1965 - encerramento; 1991, 28 janeiro - Despacho de homologação de classificação como IIP - Imóvel de Interesse Público, pelo Ministro da Cultura; 1998, 19 de Março - por Portaria nº 186/98 publicada no Diário da República ( 1ª série - B ) o Regulamento do Plano geral de Urbanização da Mina de São Domingos no qual se enunciam as propostas de caracter hoteleiro para o imóvel; 200, 13 de Setembro - por Declaração nº 295/2000 publicada no Diário da República ( 2ª série ) alteração de pormenor ao plano de urbanização da Mina de São Domingos. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Bibliografia
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FUNDAÇÃO SERRÃO MARTINS, Por terras do chapéu de ferro, Mértola, Fundação Serrão Martins, 2013 (obra não consultada); SEQUEIRA, Pedro Vítor da Costa, Notícia sobre a mina de S. Domingos, Revista de obras Públicas e Minas, Lisboa, 1883 - 1884, vol. XIV - XV, Lisboa, 1884; Relatório sobre a Pesca Marítima e fluvial e indÚstria da Pesca no Districto Maritimo de Villa Real de Santo António, Lisboa, Impresa Nacional, 1889; Guia de Portugal, vol. II, Lisboa, 1932; TORRES, Cláudio, Mértola - vila museu, Mértola, s.d.. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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CMM: GTL |
Intervenção Realizada
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Observações
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1. Os achados nos arredores da mina permitiram confirmar a ocupação da área pelos romanos: restos de construções, túmulos, objectos cerâmicos, estátuas, medalhas, moedas; do interior da mina foram retiradas 10 rodas hidráulicas (Sequeira, 1883); uma dessas rodas conserva-se no Museu Nacional da Técnica, em Paris. 2. A exploração industrial da mina processou-se, até 1880, segundo 3 métodos: a lavra de baixo para cima, pelo método de pilares e maciços, a lavra a céu aberto, para exploração da massa partindo de massas superiores e o método de cimentação, por filtração de água através do maciço cúprico, bombagem para a superfície e precipitação do cobre em tanques. 3. A água dos açudes era usada para o tratamento dos minérios, para abastecimento de oficinas, máquinas a vapor, regas e usos domésticos; um dos açudes era usado como depósito das águas sulfatadas procedentes dos trabalhos de tratamento. |
Autor e Data
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Isabel Mendonça 1994 |
Actualização
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