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Conjunto arquitetónico Edifício Residencial unifamiliar Habitação económica Promoção pública estatal
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Descrição
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O Bairro define-se como uma unidade, perfeitamente autonomizada em relação à sua envolvente. A partir da EN3 acede-se diretamente a um edifício escolar e a um conjunto de sete casas; dois pilares assinalam a entrada para o bairro, e permitindo o seu encerramento ao trânsito viário. A Rua Direita desenvolve-se a partir daí, no sentido da maior extensão do terreno, cruzada pelos arruamentos secundários, a Rua Detrás da Escola e a Rua da Luz, numa estrutura em espinha. Todas as ruas terminam em impasses e são constituídas por uma faixa de rodagem central ladeada por passeios em calçada e alinhamentos de árvores plantadas dentro de caldeiras. Das parcelas assim definidas, aquela que se situa no extremo NO. é ocupada pela Escola Camões (v. IPA.00014294); as restantes são divididas em lotes destinados a casas de habitação. As casas são implantadas de modo a deixar uma faixa estreita de terreno livre entre as fachadas e os arruamentos; o logradouro, na retaguarda, é sempre mais vasto. Não existem alinhamentos rigorosos de fachadas nem uma regra absoluta para a orientação do fogo: nalguns casos as casas situadas em lotes de gaveto apresentam a fachada frontal, mais larga, para a rua principal; noutros a entrada volta-se para as ruas secundárias. O perímetro e a volumetria de cada casa variam dentro de um número alargado de tipos, sem uma ordem comum imediatamente reconhecível. O conjunto residencial é composto por 18 edifícios com um ou dois pisos (neste caso, em duplex). 14 são formados por 2 casas adossadas; 4 são casas isoladas (situadas em lotes de final de rua). Do total de 32 habitações, 18 tinham, originalmente, 4 compartimentos, 10 eram habitações com 5 compartimentos e apenas 4 tinham 6 compartimentos. A cozinha, incluída nesta contagem, era o único espaço diferenciado; todos os restantes eram semelhantes quanto a área, acabamentos e condições de acessibilidade e de relação com o exterior. As instalações sanitárias estavam equipadas apenas com lavatório e retrete, situando-se sempre no piso térreo, num volume adossado com acesso pelo interior da cozinha. Uma série de elementos caracterizadores, comum a todas as casas, assegura a unidade do conjunto. Todas as coberturas são em telhado de telha cerâmica "marselha" com beirado em telha de canudo. São predominantes os telhados com duas águas; nalgumas casas existem corpos com água única e/ ou águas-furtadas. As chaminés têm secção rectangular e um remate superior de recorte ornamental, separado com cinta em telha. A entrada de cada casa é assinalada e protegida por alpendre em telha sobre asnas de madeira. São sempre idênticas as portas exteriores e os vãos de janela: rectangulares regulares, verticais, à excepção das janelas de instalações sanitárias e de escadas e das ventilações dos sótãos sob os telhado (neste caso, óculos circulares com molduras em tijolo maciço e preenchimento em reixa). Uma mudança na cor do acabamento do paramento, sem mudança de plano, indicava o embasamento e prolongava-se nos ângulos, figurando pilastras rematadas superiormente por um elemento saliente em pedra, colocado à altura das vergas das janelas, um pouco abaixo do nível do beirado. Originalmente todos os lotes tinham uma vedação em grelhas de betão moldado sobre murete de alvenaria e cancela de entrada em madeira maciça (remate superior em volutas, reixa quadriculada nas áreas de preenchimento; ferragens em chapa metálica pintada fixadas com cravos), enquadrada por pilaretes coroados por esferas. |
Acessos
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EN3; Rua Direita |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Implantado numa planície, no limite do aglomerado urbano do Entroncamento. Ocupa um terreno de perímetro triangular, delimitado a N. pela estrada nacional para Torres Novas, a SE. por uma zona de apoio a funções ferroviárias da Estação do Entroncamento, e a SO. por terrenos agrícolas. |
Descrição Complementar
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Para além das placas em azulejo com os nomes das ruas e os números de cada casa, o projecto incluía um conjunto de outros elementos que contribuíam para a definição do carácter do bairro, num verdadeiro exercício de desenho total. Um lampião e uma fonte colocados nos dois cruzamentos de ruas e os pilares que marcavam a entrada do conjunto (reproduzindo em grande escala um carril de caminho de ferro, em betão armado) eram pontuações monumentais, populares e exuberantes, símbolos de um ambiente que procurava situar-se entre o urbano e o rural. Num dos tramos do muro alto que envolve o lote ocupado pela Escola Camões existe um painel em azulejo cerâmico vidrado com a inscrição "C.ª dos Caminhos de Ferro Portugueses. Divisão de Construção. projectou e construiu. 1926. Arquitectos: Luis da Cunha e Cottinelli Telmo". |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: José Ângelo Cottinelli Telmo, Luís Cunha. |
Cronologia
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1859 - fundação do Entroncamento, quando as linhas de caminho de ferro do Norte e do Leste começaram a ser prolongadas para além da Ponte da Asseca: o ponto de divergência dos dois traçados foi situado num território completamente despovoado; 1890 - o aglomerado tinha ainda apenas uma escassa dezena de casas; séc. 20, primeiras décadas - com o gradual desenvolvimento da rede de caminhos de ferro, o Entroncamento viria a transformar-se num dos principais centros ferroviários do país, e portanto a localização mais adequada para a instalação de oficinas e depósitos de material circulante, aqui se verificando as maiores concentrações de funcionários residentes ou em deslocação, ocupados nas tarefas de construção e manutenção da rede: por este motivo, a Companhia faria construir aqui habitações (permanentes ou temporárias) destinadas ao seu pessoal e os equipamentos para a sua assistência e apoio (armazém de víveres, cantina, escola, posto médico e dispensatório), procurando a CP assegurar aos ferroviários e às suas famílias as condições mínimas de subsistência, o acesso aos cuidados básicos de saúde e uma educação elementar; 1919 - inauguração do bairro de " Vila Verde ", o primeiro promovido pela CP para os seus funcionários e construído no Entroncamento: comporta, nessa primeira fase, habitações para vinte famílias; 1924 / 1925 - inicia-se o plano de construção do Bairro Camões; 1925 - 1927 - elaboração dos projetos para as casas de habitação; 1926, fevereiro - data do projecto da fonte; 1926, julho e setembro - são projectados os pilares da entrada; 1927, janeiro - projeto do pilar lampião; 1927 - conclusão do bairro. |
Dados Técnicos
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Paredes exteriores autoportantes |
Materiais
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Pedra; reboco; cerâmica: tijolo, telha de canudo, telha marselha; betão moldado; madeira pintada, sinalização (nomes de rua e números de casa) em azulejo cerâmico vidrado; passeios laterais em calçada à portuguesa; faixa de rodagem com rega asfáltica |
Bibliografia
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TELMO, Cottinelli, CUNHA, Luís da - Escola e Bairro Camões no Entroncamento, Arquitectura, n.º 4, Abril 1927, pp. 50-56; Entroncamento. Pilar-Lampeão no cruzamento de duas ruas, Arquitectura, nº 5, Maio 1927, pp. 75-76; [ TELMO, Cottinelli ] Divisão de Via e Obras, Memória Descritiva e Justificativa [do Bairro Camões], 25.06.1927, A Obra Moderna da C.P., O Notícias Ilustrado, IIª série, nº 52, 09.06.1929, pp. 20-21; MARTINS, Jaime, Dos Bairros para o Pessoal da C.P., Boletim da C.P., 3º ano, nº 24, Junho 1931, pp. 97-100; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995. 2 vol. |
Documentação Gráfica
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C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico |
Documentação Fotográfica
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DGEMN: DSID; Espólio Cottinelli Telmo (na posse da família) |
Documentação Administrativa
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C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico |
Intervenção Realizada
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Observações
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Autor e Data
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JPaulo Martins 2002 |
Actualização
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