Capela de Nossa Senhora do Faro

IPA.00006905
Portugal, Viana do Castelo, Valença, Ganfei
 
Arquitectura religiosa, maneirista e barroca. Capela maneirista de planta longitudinal composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, interiormente cobertas por tecto de madeira e por abóbada de berço, formando caixotões, respectivamente, e iluminadas pelos vãos axiais e laterais. Fachadas com cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija. Fachada principal terminada em empena e rasgado por portal de verga recta encimado por frontão de volutas interrompido por nicho e janelas rectangulares molduradas laterais. Fachadas laterais rasgadas por janela de capialço no topo da nave e tendo na lateral esquerda porta travessa de verga recta. Interior com coro-alto, púlpito, altares laterais e retábulo-mor de talha barroca, de planta recta e um eixo.
Número IPA Antigo: PT011608080030
 
Registo visualizado 369 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Capela / Ermida  

Descrição

Planta longitudinal, composta por nave única e capela-mor, mais baixa e estreita, com sacristia rectangular adossada a S.. Volumes escalonados, com coberturas diferenciadas em telhados de duas águas na capela e de três na sacristia. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento de cantaria e terminadas em friso e cornija, com pilastras toscanas nos cunhais sobrepujadas por esferas, na nave, e pináculos, na capela-mor, assentes em plintos paralelepipédicos, e cruz latina sobre acrotério no remate das empenas. Fachada principal orientada a O., terminada em empena e rasgada por portal de verga recta, moldurado, encimado por friso e frontão de volutas interrompido por nicho, em arco de volta perfeita, interiormente concheado e albergando imagem de São Bento sobre cornija recta, cujo nome está inscrito na base, sobrepujado por frontão curvo. O portal e o nicho são ladeados por duas janelas rectangulares, molduradas e gradeadas, sobrepostas, sendo as superiores menores. Fachada lateral N. rasgada por porta travessa, de verga recta, entaipada, uma outra de acesso ao coro-alto, precedida por escada de pedra, com guarda de ferro e tendo sineira do mesmo material no patamar, e janela rectangular. Fachada S. com janela rectangular de capialço no topo da nave; a sacristia tem porta de verga recta virada a O., encimada pela data inscrita de 1949, janela moldura a S., formando brincos rectos e com caixilharia de guilhotina, e janela de capialço a E.. INTERIOR rebocado e caiado, com pavimento em lajes de granito e tecto de perfil curvo, de madeira, na nave, e abóbada de berço formando caixotões, sobre cornija saliente, na capela-mor. Nave com coro-alto de madeira, assente em trave de madeira, formando falso arco abatido, e com guarda em balaustrada; no sub-coro, tem guarda-vento envidraçado e pia de água benta semicircular lisa junto ao portal, do lado da Epístola. No lado do Evangelho surge altar, tipo gruta, em granito, dedicada a Nossa Senhora de Lourdes, inserida num arco de volta perfeita, com chave saliente e inscrita com a data 1905, sobre pilastras toscanas, e com banqueta sobre mísula. No lado da Epístola dispõem-se retábulo em talha policroma, de planta recta e um eixo, e púlpito, de bacia rectangular sobre mísula pétrea, decorada com volutas, e guarda em balaustrada de madeira, sendo acedido por escada de granito. Arco triunfal de volta perfeita assente em pilastras toscanas, ladeado por retábulo de talha policroma, de planta recta e um eixo. Na capela-mor abrem-se no lado da Epístola porta de verga recta, de acesso à sacristia, janelo rectangular e, inferiormente, pequeno nicho para as alfaias, em arco de volta perfeita. Sobre supedâneo acedido por três degraus, surge o retábulo-mor, em talha policroma e dourada, de planta recta e um eixo, definido por quatro colunas de fuste torço decorado por pâmpanos e fénices, assentes em consolas, as interiores ornadas com querubins, e de capitéis coríntios, intercaladas por quatro pilastras, as intermédias com fuste seccionado em dois apainelados com acantos e as interiores mais estreitas e com acantos, que se prolongam pelo ático em quatro arquivoltas, unidas no sentido do raio, com querubins; ao centro, abre-se tribuna em arco de volta perfeita, envolvida com elementos rendilhados, interiormente pintada com motivos fitomórficos e acantos enrolados aplicados, com abóbada de berço formando caixotões, e albergando trono de dois degraus integrando sacrário tipo templete, decorado de acantos e com a inscrição IHS na porta. Sotobanco com plintos decorados de acantos e tendo ao centro altar paralelepipédico, com frontal seccionado, pintado de flores.

Acessos

Monte do Faro. Gauss: M-161.7, P-561.1; Fl. 2

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Rural, isolado, integração harmónica num outeiro sobranceiro à planície aluvial do Rio Minho, em largo calcetado e rodeado de árvores de grande porte, em posição subjacente à estrada que serve de acesso à capela. Possui nas proximidades o antigo edifício de apoio aos romeiros, actualmente transformado em restaurante, e dispõe de parque de merendas densamente arborizado, nas plataformas que se estendem a O. viradas ao Rio Minho servidas por amplas escadarias.

Descrição Complementar

INSCRIÇÕES: Os frontais do supedâneo do altar-mor apresentam as inscrições: A CONTADARAS APTVEDES, à esquerda, e a data ERA 1707, à direita. TALHA: O retábulo lateral do lado da Epístola é composto por apenas duas colunas torsas, decoradas com pâmpanos e fénices, sobre plintos paralelepipédicos, e de capitéis coríntios, que se prolongam no ático numa arquivolta unida no sentido do raio, com querubins; ao centro, possui imagem do orago. Inferiormente avental de volutas e elementos fitomórficos enrolados, entre duas mísulas que suportam as colunas. O retábulo colateral do mesmo lado apresenta estrutura semelhante, igualmente com duas colunas torsas decoradas por pâmpanos, assentes em consolas com anjos, e de capitéis coríntios, que se prolongam pelo ático numa arquivolta torsa, unida no sentido do raio; ao centro, possui painel em arco de volta perfeita, com moldura fitomórfica, sobreposto por mísula com imaginária; banco de apainelados com acantos e altar paralelepipédico, de frontal marcado por sanefa e sebastos, pintado com flores.

Utilização Inicial

Religiosa: capela

Utilização Actual

Religiosa: capela

Propriedade

Privada: Igreja Católica

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 17 / 18 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

CARPINTEIRO: Luiz António Afonso (1862). CONSTRUTOR: Silvino António da Cruz (1939).

Cronologia

Séc. 17, final / 18, início - Provável construção da capela, pelos monges beneditinos do Mosteiro de Ganfei (v. PT011608080006); 1707 - data inscrita no frontal do supedâneo do altar-mor e na imagem da Moura Convertida; 1714 - data inscrita na padieira da porta principal; 1758, 9 Abril - segundo o relato do Vigário Frei Pantaleão de Santo Tomás nas Memórias Paroquiais, a capela era grande, "muito capaz para ser matriz", com a porta principal virada a O., para onde se descobria várias terras da Galiza e Portugal, ladrilhada de pedra, tinha porta travessa, púlpito e confessionários, sacristia e três altares dourados; no altar-mor estava colocado a imagem de Nossa Senhora, muito milagrosa, ladeado pelas imagens de São Bento e Santo Amaro; no colateral da Epístola estava a muito devota imagem de Santo Cristo Crucificado e no lado oposto a imagem de Nossa Senhora do Rosário e Santa Ana; nas paredes existiam quadros de excelente pintura e o tecto era de pedra, todo pintado; era administrada pelo abade do Mosteiro de Ganfei e tinha ainda um "ermitão" com cerca, terras de lavradio, matos e pinhal; 1834, 30 Maio - com a extinção das ordens religiosas a capela passa a pertencer ao Estado; venda da capela a Melo Cavacão, que por sua morte a lega a D. Vitorina de Araújo e Melo; 1862 - estando a capela em muito mau estado, Domingos António Pereira do Vale, em cumprimento de uma promessa e com licença da proprietária, mandou consertá-la, realizando no local a 15 de Agosto uma grande festividade; por esta data, foi doado à capela a porta, em castanho, executada pelo Luiz António Afonso, de Taião; 1864 - Fernando Marinho Falcão e Miguel Augusto da Cunha Sampaio, de Valença, empenhados em engrandecer o local, promoveram os primeiros bazares; 1870 / 1885 - diversas obras de melhoramento no valor de 13763$030 rs, além de 898$890 despendidos com o culto e 133$985 rs noutras despesas; construção no Monte do Faro da Capela de Santana, também conhecida como Coto de Santana ou Picoto, pertencente ao santuário de Nossa Senhora do Faro; colocação de sineta, oferecida por António Afonso Araújo, da vila, em cumprimento de promessa pelo restabelecimento da filha; 1876, 7 Abril - escritura de compra a Ana Victoriana de Araújo e Mello, de Braga, representada por António Pedro da Cunha, cónego da Colegiada de Santo Estêvão, do Santuário do Monte de Faro, com todas as suas imagens, alfaias e respectivo adro com árvores de sombra, por 200$000 rs; 26 Abril - tomada de posse solene da capela, data em que anualmente se passou a estabelecer uma festividade, dedicada a São Pedro de Rates; a família Azevedo de Ganfei cedeu as paredes e o terreno da casa contígua à capela; 1889 / 1891 - Sebastião da Costa Maciel, o tesoureiro da Comissão administrativa da Capela de Faro, e José Dias Ribeiro, o secretário, mandaram forrar e pintar o tecto da capela e construir o caminho para a nova Capela de Santana; 1905 - entaipamento da porta lateral da nave e construção do altar dedicado a Nossa Senhora de Lourdes, cuja data surge inscrita no fecho do arco; 1908 - a comissão presidida pelo Tenente Joaquim Carlos Pereira, com Gaspar José de Oliveira e José Dias Ribeiro, mandou arborizar o Monte do Faro; abertura de uma nova mina e canalização da água para a cozinha da casa; abertura da estrada para o santuário; 1910, Março - plantação de árvores no Monte Faro; 1913, Março - a Comissão Administrativa do Santuário de Faro comprou o terreno designado de "cerca", que ia desde a fonte até ao monte de Santa Ana, graças a Domingos Vaz Ribeiro ter adiantado o dinheiro; Abril - escritura de compra do terreno fronteiro à capela de Faro, adquirido por iniciativa de Luís Gil Gama Ribeiro e Joaquim Carlos Pereira; 1914, Junho - mudança de designação para Confraria da Senhora do Faro, com aprovação dos respectivos Estatutos pelo Governador Civil do distrito; 1915, Julho - construção de muros cercando os terrenos recentemente adquiridos; 1923, Agosto - início das obras na estrada para o Santuário do Monte do Faro; 1924, Agosto - prosseguiam os trabalhos na estrada para o Santuário de Faro; 1931, Novembro - diligências para se fazer uma estrada que ligasse o Monte Faro ao Marco Branco, onde se pretendia então erguer um monumento aos soldados de Valença que morreram na Primeira Guerra Mundial; 1938, 7 Dezembro - Decreto do M. O. P. considerando como "estrada de Turismo" a via que ligava da EN 1 ao Monte de Faro; 1939, 16 Junho - Câmara entregou a estrada para o Monte de Faro à J. A. E.; 1939, Outubro - início dos trabalhos de reparação e melhoramento na estrada de Faro, obra adjudicada a Silvino António da Cruz, por 30.000$00; 1941, Julho - inauguração da luz eléctrica no Santuário do Monte do Faro, financiado pela família do industrial Francisco Manuel Durães; 1942, Junho - início das obras de construção da estrada que ligava o Santuário ao Monte Branco, pela Câmara Municipal; 1956, Julho - adjudicação da rectificação do traçado e beneficiação do pavimento da EN 101-1, desde Valença até ao Monte do Faro, por 38 contos.

Dados Técnicos

Sistema estrutural de paredes portantes.

Materiais

Estrutura em cantaria, com paramentos rebocados e pintados; molduras dos vãos, pilastras dos cunhais, frisos, cornijas, pináculos, pia de água benta, bacia do púlpito e outros elementos estruturais em cantaria de granito; guarda da escada para o coro e sineira em ferro; pavimentos em lajes graníticas; tecto da nave em madeira envernizada e cobertura interior da capela-mor em abóbada de pedra; retábulos em talha policroma e dourada; coro-alto, guarda-vento e guarda do púlpito em madeira envernizada; portas de madeira pintadas; janelas gradeadas e envidraçadas; cobertura exterior em telha.

Bibliografia

VIEIRA, José Augusto, O Minho Pittoresco, 1, Lisboa, 1886, p. 94; OLIVEIRA, Lopes de, Valença do Minho, Póvoa do Varzim, 1978, p. 108 - 110; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987, p. 167; ROCHA, J. Marques, Valença, Porto, 1991, p. 38 e 161; NEVES, Manuel Augusto Pinto, Valença - Das origens aos nossos dias, Valença, 1997; CAPELA, José Viriato, Valença nas Memórias Paroquiais de 1758, Valença, 2003; NEVES, Manuel Augusto Pinto, Valença entre a História e o sonho, Valença, 2003.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

IAN/TT: Dicionário Geográfico, vol. 17, Memória 20, pp. 101 - 107

Intervenção Realizada

Confraria de Nossa Senhora do Faro: 1870 / 1885, entre - encarnação de todas as imagens da capela; arranjo do coro-alto e do soalho da capela; ampliação da sacristia; alargamento do adro; reedificação das antigas casas dos frades; construção da capela de Santa Ana; abertura da mina e canalização da água para o adro; colocação de sineta; 1889 / 1890 / 1891 - realização de diversos melhoramentos na capela, abertura de um caminho para a capela de Santana; 1949 - construção da sacristia e restauro da capela; 1975 - construção do altar lateral da nave; 1998 - reparação das coberturas e rebocos interiores; 1999 - restauro do retábulo de São Bento

Observações

Autor e Data

Paulo Amaral 1999 / Paula Noé 2006

Actualização

 
 
 
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