Ermida de Santa Catarina
| IPA.00008241 |
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Vila Franca do Campo, Vila Franca do Campo (São Miguel) |
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Arquitetura religiosa, tardo-barroca e maneirista. Capela de fundação quinhentista e reformada em finais do séc. 18, seguindo as linhas comuns do barroco micaelense, com o típico contraste entre as fachadas pintadas de branco e os elementos estruturais e decorativos em cantaria basáltica, de planta retangular composta por nave e capela-mor, interiormente com coberturas de estuque e iluminação bilateral. Fachada principal com alguma exeberância decorativa, terminada em espaldar recortado, com cartela fitomórfica central, desenvolvido sobre frisos e cornija, ladeado por pináculos sobre plintos, e rasgada por portal de arco trilobado, de múltiplos frisos, com acantos enrolados formando pináculos, e a cartela do espaldar. As fachadas laterais terminam em friso e cornija e são rasgadas por janelas de capialço, uma na nave e outra na capela-mor, e, na lateral esquerda, por porta travessa, de verga abatida com cornija contracurva. No interior, tem arco triunfal de volta perfeita sobre pilastras, ladeado por nichos abertos em 1971, e capela-mor com retábulo-mor de estrutura maneirista, de planta reta e um eixo, com santas pintadas em painéis, ainda que recentemente se lhe tenha introduzido um nicho central e reformado o ático. |
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Número IPA Antigo: PT072106030002 |
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Registo visualizado 1170 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Templo Capela / Ermida
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Descrição
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Planta retangular composta por nave e capela-mor, exteriormente indiferenciadas, de massa simples e cobertura homogénea em telhados de duas águas, rematadas em beirada dupla. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, com embasamento de cantaria, mais alto na principal, cunhais apilastrados e terminadas em friso e cornija. Fachada principal virada a O., terminada em duplo friso convexo e cornija, sobre a qual se desenvolve espaldar recortado, delimitado por volutas e coroado por cruz latina sobre acrotério; nos cunhais dispõem-se pináculos sobre altos plintos paralelepipédicos. É rasgada por portal trilobado, de múltiplas molduras, ladeado por pilastras que suportam cornija do mesmo perfil sobreposta por pináculos de folhagem. O espaldar é decorado por cartela recortada com elementos volutados e fitomórficos. Fachadas laterais semelhantes, rasgadas por duas janelas de capialço, uma no topo da nave e outra na capela-mor, abrindo-se anda na lateral esquerda porta travessa de verga abatida com moldura terminada em cornija contracurva. Fachada posterior cega e terminada em empena. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, pavimento em lajes de cantaria e cobertura de estuque, em masseira, a da nave com tirantes de madeira. Junto ao portal, no lado do Evangelho surge pia batismal, de bacia octogonal, assente em pé cilíndrico sobre base. Arco triunfal, de volta perfeita, sobre pilastras toscanas, ladeado por nichos, em arco de volta perfeita sobre pilastras, assentes em mísulas, interiormente albergando imaginária. Na capela-mor, sobre supedâneo, dispõe-se o retábulo-mor de talha pintada a marmoreados fingidos, verde, cinzento e dourado, de planta reta e um eixo, definido por duas colunas de fuste canelado e terço inferior marcado, assentes em plintos paralelepipédicos ornados com losango contendo florão, e de capitéis jónicos; ao centro abre-se nicho, em arco de volta perfeita, ladeado por duas pilastras decoradas por elementos fitomórficos relevados, e interiormente albergando imaginária; lateralmente surgem dois painéis retangulares sobrepostos, pintados sobre madeira, representando Santa Luzia e Santa Bárbara, do lado do Evangelho, e Santa Apolónia e Santa Ana com a Virgem, do lado da Epístola. Ático em espaldar recortado, terminado em cornija volutada e decorada com reserva contendo coroa de flores e uma palma pintada. Sotobanco integrando ao centro sacrário, com porta de perfil curvo envidraçada, contendo ostensório. Altar tipo urna com frontal pintado a marmoreados fingidos, rosa e cinzento, com cruz inserida em cartela recortada. |
Acessos
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Vila Franca do Campo (São Miguel); Largo do Infante de Sagres; Rua de Santa Catarina; Rua do Visconde da Palmeira |
Protecção
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Categoria: IIP - Imóvel de Interesse Público, Resolução do Presidente do Governo Regional n.º 64/1984, JORAA, 1.ª série, n.º 14 de 30 abril 1984 |
Enquadramento
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Urbano, isolado, inserido num largo alcatroado a S. do Núcleo urbano da vila de Franca do Campo (v. PT072106030010), circundado por vias sem elemento separador, adaptado ao declive suave do terreno. O portal principal é precedido por três degraus, lateralmente de perfil curvo. Localiza-se perto de miradouro sobranceiro ao mar, com bancos de jardim, e junto ao qual se ergue grupo escultórico do Infante D. Henrique, sobre plinto, que tem a inscrição "AO / INFANTE / DE / SAGRES / 1432-1932". |
Descrição Complementar
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Na nave dispõem-se dois ex-votos de embarcações, um deles maior, denominadas de São Pedro Gonçalves. |
Utilização Inicial
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Religiosa: ermida |
Utilização Actual
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Religiosa: ermida |
Propriedade
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Privada: Igreja Católica (Diocese de Angra) |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido. |
Cronologia
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1504 - referência à capela de Santa Catarina no testamento de Nuno Gonçalves, o primeiro a nascer na ilha de São Miguel, onde faz a doação de $090; 1522 - terramoto arrasa parte da vila mas, segundo Gaspar Frutuoso a capela teria ficado de pé, tendo, por isso, servido de paróquia; 1571, 11 outubro - doação testamentária de Nuno de Atouguia que lhe deixa 30 alqueires de trigo por ano, os quais seriam pagos da sua terra; 1696, 11 fevereiro - o visitador António Pais de Vasconcelos acha o teto muito degradado e a ermida muito larga, por isso manda que se façam obras no teto e se torne a ermida mais estreita, utilizando para tal os 150$284 que a Confraria tinha; 1705, 30 novembro - Francisco Berquó Delrio, na sua carta de visitação, refere a falta de paramentos na ermida e a necessidade de arranjar o alpendre do adro; séc. 17 - feitura do retábulo-mor; 1696 - o teto da capela encontrava-se arruinado; 1707, 29 novembro - José Pereira de Mendonça, visitando a ermida, volta a referir que o alpendre do adro precisa de obras; séc. 18 - tem fábrica própria, ou seja, administração privativa, com base nos legados e demais dádivas recebidas; 1767 - 1778 - é administrador da ermida o padre Bernardo Martins de Medeiros; 1778 - 1790 - é administrador o padre Beneficiado José Caetano de Medeiros; 1790 - 1798 - é administrador o padre Francisco José de Chaves; 1798 - 1815 - é administrador da ermida o padre Manuel Francisco Figueira; séc. 18, finais - surge uma questão com os administradores de Santa Catarina, os quais gastaram as rendas da capela em benefício de vários altares da Igreja Matriz da vila, tendo o Bispo sancionado as despesas; 1811, 23 novembro - encontra-se arruinada de tal modo que fica é interdita à prática de culto religioso; o Bispo D. José Pegado de Azevedo também refere, tal como em todas as outras ermidas que visita naquele ano, que na ermida não lhe tinham apresentado "nem licença de nossos predecessores, nem testemunho autêntico de como foram visitadas e aprovadas"; deu então seis meses para que tais documentos fossem apresentados, e assim o fizeram; 1815 - 1837 - é administrador da ermida o médico do hospital da Misericórdia José Mateus Nogueira; 1822 - conclusão de grandes obras de reconstrução na ermida; 22 julho - término da interdição da ermida ao culto; 1829, 23 junho - o administrador manda que se compre alfaias para a ermida; 1837 - Francisco Duarte Moreira torna-se administrador da ermida; 1932 - inauguração da estátua do Infante D. Henrique, do Mestre Simões de Almeida (sobrinho), em frente da capela; 1995, 22 maio - oferta da relíquia de São Pedro Gonçalves à Igreja de São Miguel, pelo Bispo de Vigo, D. José Servino, para ser venerada na Ermida de Santa Catarina, onde se encontra a imagem de São Pedro Gonçalves; 1996, 24 julho - reabertura da ermida, depois da feitura de obras. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; embasamento, cunhais, frisos, cornijas, pináculos cruz, molduras dos vãos e outros elementos exteriores em cantaria basáltica; pavimento, pia baptismal, molduras dos vãos interiores em cantaria basáltica; portas de madeira; vidros simples; grades de ferro; retábulo de talha pintada e dourada; painéis pintados sobre madeira; cobertura de telha. |
Bibliografia
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ATAÍDE, Luís Bernardo Leite de - Etnografia - Arte e vida antiga dos Açores. (s.l): Edição Facsimile, 2011, vol. IV; COSTA, Carreiro da - História das Igrejas e Ermidas dos Açores. Ponta Delgada: Tipografia Jornal Açores, 1955; DIAS, Urbano de Mendonça - História das Igrejas, Conventos e Ermidas Micaelenses - I. Vila Franca de Campo: Tipografia "A Crença", 1949; Jornal dos Açores, 1955; MARTINS, Rui de Sousa - Vila Franca do Campo. Ponta Delgada: Éter, 1996; PONTE, Prior Jorge Furtado da - Vila Franca do Campo na Ilha de São Miguel. Paróquia de São Miguel Arcanjo, Igreja Matriz. Vila Franca do Campo: Editorial Ilha Nova, Câmara Municipal de Vila Franca do Campo, 2000. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1971 - obras de restauro da ermida, com armação de cobertura, limpeza das cantarias, reboco das paredes e colocação de novas portas; abertura de dois nichos, onde é colocada a imagem de São Pedro Gonçalves e a de Nossa Senhora da Boa Viagem; 1996 - obras de restauro, com construção de nova cobertura, limpeza da lavoura e reconstrução do altar, com madeira nova e nova pintura. |
Observações
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Na capela encontravam-se recolhidos o altar, a imagem e demais alfaias que pertenciam à antiga ermida de São Pedro Gonçalves, de Vila Franca do Campo. |
Autor e Data
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Paula Noé 2012 |
Actualização
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João Faria 2014 (no âmbito da parceria IHRU / Diocese de Angra) |
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