Câmara Municipal de Praia da Vitória
| IPA.00008174 |
Portugal, Ilha Terceira (Açores), Praia da Vitória, Praia da Vitória (Santa Cruz) |
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Edifício dos paços do concelho de pequenas dimensões, (re)construído na primeira década do séc. 17, adossado à torre sineira do primitivo edifício quinhentista, com portal de acesso inscrito com a data de construção. Este esquema de corpo retangular e torre sineira adossada também existe nos Paços do Concelho de Ponta Delgada (v. IPA.00008199), Ribeira Grande (v. IPA.00008236), de Vila Franca do Campo (v. IPA.00033414) e existia no edifício seiscentista de Angra do Heroísmo (v. IPA.00008166). Fachadas com o típico contraste entre o branco e os elementos estruturais e decorativos em cantaria basáltica, evoluindo em dois pisos, separados por friso, com cunhais apilastrados e vãos retilíneos. Na fachada principal destaca-se o eixo central criado pelo balcão alpendrado, com arcos deprimidos sobre pilares biselados assentes em plintos que formam inferiormente volutas, interrompendo a guarda plena da escada de acesso ao andar nobre, o central sobreposto por brasão com as armas reais. No andar nobre abrem-se ainda dois portais e, lateralmente, por duas janelas de sacada comum, com guarda em ferro. No piso térreo abrem-se, ao centro, dois vãos abatidos com escadas de acesso ao interior sobrelevado, tendo as armas reais sobre o pilar central, e, lateralmente, uma janela de peitoril gradeada. Todos os vãos possuem as molduras superiores integradas nos frisos separadores dos pisos ou do remate do edifício, e as janelas de sacada têm a face frontal das consolas percorridas por frisos. A torre sineira, quinhentista e mais alta, dispõe-se à direita, com dois registos, e acesso independente. |
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Número IPA Antigo: PT071905080001 |
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Registo visualizado 1197 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Político e administrativo regional e local Câmara municipal Casa da câmara, tribunal e cadeia
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Descrição
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Planta retangular com torre sineira quadrangular adossada à fachada lateral direita, tendo esta adossada à fachada posterior corpo quadrangular posterior. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas em telhados de quatro águas no corpo principal e no adossado, rematadas em beirada dupla, e em terraço na torre sineira. Fachadas de dois pisos, separados por friso, com alto embasamento de cantaria, cunhais apilastrados, formando quase contrafortes ao nível do piso térreo, e terminadas em friso e cornija. Fachada principal virada a NE., precedida por escada de cantaria avançada, de dois braços paralelos à fachada e patamar central comum, coberto por alpendre retangular de cantaria, com dois arcos deprimidos frontais e um de cada lado, assentes em pilares biselados sobre plintos paralelepipédicos, que interrompem a guarda da escada, formando falsa voluta; a guarda da escada é plena e em cantaria. Ao nível do piso térreo rasgam-se ao centro, sob o balcão alpendrado, dois vãos abatidos longilíneos, moldurados e mainelados, a partir dos quais se desenvolvem escadas até aos portais de verga reta, de acesso ao interior, sobrelevado. Lateralmente abre-se, de cada lado, janela de peitoril, com moldura superior integrada no friso separador dos pisos, e gradeada. Ao nível do andar nobre rasgam-se dois portais centrais de verga reta, sob o alpendre e, lateralmente, duas janelas de sacada, retilíneas e de sacada comum, com a consola frontalmente percorrida por frisos, e com guarda em ferro, decorada com elementos vegetalistas; o alpendre tem teto de madeira com travejamento aparente e todos os vãos deste piso possuem a moldura superior integrada no friso do remate do edifício. Sob o pilar central do alpendre surge brasão com as armas reais. Fachada lateral esquerda cega e terminada em cornija. À lateral direita, no alinhamento da frontaria, dispõe-se a torre sineira, de dois registos separados por friso e cornija, ainda que inferiormente possua pequeno ressalto, com cunhais apilastrados, e remate em friso e cornija encimado por platibanda plena capeada a cantaria, com acrotérios nos cunhais coroados por pináculos. No primeiro registo rasga-se portal de verga reta com moldura inscrita com a data de "1596" e, superiormente, janela jacente de capialço; no segundo registo abre-se, em cada uma das faces, sineira em arco de volta perfeita sobre pilastras, frontalmente albergando sino. O corpo adossado, igualmente com cunhais apilastrados, coroados por pináculos, e terminado em friso e cornija, é rasgado a NE. por janela de peitoril, sem moldura e a NO., com dois panos definidos por pilastras, por portal, à esquerda, e duas janelas retangulares jacentes, todos sem molduras. INTERIOR: cada um dos pisos é dividido em duas amplas salas, as dos piso térreo sem comunicação entre si e as do andar nobre intercomunicantes por vão central, correspondendo a sala do lado direito ao salão nobre e sendo a do lado esquerdo subdividida. |
Acessos
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Praia da Vitória (Santa Cruz), Praça Francisco Ornelas da Câmara; Rua de São Paulo |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Decreto nº 36 383, DG, 1.ª série, n.º 147 de 28 junho 1947 |
Enquadramento
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Urbano, adossado, numa plataforma sobrelevada adaptada ao declive acentuado do terreno, formando frente de rua. À fachada lateral direita do edifício e posterior da torre adossa-se pequeno corpo, paralelo ao qual se desenvolve escadaria de acesso ao adro da Igreja Matriz; junto à fachada posterior possui pequeno logradouro, com cota mais elevada. Em frente desenvolve-se praça retangular, pavimentada a calçada à portuguesa, com motivos geométricos, tendo ao centro monumento evocativo da Batalha de 11 de agosto de 1829. No topo N. da praça ergue-se o Edifício dos Correios, Telégrafos e Telefones, CTT, da Praia da Vitória (v. PT071905080007) e a NO. a Igreja Matriz de Praia da Vitória / Igreja de Santa Cruz (v. PT071905080003). |
Descrição Complementar
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Sob o pilar central do alpendre surge brasão com as armas reais, envolvidas por elementos fitomóricos: [de prata]; cinco escudetes [de azul], postos em cruz, cada escudete carregado de cinco besantes em cruz [prata], bordadura [de vermelho] carregada de sete torres [de ouro]. Encima-as coroa com cruz. Sobre a porta da torre sineira existe lápide com a seguinte inscrição, em nove regras: "ESTA É A CAMARA DE / DIOGO DE TEIVE E DE / ALVº MARTINS HOMEM / PERO DE BARCELOS / Q AQVI POVOARAM / E DAQVI ABRIRAM / À EVROPA OS MARES / DO OESTE. 1960 / ANO DO INFANTE". |
Utilização Inicial
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Política e administrativa: câmara municipal |
Utilização Actual
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Política e administrativa: câmara municipal |
Propriedade
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Pública: municipal |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Proprietário |
Cronologia
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1456 / 1474, entre - Praia era sede da capitania da ilha Terceira; 1474 - a ilha da Terceira foi dividida em duas capitanias, pelo desaparecimento do donatário, ficando a capitania da Praia a cargo de Álvaro Martins Homem; 1480 - elevação da Praia a sede de Concelho, ainda ao tempo de Álvaro Martins Homem; 1851 - batalha da Salga no contexto da Dinastia Filipina; 1582 - o pretendente ao trono de Portugal, D. António Prior do Crato, é aclamado rei aquando do seu desembarque na localidade; 1596 - data inscrita na moldura da porta da torre sineira assinalando a sua construção; 1614 - terramoto arrasa a povoação; séc. 17 - reconstrução do edifício dos paços do concelho; 1640 - aclamação na Praia de D. João VI como rei aquando da chegada de Francisco Ornelas da Câmara à ilha Terceira; 1829, 11 agosto - trava-se na Praia a batalha da Baía da Praia, integrada na Guerra Civil Portuguesa (1828 - 1834), conseguindo-se frustrar a tentativa de desembarque de uma esquadra de tropas miguelistas; 1837, 12 janeiro - carta régia de D. Maria II outorgando a Praia os títulos de "Mui Notável" e "da Vitória" em reconhecimento da vitória sobre as tropas miguelistas; 1841, 15 junho - grande terramoto, denominado de "Caída da Praia", causa grandes danos na vila; séc. 19 - reconstrução da vila por iniciativa do Conselheiro José Silvestre Ribeiro; séc. 20, início - fotografias retratam o edifício com gárgula quadrangular na pilastra do cunhal esquerdo e os vãos abatidos do piso térreo precedidos por escadas; 1946 - o piso térreo funcionava como prisão da vila; 1954 - fotografia anterior a esta data retrata o brasão com as armas reais sem coroa e, no local desta, as inscrições "1476 / 1540"; 1981, 20 junho - elevação da vila a cidade, passando a denominar-se de Vila da Praia da Vitória; 1983 - a cidade passa a denominar-se por Vila Praia da Vitória. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e caiada; embasamentos, pilastras, frisos, cornijas, colunas, guarda da escada, balcão, pináculos e molduras dos vãos em cantaria basáltica; lápide de cantaria; guardas em ferro fundido; portas e caixilharia de madeira; vidros simples; cobertura de telha. |
Bibliografia
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MARTINS, Francisco Ernesto de Oliveira - Praia Fotomemória do seu concelho. s.l.: Câmara Municipal da Praia da Vitória, 1989; MERELIM, Pedro de - Freguesias da Praia. Angra do Heroísmo: Direcção Regional de Orientação Pedagógica, 1983, vol. 2; MOP - Relatório da Actividade do Ministério nos anos de 1957 e 1958. Lisboa: 1959, vol. 2; http://cm-praiadavitoria.azoresdigital.pt, [consultado em março 2012]; http://www.inventario.iacultura.pt/terceira/praiavitoria_fichas/32_19_57.html, [consultado em abril 2012]. |
Documentação Gráfica
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DGEMN:DSID |
Documentação Fotográfica
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DGEMN:DREMN, SIPA |
Documentação Administrativa
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DGEMN:DSARH, DGEMN:DSMN |
Intervenção Realizada
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DGEMN: 1954 - demolição do corpo adossado à fachada posterior e à lateral direita da torre sineira. |
Observações
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Autor e Data
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Paula Noé 2012 |
Actualização
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