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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Mosteiro feminino Ordem de Cister - Cistercienses
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Descrição
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Planta composta, centralizada, constituída por vários edifícios que se interligam e se aglutinam em redor de um claustro central, formando uma massa articulada disposta horizontalmente e composta por diferentes volumes dados pelas diferentes altimetrias das dependências monásticas. Portão de acesso, em cantaria rusticada com frontão triangular rematado por pináculos e sustentado por cornija saliente apoiada em mísulas; ao centro as armas eclesiásticas de São Bernardo de Claraval, com a inscrição " FR.º 636 - ANOS", ladeadas por 2 nichos vazios; o portão comunica para um largo terreiro que permite a entrada para a fachada principal do convento, a sul para a portaria conventual e para o nártex da igreja; a norte as dependências correspondentes às casas do intendente e do confessor. Fachada principal com acesso através de dois portais; à esquerda portal em arco abatido, apoiado por aduela, em cantaria rusticada; à direita portal em arco de volta perfeita de cantaria; entre estes dois acessos, escada de um vão e patamar, com 3 entradas; a fachada apresenta 2 registos e é rasgada por janelas rectangulares, com moldura recta em cantaria; à direita os corpos da Sacristia e Igreja são rasgados por janelas com moldura curva em cantaria saliente; duas sineiras, uma ao centro, de duplo olhal rematado por frontão curvo, a outra à direita, com 2 olhais sobrepostos, encimados por frontão triangular. Fachadas laterais sóbrias, ritmadas por janelas rectangulares gradeadas. Fachada norte semelhante à principal, ritmada por contrafortes que sobem até ao beirado. IGREJA: de planta longitudinal, com portal axial a nascente; nave única de elevado pé direito com capelas laterais e coro baixo; cobertura em abóbadas artesoadas, de 4 tramos, com fechos dourados e lavrados com os emblemas de D. Manuel I, brasões dos Almeidas e motivos vegetalistas; apresenta pinturas murais representando serafins e estrelas; as paredes são revestidas de azulejos azuis e brancos, historiados, sobre a vida de São Bernardo, com cercadura polícroma. Capela-mor, sobreelevada em relação à nave, de dois tramos; cobertura em abóbada estucada com pinturas murais; retábulo-mor em talha dourada, com trono e baldaquino. O coro-baixo, com ligação através de um portal em ferro à capela-mor, é uma sala quadrangular, com tecto abatido de caixotões. CLAUSTRO: de planta trapezoidal, compõe-se de 2 pisos, o inferior de arcada em arcos de ferradura, o superior de arcadas abatidas; coberturas em abóbada artesoada; os alçados são ritmados por contrafortes definindo os vários panos, de duas arcadas cada; capitéis com motivos vegetalistas e figuras humanas; o canto sul apresenta três pisos, acusando as diferentes intervenções que sofreu; o lado poente não tem segundo piso, mas terraço; 2 fontes, uma na quadra de taça rectangular e obelisco lavrado, outra adossada à parede do ângulo sul, em forma de concha com golfinho; contíguo ao refeitório, lavabo de volutas; o refeitório tem acesso por porta renascença com mainel central e capitéis coríntios. Sala do Capítulo de planta longitudinal, com cobertura em abóbada, com bocetes decorados por esferas armilares e brasões dos Almeidas; é suportada por uma fieira de colunas centrais, transformado posteriormente a acesso ao corpo nascente, mais tardio. |
Acessos
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EN 114, Évora - Arraiolos, a 2 Km da sede de concelho, a c. de 500 m do lado esquerdo, a poente. |
Protecção
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Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto n.º 8 218, DG, 1.ª série, n.º 130 de 29 junho 1922 / ZEP, Portaria, DG, 2.ª série, n.º 210 de 06 setembro 1962 |
Enquadramento
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Peri-urbano, numa pequena elevação do terreno, isolado e em destaque, próximo da estrada para Arraiolos, perto do Convento da Cartuxa (v. IPA.00006503) e do Aqueduto (v. IPA.00002755), em zona relativamente arborizada e visualmente desafogada. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Religiosa: mosteiro feminino |
Utilização Actual
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Política e administrativa: repartições públicas *1 |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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DRCAlentejo, Portaria n.º 829/2009, DR, 2.ª série, n.º 163 de 24 agosto 2009 |
Época Construção
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Séc. 12 / 13 / 16 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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MESTRE DE PEDRARIA: Estevão Lourenço (claustro), atr.. PINTOR: Diogo Contreiras *2 |
Cronologia
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1169 - primeira referência à existência duma ermida neste local, dedicada a São Bento e erguida por D. Soeiro, 1º Bispo de Évora; Séc.12, último quartel - Dona Urraca Ximenes manda erigir um cenóbio; 1274 - a superiora deste cenóbio, Domingas Soeira, obtém do papa Gregório X autorização para integrar o pequeno mosteiro na regra e Ordem de Cister; 1328 - é consagrada a primeira igreja conventual; 1384 - é abadessa do convento Dona Joana Peres Ferreirim; Séc.15 - construção do claustro; Séc.16, inícios - o edifício sofre importantes obras, de ampliação e modificação, sob protecção da casa dos Almeidas; 1520 - Alvará real de vedor das obras a Gonçalo Nunes; 1520, 09 novembro - despesa e recibos das importâncias despendidas com as obras, pagas a Estêvão Lourenço, mestre de pedraria; 1520, 04 dezembro - Confirmação do contrato feito com Estêvão Lourenço sobre a construção das duas quadras do claustro; Séc. 16, meados - é criado um novo corpo paralelo ao corpo nascente, acessível por uma passagem parcialmente a céu aberto, que constituiria a antiga enfermaria; 1890, 18 de abril - por morte da última freira, o convento é extinto e secularizado; 1938, 31 dezembro - aprovada a proposta do Arq. José da Cruz Lima de elaboração do estudo de restauração completa do convento a par da da Sé de Évora (v. IPA.00002725) e de Santa Maria do Olival em Tomar (v. IPA.00006537); 1940 - adaptação de algumas depêndencias conventuais a Asilo Agrícola Industrial; 1941, fevereiro - ciclone arruina os telhados; 1957 / 1958 - conclusão das obras de aproveitamento imediato do convento, com vista à instalação da Casa Pia Masculina, pelos Serviços do Monumentos Nacionais; 1958, 16 fevereiro - inauguração da capela do convento; 2004 - 2005 - deixa de funcionar como colégio e orfanato da secção masculina da Casa Pia; 2006 - com a saída da casa Pia projecta-se a reafectação do imóvel; 2007, 20 dezembro - o imóvel é afeto à Direção Regional da Cultura do Alentejo, pela Portaria n.º 1130/2007, DR, 2.ª série, n.º 245; 2010, abril - em curso estudos sobre o imóvel da responsabilidade da DRACLEN; 2011, 07 março - o imóvel é vandalizado e um dos sinos roubado; 2016, dezembro - apresentação do projeto"Sphera Castris" que visa a criação de um polo expositivo, de um centro experimental das artes e património bem como a requalificação de todo o complexo conventual. |
Dados Técnicos
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Estrutura mista |
Materiais
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Alvenaria mista rebocada e caiada, abóbadas em tijolo maciço rebocadas e caiadas, mármore em elementos secundários e decorativos, cunhais, contrafortes pilastras, colunas, pavimentos e alisares em granito; talha dourada, estuques, madeira, azulejos, pinturas murais. |
Bibliografia
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AZEVEDO, José Correia de - Inventário Artístico Ilustrado de Portugal. Alentejo. Lisboa, 1992; COCHERIL, Dom Maur - Notes sur l'Architecture et le décor des Abbayes Cisterciennes du Portugal. Paris, Fundação Gulbenkian, 1972; IDEM - Routier des Abbayes Cisterciènnes du Portugal. Paris, 1978; DIAS, Pedro - A Arquitectura Manuelina. Porto, 1988; GIL, Júlio e Calvet, Nuno - As mais belas igrejas de Portugal. Lisboa, 1989, Vol. 2; IDEM - A Arquitectura Gótica Portuguesa. Lisboa, 1994; ESPANCA, Túlio - Inventário Artístico de Portugal - Concelho de Évora. Lisboa, 1966, vol. 8; Ministério das Obras Públicas - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1955. Lisboa, 1956; IDEM - Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1956. Lisboa, 1957; IDEM - Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958. Lisboa, 1959, Vol. 1; IDEM - Relatório da Actividade do Ministério nos Anos de 1959. Lisboa, 1960, Vol. 1; PEREIRA, Paulo, org. - História da Arte Portuguesa. Lisboa, 1995. |
Documentação Gráfica
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DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS |
Documentação Fotográfica
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DGPC: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGPC: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMS; IPPAR: DRE; CME; IAN/TT: Corpo Cronológico, parte I, maço 26, docs. 103 e 112; Parte II, maço 35, doc. 74. |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1937 - obras de consolidação e restauro: demolição e construção das abóbadas do claustro e coberturas; 1950 - 1956: obras de adaptação a secção masculina da Casa Pia: modificação da vacaria e anexos; reparação e conservação da igreja; canalização de esgotos, abastecimento de águas, construção das aulas do segundo piso; 1957 - arranjo do depósito de água; construção das aulas do segundo piso; acabamentos na igreja e arranjo do claustro; 1958 - restauros na igreja e na torre; 1959 - continuação das obras de adaptação a instalações da Casa Pia, pelos Serviços dos Monumentos Nacionais; construção do posto de inseminação da ala agrícola; construção de um muro de suporte junto ao convento; 1966 - conservação de telhados nas oficinas; 1968 - reparação das instalações sanitárias e na casa do padre director; 1971 - obras de beneficiação de dormitórios; construção de tectos nos quartos e de instalações sanitárias nos quartos dos vigilantes ; 1980 - reconstrução de telhados, rebocos, portas e caixilhos; 1981 - reparação da instalação eléctrica; 1985 - reparação de telhados, portas, caixilhos e pavimentos; reconstrução de tectos; pinturas e caiações; 1986 - obras de recuperação; 1988 - substituição estrutura do telhado, reparo de fissuras, estuques e tectos em caixotões de madeira; 2000 - reparação de coberturas na zona do claustro, e dos tectos do piso superior das alas do claustro, reparação de rebocos e caiações; Segurança Social - Centro Distrital de Évora / Secção Masculina da Casa Pia: 2002 - 2004 - obras de melhoramento nomeadamente aquecimento. |
Observações
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*1 - incluído no Programa dos Itinerários Cistercienses, de acordo com o protocolo assinado entre o IPPAR e o Fundo de Turismo, pela celebração dos 900 anos da Ordem de Cister; *2 - as pinturas encontram-se dispersas pelo Museu Nacional de arte Antiga (Pregação de São João Baptista) e pelo Museu de Évora (Tríptico da Vestiaria), para além de outras, perdidas, inclusas no retábulo da capela-mor. |
Autor e Data
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Manuel Branco 1993 / Paula Amendoeira e Anouk Costa 1998 |
Actualização
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João Matos 2001 |
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