Palácio Bettencourt / Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo
| IPA.00008157 |
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Angra do Heroísmo, Angra (Sé) |
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Casa nobre de construção seiscentista ou setecentista disposta de gaveto num quarteirão do centro histórico, zona da cidade onde o sismo de 1980 teve grande intensidade, mas que não afetou o imóvel. Apresenta planta em L irregular, integrando torre quadrangular no ângulo interno, com as fachadas evoluindo em dois pisos, percorridas por alto embasamento, sobretudo na fachada principal, separados por alto friso, com cunhais apilastrados, remates em frisos e cornija, e rasgadas regularmente por vãos retilíneos, moldurados, sendo os elementos estruturais e decorativos em cantaria basáltica. A fachada principal, de vários panos, é rasgada ao centro por portal entre colunas salomónicas, coroadas por fogaréus, encimado por friso de acantos e múltiplos frisos e cornijas, sobrepostos por brasão de família, entre janelas de peitoril, no piso térreo, e de sacada, com múltiplos frisos e cornija, no andar nobre, esquema que se repete nos panos laterais e na fachada lateral direita. Destaca-se a decoração tardo-barroca do portal, com friso de acantos rendilhados sobre a moldura e a envolver o brasão de família, bem como o rendilhado dos capitéis e fogaréus. O friso separador dos pisos junto ao portal principal faz curva e as molduras das janelas do andar nobre são encimadas por múltiplos frisos, alguns convexos. O pano extremo da frontaria e o da fachada principal, com pilastras coroadas por pináculos piramidais, devem ter sido construídos ou remodelados no séc. 20, ainda que o da frontaria tenha janelas iguais às restantes. Interior com vestíbulo central, abrindo-se frontalmente arcos de volta perfeita sobre pilares, a partir dois quais se desenvolve escada para o andar nobre. |
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Número IPA Antigo: PT071901160025 |
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Registo visualizado 2336 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em L
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Descrição
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Planta em L invertida, integrando no ângulo interno torre quadrangular. Volumes articulados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas nas alas, rematadas em beirada dupla, e em terraço na torre. Fachadas de dois pisos, separados por friso e silhar de cantaria, percorridos por embasamento, muito alto na fachada virada principal, com cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija. Fachada principal virada a N., de quatro panos definidos por pilastras, o do topo esquerdo mais estreito e com as pilastras coroadas por pináculos piramidais. No pano central abre-se portal de verga reta com a moldura ladeada por parastase, com coluna salomónica assente em plinto paralelepipédico, capitéis coríntios, tendo entre eles friso de acantos vazados, e sustentando entablamento com jogo de frisos, alguns convexos, e cornijas; sobre este surge silhar de cantaria com plintos paralelepipédicos laterais suportando fograréus lavrados, e encimado por moldura com brasão de família, envolvido por friso de acantos enrolados. Lateralmente abrem-se duas janelas de peitoril, molduradas e gradeadas, com caixilharia de guilhotina e, no andar nobre, duas janelas de sacada, com molduras encimadas por múltiplos frisos e cornija, tendo guarda em ferro. Nos dois panos laterais abrem-se dois eixos de vãos de modinatura igual aos que ladeiam o portal principal. O pano do extremo esquerdo é rasgado por portal de verga reta, com moldura encimada por cornija e janela de peitoril, quadrangular, gradeada, entre aletas; ao nível do andar nobre, abre-se janela de sacada igual. Fachada lateral direita de dois panos, um comprido, rasgado por cinco eixos de vãos iguais aos da frontaria e o do extremo direito, com as pilastras coroadas por pináculos piramidais, rasgado por portal de verga reta, encimado por friso e frontão de volutas interrompido por pináculo piramidal, sobrepujado por óculo circular com moldura quadrangular. INTERIOR: vestíbulo central, com pavimento de cantaria, paredes rebocadas e pintadas de branco com painéis de azulejos bícromos, azuis e brancos, formando silhar de remate recortado, e teto de madeira de cedro sobre travejamento. Lateralmente, abre-se, de cada lado, uma porta de verga reta, moldurada, a do lado esquerdo de acesso à sala de leitura de manuscritos e reservados e a oposta à sala leitura geral e periódicos. Em frente, existem dois arcos de volta perfeita sobre pilares biselados, a parti dos quais se desenvolve escada de acesso ao andar nobre, igualmente com azulejos formando silhar. A sala de reservados possui as paredes completamente revestidas a estantes ou armários e mobiliário em madeiras do Brasil. Ao fundo da sala de leitura geral existem duas estantes torneadas, provenientes da antiga Biblioteca Municipal, que havam pertencido ao poeta Almeida Garrett. As duas salas têm os brasões da cidade de Angra e da família Bettencourt no teto e nos reposteiros das salas. A S. integra torre de planta quadrangular, dividida internamente em três pavimentos. |
Acessos
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Angra (Sé), Rua da Rosa, n.º 49; Rua da Carreira de Cavalos |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 28/1980, JORAA, 1.ª série, n.º 15 de 29 abril 1980 / Incluído na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo (v. PT071901160035) |
Enquadramento
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Urbano, disposto de gaveto no centro histórico da cidade de Angra, adaptado ao declive acentuado, com as fachadas laterais adossadas a prédios de habitação. A S. desenvolve-se pequeno jardim, com corpo retangular adossado à fachada posterior da ala direita. Em frente, ergue-se a Sé Catedral do Santíssimo Salvador (v. PT071901160028) e nas imediações vários prédios com interesse arquitetónico, como o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 25-29A (v. PT071901160020), o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 55-59 (v. PT071901160021), o Prédio na Carreira dos Cavalos, nº 61-65 (v. PT071901160022), todos a O., e o Palacete Violante Castro (v. PT071901160033) a NO.. |
Descrição Complementar
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Sobre o portal principal existe moldura, decorada com acantos vazados, com as armas de família dos Bettencourt: de prata, com um leão de negro, armado e lampassado, de vermelho, tendo sobre o elmo com amplo paquife timbre, com o leão do escudo. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Cultural e recreativa: biblioteca / Cultural e recreativa: arquivo |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 20 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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Séc. 17, finais / séc. 18, início - época provável da construção da casa; séc. 18 / 19 - época provável da feitura de algumas alterações; 1820 / 1821, entre - aqui viveu Francisco António de Araújo e Azevedo, sétimo Capitão General dos Açores e último do Regime Absolutista *1; 1885, 31 julho - na sequência dos estragos causados por incêndio no Paço Episcopal (v. IPA.00008116), o bispo muda a residência para o Palácio Bettencourt; 1896, 21 maio - D. Francisco José Ribeiro Vieira de Brito organiza banquete para homenagear o conselheiro Augusto Castilho, comandante da corveta Duque Terceira; 1900 - devido à epidemia de tifo no seminário a funcionar no Convento São Francisco, procede-se à transferência das instalações do Liceu de Angra para o Palácio Bettencourt, por sugestão do bispo, que passa a residir no edifício da Rua D. Amélia, n.º 74; 1913 - transferência das insalações do Liceu de Angra para o Convento São Francisco; séc. 20 - época provável da construção ou reforma dos dois panos mais estreitos existentes nos topos da fachada principal e lateral direita; 1956 - instalação da biblioteca no palácio Bettencourt; 2004, 09 setembro - publicação da Resolução do Conselho do Governo n.º 126/2004, referindo consumir a classificação anterior do imóvel por inclusão na Zona Central da Cidade de Angra do Heroismo, em JORAA , 1.ª série, n.º 15; 2007, fevereiro - apresentação pública do projeto para o novo edifício da biblioteca e arquivo regional de Angra; 2016, setembro - data prevista para a transferência da Biblioteca e Arquivo Regional para as novas instalações; posteriormente irá proceder-se ao projeto de musealização do palácio para adaptação a casa-museu. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; elementos estruturais, embasamentos, molduras dos vãos, frisos, cornijas, pilastras, brasão, fogaréus, pináculos e outros elementos em cantaria basáltica; portas e caixilharias de madeira; guardas em ferro; vidros simples; silhares de azulejos bícromos; pavimentos em lajes e em madeira; tetos de cedro; cobertura de telha. |
Bibliografia
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Angra do Heroísmo: Janela do Atlântico entre a Europa e o Novo Mundo. Horta (Faial): Direcção Regional do Turismo dos Açores, s.d.; DIAS, Pedro - Arte de Portugal no Mundo - Açores. Lisboa: Público - Comunicação Social S.A., 2008; OLIVEIRA, Carlos, LUCAS, A., GUEDES, J. H. Correia, ANDRADE, Rui - «Metodologias para a quantificação dos dados observados no parque monumental». In 10 Anos após o sismo dos Açores de 1 de Janeiro de 1980. Lisboa, Carlos Guedes Oliveira, Arcindo R. A. Lucas e J. H. Correia Guedes, 1992, vol. 2, pp. 743-791; «Palácio Bettencourt vai ter projeto de musealização». In Diário Insular. 18 agosto 2016, p. 6. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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DGPC: SIPA; Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Angra do Heroísmo |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Séc. 20 - reforço da estrutura do imóvel com a substituição de vigamento de madeira em mau estado de conservação. |
Observações
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EM ESTUDO. *1 - Francisco António de Araújo e Azevedo foi substituído no cargo em 1820 por Francisco de Borja Garção Stockler, mas permaneceu na ilha por aqui ter família, sendo assassinado, a 3 de abril de 1821, por ter liderado o levante liberal na Fortaleza de São João Baptista. |
Autor e Data
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Paula Noé 2012 |
Actualização
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