Núcleo urbano de Monção / Núcleo intramuros da vila e praça de Monção
| IPA.00007876 |
Portugal, Viana do Castelo, Monção, União das freguesias de Monção e Troviscoso |
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Núcleo urbano sede municipal. Vila situada em margem fluvial na fronteira do Minho. Vila medival de jurisdição régia com castelo e cerca. Praça de guerra seiscentista implantada sobre a fronteira do Minho, na margem ribeirinha, apresentando um perímetro irregular, em princípio delineado por Miguel de Lescole e levado a efeito sob a direcção de Manuel Pinto Vilalobos. Integra o núcleo de fundação medieval revelando um traçado regular, estruturado pelo cruzamento ortogonal entre o eixo N.-S. e o eixo E.-O., este último a Rua Direita ligando as duas únicas portas da cerca muralhada de planta circular. A Igreja Matriz e a Casa da Câmara (e respectivos largos) fixam uma relação lateral ao eixo N.-S.. A fortificação abaluartada incluiu vasta área de expansão urbana, na qual o rossio ou terreiro se transformou em ponto nodal, marcando uma nova centralidade, exposta ainda na localização do pelourinho e da Misericórdia. As quatro portas da fortificação moderna, seguindo a orientação dos percursos preexistentes e relacionando-se com a implantação de cercas conventuais e equipamentos militares, asseguram a ordenação possível das frentes de crescimento linear, cuja consolidação ocorreu tardiamente. Ao eixo de carácter civil focado no terreiro-praça (Deu-la-Deu), contrapõe-se, quase por duplicação, um eixo essencialmente militar (ligando portas, quartéis, armazém de armas e paiol), que forçou o aparecimento de outro terreiro (República), enunciando um zonamento funcional bipolar, já que se regista a presença de uma outra zona militar, esta marcadamente periférica (S. Bento). As características do espaço construído são muito heterogéneas. O tecido de raiz medieval mostra maior unidade e tem como referência tipológica a casa quinhentista de dois pisos, com decoração manuelina ou renascentista. As áreas de crescimento posterior são preenchidas por construções de sentido ecléctico, podendo-se anotar alguns apontamentos barrocos em casas solarengas, bem como a presença pontual de edifícios de filiação modernista. |
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Número IPA Antigo: PT011604170029 |
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Registo visualizado 2077 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Conjunto urbano Aglomerado urbano Vila Vila medieval Vila fortificada Régia (D. Afonso III)
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Descrição
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Espaço urbano definido pelo perímetro muralhado moderno, de planta irregular, pontuado por baluartes de diferentes características e implantação assimétrica (v. PT011604170001). O corpo da praça inclui o núcleo de fundação medieval, descrevendo um recinto circular, facto urbano associado à curvatura da primeira cerca, evidenciado actualmente pelo traçado viário da Tv. da Glória, Pç. Deu-la-Deu, R. 5 de Outubro, R. da Oliveira, R. do Barão de Castelo de Paiva, Largo do Hospital e Alameda General Humberto Delgado, de que se conserva um troço razoavelmente extenso e onde se rasga ainda a antiga porta de acesso ao porto fluvial. Essa matriz urbana revela-se no traçado regular, organizado em função de dois eixos estruturantes: o cruzamento ortogonal entre a Rua Direita (direcção E.-O.), ligando directamente as duas portas da cerca quatrocentista, e a actual Rua João Pinho (direcção N.-S.). Neste último eixo, posicionou-se a Igreja Matriz (v. PT011604170005), no extremo N. junto ao rio, e mais tarde a Misericórdia Velha (depois Convento dos Nerys e Hospital). No outro estremo a S., quase ao centro da malha urbana, encontra-se a Casa da Câmara, criando uma pequena praça fronteira (actual Largo Camões). O eixo N.-S. regula uma sequência quase homogénea de ruas transversais, definidas por quarteirões de proporção longílinea, que sofrem alguma torsão relacionada com o contorno curvo do limite antes amuralhado. Já nos desenhos de Duarte de Armas era sugerida a futura expansão da Vila, assinalando a Capela do Outeiro como esboço da gradual definição do terreiro ou rossio (actual Praça Deu-la-Deu), para onde abria a porta principal, junto à torre de menagem, formando um espaço vasto que o novo perímetro muralhado seiscentista tornou central. O circuito abaluartado englobava amplas áreas não edificadas, zonas de interesse militar, muito expostas ao poder de fogo inimigo, e que ainda hoje não foram totalmente preenchidas. As portas da fortificação moderna reproduzem e corporizam a direccionalidade dos eixos preexistentes. A Porta de Salvaterra assegura a ligação ao rio, enquanto a Porta do Rosal aponta o caminho para Valença ("caminho velho"), orientando percursos urbanos que partem do terreiro, marginando o espaço da cerca do desaparecido Convento das Freiras de S. Francisco, uma instituição talvez quinhentista, que deu hoje lugar ao Bairro do Estandarte. Também derivando do terreiro, o eixo que se dirigia para a Porta do Sol (demolida e atravessada pela EN 201), orientando uma outra frente de crescimento, encaminhava-se para Ponte da Barca - Braga. A Porta de S. Bento (igualmente demolida e atravessada pela EN 202) marca o percurso a caminho de Melgaço, mas apenas deu lugar a construções dispersas ou quintas, numa área dominada pelo Convento de Santo António dos Capuchos (v. PT011604170022), um conjunto que preserva uma forte envolvente paisagística. A muralha é ainda interrompida na zona da Porta das Caldas (entaipada), que liga o recinto da Fonte da Vila (v. PT011604170018) à estância termal e às terras baixas da várzea, integrando uma derivação transversal direccionada para a escadaria do referido convento. O terreiro (Praça Deu-la-Deu) vincula todos estes percursos: formado à margem do núcleo antigo, adquiriu uma polaridade espacialmente traduzida numa planta trapezoidal, cujo ponto focal foi reservado à fachada da Igreja da Misericórdia (v. PT011604170025), em confronto com a fachada da Capela do Loreto, que se situava no lado oposto, mais ou menos no local onde se observa o Chafariz de Danaide (v. PT011604170027), actual Largo do Loreto. Localizava-se aqui o pelourinho (depois apeado), tornando explícito o carácter civil desta praça, onde convergem preferencialmente os fluxos provenientes das Portas de Salvaterra e do Sol. Observando a implantação setecentista dos equipamentos militares, os já demolidos quartéis de infantaria e o armazém das armas (entre o Largo da Alfândega e a Rua da Bandeira), bem como o ainda existente Paiol do Rosal, observa-se um segundo eixo, de carácter militar e paralelo ao anterior, ligando a Porta do Rosal à Porta do Sol (através da actual Rua D. Pedro V), que acabou por dar origem à formação tardia de outro amplo terreiro (Praça da República). Junto à Porta de S. Bento estabeleceu-se uma outra zona militar, onde se situavam os quartéis de cavalaria (um dos quais ainda subsiste, embora muito descaracterizado), local onde chegou a funcionar também o hospital militar e a casa do governador. Trata-se de uma área que permanece periférica, reflexo da fraca densidade do tecido construído nos séculos 17 e 18, quando apenas se delinearam algumas frentes de crescimento seguindo as vias orientadas para as portas. Somente nos finais do séc. 19 e primeira metade do séc. 20, através da aberturas de novas vias (rodoviárias e ferroviária) e do desenvolvimento do turismo termal, se foram consolidando algumas das linhas enunciadas, ao mesmo tempo que a hierarquia viária foi redefinida, com a rectificação de eixos até então secundários (Av. da Estação, R. Duarte Pacheco, R. 25 de Abril, Av. das Caldas). Por esse motivo o espaço construído revela-se extremamente heterogéneo, apoiado no desenvolvimento de quarteirões de grande dimensão e forma muito irregular, em contraste com a malha do núcleo medieval, onde o tecido parcelar manteve uma relativa uniformidade, também evidente nas características arquitectónicas que lhe dão corpo. Em geral, predominam nesta zona as casas com dois ou três pisos, as paredes rebocadas, sendo apenas em cantaria a guarnição dos vãos e, pontualmente, os socos, as pilastras e as cornijas. Neste conjunto destacam-se alguns exemplos de casas quinhentistas, com a fachada em cantaria e vãos decorados com motivos manuelinos, renascentistas, ou com o simples acabamento biselado da pedra. No espaço circunscrito pela fortificação moderna identifica-se uma maior diversidade arquitectónica, onde convivem casas solarengas setecentistas ou mais tardias, ocupando grandes parcelas (na Praça Deu-la-Deu salienta-se a Casa do Curro mostrando clara influência barroca), com edifícios de características eclécticas e até exemplos de pendor modernista. |
Acessos
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Avenida da Boavista, EN 403, Estrada dos Arcos |
Protecção
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Inclui Castelo de Monção (v. PT011604170001) e Capela de S. Sebastião da Igreja Matriz de Monção (v. PT011604170005) / PP - Plano de Pormenor (Salvaguarda e reabilitação do centro histórico de Monção), Resolução de Conselho de Ministros n.º 167/2005, DR, 1.ª série-B, n.º 204 de 24 outubro 2005 |
Enquadramento
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Localiza-se Entre Douro e Minho, na sub-região do Minho-Lima e pertence à unidade de paisagem do Vale do Minho. Núcleo integrado no antigo sistema defensivo da fronteira do Minho, estruturado por vilas muralhadas na época medieval, mais tarde transformadas em praças de configuração abaluartada, apoiadas por diversos fortes intercalares. Implanta-se na orla ribeirinha, fronteira com Espanha, começando por ocupar um cabeço à cota altimétrica média de 42 metros, sobranceiro à vertente mais escarpada e densamente arborizada. A mancha urbana desenvolve-se em declive suave até ao vale do ribeiro de Levandeira, uma linha de água hoje quase seca, marcando uma zona mais baixa com continuidade na várzea que se desenvolve até à zona das Caldas. A área intra-muros apresenta uma base topográfica bastante diversificada e talvez até bastante alterada por aterros durante os trabalhos da fortificação seiscentista. O facto desta obra militar não ter sido concluída, bem como o seu atravessamento por dois troços de estrada e pela linha férrea, facilitou o posterior crescimento urbano extra-muros para S-O, pela Porta do Sol, segundo o eixo viário da EN 201. A zona de expansão urbanística mais recente, caracterizada por construções dispersas e dissonantes, inviabiliza uma leitura unitária da praça, anulando o impacto volumétrico dos baluartes e respectivas cortinas. Na margem oposta observa-se a povoação galega de Salvaterra, também fortificada, hoje directamente acessível através da ponte internacional. |
Descrição Complementar
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Uma suposta unidade da praça de guerra é somente perceptível em planta, o que já não acontece com o núcleo medieval, espacialmente mais homogéneo, apesar das rupturas já introduzidas por volumes e implantações profundamente dissonantes. A cerca muralhada medieval nunca possuiu castelo (nem alcaide), actualmente conserva-se apenas parte do flanco voltado para o rio, onde ainda subsiste, quase cinco metros abaixo do nível da rua, a porta (entaipada) de acesso ao porto fluvial. A consistência da praça de guerra ficou comprometida na raiz, uma vez que os trabalhos de fortificação não foram concluídos, ficando por terminar os fossos e a esplanada. Por outro lado, o traçado da própria cintura fortificada é muito irregular, composta por baluartes de configuração muito diversa, possuindo um perímetro muito extenso, sem que fossem preenchidos os terrenos potencialmente urbanizáveis, aspecto mais evidente na zona de influência do convento capuchinho. Outro aspecto a registar é a composição monumental da Porta de Salvaterra (ostentando as armas reais), de estrutura simples, semelhante a uma poterna, por contraste com a Porta do Rosal, acasamatada mas desprovida de qualquer tipo de ornamentação. A configuração incompleta da praça é ainda visível no processo formativo (tardio) da Praça da República, uma espécie de terreiro da parada, incapaz de suportar a categoria de praça de armas (nunca sinalizada nos levantamentos militares), uma vez que não existia aí nenhum equipamento militar representativo do governo das armas. Da condição de praça de guerra inacabada à praça também mutilada, deriva a importância da leitura do traçado, igualmente relacionada com a demolição de numerosos edifícios importantes: o convento das freiras franciscanas, o convento dos congregados, a Capela do Loreto, o armazéns das armas, os quartéis, o açougue da praça, o pelourinho. A este conjunto de circunstâncias acresce ainda o impacto das obra públicas realizadas desde os finais do séc. 19, introduzindo rupturas na cintura fortificada, implicando rectificações viárias e incrementando o crescimento do parque edificado, marcadamente contemporâneo. |
Utilização Inicial
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Não aplicável |
Utilização Actual
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Não aplicável |
Propriedade
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Não aplicável |
Afectação
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Não aplicável |
Época Construção
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Séc. 14 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Miguel de Lescole, Manuel Pinto Vilalobos. MESTRE de OBRAS: Manuel Fernandes (1701-1702). |
Cronologia
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Séc. 12 - provável terra reguenga, sob a designação de Mazedo, poderá ter sido fortificada por D. Sancho I (ALMEIDA, 1987); 1258 - nas Inquirições é referida como Vila; 1261 -concessão de foral, atribuindo novo topónimo (Monção); 1305 - criação da feira; 1305 - 1308 - segundo Rui de Pina, D. Dinis promoveu a construção da cerca muralhada; 1308 - edificação da Igreja Matriz, cujo padroado régio foi obtido por troca com o Bispado de Tui; 1369 - no contexto das guerras Fernandinas foi atacada por Henrique de Transtâmara, que levantou o cerco graças ao estratagema lendário de Deu-la-Deu Martins, mulher do alcaide Vasco de Abreu; séc. 14 / 15 - construção da barbacã e da couraça; D. Afonso V mandou erguer a torre de menagem, concluída no reinado de D. João II; 1506 c. - levantamento de Duarte de Armas, mostrando a mancha urbana encerrada pela cerca; a muralha primitiva ("muro") era interrompida por duas portas simétricas, abrindo para o terreiro a porta principal, ladeada pela torre de menagem, que se apresentava já "derribada de dentro"; a barbacã ("barreira") integrava três portas, duas desenhadas em cotovelo e apetrechadas por troneiras cruzetadas e uma outra (a única que hoje se conserva) de ligação à couraça que dava acesso à torre que protegia o porto fluvial, onde embarcava assinalável quantidade de vinho para os mercados ingleses; extra-muros assinala-se apenas a Capela de Santa Maria do Outeiro e algumas hortas na vertente voltada para o rio; 1512 - concessão de foral novo; 1521 - construção da Capela de S. Sebastião na Igreja Matriz; 1593 - data inscrita no arco lançado sobre a Rua Direita; 1596 - data epigrafada numa casa da Rua Direita; séc. 16 - provável fundação do Convento das Freiras de S. Francisco, situado na proximidade do terreiro; renovação da igreja matriz e edificação da Misericórdia (Velha) nas suas proximidades; construção da Fonte da Vila; 1634 - acordão municipal proibindo a lavagem de peixe na Fonte da Vila; 1643 - assalto à povoação galega de Salvaterra, retida pelas forças portuguesas durante 16 anos; 1652 - remodelação da Fonte da Vila sendo juiz da Vila António da Mata Perestrelo; 1656 - início da construção do perímetro abaluartado de Monção sob o risco do engenheiro militar Miguel de Lescole, sendo mestre das obras João Alves do Rego, que trabalhou também nas muralhas de Caminha (SOROMENHO, 1991); a fortificação, especialmente irregular na frente ribeirinha, onde integra um troço da cerca medieval, incluía quatro portas (Sol, Rosal, Salvaterra e S. Bento) e ainda o postigo das Caldas, para além das restantes poternas; nesta época a vila acusava algum crescimento urbano em redor do terreiro e da Capela do Outeiro, depois sob invocação de Nossa Senhora do Loreto; 1658, 7 Outubro - as tropas espanholas montam cerco a Monção; 1659, 7 Fevereiro - rendição portuguesa, sendo Governador da Praça o Mestre de Campo Lourenço de Amorim Pereira; 1668, 14 de Maio - devolução da praça, tendo então tomado posse da Vila o Corregedor Álvaro Pessoa de Carvalho; 1668 - a Igreja da Misericórdia estava já em construção, sendo o risco atribuível a Vilalobos (SOROMENHO, 1991); intenção de mandar derrubar o convento das freiras beneditinas, devido à proximidade das obras de defesa; 1669 - as freiras queixam-se ao rei pelo facto do governador da praça não consentir que a cerca conventual seja fechada; 1679 - conclusão da Capela do Sacramento na Igreja Matriz, encomendada pelo governador da praça Francisco Cunha da Silva; 1686 - o engenheiro Sebastião de Sousa e Vasconcelos é afastado dos trabalhos de fortificação devido ao erro cometido no traçado de uma das cortinas (SOROMENHO, 1991); 1693 - conclusão das obras da Misericórdia Nova localizada no terreiro (actual Praça Deu-la-Deu); séc. 17 - renovação da Igreja Matriz; 1701-1702 - arranjo do convento de Clarissas pelo mestre Manuel Fernandes; 1713 - levantamento efectuado por Manuel Pinto Vilalobos, discípulo de Lescole: a fortificação do corpo da praça estava quase concluída, encontrando-se ainda em obras o Baluarte de S. Bento; a legenda da planta assinala que o Revelim da Porta dos Milagres (do Sol), talvez projectado por este engenheiro, se achava apenas principiado; os fossos, já abertos, não possuíam contraescarpa, nem estrada coberta; refere ainda a demolição da muralha do "circuito da vila antiga"; encontram-se representadas a Igreja Matriz, a Misericórdia Nova, o Convento das Freiras e a Capela do Loreto e respectivo cruzeiro; estava também projectado um "reentrincheiramento" sobre o vale da Fonte "por onde ha cazas". Transferência das freiras para Barcelos, por ordem do Arcebispo de Braga D. Rodrigo de Moura Teles, a fim de permitir a continuidade dos trabalhos de fortificação, iniciando-se o aproveitamento dos materiais resultantes do desmembramento do edifício conventual; 1727 - medições do quartel de cavalaria feitas por Manuel Pinto Vilalobos; 1754, anterior a - levantamento executado pelo Ajudante Francisco de Barros (muito semelhante à planta anónima e sem data da SGL), onde pela primeira vez se representa planimetricamente a malha urbana; assinala-se a edificação do Convento dos Congregados ou dos Nerys no local onde existia a Misericórdia Velha, bem como a fundação do Convento ("Novo") de Santo António dos Capuchos; são também assinalados os Quartéis de Infantaria e o Armazém das Armas à ilharga da Porta do Sol, os Quartéis de Cavalaria junto à Porta de S. Bento, o Armazém da Pólvora na proximidade da Porta do Rosal, e ainda o Açougue da Praça; 1758 - desenho do Sargento-mor Gonçalo Luís da Silva Brandão, integrado na "Topographia da Fronteyra...", tratando-se provavelmente de uma cópia mais cuidada e colorida do levantamento anterior; regista que os fossos ainda não estavam terminados, assim como o Revelim da Porta do Sol, assinalando, para além dos equipamentos militares já citados, o Hospital Real, instalado junto aos quartéis de cavalaria; é o único documento que representa o pelourinho, localizado na Praça; destaca também as "cazas do Exmo. Sr. João de Almada" situadas entre o antigo Convento das Freiras e a Capela do Outeiro; aponta também a Ermida de Nossa Senhora da Guia, que se erguia sobre a plataforma abaluartada; as memórias paroquiais referem que Monção pertence à coroa; 1762 / 1769 - tentativa de actualização do sistema defensivo impulsionada pelo Conde de Lippe; 1777 - saída do Regimento de Infantaria para Viana; 1797 - levantamento feito pelo Sargento-mor Maximiano José da Serra; reparação das muralhas; séc. 18 - renovação da Igreja Matriz e da Misericórdia; 1802 - a Porta de S. Bento encontrava-se entaipada (levantamento de J.J. d'Almeida); 1837 - construção do Chafariz de Danaide; 1840 - crescente ruína das muralhas, abatendo um lanço da cortina da Porta do Rosal; pouco depois foi desmantelada a Porta de S. Bento; 1882 - entaipamento da Porta das Caldas e demolição do troço de muralha anexo; 1900 - demolição das Portas do Sol; 1910, após - demolição da Capela do Loreto; 1911 - Construção dos Paços do Concelho; 1915 - ruptura do perímetro muralhado com a implantação do terminal ferroviário, entre os Baluartes da Terra Nova e da Cova do Cão (S-O), factor que, associado à exploração das termas, foi em grande parte responsável pelo surto urbanístico da época contemporânea; 2013, 28 janeiro - criação da União das Freguesias de Monção e Troviscoso, por agregação das mesmas, pela Lei n.º 11-A/2013, DR, 1.ª série, n.º 19. |
Dados Técnicos
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Não aplicável |
Materiais
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Não aplicável |
Bibliografia
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ARMAS, Duarte de, Livro das Fortalezas, Lisboa, INAPA, 1990; MENEZES, D. Luís de, História de Portugal Restaurado, Lisboa, 1679 - 1698; COSTA, António Carvalho da, Corografia Portuguesa, Lisboa, 1706; LIMA, D. Luís Caetano de, Geografia Histórica, Lisboa, 1736; BRANDÃO, Gonçalo Luís da Silva, Topographia da Fronteyra da Província de Entre Douro e Minho, [1758], Porto, 1994; CORNIDE, D. José, Estado de Portugal en Año de 1800, Madrid, 1893; VIEIRA, José Augusto, O Minho Pittoresco, Lisboa, 1886; SEPULVEDA, Christovão Aires de Magalhães, História Orgânica e Política do Exército Portuguez, Lisboa, 1902-1932; GUERRA, Luís de Figueiredo, "Castelos do Distrito de Viana", Sep.ª O Instituto, Coimbra, 1926; GARCÃO, José Gomes, Monção e seu Alfoz na Heráldica Nacional, Barcelos, 1969; CASTRO, Francisco Cyrne de, "Na Guerra da Restauração, as Fronteiras do Minho em Cortes", Caminiana, Caminha, 1981, vol. 4, 49 - 73; ALVES, Lourenço, "Do Gótico ao Manuelino no Alto Minho (Monumentos Civis e Militares)", Caminiana, Caminha, 1985, vol. 12, 37 - 150; GARCÃO, José Gomes, "Para a pequena História de Monção. Das actividades municipais e da governança durante a ocupação espanhola", Sep.ª Arquivo do Alto Minho, Viana do Castelo, 1984, 3ª série, 27, 12-60; MOREIRA, Rafael, "Do Rigor Teórico à Urgência Prática: Arquitectura Militar", História da Arte em Portugal - O Limiar do Barroco, Lisboa, 1986, pp. 67-86; ALMEIDA, Carlos Alberto Ferreira de, Alto Minho, Lisboa, 1987; ROCHA, J. Marques, Monção, uma Monografia, Porto, 1988; MOREIRA, Rafael, dir., História das Fortificações Portuguesas no Mundo, Lisboa, 1989; SOROMENHO, Miguel, Manuel Pinto Vilalobos, da Engenharia Militar à Arquitectura, Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, 1991; ANDRADE, Amélia Aguiar, Vilas, Poder Régio e Fronteira: o Exemplo do Entre Lima e Minho Medieval, Dissertação de Doutoramento apresentada à Faculdade de Ciências Sociais e Humanas, Lisboa, 1994; ANTUNES, João Manuel Viana, Obras Militares do Alto Minho: a Costa Atlântica e a Raia ao Serviço das Guerras da Restauração, Dissertação de Mestrado apresentada à Faculdade de Letras do Porto, 1996; MAGALHÃES, Teresa Avelina, Marques, Monção do Foral Velho ao Foral Novo, Monção, 1998; ROSSA, Walter, "O Urbanismo Regulado e as primeiras cidades coloniais portuguesas", Colectânea de Estudos Universo Urbanístico Português 1415-1822, Lisboa, 1998, 507-536; TEIXEIRA, Manuel e VALLA, Margarida, O Urbanismo Português. Séculos XIII - XVIII. Portugal - Brasil, Livros Horizonte, Lisboa, 1999; CUNHA, Secundino, Monção recupera muralha, Correio da Manhã, 19 Março 2004, p. 44. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID; DGEMN/DREMN; CMM; BN: Monção, Manuel Pinto Vilalobos, 1713 (D 238 V); SGL: "Plantas das Praças Fortes do Minho", s.d. (1-G-16 a 28); BPMP: Planta da Praça de Monção, Gonçalo Luísda Silva Brandão, 1758; GEAEM: Praça de Monção, Francisco de Barros, s.d. (3101); Idem, Maximiano José da Serra, 1797 (3102); Idem, J. J. Almeida, 1802 (3103 / II); Idem, s.d. (3095); Quartéis, Joaquim Pereira Pimenta de Castro, 1872 (3096); Praça de Monção , António Gandra, 1855 (3097); Defesa do rio em Monção (3098); Idem, 1870 (3099); Quartéis do Campo da Feira, 1851 (3100); Praça de Monção, J. J. Almeida, 1802 (3103 / I); Idem, 1882 (11202); Idem, José Brandão Coelho de Melo, 1869 (6436); Cartografia sobre a evolução urbana de Monção (séc. 14, 16, 17, 18) in "O Urbanismo Português. Séculos XIII - XVIII. Portugal - Brasil" |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID; DGEMN/DREMN; |
Documentação Administrativa
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IHRU: DGEMN/DSARH, Plano de Melhoramentos de Monção (DSARH-010/155-0079), Plano de melhoramentos de Monção (DSARH-010/155-0079); DGEMN/DREMN; CMM; ANTT; AHM; ADVC |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1948 - alienação do prédio militar 72/45; 1955 / 1958 / 1959 / 1961 / 1962 / 1963 / 1965 / 1966 / 1967 / 1968 / 1969 / 1973 / 1975 / 1977 / 1979 / 1980 / 1982 / 1983 / 1984 / 1985 / 1986 / 1988: intervenções de restauro, reconstrução e beneficiação das muralhas; 1961 - trabalhos de apeamento e reconstrução de troço da muralha na Esplanada General Carmona; 1962 - trabalhos de restauro na Porta de Salvaterra e troço de muralha ao longo do Bairro do Estandarte; 1963 - demolição de três prédios urbanos situados extra-muros junto à Porta do Rosal; 1968 - estudo da pavimentação da Avenida dos Nerys; 1969 - Comissão de Melhoramentos de Monção, restauro do parapeito da muralha entre o Baluartes do Loreto e dos Nerys, na zona da Esplanada Marechal Carmona e Jardim dos Nerys com reconstituição das respectivas guaritas e restauro de troço no Baluarte de Nª Sª da Guia e Porta do Rosal; 1975 - demolição de prédios urbanos intra-muros junto à Porta do Rosal; demolição do quartel de cavalaria junto ao Baluarte do Souto (prédio militar 90-B); 1984 - beneficiação diversa no Baluarte de Nª Sª da Conceição; 1985 - beneficiação diversa no Baluarte de Salvaterra, Porta de Salvaterra e Baluarte de Nª Sª da Vista; 1986 - beneficiação no Baluarte de Nª Sª da Guia; 1988 - reconstrução de cortina da muralha; 1990 - reconstrução de cortina da muralha e do passeio, continuação da reconstrução do Baluarte de Nª Sª da Guia; 1995 - ruína de parte da muralha no revelim dos Capuchos, junto à Igreja; 1999 - ruína da muralha na zona do Postigo das Caldas, provocado por chuvas intensas; 2000 - consolidação e beneficiação de paramentos no troço intersectado pela Avenida das Caldas. DGSU / CMM: c.1930 - obras de arranjo dos arruamentos e murete com gradeamento, na zona do Jardim dos Nerys; 1957 - obras de alteração na Praça Deu-la-Deu; 1963 - renovação da rede eléctrica e ampliação da rede de saneamento; ajardinamento e iluminação pública da Praça Deu-la-Deu e Praça da República; início da construção do Palácio da Justiça; reconstrução da pavimentação viária segundo as técnicas tradicionais; estudo prévio para o Bairro de Casas para Pobres da autoria do Arq.ª Viana de Lima; 1964 - início da demolição das casas do Bairro do Estandarte; 1966 - projecto de remodelação do Bairro de Estandarte para a Federação das Caixas de Previdência; 1970 - ainda existia o conjunto de casas abandonadas na frente voltada ao rio; 1972 - início dos trabalhos de terraplanagem para construção do mercado na zona da esplanada junto à antiga Porta do Sol; 1996 - limpeza e desmatação da muralha e baluartes; 2000 - limpeza do recinto muralhado; CMM: 2004 - restauro, limpeza, revitalização e iluminação da muralha; revitalização de toda a área histórica, desde a Porta do Rosal até ao Parque das Termas, incluíndo as Pç. da República e Deu-la-Deu; construção de parques de estacionamento na zona exterior da muralha e limitação da circulação automóvel nas principais praças da vila. |
Observações
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Os desenhos de Duarte de Armas colocam alguns problemas na correspondência entre as perspectivas e a planta, em particular no que se refere à porta de acesso ao porto e à implantação da própria couraça; é também problemática a identificação da casa-torre com balcão saliente e telhado de quatro águas, que se ergue na zona da igreja, que aliás não se encontra assinalada. A exacta localização das defesas medievais apenas poderá ser aferida através de prospecção arqueológica. Derivando ainda da tradição medieval, persiste a realização da feira, hoje semanal. Salienta-se também a Festa da Coca, celebrada no dia do Corpo de Deus, onde continua a figurar a luta de S. Jorge com o dragão (localmente designado por "coca"). Mantém-se, de igual modo, uma forte produção vinícola, em especial ligada ao vinho verde. Em 2000 foi constituído o Gabinete Técnico Local para elaboração do plano de salvaguarda. |
Autor e Data
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Anouk Costa, Lobo de Carvalho, Margarida Tavares, Teresa Ferreira 2000 |
Actualização
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Anouk Costa, Cláudia Morgado, Rita Vale 2010 |
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