Casa da Quinta do Monserrate / Casa da Quinta do Capitão / Palácio dos Solas
| IPA.00007944 |
Portugal, Setúbal, Almada, União das freguesias de Charneca de Caparica e Sobreda |
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Casa setecentista e pombalina, de planta quadrangular com corpo em ressalto e destaque para o jogo de volumes que as janelas de mansarda oferecem; integra uma capela de traça maneirista, com frontão triangular. Solar com andar nobre evidenciado por duas sacadas com varanda dupla com gradim decorado, de ferro, e janelas de peitoril, de guilhotina; é ainda característica pombalina o uso dos esponjados na azulejaria dos rodapés e a técnica de construção de paredes em "cruz de Santo André" e tabique. A tipologia vernacular ressalta nos telhados múltiplos, mouriscados, de remate arrebicado nos encontros dos beirais corridos, e na molduração dos cunhais. | |
Número IPA Antigo: PT031503090042 |
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Registo visualizado 2700 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial unifamiliar Casa
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Descrição
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Edifício de planta quadrangular, composta por corpo principal, capela e volume em grande avançamento na fachada posterior, irregular, com coincidência exterior / interior, de volumes articulados em justaposição entre si, com disposição de massas em horizontalidade, construído sobre plataforma de terreno que se desenvolve em pátio em redor do edifício com acesso por escadaria. Cobertura exterior diferenciada, em telhados de quatro águas no corpo residencial, de duas águas na capela e de três águas nas mansardas. O edifício tem embasamento e fachadas delimitadas por cunhais pouco pronunciados, com a principal orientada a E.; desenvolve-se em dois panos correspondentes à capela e ao solar, com frisos verticais como elementos divisores. SOLAR de três pisos cujos elementos definidores são os vãos de janelas e portas em sobreposição; no piso inferior abrem-se duas portas e duas janelas de peitoril de guilhotina; no segundo rasgam-se duas janelas de sacadas de duas folhas, com guarda dupla comum, em ferraria ornamental com vestígios de remate nos ângulos da ferragem do balcão, e duas janelas semelhantes às do piso térreo; os vãos de janelas e portas são rectangulares com verga e jambas em cantaria simples; o remate é em cornija de coroamento e beiral; no topo, existe uma janela de mansarda com folhas de guilhotina, com remate em beiral pronunciado. As restantes duas fachadas desenvolvem-se, ainda, em um pano e três pisos; a lateral com grande número de janelas de peitoril, semelhantes às descritas, e a posterior com poucas aberturas, ressaltando uma mansarda em cada face, rematando de idêntico modo ao da principal. Existe um lance de escada exterior de acesso ao piso superior. O INTERIOR de espaço diferenciado, com articulação de grande número de divisões e corredores assobradados nos três pisos, com escadas interiores em madeira; um pequeno lance escalonado em leque, leva a patamar de arranque da escadaria de dois lances opostos, que conduz ao piso nobre, existindo outra de um lance que serve o sótão; no piso térreo um pequeno vestíbulo dá passagem directa para a capela; há lareiras em duas salas e lar na cozinha; sobressaem silhares de azulejos ou vestígios deles, revestindo paredes a cerca de um terço da altura do pé-direito e a parede onde se encastoa uma banheira. CAPELA DE NOSSA SENHORA DE MONSERRATE: fachada principal de dois pisos definidos pelo portal dando sobre pátio da quinta, com sobreposição de janelão do coro-alto; os vãos são simples, com duas folhas, rectangulares, com molduramento rectilíneo em cantaria; o remate é em frontão triangular com nicho centralizado, tem cornija pronunciada, suportando no topo uma cruz; a fachada lateral tem um vão de janela e a fachada posterior é cega. INTERIOR de espaço diferenciado em nave e capela-mor, com iluminação dada pelas vãos iluminantes descritos; os pés-direitos são lisos; o altar-mor tem retábulo de frontão angular de ressalto, tendo no topo um símbolo eucarístico, una pomba no centro de nuvem circular, branca, com esplendor dourado em redor; a cobertura é em abóbada de berço de pleno centro, pintada; um arco triunfal em arco pleno assente em pilastras toscanas, pintado com forte cromatismo, faz a ligação à nave com cobertura em abóbada de berço, com pintura mural em explosão de cromatismo forte; à entrada, sobressai uma pia de água-benta grande e, sobre o portal, o coro-alto com balaustrada em madeira; nas paredes e no coro-alto destaca-se pintura em marmoreado, de forte policromia. |
Acessos
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Charneca da Caparica; lugar de Botequim, entre a quinta da Regateira e o Lugar de Barriga |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, no cimo de pequena colina, isolado, com jardim, rodeada por terreno da antiga quinta de planta quadrangular, todo murado em redor, com fiada de casas adossada ao muro virado a , possíveis habitações dos antigos trabalhadores da quinta ou dependências de apoio à quinta, com portão de ferro de acesso a alameda que conduz à entrada principal da casa; tudo integrado em terrenos que pertenceram à quinta e que se estendem extra muros, hoje loteados para urbanização, com edifícios já construídos e outros em vias de construção. |
Descrição Complementar
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Utilização Inicial
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Residencial: casa |
Utilização Actual
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Devoluto |
Propriedade
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Privada: pessoa colectiva |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PINTOR: Francisco Relógio (séc. 20). |
Cronologia
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Séc. 1798 - construção do palácio com capela onde se venerava a padroeira, Nossa Senhora de Monserrate e São Luís rei de França; data incerta - chamou-se Quinta da Banha; séc. 19, primeira metade - a quinta pertenceu a Francisco António Ferreira, conhecido por "Sola", por herança de seus avós; depois foi pertença do general Manuel António de Araújo Veiga, a quem chamavam "o capitão rico"; 1910 - a capela foi usada como local de culto público da paróquia da Charneca, após o incêndio na Capela de Vale da Rosa e enquanto a igreja da Charneca não foi construída; 1972 - a quinta pertenceu a até esta data a Teresa de Araújo Veiga e, por compra, entra, então, na posse do empresário Vasco Morgado, neto do general Araújo Veiga; 1974 - após o 25 de Abril funcionou neste espaço um infantário; 2000, Julho - aprovação de moção pela Assembleia de Freguesia da Charneca de Caparica pedindo a recuperação e posterior classificação como imóvel de interesse municipal. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Pedra: calcário, entulho; alvenaria: pedra e cal, mista; estuque: estuque pintado; madeira: talha pintada, vária; vidro: simples; cerâmica: tijolo, telha vermelha, ladrilho cerâmico, azulejo tradicional, azulejo industrial; metal: ferro forjado, fundido, zinco; pintura mural. |
Bibliografia
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ARCOS, Conde dos, Caparica através dos Séculos, vol. 1, s. l.; 1972; IDEM, Caparica através dos Séculos - Roteiro, vol. 2, s. l.; Quinta de Almada para classificar, in Jornal Público, 2000, 12 de Julho; Anastácio quer Monsarrate in Jornal Sem Mais, 2000, 17 de Agosto; REIS, Victor, Histórias da História de Charneca de Caparica, Charneca de Caparica, 2011. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Séc. 20 - pintura da cobertura da capela por Francisco Relógio, artista contemporâneo, alentejano. |
Observações
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Autor e Data
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Albertina Belo 2001 |
Actualização
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Victor Reis 2012 |
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