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Edifício e estrutura Edifício Religioso Convento / Mosteiro Convento masculino Ordem de São Francisco - Franciscanos Terceiros
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Descrição
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Planta em cruz latina, com nave única (com capelas laterais intercomunicantes), transepto saliente e capela-mor pouco profunda, tendo como resultante uma volumetria constituída por paralelepípedos rectângulo e quadrado justapostos, com coberturas a 2 águas. A fachada principal a S., à qual se acede por escadaria de lanço único em leque, desenvolve-se em 2 andares, integralmente revestidos a cantaria. O piso térreo, ritmado por pilastras, apresenta, ao centro, 3 arcos (sendo o central abatido e os laterais de volta inteira) de acesso à galilé e, de um e outro lado, os nichos com estátuas representando Santo António e São Francisco. Sobre o arco central e precedendo um frontão triangular, observa-se um vão oval com emolduramento, contendo uma escultura representando Nossa Senhora de Jesus. A articulação para o 2º nível opera-se mediante um largo friso ritmado pelos plintos de uma 2ª ordem de pilastras e por painéis intermédios. No piso superior, o recuo dos módulos extremos destaca a parte central do alçado, ritmado por pilastras jónicas e vazado por 3 janelões (sendo os laterais encimados por áticas e o central, de arco de volta inteira, rematado por frontão mistilíneo); os corpos laterais apresentam uma janela e são coroados por platibanda vazada, sendo todo o conjunto superiormente pontuado por fogaréus. Na galilé, distingue-se o portal central, de acesso à igreja, guarnecido de pilastras e encimado por medalhão relevado com o emblema da ordem franciscana. A cobertura da nave e da capela-mor é feita por abóbada abatida, enquanto os braços do transepto apresentam abóbada de berço. A iluminação do espaço interior faz-se mediante janelas abertas nos muros laterais (sobre cada uma das 4 capelas abrindo para a nave) e as do alçado principal, que surgem no interior ao nível do coro-alto. |
Acessos
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Largo de Jesus; Rua Eduardo Coelho, n.º 95 |
Protecção
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Categoria: CIP - Conjunto de Interesse Público, Portaria n.º 1176/2010 , DR, 2.ª Série, n.º 248, de 24-12-2010 / ZEP, Portaria n.º 398/2010, DR, 2.º série, n.º 112, de 11 junho 2010 *1 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Liceu de Passos Manuel (v. IPA.00006461) |
Enquadramento
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Urbano, flanqueado, destacado pela posição de remate e de domínio altimétrico do Lg. de Jesus. Frentes urbanas constituídas a E. pelo edifício da Academia das Ciências (v. PT031106220314), antigo convento de Jesus da Ordem Terceira de São Francisco, a O. pelo Hospital de Jesus, e a SE. pelo liceu Passos Manuel (v. PT031106220346). |
Descrição Complementar
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Na nave há a destacar, o tecto com estuques atribuídos a João Grossi, as capelas laterais com altares de talha, imaginária e pintura seiscentistas e setecentistas, com as seguintes invocações: Nosso Senhor dos Aflitos e Nossa Senhora da Piedade, Nossa Senhora da Apresentação e Cadeia, São Miguel, Nossa Senhora da Conceição, Nossa Senhora das Dores, Santo António, Nossa Senhora do Egipto, Santíssimo Sacramento, bem como 2 púlpitos (entre a 3ª e a 4ª capelas) em pedra e estuque, profusamente decorados. No transepto, merecem menção: os altares de talha dourada seiscentista, com fundo de camarim, frontal de mármore e teia circundante, com as invocações de São José (lado da Epístola) e Nossa Senhora da Patrocínio (Evangelho); as telas figurando passos da vida de São Francisco, atribuídas a Marcos da Cruz (m. 1683). Os braços do transepto apresentam, na cobertura, pintura ornamental de feronneries e motivos vegetalistas em torno de uma representação central de temática mariana. Ladeando o arco triunfal, são visíveis 4 nichos albergando estátuas de madeira simulando mármore, figurando os 4 Evangelistas. Na capela-mor observa-se, para além do altar-mor, com retábulo em talha, monumentos fúnebres de elementos da família do fundador, constituídos por essas em mármore integradas em arcossólios abertos nos muros laterais e encimados por telas figurando o Menino Jesus e São João, no lado O. e a Sagrada Família a E.. Nas dependências anexas à igreja, destacam-se: a capela dos Vila Franca (do Campo), edificada por acção do Dr. António de Sousa Macedo (1606 / 1682), à qual se acede por porta aberta no muro N. do braço direito do transepto, com revestimento azulejar polícromo do séc. 17; a sacristia, com revestimento azulejar setecentista polícromo de xadrez. |
Utilização Inicial
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Religiosa: convento masculino |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja paroquial |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Joaquim de Oliveira (séc. 18). ENTALHADORES: Baltazar dos Reis Couto (1717-1718); Félix Adauto da Cunha (séc. 18); José Freire (1717-1718); Manuel João de Matos (1710). ORGANEIRO: Augusto Joaquim Claro (séc. 20). PINTOR de AZULEJOS: António de Oliveira Bernardes (1712-1714). |
Cronologia
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1582 - existe uma ermida adossada a uma casa, que foi doada à Ordem Terceira de São Francisco, pelos proprietários; 1586 - licença para a construção de um convento concedida pelo papa Sisto V; 1595, abril - instalam-se no local de umas casas e cardal oferecido por Luís Rodrigues, iniciando-se a construção do novo complexo; 1598 - 1618 - aquisição de terrenos para a cerca; séc. 17 - pintura das telas por artistas italianos *2; 1615, julho - lançamento da primeira pedra da igreja por Cristóvão de Almada, Provedor da Casa da Índia; 1623 - sagração da igreja conventual e celebração da primeira missa; 1633 - conclusão das obras na capela-mor, a expensas do arcebispo D. João Manuel, da casa dos condes da Atalaia e marqueses de Tancos, seus padroeiros; falecimento de D. João Manuel, deixando à Ordem 140$000; aplicados no juro do Real de Água da cidade de Lisboa; o prelado doou vários paramentos, alfaias, um missal iluminado e várias relíquias, expostas na capela-mor; na capela-mor, um túmulo dos pais e avós do bispo; 1671 - execução da talha da igreja e das molduras dos quadros pintados por Marcos da Cruz, por Francisco Lopes (FERREIRA, vol. II, p. 507); 1710, 16 fevereiro - o mestre Manuel João de Matos é contratado para a feitura do retábulo de Nossa Senhora da Lembrança (FERREIRA, vol. II, pp. 544-545); 1712-1713 - feitura dos azulejos para o claustro por António de Oliveira Bernardes; 1714 - data dos azulejos na cobertura da passagem para a sacristia com um programa Imaculista, da autoria de António Oliveira Bernardes; 1716, 06 setembro - contrato entre os religiosos e o pintor Manuel Reis para o douramento do coro, caixilhos e cadeiras (FERREIRA, vol. II, p. 593); 1717 - contrato entre os entalhadores José Freire e Baltazar dos Reis Couto para a execução de Passos da Paixão para o claustro; 1718, 08 Novembro - encomenda do retábulo de Nossa Senhora da Conceição a José Freire e Baltazar dos Reis Couto; 1724, 28 abril - falecimento do entalhador Domingos da Costa Silva, sepultado no local (FERREIRA, vol. II, p. 495); 1731 - feitura de dois órgãos e dois púlpitos para a igreja (FERREIRA, vol. II, p. 504); 1755, 1 Novembro - grandes estragos causados pelo terramoto, nomeadamente a queda da abóbada da capela-mor (que implicou a destruição do retábulo), da capela do Santíssimo Sacramento e da torre sineira; 1765 - derrocada do tecto da igreja e do coro-alto, ainda na sequência dos danos sofridos pelo terramoto; séc. 18, 3º quartel - conclusão da reconstrução, favorecida pelo marquês de Pombal e sob a coordenação do arq. Joaquim de Oliveira; 1834 - saída da comunidade franciscana, em sequência da expulsão das ordens religiosas; 1835 - instalação da paróquia das Mercês na igreja; 1838 - instalação nas dependências conventuais do Gabinete de História Natural e mais tarde da Academia das Ciências; c. 1840 - importantes obras de beneficiação; 1944, 27 março - classificação da igreja como Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 33.587, DG, 1.ª série, n.º 63; 1999, 17 Agosto - elaboração da Carta de Risco do imóvel pela DGEMN; 2005, 29 setembro - proposta de fixação de Zona Especial de Proteção da Igreja pela DRCLVTejo; 2009 - Despacho de homologação da Zona Especial de Proteção pela Ministra da Cultura; 2011, 20 maio - Declaração de retificação ao teor do diploma de fixação de Zona Especial de Proteção, n.º 874/2011, DR, 2.ª Série, n.º 98. |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, mármore, estuques pintados, azulejos, madeira pintada e dourada, ferro forjado |
Bibliografia
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ALMEIDA, D. Fernando de, (coord. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Lisboa - Tomo 2, Lisboa, 1975; ANDRADE, Manuel Ferreira de, Igreja de Nossa senhora de Jesus, in Olisipo, nº 30, 31, 32 e 33, Lisboa, 1945 - 46; ANDRADE, Manuel Ferreira de, Do Convento de Nossa senhora de Jesus, Lisboa, 1946; ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Vol. I, Livro 5, Lisboa, s.d.; ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Vol. 1, Fasc. 11, Lisboa, 1956; ARRUDA, Luisa d'Orey C., Mercês, Igreja das (Azulejos), in PEREIRA, José Fernandes, (dir. de), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; BERGER, Francisco José Gentil, Lisboa e os Arquitectos de D. João V, Lisboa, 1994; CAEIRO, Baltasar Matos, Os Conventos de Lisboa, Lisboa, 1989; FERREIRA, Sílvia, A talha retabular da Igreja de Santa Catarina de Lisboa, in Monumentos, n.º 27, Lisboa, DGEMN / IHRU, 2007, pp. 196-203; Monumentos, n.º 16, Lisboa, DGEMN, 2002; PEREIRA, Esteves, RODRIGUES, Guilherme, Portugal Dicionário, Vol. III, Lisboa, 1905-1911; PEREIRA, Luis Gonzaga, Monumentos Sacros de Lisboa em 1833, Lisboa, 1927; História dos Mosteiros, Conventos e Casas Religiosas de Lisboa, Vol. I, Lisboa, 1950; SALTEIRO, Ilídio, Mercês, Igreja das (Talha), in PEREIRA, José Fernandes, (dir. de), Dicionário da Arte Barroca em Portugal, Lisboa, 1989; SANTANA, Francisco, A Freguesia de Nossa Senhora das Mercês no Tempo de Pombal, in Revista Municipal, nº 120 / 121, Lisboa, 1º e 2º trimestres 1969; SERRÃO, Vítor, História da Arte em Portugal - o Barroco, Barcarena, Editorial Presença, 2003; VALENÇA, Manuel, A Arte Organística em Portugal, vol. II, Braga, 1990. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DRELisboa/DRC, DGEMN/DRMLisboa; AHMOP, Desenho nº 79 B |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DRMLisboa |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco, DGEMN/DSARH, DGEMN/DRMLisboa |
Intervenção Realizada
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Séc. 20, início - reforma do órgão por Augusto Joaquim Claro; DGEMN: 1937 - reparação dos telhados; 1953 - reparação de telhados; 1956 - conservação de tectos; 1957 - reparação no tecto da nave; remodelação da instalação eléctrica; 1958 - restauro das pinturas da nave e reparação do órgão; 1959 - instalação eléctrica para o órgão; 1959/61 - obras nas capelas laterais e anexos; 1960 - obras de reparação; 1963 - reparação de telhados da nave; reparação da instalação eléctrica da Residencia Paroquial; 1964 - reconstrução de telhados; remodelação da instalação eléctrica; 1965 - obras de reparação do cartório da igreja; 1966 - remodelação da instalação eléctrica; 1967 - reparação do tecto da capela do noviciado; obras gerais de conservação e beneficiação; 1968 - reparação do alçado do órgão; 1969 / 1972 - obras gerais de consolidação e restauro e remodelação da instalção eléctrica; 1970 - obras de conservação; 1973 - obras de restauro; 1974 / 1976 / 1977 / 1980 / 1983 / 1985 - diversos trabalhos de conservação; 1986 - remodelação da instalação eléctrica; 1988 - reparação da escadaria exterior; 1990 - reparação da instalação sanitária e da escadaria exterior; 1994 - obras diversas de reparação e conservação nas fachadas principal e laterais, vãos e gradeamentos, impermeabilização das coberturas; 1995 - obras de beneficiação e reparação nas coberturas e na fachada da casa do prior; restauro do tecto do coro-alto; 1996 - reparação e beneficiação da sala da catequese e acessos às sacristias; 1997 - remodelação da instalação eléctrica; 2001 - limpeza, consolidação e restauro do revestimento azulejar nas zonas de circulação em torno da cabeceira da igreja; novos rebocos, caiação e pinturas no pátio interior; restauro do tecto em torno da cabeceira e da antecâmara de acesso à capela-mor. |
Observações
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*1 - Classificado como um conjunto de que fazem parte: o Antigo Convento de Nossa Senhora de Jesus e restos da cerca conventual, incluindo a Igreja de Nosso Senhor de Jesus, a Academia das Ciências, o Museu Geológico, a Capela da Ordem Terceira de Nosso Senhor de Jesus e o Hospital de Jesus. Zona Especial de Proteção Conjunta do Bairro Alto e Imóveis Classificados na sua Área Envolvente. *2 - alguns autores atribuem-nas erroneamente a Marcos da Cruz (SERRÃO, 2003). |
Autor e Data
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Teresa Vale e Carlos Gomes 1995 |
Actualização
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João Seabra 2002 |
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