Forte do Guincho / Forte das Velas

IPA.00006070
Portugal, Lisboa, Cascais, Alcabideche
 
Forte marítimo construído no séc. 17, após a Restauração, integrando-se na linha defensiva da Barra do Tejo, construída no reinado de D. João IV, seguindo a tipologia das pequenas fortificações costeiras, e reformado no séc. 18 e 19. Apresenta planta retangular irregular, composta por bateria retangular, virada ao mar, e, no lado oposto, por corpo do aquartelamento, também retangular, mas mais estreita, inicialmente com três compartimentos. Tem paramentos aprumados ou com ligeiro talude, na bateria virada ao mar, com remate em parapeito liso, a da bateria inicialmente a barbete e com capacidade para sete peças de artilharia mas que, em 1831, foi alterado para merlões e canhoneiras, acrescentando-se também no séc. 19, nos ângulos do corpo dos compartimentos, quatro guaritas, atualmente inexistentes. Na frente nascente tem portal central, em arco de volta perfeita, encimado por lápide e brasão com as armas reais. Entre 1793 e 1796, o forte é profundamente remodelado na zona do aquartelamento, já que os dois compartimentos laterais são reduzidos para ampliar o compartimento intermédio e de distribuição espacial, que é transformado em amplo pátio descoberto, tendo-se possivelmente também alterado o portal de acesso. Na mesma data, procede-se ainda à ampliação da cisterna integrada no pavimento do compartimento central, que passa a ter planta retangular, e à alteração da escada do pátio para a bateria, que passam a convergentes. Do topo sul da bateria parte escada para a plataforma a cavaleiro, sobre os compartimentos laterais, interligada na frente virada a terra, destinada a tiro a fuzil. No interior, os compartimentos são cobertos por abóbada de berço e o do quartel possui lareira. No final do século 18 construiu-se ainda um parapeito, delimitando o forte do lado do mar, e um caminho pavimentado, ainda hoje subsistente, bem como um grosso paredão até quase ao nível do mar, para consolidar as rochas sobre as quais a fortificação fora edificada. O forte cruzava fogo com a Bateria da Galé (v. IPA.00012698).
Número IPA Antigo: PT031105030008
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Militar  Forte    

Descrição

Planta retangular, composta por bateria retangular, virada ao mar e, no lado oposto, por corpo mais estreito, formado por dois compartimentos flanqueando amplo pátio retangular, descoberto. Massa de disposição horizontal, com compartimentos laterais cobertos em telhados ligeiramente inclinados, de duas águas, revestidos a lajes de cantaria. Paramentos aprumados ou em talude ligeiro na bateria virada ao mar, em alvenaria de pedra aparente, com cunhais em cantaria e remate em parapeito liso, ou em merlões e canhoneiras na bateria. Na frente nascente, virada a terra, abre-se porta central, em arco de volta perfeita, sobre pilastras, encimada por friso e três silhares de cantaria, sobrepostas por brasão com as armas reais. Na frente norte, entre os dois corpos, surge sobrelevado pequeno corpo retangular, correspondente a uma latrina. INTERIOR: o portal acede a pátio, com o paramento nascente marcado por três arcos sobre pilares, o central abatido e os laterais de volta perfeita, com parte do pavimento em lajes de cantaria, integrando descentrado a boca da cisterna, que é retangular. Nos paramentos laterais, abre-se porta central, em arco, de acesso aos compartimentos, rebocados e pintados, com pavimento cerâmico e cobertura em abóbada de berço, um deles possuindo lareira. Ao paramento poente do pátio, adossam-se escadas convergentes, de cantaria, para a bateria, revestida a lajes de cantaria. A partir desta, desenvolve-se, a sul, rampa de ligação à bateria a cavaleiro sobre os dois compartimentos, para defesa a fuzil, interligados na frente nascente e protegida por parapeito liso. No ângulo norte tem porta para o pequeno cubículo da antiga latrina.

Acessos

Alcabideche, estrada de terra batida a partir da EN 247, que vai simultaneamente para a Praia do Abano. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,739906, long.: -9,473308

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 129/77, DR, 1.ª série, n.º 226 de 29 setembro 1977 / Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Marítimo, isolado. Ergue-se sobranceiro à linha de costa, sobre afloramento rochoso, nas imediações da praia do Guincho, desenvolvida a sul, de onde advém o seu nome, e da praia do Abano, a norte.

Descrição Complementar

Sobre a porta de acesso existe lápide com a seguinte inscrição: "D. (...) LVIS DE MENEZES CONDE DE CANANHEDE DOS (...) E GUERRA (...) DE SUA FAZ (...) DAS ARMAS DE CAS(...) MANDOV FAZER ESTA (...) 1 DE (...)" (Callixto, p. 12), tendo a possível reconstituição: "D. ANTÓNIO LUIS DE MENESES / CONDE DE CANTANHEDE DOS / CONSELHOS DE ESTADO E GUERRA DE / SUA MAGESTADE VEDOR DE SUA FAZENDA / E GOVERNADOR DAS ARMAS DE CASCA/IS MANDOU FAZER ESTA FOR/TIFICAÇÃO EM 1 DE (...)" (Callixto, p. 12).

Utilização Inicial

Militar: forte

Utilização Actual

Devoluto

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afetação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 19

Arquitecto / Construtor / Autor

EMPREITEIRO: António da Costa Saraiva (1980-1981). FIRMA: Mapril dos Santos Batalha, Ldª (1968).

Cronologia

1640, década - época provável da construção do forte, mandado edificar por ordem do conde de Cantanhede, enquanto governador das Armas de Cascais, cargo que desempenha a partir de 2 de janeiro de 1642, integrando-se no plano de D. João IV para reforçar a defesa do Tejo, desde a Torre de São Vicente de Belém até à Torre de São Julião da Barra; 1675 - primeira referência documental ao forte num relatório de inspeção, que o menciona guarnecido pelo "Terço de Cascais" e com sete peças de artilharia; 1693 - data da primeira planta a representar o forte, atribuída ao arquiteto Mateus do Couto e pertencente ao Arquivo da Casa Cadaval; 1707 - pelas Memórias Militares do Mestre de Campo António do Couto Casttelo Branco, o forte está artilhado e guarnecido; 1720, 29 junho - relatório do Coronel João Xavier Teles com discriminação das obras de reparação necessárias no forte, as quais consistem em embossos nas muralhas, rebocos no corpo da guarda, betume dos lajedos, porta para a entrada principal e corpo da guarda e conserto do quartel do cabo, tudo orçamentado em 130$000; desconhece-se se as obras chegam a ser realizadas; tem duas peças de bronze do segundo género de calibre 14 e outra de 12, ambas sem reparos, tendo mais seis peças de ferro, porém sem préstimo; tem alguma pólvora, bala grossa e o necessário para o serviço das duas peças; as peças de artilharia de ferro estão fora de uso e apenas duas, em bronze, estão operacionais; dado situar-se junto a uma praia que permitia o fácil o desembarque inimigo, considera conveniente que, além das duas peças de bronze, ali se coloquem mais quatro capazes, que poderiam ser colocadas na bateria, e se aumentasse a sua guarnição; esta é composta por um cabo, três soldados do regimento e dois artilheiros, colocados em regime de rotação semanal; 1751 - o forte necessita apenas de pequenas reparações, sendo os trabalhos de beneficiação avaliados em 400$000; 1758 - nova referência à necessidade de reparar os muros da fortificação, as chaminés das cozinhas, a casa da guarda e os quartéis; continuavam a estar operacionais apenas duas peças de bronze; 1763 - 1764 - está artilhado com duas peças de bronze de calibre 10 e 12; 1777, 14 março - o forte encontra-se em bom estado geral de conservação, ainda que os quartéis precisem de pequenos consertos e a cisterna de ser betumada, sendo considerado "boa" e "bem situada para empedir qual quer desembarque"; o paiol está em bom estado de conservação; o seu poder de fogo é aumentado com mais cinco peças de ferro de calibre 12, estando todas montadas e prontas, possuindo também 300 balas de calibre 12 e 50 de 10, além da palamenta; tem de guarnição um cabo de esquadra e três soldados de infantaria; 1793, 14 janeiro - o coronel de engenharia Romão José do Rego adverte que as rochas onde assenta o forte ameaçam ruína; 19 novembro / 11 dezembro - documentos referem ter sete peças de bronze; 1793 - 1796 - obras no forte, procedendo-se à ampliação significativa do compartimento intermédio, entre os quartéis e a cozinha, de um lado, e o paiol e o armazém, de outro, criando largo pátio de entrada, que passa a integrar a cisterna, que também é ampliada, e que leva a refazer-se o portal; 1794, 09 dezembro - continua a ter sete peças de artilharia e a guarnição de um cabo e três soldados; 1796 - data da planta do forte, elaborada pelo Sargento-Mor Maximiano José da Serra; tem o mesmo número de peças e como guarnição, um cabo e dois soldados do Regimento de Cascais; séc. 19 - construção de quatro guaritas nos cunhais do corpo virado a terra e das quais apenas subsistem atualmente os respetivos arranques; 1800, 18 março - decreto nomeia governador do forte o tenente-coronel de Infantaria Simão Pires Sardinha; 1801, 01 outubro - num Mapa de Bocas de Fogo da Praça de Cascais e suas Dependências, a artilharia do forte é então de duas peças de calibre 18 e quatro de 12; 1804 - o lugar de governador do forte está vago; 1805, 18 julho - dispõe de mais uma peça de calibre 12 e está guarnecido por nove soldados Inválidos e de Pé de Castelo, comandados por um cabo de Esquadra; 1808 - durante as invasões francesas, é guarnecido por nove soldados artilheiros, um cabo e onze soldados de Infantaria; 1809 - 1814 - não tem assinalada qualquer guarnição para o forte; 1815 - 1816 - volta a ser guarnecido com um cabo e três soldados da 3.ª Companhia de Veteranos de Cascais; 1827, 24 agosto - todas as peças da artilharia precisam de conserto; 1829,12 outubro - relatório de inspeção do major Francisco Manuel Ribeiro refere que as cinco peças de artilharia se encontravam inoperantes, algumas por incapacidade de fazer fogo e outras por não possuírem reparos, mas a peça de bronze ainda merecia ser consertada; a fortificação encontra-se em bom estado de conservação, precisando apenas proceder-se ao reboco das paredes e parapeitos e arranjar-se a porta de entrada; 1831, 26 junho - perante a crescente ameaça de uma invasão das forças liberais, o governador Raymundo José Pinheiro envia ofício ao Mestre General Filipe Néri Gorjão a solicitar o envio de quatro peças de calibre 12 para artilhar o forte; 11 julho - o governador da praça de Cascais indica estarem no forte três peças de ferro (duas de calibre 9 e uma de 18); 12 julho - o governador indica que existem mais seis peças de ferro incapazes (três de calibre 12 e três de 18) e de uma guarnição de um subalterno, um sargento e oito soldados de milícias, um cabo e dois soldados de artilharia e um sargento e dois soldados de Veteranos; 29 - julho - ofício do coronel de Engenharia José Lane, do Quartel do Real Corpo de Engenheiros da vila de Oeiras, a Manuel de Sousa Ramos, acompanhando um orçamento de obras a efetuar, no valor de 714$000, indicando que o forte tinha de ser inspecionado; 12 dezembro - segundo informa o capitão de engenharia José António Mourão, Diretor das Obras das Fortificações de Paço de Arcos até ao Cabo da Roca, ao tenente-general Manuel de Sousa Ramos, já estão concluídos os trabalhos do quartel, paiol e bateria, podendo o forte receber a guarnição; 1832, 15 fevereiro - inspeção do forte pelo Marechal de Campo Gabriel António Franco de Castro; 19 fevereiro - informa-se o Quartel Mestre General Filipe Néri Gorjão que o forte se encontra reedificado e tem boa plataforma de lajedo coberta com merlões; nos parapeitos da bateria tinha-se aberto duas canhoeiras viradas a sul, quatro a oeste-noroeste e uma ao norte e a cavaleiro existia um terraço para defesa a tiro do fuzil; a fortificação tem então um pequeno paiol e um quartel para 14 homens; em toda a volta do forte existe um terrapleno com estrada coberta, com parapeito para o mar e do lado norte defesa para fuzilaria; 1833, 23 outubro - segundo ofício do Juiz de Fora de Cascais, António de Oliveira Amaral, para o Ministro Agostinho José Freire, com a retirada das tropas Miguelistas da região de Lisboa, o forte, evacuado pelo seu pequeno contingente militar, fica ao abandono e entregue à pilhagem; 1844 - o forte do Guincho já não é mencionado como fortificação nos Mapas de Artilharia e Guarnição; 1850, 19 novembro - data de um orçamento para obra de restauro, no valor de 350$000; 1854, 26 março - relatório de inspecção do brigadeiro José Gerardo Ferreira Passos e Capitão Engenheiro João António Esteves Vaz referindo o avançado estado de decadência do forte; o mesmo refere a existência de lápide sobre o portal de entrada com inscrição, muito sumida, aludindo à sua construção no reinado de D. João IV; 1868, 30 novembro - segundo a Memória do capitão de engenharia António Joaquim Pereira, o forte está desartilhado e muito arruinado; 1892 - o Conde de Moser requer o arrendamento do forte; 28 outubro - o diretor da obra da bateria do Bom Sucesso informa não ver inconveniente no arrendamento. Desde que o arrendatário se sujeitasse a uma série de condições *1; 1895, 30 junho - feitura de planta do forte pelo engenheiro Carlos Joyce Dinis; 1906, novembro - tendo constado na Secretaria de Guerra que junto ao forte fora aberta uma trincheira, ou escavação, recente ou antiga, que poderia prejudicar as muralhas do forte, pede-se informação sobre o assunto; 1919, 01 setembro - Carlos Champalimaud, dono da Quinta da Marinha, solicita o arrendamento ou aforamento do forte arruinado; 1920, 01 junho - início do contrato definitivo do arrendamento do forte a Álvaro Augusto Nunes Ribeiro, por 131$00, por três anos; 02 junho - informa-se que o Ministério da Guerra devia continuar na posse do forte e não aliená-lo, porque, em caso de perigo, apesar da sua pequena cota o deixar muito exposto à ação da artilharia dos navios atacantes, ele poderia servir como posto de observação da costa ou ser aproveitado para qualquer serviço auxiliar; 27 agosto - adjudicação do forte em hasta pública por João Filipe da Silva Nascimento, pelo prazo de três anos, por 110$00 anuais; 1921, novembro - Carlos Champalimaud apresenta pedido de compra do forte, por intermédio da Sociedade Comercial Financeira Limitada, com sede na Rua do Alecrim, n.º 65, Lisboa; 1922, 09 março - deferimento ao requerimento da "Sociedade Marinha" para arrendar o imóvel; 1923, 07 julho - inspeção ao forte, após o término do seu arrendamento; 09 julho - relatório da Inspeção das Obras e Fortificações do Campo Entrincheirado de Lisboa refere que o forte está ao abandono, sem porta, com as paredes parcialmente destruídas e cheias de fendas, com as abóbadas a cair, necessitando de grandes reparações para ser habitado; 27 agosto - prorrogamento do arrendamento do forte, por mais três anos, a João Filipe da Silva Nascimento; 1926 - João Filipe da Silva Nascimento recusa-se a prorrogar o arrendamento do forte, dada às obras que tinha de efetuar para o manter e devido aos arrombamentos e roubos sofridos; 1927, 25 abril - o forte encontra-se muito danificado *2; 30 junho - autoriza-se que seja posto em praça o arrendamento do imóvel; 01 julho - arrendamento do forte a Álvaro Augusto Nunes Ribeiro, por 120$000 anuais, por três anos; 1930 - prorrogação do aluguer do forte por igual período e a 131$000 anuais; 1933, 01 julho - aluguer do forte a Jorge dos Anjos Pereira; 1936, 10 janeiro - tendo ficado deserta a praça para arrematação do arrendamento do forte, decide-se não ser conveniente proceder a nova praça, optando-se por aguardar o aparecimento de algum pretendente ao mesmo; 1938 - o forte está em completo estado de ruína, não vendo o Diretor-Geral da Direção-Geral dos Edifícios e Monumentos Nacionais inconveniente no seu arrendamento; setembro - descrição do forte no Tombo do Prédio Militar *3, sendo avaliado em 16.000$00; 30 novembro - auto de entrega do forte ao Ministério das Finanças, sendo assinado pelo capitão do extinto Quadro Auxiliar de Engenharia António de Sá Pereira do Lago, pelo Ministério da Guerra, e pelo Chefe de Repartição Joaquim Celestino de Sousa Freitas Sampaio, em representação do Ministério das Finanças; é-lhe atribuído o valor de 16 contos, segundo um cálculo de 1934 para a área de 595 m2 de superfície e mais de 279 m2 de linha de fuzilaria; 1939, 18 maio - arrematação do seu aluguer por José Maria Calçada, morador na Rua das Salgadeiras, n.º 1, 3.º D, em Lisboa, por 365 dias e por 2.100$00, a contar dessa data; 23 maio - assinatura de arrendamento; 1939 - o inglês Anthony Horace Ruggeroni, nascido em Portugal, passa a utilizar o forte em seu proveito, dando origem a uma ação policial pela Polícia de Vigilância e Defesa do Estado; 1941 - busca no forte pela Polícia Política, sob pretexto de procurar um aparelho emissor clandestino, procedendo ao despejo compulsivo do mesmo e ao selar das portas; segundo Callixo, a latrina serve de arrecadação; 1944, 30 dezembro - auto de cessão do forte ao Clube Nacional de Campismo, passando a funcionar como casa-abrigo; 1949, 06 novembro - inauguração da casa abrigo na presença do Dr. Ayla Botto, pela Direção-Geral de Educação Física, Desportos e Saúde Escolar e do Engenheiro Augusto Abreu Nunes, Presidente da Junta de Turismo de Cascais; 1950, 26 abril - novo auto de cessão do forte à Federação Nacional de Campismo; setembro - a "Revista de Campismo" refere a determinação de se entregar o forte à administração do Clube de Campismo de Lisboa; 1953 - data do anteprojeto do Forte do Guincho, que a Junta de Turismo de Cascais pretendia adaptar a pousada, da autoria dos arquitetos José Nobre de Carvalho e Jorge Segurado; 1956 - a Federação Portuguesa de Campismo informa que o forte havia sofrido dois assaltos seguidos, resultando em vários prejuízos para o seu recheio, pelo que solicita autorização para a realização de obras; 10 abril - Guarda Fiscal solicita autorização para instalar no forte o Posto Fiscal da Figueira, o que é aceite; 1966, 09 fevereiro - auto de cedência entre o Ministério das Finanças e a Guarda Fiscal, cedendo-se o imóvel ao Comando Geral da Guarda Fiscal; 1967 - o comando Geral da Guarda Fiscal solicita à DGEMN a reparação urgente do forte, com vista à sua ocupação como posto daquela guarda; após vistoria, verifica-se que, além das reparações e beneficiações gerais, indispensáveis nas diversas dependências até há pouco utilizadas pela Federação Portuguesa de Campismo, a muralha exterior voltada ao mar apresenta-se destruída em grande parte, ameaçando ruína total, existindo uma caverna feita pela ação do mar sob o forte, com um volume de cerca de 1.500 m3; as obras necessárias para a reparação do rombo são orçadas em cerca de 400.000$00 a que se teria de acrescentar o valor das obras de reparação interior; a Guarda Fiscal acaba por não se instalar no forte, nem a realizar as obras necessárias; 1970 - 1975, entre - encontrava-se devoluto; 1974, 09 abril - a 2.ª Secção da Junta Nacional de Educação solicita a sua classificação; 1975 - Despacho da Direcção-Geral da Fazenda Pública cedendo novamente o imóvel ao Clube Nacional de Campismo; abril - os campistas ocupam o forte e apelam a Otelo Saraiva de Carvalho a entrega do mesmo ao Clube de Campismo de Lisboa, já que a Guarda Fiscal nada fizera para instalar o posto fiscal; 29 agosto - informa-se a concordância da entrega do forte ao Clube de Campismo de Lisboa; 1976, 25 agosto - auto de devolução e cessão feito simultaneamente pela Guarda Fiscal ao Ministério das Finanças e deste ao Clube de Campismo de Lisboa, para ser utilizado como Casa-Abrigo, na condição das obras serem feitas por conta do Clube, embora sob aprovação da DGEMN; 1977, 14 janeiro - devido ao assalto do forte, pilhando o seu recheio, sobretudo da ala sul, que já estava mobilada e pronta a entrar em serviço, o Clube solicita à DGEMN a concessão de um subsídio para as obras a efetuar, sobretudo para a reconstrução das muralhas e merlões; 1977, 27 outubro - descrição do forte no Tombo do Prédio Militar; 1978 - o forte continua fechado e sem utilização; 2003 - 2004 - cedência do forte à Câmara Municipal de Cascais, prevendo-se a sua recuperação para instalação de uma cafetaria e um núcleo de divulgação do Parque Natural Sintra-Cascais.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em alvenaria de calcário, aparente ou rebocada e pintada; cunhais, moldura dos vãos, pilastras, brasão, pavimento do pátio, bateria e revestimento da cobertura dos compartimentos em lajes de cantaria calcária; pavimento cerâmico nos compartimentos.

Bibliografia

BARROS, Maria de Fátima Rombouts, BOIÇA, Joaquim Manuel Ferreira, RAMALHO, Maria Margarida Magalhães - As fortificações Marítimas da Costa de Cascais. Lisboa: Quetzal, 2001; CALLIXTO, Carlos Pereira - Fortificações da Praça de Cascais a Ocidente da Vila. Lisboa: Liga dos Combatentes, 1980; LOURENÇO, Manuel Acácio Pereira - As Fortificações da Costa Marítima de Cascais. Cascais: Câmara Municipal de Cascais, 1964; MOREIRA, Rafael - «Do Rigor Teórico à Urgência Prática: A Arquitectura Militar». In História da Arte em Portugal. Lisboa: Publicações Alfa, 1986, vol. 8, pp. 66-85.

Documentação Gráfica

DGPC: DGEMN:DSARH; Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM , SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 19/Cascais (processo n.º 846)

Documentação Fotográfica

DGPC: DGEMN:DRMLisboa, DGEMN:DSID/Galeria, DESA

Documentação Administrativa

DGPC: DGEMN:DSARH (DGEMN:DSARH-008/067-0114/03, DGEMN:DSARH-010/067-0028, DGEMN:DSARH-005/067-4875/10, DGEMN:DSARH-005/067-4875/09, DGEMN:DSARH-010/067-0066), DGEMN:DREL (DGEMN:DREL-1116/11), DGEMN:DSID (v. DGEMN:DSID-001/011-009-1672/5, DGEMN:DSID-001/011-009-1672/6, DGEMN:DSCSV-001-0186/1189); Direção de Infraestruturas do Exército: GEAEM , SIDCarta, Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 19/Cascais

Intervenção Realizada

Proprietário: 1793 / 1794 / 1795 / 1796 - obras de consolidação e restauro do forte, procedendo-se ao reforço da sua estrutura, refazendo-se os muros, engrossando-se a sua espessura; para impedir a acção destrutiva do mar, procede-se à construção de um paredão e de um caminho calcetado, protegido por um pequeno murete para facilitar a circulação entre o mesmo e o paramento exterior da bateria; substituição de todos os elementos apodrecidos, madeiras e ferragens; 1831 / 1832, janeiro - obras de restauro e beneficiação do forte, com recuperação dos parapeitos, merlões e canhoneiras, reboco das paredes, betume da cisterna, ladrilhamento do paiol e conserto / substituição de madeiramentos e ferragens das portas e janelas; Clube Nacional de Campismo: 1945 - sendo presidente César de Oliveira, procede-se a obras de conservação e adaptação a casa-abrigo, com instalação de dois beliches para seis camas e uma maca suplementar nos alojamentos situados à esquerda do pátio de entrada, na ala sul; arranjo da chaminé; 1949 - as obras de adaptação estendem-se à ala norte; melhoramentos na ala sul, com construção de uma clarabóia, instalação de um ventilador e reparação de pavimentos; 1950 - conclusão das obras; 1951 - a fim de desempenhar as funções de casa-abrigo recebe melhoramentos no valor de 3.823$60, renovando-se o material antigo, conclusão das obras de canalização de água para duches, colocação de nova porta, bomba de água e tampa para a cisterna; 1958 - a Federação Portuguesa de Campismo informa ter concluídas as obras de beneficiação e limpeza do forte com vista à sua imediata utilização como Casa-Abrigo, introduzindo-se algumas alterações no plano anteriormente estabelecido, sem descurar a traça do imóvel; DGEMN: 1968 - obras de consolidação das muralhas, pela firma Mapril dos Santos Batalha, Ldª, com escavação na rocha para consolidar as fundações, execução de betão ciclópico com cimento em fundações e de alvenaria hidráulica com cimento para o enchimento das cavernas, revestimento da face vista da muralha com alvenaria de pedra tosca, igual à existente; 1980 - obras de enquadramento e valorização das muralhas do forte, pelo empreiteiro António da Costa Saraiva, com refechamento das juntas nos paramentos exteriores, encasque das que se encontrem muito abertas e profundas, utilizando pedra idêntica, reconstrução da muralha junto à escada de acesso ao terraço superior, empregando-se para o efeito a pedra existente no interior, junto à porta de entrada, caiações, demolição e desmonte da parede existente no entaipamento dum vão na muralha nascente, reparação da porta de entrada, construção de uma rampa para o reservatório existente por cima dos sanitários, completamento de alvenaria de pedra ao nível dos terrenos superiores em aberturas existentes, consolidação e completamento das ameias existentes ao nível do terraço inferior; 1976, fevereiro - decorrem obras de restauro do forte, orçadas em 60.000 escudos; 1981 - beneficiação interior do forte pelo empreiteiro António da Costa Saraiva, com refechamento das juntas nos paramentos, encasque das que se encontram muito abertas e profundas, levantamento dos pavimentos nas duas dependências existentes, e colocação de tijoleiras nas mesmas, regularização do coroamento das muralhas na zona dos terraços superiores, reparação das portas das dependências, substituição do esgoto dos sanitários, arranjo da zona de entrada do forte, limpeza da cisterna existente, com substituição do cano de abastecimento de água e limpeza de toda a zona interior.

Observações

*1 - As condições para o arrendamento, assinadas pelo tenente de engenharia António Marques Paixão, eram: 1) o arrendamento seria por 9 anos a contar da data do respetivo contrato, podendo ser prorrogado sucessivamente por prazos iguais, se convir às duas partes contratantes; 2) a renda anual seria de 10$000 pagos adiantadamente numa só prestação no mês de janeiro de cada ano; 3) o arrendatário não poderia demolir coisa alguma das construções ali existentes. Por outro lado, o arrendatário poderia adicionar algumas construções às existentes, uma vez que o Comando Geral de Engenharia, depois de apreciar os projetos que previamente lhe fossem apresentados pelo arrendatário e reconhecer que tais construções não ofereciam inconveniente para o forte, dê a autorização respetiva; o arrendatário obrigar-se-ia a entregar o forte em qualquer época do arrendamento sem direito a indemnização pelas benfeitorias realizadas, se, por motivo de defesa do país, for necessário ocupar o mesmo forte; o arrendatário não querendo servir-se da cisterna, poderia fechar todas as entradas de águas das chuvas, conservando porém completamente livre todo o espaço interior. *2 - Em 1927, as paredes e muralhas do forte já não apresentam rebocos e as escadas estão a desmoronar-se, pelo que se previa que, dentro de pouco tempo, o imóvel seria um montão de ruínas. Não tem edifícios nem condições algumas de habitabilidade. As suas entradas já não têm porta e tendo sido colocado uma tampa na pequena cisterna existente junto à entrada, e do lado interior essa mesma tampa desapareceu devido ao vandalismo. As reparações urgentes importam são avaliadas em cerca de 20.000$00, considerando-se que as despesas não eram compensadas pelas diminutas rendas que o prédio militar dava. *3 - O forte é descrito como sendo uma bateria marítima, constando de uma bateria baixa, retangular, tendo quatro canhoneiras na face principal, voltada ao mar e uma no flanco que olha ao norte, e duas baterias mais elevadas, recuadas em relação à anterior, assentes sobre as abóbadas de duas casas que constituem os quartéis; no pátio, para onde dão duas casas, tem uma cisterna. A bateria baixa é cercada por uma linha de fuzilaria que assenta em muro que desce até à água na face oeste. Em documentação de data sensivelmente anterior, informa-se que o forte não tem terreno de serventia, uma vez que os marcos do Ministério da Guerra estão junto ao edifício e os terrenos que o cercam, na época em poder da Sociedade da Marinha, eram considerados pelo povo como logradouro público. No entanto, era do conhecimento geral que os marcos teriam sido deslocados, conforme atestar o seu arrendatário João Filipe da Silva Nascimento e o oficial da Marinha, comandante Nunes Riveiro.

Autor e Data

Paula Noé 2018

Actualização

 
 
 
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