Palácio da Quinta da Regaleira

IPA.00006705
Portugal, Lisboa, Sintra, União das freguesias de Sintra (Santa Maria e São Miguel, São Martinho e São Pedro de Penaferrim)
 
Arquitectura residencial, revivalista, ecléctica. Quinta de gosto romântico, com palacete e capela de concepção marcadamente cenográfica e em estilo neomanuelino, apesar de conciliar outros revivalismos como o neo-gótico e neo-renascentista. Notória também uma nítida influência da Torre de Belém (v. PT031106320024), na fachada E. e N., do Mosteiro Batalha (v. PT031004010001), no ângulo SO., e do Palacete Hotel Buçaco (v. PT010111040001), visto que a Regaleira e este último foram riscados pelo mesmo arquitecto e executados pelos mesmos artistas. Apesar do interior ser "teatral e faustoso", permite uma vivência intimista, já que a sua organização espacial resultou em parte da personalidade do proprietário. Constitui um dos exemplos mais significativos da arquitectura revivalista portuguesa, sob o signo do neomanuelino, a que não é alheia a personalidade do proprietário e o seu camonianismo fervoroso.Todo o projecto da Quinta da Regaleira foi idealizado pelo Dr. Carvalho Monteiro e possui uma grande carga simbólica e familiar: o altar da capela é dedicado à Virgem, porque a sua filha se chamava Maria, num vitral representa-se o Milagre da Nazaré, porque esse era o nome de uma neta; um painel de "tesselatum" representa Santo António pregando aos peixes, porque António era o nome de outro neto; também relacionados com membros da sua família, são as representações de São Pedro (nome do filho), Santa Teresa (da neta) e São Francisco (do pai); as figuras da mísula da varanda representam os netos: a menina segurando pombos no regaço a Teresa; a menina segurando o cordeiro, a Nazaré; o que segura o ninho, o António e o outro menino o Francisco. A sala de estar tinha as paredes pintadas com o monograma do Dr. Carvalho Monteiro, o qual também aparece em varandins do palacete e partes do muro exterior. A sala de jantar tinha um baixo-relevo ao fundo da lareira representando um carvalho com as raízes mergulhando no chão e na pedra da chaminé figuram monteiros segurando cães e perseguindo peças de caça.
Número IPA Antigo: PT031111110077
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Residencial unifamiliar  Casa  Palacete  

Descrição

Quinta composta por palacete, cavalariças, capela separada da casa, casa do porteiro, casa do conrado, casa da Renascença, torre, poço subterrâneo, lagos, fontes, grutas, bancos e outros elementos, todos eles integrados numa vegetação luxuriante de jardim e mata. PALACETE: planta rectangular irregular, composta, com o ângulo SO. mais saliente e facetado e torre circular adossada a NE. Volumes dispostos verticalmente de forma escalonada, com coberturas em terraço. Fachadas de quatro pisos, separados por torsais ou frisos de flores quadrifoliadas, com aparelho "incertum" no primeiro e "quadratum" nos restantes; vãos de verga curva, profusamente decorados, interior e exteriormente com molduras besantadas, flores quadrifoliadas, cordas, nós, aves, putti, animais fantásticos, carrancas, urnas etc., com elementos naturalistas e cogulhos de vegetação formando arcos conopiais ou outros. A fachada S. tem acesso por torre quadrada, que também dá passagem à fachada E.; sobre arcaria cega, ergue-se o primeiro piso com varanda corrida, de arcos abatidos sobre colunas e coberta por tecto em caixotões; liga-se à zona facetada, contrafortada e rasgada por várias janelas, e depois à fachada O. No segundo piso, varanda com balaustrada de cantaria recortada a que se pode ter acesso pela torre. Fenestração regular neste e no terceiro piso, onde a janela central tem sacada sobre mísula decorada com grupo escultórico constituído por figura feminina com pombas no regaço num nicho, criança segurando um ninho de um lado, criança segurando um cordeiro do outro e uma outra, superiormente, em tronco nu; neste piso, a torre é rematada com balaustrada e pináculos, fornecendo sacada a uma outra janela. No corpo facetado, as janelas têm balaustrada e os contrafortes são rematados por pináculos. Coroa o piso balaustrada rendilhada. O quarto piso é constituído por corpo octogonal, sobre o corpo facetado, caprichosamente decorado por colunas terminadas em pináculos, troncos retorcidos sobrepostos aos vãos, etc, e um outro corpo mais singelo na zona central do palácio. A fachada O., a principal, tem decoração semelhante à anterior; no primeiro piso, alpendre com vão em arco de asa de cesto, colunelos esculpidos sustendo rendilhado de troncos e abóbada de cruzaria de ogivas; nele abrem-se duas portas, uma para a sala e outra para o hall, esta última muito decorada, com arco sobrepujado por duas figuras femininas segurando filactera com "Salve". Parte do primeiro piso virado a O. e N. é coberto por terraço com balaustrada vazada por quadrifólios. Os restantes corpos ora avançam, recuam ou se seccionam, com vãos semelhantes aos da fachada S., gárgulas simples e esculpidas em forma de animais. Fachada N. e E. junto à estrada; sobre o primeiro piso corre varanda com balaustrada; as janelas do segundo têm decoração muito diversificada e no terceiro corre arcada sobre modilhões. No ângulo NE sobressai torre circular muito decorada. INTERIOR: Primeiro piso, de serviços, de grande simplicidade. No segundo piso, destinado à zona social, destaca-se vestíbulo com porta emoldurada a cantaria profusamente decorada, paredes com lambril de azulejos imitando os de corda seca, chão de tesselas com desenhos vegetalistas e geométricos e cobertura em abóbada. "Sala da Renascença" com jambas das portas e janelas e lambril de mármore com motivos geométricos; numa parede tem lareira com "putti " brincando num friso esculpido; a parede do fundo é forrada por armários de madeira de alçado almofadado; chão de parqué e tecto de caixotões octogonais. Sala de jantar com as portas para a varanda, simples ou duplas, em arco redondo, ladeadas por colunas e elementos naturalistas e geométricos em cantaria; fronteiro, a lareira, tendo num alto relevo uma cena de caça encimada por estátua de caçador com dois cães; na parede de fundo surge pintado, de um lado, caçador largando um falcão e com a outra mão segurando dois cães, do outro, rapariga sentada em rochas à beira-mar. Chão de tesselas coloridas com animais e peças de caça; tecto abobadado. Porta forrada a veludo (à maneira) quinhentista comunica com pequena copa. "Sala das bonecas" com paredes pintadas com cenas cortesãs e, nas sobreportas, crianças brincando, emolduradas por elementos vegetais estilizados; tecto de madeira trabalhado. Na "Sala de bilhar", lambril de madeira encimado por motivos florais pintados em losango, tendo ao centro de cada parede um brasão; numa das paredes, lareira de mármore com escudo de Sintra pintado; tecto de caixotões sobre cornija de madeira interrompida com pinturas dos bustos dos Reis de Portugal. Escada de caracol dá acesso ao terceiro piso, destinado à zona familiar, onde se localizam os quartos, com decoração mais sóbria e limitada. Ali, existe amplo corredor, com um friso de flores e folhas, envolvendo as portas e junto à cornija; chão de parqué e tecto de caixotões trabalhados. Os quartos têm decoração semelhante: lambril pintado em marmoreado, friso inferior e superior com grinaldas de folhas e flores, chão de parqué e tectos de madeira. Destaca-se a "Sala das Meninas", onde o emolduramento das portas é em mármore esculpido com troncos, cordas, nós, cogulhos, esfera armilar, etc; sobre a porta que dá acesso à torre, escultura de Adão e Eva e a árvore da vida. Friso pintado com as aventuras de um grupo de jovens corre as paredes superiormente. Os quartos do lado S. são esconsos. O quarto piso é constituído essencialmente por terraços e uma pequena sala. CAPELA: Planta longitudinal, composta por nave única e sacristia, com torre sineira incorporada, tudo em eixo, e cripta, em piso subterrâneo. Fachadas em cantaria de calcário, ritmadas por contrafortes coradoos por pináculos e rematadas por platibanda vazada, com decoração fitomórfica e por merlões na fachada posterior. Fachada principal orientada, rasgada por portal em arco de volta perfeita, encimada por escultura da Anunciação, sob óculo, ladeado por estátuas de Santo António e Santa Teresa, sob baldaquino. Fachadas laterais rasgadas por janelas ricamente decoradas por cordas, cogulhos e motivos fitomórficos. INTERIOR: nave de paredes rebocadas e pintadas de branco, com decoração fitomórfica, querubins e cordas. Cobertura em abóbada de cruzaria e pavimento em mosaico, com representação ao centro de esfera armilar sob a cruz de Cristo. Possui coro alto, com entrada para a cripta, no subcoro, através de escada helicoidal. Do lado da Epístola, existe um painel com Santo António e São Francisco pregando aos peixes. Retábulo-mor pétreo, embebido na caixa murária, de planta recta, um só eixo, definido por nicho com painel representando a Coroação da Virgem, com renda e decoração fitomórfica. Altar recto encimado por sacrário com representação de Nossa Senhora da Piedade na porta. É ladeado por duas portas de acesso à sacristia. Cripta desprovida de decoração. JARDIM: constituído por diversas espécies arbóreas, algumas delas dispostas formalmente, em redor do palácio e outras pormando a mata. As principais espécies existentes são palmeiras, tílias, camélias, castanheiros, castanheiros da índia, carvalhos, carvalhos americanos, carvalhos negral, carrascos, sobreiros e azinheiras. Tanto no jardim como na mata existem diversas estruturas arquitectónicas, tais como, a alameda dos Leões, que comunica com o Patamar dos Deuses, junto ao palácio, ritmado por estatuária de diversos deuses, vários lagos, com é exemplo o lago dos cisnes, fontes diversas, nomeadamente a Fonte do Ibis, decorada com embrechados, o Jardim ou Terraço das Quimeras, com fonte central de tanque circular, decorada por figuras fantásticas, búzios e conchas e rodeada por latada de glicínias. É ainda exemplo, a antiga casa do zelador, conhecida por Casa da Renascença, com fachadas em alvenaria de pedra, rematadas por merlões, o poço iniciático, com descida interior helicoidal, em redor das paredes do mesmo, o Terraço Celeste e a entrada dos guardiões, a Torre da Regaleira *2, e diversas grutas artificiais, como é o caso da Gruta da Leda. Todo o jardim é irrigado por um complexo sistema de rega, composto por cerca de dez minas, um aqueduto e doze depósitos *3.

Acessos

EN 375, Rua Barbosa du Bocage, n.º 5, 7 e 9. WGS84 (graus decimais) lat.: 38.796361, long.: -9.396144

Protecção

Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto n.º 5/2002, DR, 1.ª série-B, n.º 42 de 19 fevereiro 2002 *1 / Incluído na Área Protegida de Sintra - Cascais (v. PT031111050264)

Enquadramento

Peri-urbano, ergue-se nas imediações do centro histórico de Sintra, junto à estrada para Seteais, estendendo-se pela encosta da serra. Fronteira situa-se a Quinta do Relógio (v. PT031111110078). O início da quinta é marcado por um primeiro portão de acesso, em arco abatido, encimado por construção alpendrada ricamente decorada, assente em colunas de diferentes secções, abobadada e rematada por merlões e pináculos com cogulhos. Mais à frente, dois outros portões encimados por outra galeria com colunata conduzindo até à fachada S. do palácio. Esta fachada tem inferiormente arcada cega que, da casa, conduz às grutas e a um pequeno mirante fronteiro à capela.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Inscrição comemorativa da construção gravada na empena do Palácio; Tipo de letra: capital quadrada; Leitura: "DOMVS AEDEFICATA ANNO DOMINI MCMX"; Tradução: casa edificada no ano do Senhor de 1910.

Utilização Inicial

Residencial: casa

Utilização Actual

Cultural e recreativa: monumento / Política e administrativa: sede de fundação

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: António Lino (1949-1951); Luigi Manini (1895-1911); Luis do Couto (1949-1951). CONSTRUTOR CIVIL: Alfredo Tomé Parracho. DECORADORES: Conde Moser (1949-1951); Lady Elis (1949-1951). ENTALHADOR: Júlio da Fonseca. ESCULTORES: António Augusto Gonçalves; António Gomes; Costa Mota Tio; José Barata; José da Fonseca; Luís Fonseca; Herculano Costa; Oficina de João Machado (1904-1909); P. Rouillard; Rodrigo de Castro. LADRILHADOR: Leon; MARCENEIRO: Cabeça de Vitela (1949-1951). OURIVES: Giuseppe Gualfi (1908-1911). PINTORES: Atelier Carvaya Bazzie & Cª.; Baeta Neves; Bazaliza (1949-1951); Casa Pauly de Veneza (1908); Vitória Pereira. RELOJOEIRO: Besaçon, L. Leroy & Cª (1906). SERRALHEIRO: Oficina Viúva Thiago da Silva & Cª (1906-1908). VITRALISTA: Atelier Carvaya Bazzie & Cª (1908).

Cronologia

1697 - José Leite compra as terras da quinta para a sua sobrinha; 1715 - a quinta é comprada por Francisco Alberto Guimarães de Castro, passando a ser conhecida mais tarde por Quinta da Torre, possivelmente devido à existência de uma torre, conhecida como Torre do Pombal; é obtida a autorização para canalizar as águas da serra, a fim de alimentar uma fonte ornada de embrechados; 1800 - os herdeiros de D. Joana Teresa Xavier de Castro, viúva de Manuel de Castro Guimarães, cedem a propriedade a João António Lopes Fernandes; 1809 - registo de servidão de água, referente a oito minas e a um aqueduto conhecido como Aqueduto do Vale dos Anjos; 1830 - a quinta pertencia ao Dr. Manuel Bernardo, e era designada por Quinta da Torre ou do Castro; 1838 - referência em "Cintra Pitoresca", pelo Visconde de Juromenha, mencionando a quinta como tendo pertencido a "...hum clérigo, o qual lhe mandou pôr as cruzes de via sacra na rua principal que conduz à fonte..."; 1840 - a 1ª baronesa da Regaleira, D. Ermelinda Allen Monteiro de Almeida, filha de um negociante e cônsul inglês, compra a Quinta da Torre, empreendendo grandes obras; 1854, 15 de Abril - D. Ermelinda é elevada a Viscondessa da Regaleira e renova o título de baronesa na sobrinha, D. Maria Isabel Allen, passando esta a ser a 2º baronesa e herdeira de sua tia; 1855, 2 de Abril - D. Maria Isabel Allen recebe a quinta da Torre ou da Regaleira por herança; 1871, 25 de Fevereiro - registo da quinta na conservatória, sendo constituída por casas nobres e oficinas, árvores silvestres, jardins e pomares, e o seu valor era de dez contos de réis; 1884 - Manuel José Monteiro adquire em hasta pública o domínio directo de um prazo existente na quinta, que pertencia ao Seminário de Santarém, pela extinção da Colegiada de São Marinho de Sintra; 1885, 20 de Janeiro - inscrição definitiva a seu favor desse domínio e o pagamento de dois foros, um de cem réis e um frango sobre pomar, castanhal e jardim, e outro de cinquenta réis e um frango sobre pomar, ambos com laudénio de dezena, que o enfiteuta, nesta caso o Barão da Regaleira, lhe tinha de pagar todos os anos, por altura do Natal; 1890, 30 de Abril - inscrição do prédio da Regaleira a favor de Paulo Carlos Allen, 3º Barão da Regaleira, após a morte da sua mãe, D. Maria Isabel Allen, com o valor de 32 500$000 réis; 1891 - são desanexados dois terrenos, onde se encontravam dois tanques; 1893, 31 Outubro - o Barão da Regaleira e esposa vendem a quinta ao Dr. António Augusto de Carvalho Monteiro, conhecido como Monteiro Milhões, por 21.100$000 réis.; registo de transmissão do domínio pleno; Carvalho Monteiro compra por 2 000$000 réis os domínios directos dos dois foros; os dois terrenos que haviam sido desanexados, são novamente anexados à quinta; 1895 - encomenda ao Arquitecto Henri Lusseau de projectos para um palacete, cocheiras e jardim; Carvalho Monteiro rejeita-os e encomenda um outro projecto a Luigi Manini, que desenhou minuciosamente todos os pormenores do Palácio da Regaleira; para os executar, recrutou colaboradores da "Escola livre das Artes do Desenho"; 1896, 20 Junho - compra ao Marquês da Praia e Monforte, António Borges de Medeiros Dias da Câmara e Sousa, de uma parcela de terreno que fazia parte do Campo de Seteais, pela quantia de 2 250$000 réis; 1898 - início da construção do palacete sobre os alicerces da antiga casa do Barão da Regaleira *4; a pedra usada na construção é trazida da pedreira de Outil, perto de Coimbra; 1899 - a família já vivia na quinta, numa pequena casa, conhecida como Casa da Renascença; 1903 - são mencionadas em cartas familiares a compra de fetos e palmeiras para o jardim; 1904 - documenta-se a chegada das primeiras peças da oficina de João Machado *5, vindas de Coimbra; as cavalariças já estavam praticamente concluídas; obras na Fonte da Abundância, no aquário, nas torres, nos mirantes e grutas; 1905 - início das obras da capela; procede-se, simultaneamente, ao arranjo do jardim, com grande parte das espécies compradas no horto Villa Isabel, do Rio de Janeiro; 1906 / 1907 - continuação das obras na capela; é trazida de Coimbra uma chaminé neo-renascença, para a sala de bilhar; os trabalhos de serralharia são encomendados à oficina Viúva Thiago da Silva & Cª; 1906, 6 Dezembro - encomenda à fabrica de relógios de precisão Besaçon, L. Leroy & Cª, de um carrilhão de oito sinos para o campanário da capela; 1907 - aquisição dos direitos e posse das águas do aqueduto por Carvalho Monteiro, aos herdeiros de António Pinto da Fonseca, da Quinta do Relógio; 1908 - Manini viaja até Milão e Veneza, com objectivo de encomendar e acompanhar a execução de diversas peças em falta na capela e no palacete, nomeadamente os mosaicos para o pavimento, os paramentos das paredes, vitrais e alfaias litúrgicas; o painel do retábulo-mor é encomendado à Casa Pauly, em Veneza; construção da estufa quente pela firma Viúva Thiago da Silva & Cª; Giuseppe Gualfi executa as torneiras de bronze da capela, figurando o renascimento de Vénus; 1909 - últimas notícias de peças vindas de Coimbra para o palacete; são encomendados painéis em vitral ao atelier Carvaya Bazzie & Cª; 1910 - término das obras, segundo inscrição numa das empenas do palacete; 1911 - construção do Jardim das Quimeras; Giuseppe Gualfi modela a custódia da capela, desenhada por Manini e inspirada na Custódia de Belém, de Gil Vicente; 1913 - alguns dos projectos ficam por concluir após a morte de D. Perpétua, esposa de Carvalho Monteiro; um desses projectos era uma gruta com alusão a uma "moura encantada"; 1917 - ainda se estava à espera do carrilhão anteriormente encomendado, o qual nunca foi entregue; 1918 - conclusão dos jardins; 1920 - Carvalho Monteiro morre e herda a quinta o filho, Pedro Augusto de Mello de Carvalho Monteiro; 1949 - Waldemar Jara d'Orey compra a quinta por 1.200.000$00 e procede a obras de remodelação interior, a cargo dos arquitectos Luís de Couto e António Lino, visando a sua adaptação a um agregado familiar muito numeroso e a eliminação de alguns pormenores decorativos; os trabalhos de marcenaria ficam a cargo de Cabeça de Vitela, os de pintura são entregues a Bazaliza e a decoração de interiores a Lady Ellis e ao Conde Moser; os móveis são adquiridos no antiquário Ortega; 13 Junho - pedido de autorização à Repartição de Obras, da Câmara Municipal de Sintra, para fazer obras de remodelação no palácio e cocheiras; 1951 - conclusão das obras de remodelação; 14 Fevereiro - é concedida licença de habitação; 1975 - a quinta, no valor de 1.943.800$00, é transmitida a D. Maria Helena Ribeiro Cardoso d'Orey, esposa de Waldemar Jara d'Orey; 1983 - os seus familiares e herdeiros adquiriram-na em comum e sem determinação de parte ou direito; a partir desta altura, passou a estar à venda por 120 000 000$00; 1988, 12 de Janeiro - escritura de venda a favor de Shundo Sanko, Cº Ldª por 333 907 500$00; 1997 - venda da quinta à Câmara Municipal de Sintra por 380 mil contos, passando a gestão da quinta a ser feita pela Fundação Cultursintra; 1998, Maio - a quinta é contemplada com o primeiro Prémio Nacional do Património Histórico, concedido pela Ford Portuguesa; 2005, 27 Janeiro - levantamento de alçados fotográficos do exterior do palácio pela DGEMN.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Estrutura dos edifícios em calcário de Coimbra, da pedreira de Outil; mármores nas lareiras; alcatrão nas juntas das pedras do palácio e capela; azulejos no vestíbulo de entrada; ferro; vitrais; tesselas nos pavimentos interiores; mosaicos venezianos nos pavimentos interiores; parqué em pavimentos interiores; madeira de carvalho e cerejeira no interior; ferragens em latão nas portas interiores; veludo a forrar as portas da sala de jantar.

Bibliografia

JUROMENHA, Visconde, Cintra Pinturesca ou Memória Descriptiva da villa de Cintra, Collares e seus arredores, Lisboa, 1838; ALMEIDA, Francisco José de, Guia de Sintra, Colares e Arrabaldes, vol. 5, Lisboa, 1880; Palácio do Exmº Sr. Dr. António Augusto de Carvalho Monteiro em Cintra, in Arquitectura Portuguesa, ANO 10, Nº 8 / 9, Lisboa, Agosto / Setembro, 1917; Palácio do Exmº Sr. Dr. Carvalho Monteiro em Cintra in A Construção Moderna, ano 9, nº 4, Lisboa, 25 Fev. 1919; PROENÇA, Raul, Guia de Portugal, Generalidades de Lisboa e Arredores, vol. 1, Lisboa, 1924; SOUSA, J. Fernando de, A Quinta da torre, O Concelho de Sintra, nº 24, 3ª série, 1939; A Obra notável de um grande escultor: José da Fonseca in Mundo Desportivo, Ano 14, 4ª f., Lisboa, 23 Jul. 1958; DIAS, Pedro, João Machado, um artista de Coimbra, Coimbra, 1975; ANACLETO, Regina, Arquitectura Revivalista de Coimbra, Sep. da Revista Mundo da Arte, nº 8 - 9, Julho - Agosto, Coimbra, 1982; MACHADO, José S., Quem dá 120 milhões pelo sonho de Carvalho Monteiro in ABC, n.º 3, Fev., Lisboa, 1983; STOOP, Anne de, Quintas e Palácios nos arredores de Lisboa, Barcelos, 1986; CARITA, Helder, CARDOSO, Homem, Oriente e Ocidente nos interiores Portugueses, s.l., s.d.; idem, Tratado da Grandeza dos Jardins em Portugal, ou a originalidade e desaires desta arte, s.l., 1987; FRANÇA, José Augusto, História da Arte Ocidental - 1780 - 1980, Lisboa, 1987; SILVA, Ana Paula Noé da, ANTUNES, Eva Maria Cotos e Garcia, O Palacete da Quinta da Torre da Regaleira, Lisboa, DGEMN, 1989; ANACLETO, Regina, Arquitectura Neomedieval Portuguesa, 1780 - 1924, (tese), Coimbra, 1992; ANES,José, Digressão Hermética por uma mansão Filosofal Portuguesa, o «Palácio Milhões» em Sintra, Vária Escrita, nº1, Janeiro / Junho de 1994; PEREIRA, Denise, PEREIRA, Paulo, ANES, José, Quinta da Regaleira história, símbolo e mito, Sintra, 1998; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Relatório da intervenção na estátua representando Ceres (por Gonçalo Teves Costa), Cacém, 1999; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Relatório da intervenção na fonte do Terraço das Quimeras, 2 vol., Cacém, 1999; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra, Relatório da intervenção nos dois leões do Patamar dos Deuses, Cacém, 1999; Sintra - Revista Municipal, n.º 19, Sintra, Câmara Municial de Sintra, 2008; http://arqpapel.fa.utl.pt/jumpbox/node/74?proj=Pal%C3%A1cio+Ant%C3%B3nio+Augusto+de+Carvalho+Monteiro+-+Quinta+da+Regaleira, 20 Setembro 2011.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Biblioteca Municipal de Sintra; CMS: Arquivo de obras; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra; Família Carvalho Monteiro

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, Carta de Risco; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: 1949 - profundas obras de remodelação do palácio, nomedamente no interior; modificação da escadaria de acesso ao piso superior; remoção dos azulejos da Fábrica das Caldas da Rainha do vestíbulo principal; remoção das inscrições do primeiro piso; remoção dos azulejos da sala de caça e destruição dos estuques das paredes; remoção dos remates dos fechos da abóbada da sala de caça; substituição de vidros e remoção de alguns vitrais; restauro dos tecelos da sala de caça e colocação de alguns novos feitos por Leon; supressão de motivos decorativos da sala de jantar, nomeadamente do baldaquino que estava por cima da estátua do caçador, das torres ameadas laterais, dos azulejos e baixo relevo de uma árvore estilizada; remoção na sala renascença, do veludo vermelho que forrava as paredes e dos monogramas metálicos com as iniciais AACM; restauro das pinturas da sala de bilhar, perdendo-se as inscrições e remoção do friso superior; alargamento do campo das pinturas da sala da música; supressão da escada helicoidal que ligava o edifício principal às cocheiras; ampliação da Casa da Renascença; remoção das palmeiras que estavam junto às cavalariças e substituíção por tílias; 1956 - alteração do terraço da Casa da Renascença; CMS: 1997 - início das obras para adaptação aos novos usos; 1998 - concluída 1ª fase de recuperação e adaptação funcional; Escola Profissional de Recuperação do Património de Sintra: 1999 - intervenção na estátua representando Ceres, com limpeza dos elementos fracturados, recolocação destes com resinas e espigões, reprodução do dedo mínimo da mão direita, em mármore de Carrara; intervenção na fonte do Terraço das Quimeras, com limpeza a seco e por via húmida, aplicação de biocida, remoção de alcatrões e concreções calcárias, limpeza dos elementos metálicos, abertura de juntas e preenchimento com argamassa e resina, colagem dos elementos fracturados; intervenção nos dois leões do Patamar dos Deuses, com limpeza, desmontagem, recolocação dos módulos, fixados com cintas de aço e entraves de madeira, extracção de soldas antigas e colocação de soldas em estanho, protecção com cera micro-cristalina; 2008 - recuperação dos elementos metálicos, como guardas de escadas, janelas e sacadas.

Observações

*1 - DOF: Quinta da Regaleira, com o seu palácio, capela, torres, complexo subterrâneo e jardim, incluindo todos os elementos decorativos na estrada velha Sintra - Colares, no troço designado por Rua Barbosa du Bocage, 51. *2 - esta torre, também conhecida como Torre da Regaleira, foi, segundo a tradição, a que deu nome à quinta, pois do seu alto desfrutava-se de uma vista "que era uma regaleira". *3 - frequentemente diversos elementos arquitectónicos e decorativos existentes no palácio e na quinta são associados a símbolos maçónicos, tais como o poço iniciático, o terraço celeste, a entrada dos guardiões, o banco do "515", a gruta de Leda, a águia com seios, o athanor goliardo da capela, o ouroboro na entrada do palácio, a pintura das três Graças, do antigo escritório de Carvalho Monteiro, o Delta Luminoso existente na entrada da capela, etc; parte do primitivo mobiliário do palácio foi construído com madeira de castanheiros da quinta e outra parte comprado no Antiquário Lisboeta, à excepção dos móveis da capela, da sala de jantar, sala de bilhar e o trono. *4 - Carvalho Monteiro decidiu construir o palácio à beira da estrada, não só pela vista, mas porque predendia adquirir a Quinta do Relógio, que fica em frente e ligá-la à Regaleira através de uma ponte. *5 - grande parte dos artistas permaneceram em Coimbra, na oficina de João Machado, de onde se enviaram as obras, mas outros, como os irmãos Fonseca, fixaram-se em Sintra.

Autor e Data

Paula Noé 1997 / Joaquim Gonçalves 2004

Actualização

Helena Rodrigues 2005
 
 
 
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