Igreja e Hospital da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo / Igreja do Espírito Santo / Igreja do Bom Jesus da Pedra
| IPA.00009539 |
Portugal, Ilha de São Miguel (Açores), Vila Franca do Campo, Vila Franca do Campo (São Miguel) |
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Arquitetura religiosa e de saúde, seiscentista e barroca. Igreja de misericórdia de planta retangular composta por duas naves, separadas por arcos de volta perfeita, assentes em pilares, e dupla cabeceira, sendo a principal mais alta e mais larga. Fachadas seguindo as características do barroco micaelense, com o típico contraste entre o branco e os elementos estruturais e decorativos em cantaria basáltica. A fachada principal da igreja divide-se em três panos por pilastras, coroadas por pináculos sobre altos plintos, terminados em friso e cornija, rematados em espaldar e aletas laterais, erguendo-se sob o da direita torre sineira quadrangular. Em cada um dos panos rasga-se portal recortado, o central entre colunas suportando cornija reta e os laterais entre quarteirões sustentando cornija contracurva, encimado por janela, sendo cada um dos vãos ladeados e envolvidos por aletas, elementos volutados, fitomórficos e concheados, formando o típico "rendilhado" micaelense. A fachada lateral é rasgada por portal de verga reta encimada por friso e cornija, sobreposto por falso frontão, e janelas retilíneas com moldura terminada em cornija. No interior, a nave principal possui coro-alto de madeira e uma capela lateral profunda; os arcos triunfais são em volta perfeita sobre pilastras, albergando a capela-mor retábulo barroco de talha pintada, de planta reta, corpo côncavo e um eixo, e a capela-mor da confraria silhar de azulejos tardo-barrocos, alusivos ao orago da capela, e retábulo de talha pintada a marmoreados fingidos, de planta reta e um eixo, em barroco nacional. O hospital tem planta retangular e fachada principal evoluindo em dois pisos, com decoração semelhante à da igreja; ao centro abre-se portal de arco trilobado entre quarteirões sustentando cornija trilobada, entre aletas e encimado por falso espaldar de elementos volutados e concheados, entre dois eixos de vãos correspondendo, no térreo, a portais longilíneos de volta perfeita e, no segundo, a janelas de sacada, com moldura terminada em cornija contracurva. |
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Número IPA Antigo: PT072106030005 |
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Registo visualizado 1439 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Religioso Edifício de Confraria / Irmandade Edifício, igreja e hospital Misericórdia
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Descrição
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Planta retangular composta por igreja disposta a S., desenvolvendo-se a N. torre sineira quadrangular, sacristia e hospital retangular, formando pátio intermédio. Volumes escalonados com coberturas diferenciadas, em telhados de duas águas na igreja e hospital e de três, num corpo adossado. Fachadas rebocadas e pintadas de branco, percorridas por embasamento, com pilastras toscanas nos cunhais e remates em friso e cornija, ou apenas cornija, sobreposta por beirada dupla. Fachada principal virada a E., marcada por embasamento galbado. IGREJA retangular composta por duas naves, separadas por quatro arcos de volta perfeita assentes em pilares, ambos de arestas boleadas, o primeiro sensivelmente mais baixo, e cabeceira dupla, dispondo-se a verdadeira capela-mor, dedicada à Senhora das Misericórdias, do lado da Epístola, e sendo a do lado do Evangelho dedicada ao Bom Jesus da Pedra. Fachada principal de três panos, definidos por pilastras sobrepostas por pináculos assentes em altos plintos paralelepipédicos, e rematados por cornija, os laterais encimados por aletas e o central por espaldar recortado, igualmente definido por aletas e coroado por cruz latina, de braços quadrangulares rematados em botão, sobre acrotério; ao centro, o espaldar é decorado pelo brasão da Misericórdia, organizado em dois escudos ovais, coroado, envolvido por elementos volutados que, inferiormente, se interligam e rematam em botão fitomórfico. No pano central rasga-se portal em arco recortado, ladeado por duas colunas inseridas em nicho, de terço inferior marcado e anel superior, assentes em plintos paralelepipédicos almofadados, sustentando cornija e ladeadas por aletas; superiormente, rasga-se janela de perfil trilobado com moldura boleada, envolvida por aletas, elementos volutados e concheados, surgindo um deles, o maior, sobre a cornija do portal e interligado às aletas sob a janela; entre o vão do portal e a cornija existem seguintes de cantaria com florões e, sob o friso do remate do pano, pequena cartela retangular com pingente. Nos panos laterais, semelhantes, abre-se um portal de verga recortada, ladeada de quarteirões assentes em plintos paralelepipédicos almofadados, que sustentam o remate em cornija contracurva, encimado por janela de arco trilobado e moldura boleada, ambos envolvidos por rendilhado composto de aletas, elementos estilizados e fragmentos de cornija, rematados por concha. Atrás do pano direito, ergue-se o corpo da torre sineira, com cunhais apilastrados e de dois registos separados por friso e cornija, o segundo rasgado por sineira em arco de volta perfeita, sobre pilastras; remate em balaustrada de cantaria com plintos paralelepipédicos nos cunhais, coroados por pináculos. Fachada lateral esquerda de dois panos separados por pilastras, cada um deles rasgado por duas janelas retangulares, com verga alta terminada em cornija; no da nave abre-se ainda porta travessa central, de verga reta e moldura terminada em cornija, encimada por friso e cornija, rematada por pináculos laterais relevados e, ao centro, moldura formando falso frontão curvo, sobreposto por cruz latina relevada sobre acrotério. Fachada posterior terminada em empena descentrada e rasgada por porta de verga reta moldurada e descentrada e por dois pequenos vãos retangulares, abertos em níveis diferentes. INTERIOR com as paredes rebocadas e pintadas de branco, as naves com lambril de cantaria, pavimento da nave principal em madeira e o restante em lajes de cantaria e coberturas de estuque, em masseira. A nave principal possui guarda plena revestida a azulejos de figura avulsa, delimitada por frisos e capeada a cantaria, marcando um endo-nártex, e coro-alto de madeira, com guarda em balaústres torneados, acedido por porta de verga reta moldurada, a partir do lado da Epístola; teto do sub-coro em ripado de madeira envernizado, decorado por molduras octogonais e em losango; guarda-vento de madeira envidraçado, decorado por apainelados almofadados. Junto ao pilar do primeiro arco que separa as naves, dispõe-se pia batismal, de taça octogonal sobre pé cilíndrico, assente em base também octogonal e moldurada. No lado da Epístola existe capela lateral, dedicada ao Senhor dos Passos, de planta semicircular e acedida por arco de volta perfeita sobre pilastras, iguais aos que separam a nave; interiormente tem pavimento em lajes de cantaria e, sobre cornija, cobertura em abóbada de quarto de esfera, com nervuras que se prolongam inferiormente até ao pavimento, e bocete central; é rasgada por três janelas em arco de volta perfeita, de capialço e vidros policromos formando losangos. Arco triunfal de volta perfeita, sobre pilastras, com a mesma modinatura que os separadores das naves. Na capela-mor, com cobertura em falsa abóbada de berço, de estuque, sobre cornija pintada de amarelo, dispõem-se lateralmente os cadeirais dos mesários. Sobre supedâneo de madeira com três degraus centrais, dispõe-se o retábulo-mor, em talha pintada, de planta reta e corpo côncavo e um eixo, definido por três pilastras decoradas de concheados e acantos relevados, e por quatro colunas torsas, com espira fitomórfica, assentes em dupla ordem de consolas e com capitéis coríntios, que se prolongam no ático em cinco arquivoltas, lisas com concheados e acantos e torsas, unidas no sentido do raio; no fecho tem cartela coroada com pelicano; ao centro, abre-se tribuna em arco, com boca decorada com drapeados a abrir em boca de cena, interiormente de perfil curvo com apainelados decorados de acantos e albergando trono de cinco degraus facetados, ornados com elementos vegetalistas, encimado por um Agnus Dei. Sotobanco facetado integrando sacrário, com porta protegida por drapeados a abrir em boca de cena, formando falsa baldaquino. Altar-mor paralelepipédico, coberto. Nave do lado do Evangelho mais estreita e mais baixa, com arco triunfal de igual modinatura, mas mais baixo e fechado por porta engradada. Capela-mor com silhar de azulejos figurativos em bicromia, a azul e branco; sobre supedâneo de um degrau, surge o retábulo em talha de marmoreados fingidos e dourados, de planta reta e um eixo. Sobre friso e cornija, igualmente a talha de marmoreados fingidos, desenvolve-se a cobertura em falsa abóbada de berço, ornada de estuques decorativos. Nas janelas existem vitrais policromos alusivos ao orago. HOSPITAL composto por dois corpos retangulares e com fachadas de dois pisos, o mais antigo mais estreito. Fachada principal do corpo mais antigo rasgada ao centro por portal de arco trilobado, entre dois quarteirões assentes em plintos paralelepipédicos almofadados, ladeados de aletas, os quais sustentam cornija igualmente trilobada, encimada por falso espaldar formado por elementos volutados relevados, florões e aletas rematados por concha; no centro do espaldar surge cartela recortada inscrita. De cada lado do portal abrem-se dois eixos de vãos sobrepostos, correspondendo, no piso térreo, a portais em arco de volta perfeita sobre pilastras, com porta de duas folhas e bandeira, e, no segundo piso, a janelas de sacada, de verga abatida, moldura rematada em cornija contracurva e com guarda em ferro. O corpo mais largo e também mais recente, apresenta alto embasamento de placas de cantaria e é rasgado regularmente por vãos retilíneos, de molduras simples, correspondendo, no piso térreo, a portal e a janelas jacentes e, no segundo piso, a janelas de peitoril. Fachada posterior com os dois corpos de volumetria distinta, o do primitivo hospital mais baixo, e ambos de dois pisos separados por friso. O corpo mais estreito é rasgado por dois eixos de vãos, correspondendo no piso térreo a dois portais, um em arco de volta perfeita e outro de verga reta, e, no segundo piso, a duas janelas de peitoril retilíneas. O corpo maior é rasgado por janelas de peitoril em ambos os pisos, abrindo-se ainda no primeiro piso porta de verga reta. |
Acessos
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Rua Gonçalo Velho, n.º 32; Rua de Nossa Senhora da Vitória |
Protecção
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Inexistente |
Enquadramento
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Urbano, adossado a outro edifício na fachada lateral direita, integrado num quarteirão do Núcleo urbano da vila de Franca do Campo (v. PT072106030010), adaptado ao declive acentuado do terreno, sobretudo ao longo da fachada lateral esquerda. A igreja é precedida por larga escadaria adaptada ao declive, possuindo no ângulo SE. guarda formada por falsos balaústres quadrangulares. Em frente, do outro lado da estrada, desenvolve-se o Jardim Antero de Quental e ergue-se se a Igreja Matriz de Vila Franca do Campo / Igreja de São Miguel Arcanjo (v. PT072106030004); a E. do jardim ergue-se o edifício dos Paços do Concelho (v. PT072106030015). |
Descrição Complementar
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No falso tímpano da porta travessa da igreja existe cartela retangular com a inscrição "26 DE 96' / DE 1719". Na capela-mor surge, de cada lado, o cadeiral dos mesários, em talha, com o espaldar terminado em friso e cornija e seccionado por pilastras, ornadas de motivos vegetalistas, coroadas por pináculos; os painéis do espaldar, com o lugar do provedor alteado, possuem marcação de um arco de volta perfeita e possuem braços. A capela-mor da Confraria, no lado do Evangelho, tem silhar de azulejos figurativos, de moldura exterior recortada e painéis, separados por quarteirões coroados por albarradas, representando duas cenas e dois conjuntos de atributos da Paixão de Cristo; correspondem num painel aos cravos e coroa de espinhos, noutro à coluna, lança e azorrague e à "Deposição de Cristo no túmulo", no lado do Evangelho, e ao "Encontro de Cristo com as mulheres de Jerusalém" no da Epístola. Cobertura de estuques decorativos, apresentando moldura enquadrando uma outra de acantos e elementos fitomórficos, circunscrevendo cartelas recortadas nos ângulos com concheados, cartelas nos topos com flores pintadas e, ao centro, painel pintado com Cristo Orando no Horto, inserido em moldura recortada, pintada a dourado, decorada com colchetes e concheados exteriores. Num dos ângulos da cobertura surge cartela inscrita relativa à feitura / restauro da cobertura por oficina de Braga em 2001. Retábulo-mor de talha pintada a marmoreados fingidos, de planta reta e um eixo, definido por quatro pilastras, decoradas com apainelados, "ferroneries", rosetões e concheados, alternadas com quatro colunas torsas, de espira fitomórfica e terço inferior marcado, assentes respetivamente em dupla e tripla ordem de plintos paralelepipédicos, decorados de "ferroneries", concheados e cartelas, e de capitéis coríntios, as quais se prolongam pelo ático em quatro arquivoltas, com decoração semelhante, unidas no sentido do raio; ao centro abre-se tribuna em arco, com a boca decorada por volutados e, superiormente, drapeados a abrir em boca de cena, pintados de vermelho e franjado dourado; interiormente é curvo e revestido a apainelados ornados de cartelas, elementos fitomórficos e volutados, albergando imaginária. Sotobanco de apainelados decorados de concheados e motivos vegetalistas e altar paralelepipédico com frontal de concheados e, lateralmente, "ferroneries". Sobre o portal do hospital existe cartela com a data de 1786 inscrita. |
Utilização Inicial
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Religiosa: edifício de confraria / irmandade |
Utilização Actual
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Religiosa: igreja de confraria / irmandade / Assistencial: lar / Comercial: loja |
Propriedade
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Privada: misericórdia |
Afectação
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Sem afetação |
Época Construção
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Séc. 16 / 17 / 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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PEDREIRO: Bartolomeu Gonçalves (1610-1613); João Rodrigues (1610-1613); Miguel Dias (1610-1613). |
Cronologia
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1483, 28 junho - instituição do hospital de Vila Franca do Campo por Isabel Gonçalves, viúva do tabelião Afonso Gonçalves, doando para tal a casa onde habitava; ficaram por testamenteiros Manuel Afonso e Catarina Afonso, filho e nora, os quais, por recusarem tal encargo, foram deserdados da herança que lhes cabia; 03 julho - alteração da disposição testamentária de Isabel Gonçalves, que deixava 2$000 em dinheiro e não a casa e a cama de roupa e provedor para levantar o hospital; se a verba não chegasse para construir o hospital, o seu testamenteiro Afonso Anes, futuro provedor, devia satisfazer do que fosse necessário; destinava ainda a sua escrava Luzia para varrer e limpar o hospital, desconhecendo-se o local exato onde este foi erigido; 1492, 15 março - fundação da Confraria do Espírito Santo, sendo um dos seus fundadores João Vaz Corte Real, capitão donatário de Angra; 1522, 22 outubro - sismo provoca um aluimento de terras que arrasa e soterra praticamente toda a povoação; 1524, 01 fevereiro - alvará real autorizando a expropriação de todos os terrenos destinados à construção de moradias e edifícios de utilidade pública na nova vila que então se deseja edificar; 04 fevereiro - Tomé Afonso doa a terça parte dos rendimentos da sua fazenda ao hospital que então se fazia de novo, para reparo, ajuda e sustento dos pobres; 1550 - testamento de Lopo Anes de Araújo denuncia apenas a existência do hospital, a quem doa os seus bens; 1551 / 1552 - data provável da instituição da Misericórdia, por um Compromisso outorgado por D. João III, acoplando a confraria do Espírito Santo que geria o hospital da vila; a procissão dos Passos constava no Compromisso da Misericórdia; 1552 / 1553 / 1554 - datas de legados testamentários de André Gonçalves de Sampaio, de João Pacheco, tecelão, e de Diogo Lopes, respetivamente, referem a existência de uma "igreja do Santo Cristo e Mizericórdia" ou "Casa e Igreja da Santa Mizericórdia" ou "Mizericórdia e hospital" confirmando assim para a instituição da Misericórdia nos primeiros anos da década de 1550; 1556, 02 julho - a eleição da Mesa realiza-se na "Igreja do Espírito Santo quasa da Santa Misericórdia desta Villa Franqua do quampo da Ilha de Sam Miguel"; 1607, 26 outubro - alvará régio concede aos oficiais da Misericórdia os mesmos privilégios que, em 25 junho de 1513, tinham sido outorgados aos oficiais da Misericórdia de Lisboa; 1610 / 1613 - grandes obras na igreja; tiveram início enquanto era provedor o Padre Manuel Fernandes, vigário da Igreja Paroquial de São Pedro, que assumiu boa parte das despesas, e pelo mestre pedreiro João Rodrigues, de Ponta Delgada; decide-se inverter a orientação da igreja, transladando o antigo altar do lado E. da igreja para o O., alterando a porta de acesso à igreja, que passa a fazer-se pelo lado E., virando-se assim a igreja para a praça pública; conclusão do retábulo ainda durante o mandato de Manuel Fernandes; 1610 - o licenciado João Lopes Cardoso visita a Misericórdia como visitador e autoriza a celebração de missa na nova capela-mor da Misericórdia; 1611 - na provedoria do Padre António Moreno, o próprio Padre Manuel Fernandes motiva uma reunião da Mesa Administrativa, e, valendo-se da sua posição hierárquica e da contribuição financeira feita para a trasladação do retábulo, procura alargar os privilégios dos provedores; induz os mesários a aceitarem que ele fosse enterrado na capela do Evangelho, que ele tivesse uma cadeira nessa capela para assistir às missas e pregações que se dissessem na casa, que as ossadas dos provedores sepultados na capela velha se mudassem para a nova e que os provedores daí em diante se pudessem enterrar nessa capela; a Mesa aceitou e decidiu que todo o provedor que fosse contra isso ficasse sujeito a pagar o custo da dita capela; o padre Manuel Fernandes acabou sendo sepultado na Igreja de São Pedro; trabalharam ainda nas obras da Misericórdia os pedreiros Bartolomeu Gonçalves e Miguel Dias; 1614 - a Misericórdia gozava os privilégios, isenções e liberdades usufruídas pela Misericórdia de Lisboa e outras do reino; 1618 - Mesa liderada pelo provedor Matias da Mota decide construir uma nova tumba, passando a ter duas: uma para os irmãos e outra para os pobres; 1644 / 1648 / 1659 - Mesas administrativas decidem investir parte das quantias monetárias que sobram em obras na igreja e sala do consistório; 1644 - douramento da obra feita no consistório, onde foram encaixadas as bandeiras dos Passos e dos Anjos para a festa da Quinta feira de Endoenças, por 25$500; 1648 - as obras realizadas neste ano são parcial ou totalmente custeadas pelo provedor e escrivão da irmandade; fazem-se obras no retábulo do Santíssimo Sacramento, retábulo de Santa Quitéria, restauro da igreja e camarim e douramento dos retábulos, obras que conduziram a algumas dificuldades financeiras; tendo sobrado 9$900, o provedor e escrivão deram 6$000 para com o dinheiro fazerem o arco da igreja e as portas das santas imagens do consistório, num total de 15$900; 1648 / 1649 - as obras na igreja e consistório durante este mandato conduziram ao empenho de algum património da confraria para saldar as dívidas; 1659 - Misericórdia fica a dever ao provedor 20$820 e ao escrivão 1$400, os quais deixaram de esmola à confraria para cobrir as despesas efetuadas na "obra da varanda"; 1667 / 1678, entre - foi provedor o Conde de Ribeira Grande, D. Manuel da Câmara; 1669 - primeira referência documental à existência do cargo de mordomo da capela, cargo que tinha um mês de duração; 1671 - o provedor, o Conde de Ribeira Grande, doa à Misericórdia a quantia de 40$000, que se devia manter "sempre viva", ou seja, não se podia entregar em circunstância nenhuma, para que se pudesse socorrer eventuais dificuldades de gestão administrativa; 1726, 26 maio - Irmandade solicita ao bispo de Angra a concessão de colocar um sacrário com o Santíssimo Sacramento no altar-mor da igreja do Espírito Santo, autorização para se dizer missa no altar de Santa Quitéria, entretanto construído à revelia da autoridade episcopal e o privilégio de expor o Santíssimo anualmente na parte da manhã do dia 2 de julho e realizar uma procissão pelas ruas da sede municipal na tarde desse mesmo dia; 1739 - até esta data, a verba doada pelo Conde de Ribeira Grande transita de ano para ano; séc. 18, 1ª metade - os encargos com a assistência descem abruptamente por oposição às despesas com atividades culturais e religiosas; a falta de recursos para fazer face aos avultados custos das remodelações do edifício leva a conseguir a comparticipação de alguns legatários da administração do padre Manuel Fernandes, que prescindem de parte do legado a que têm direito para o usarem nas obras da igreja; 1786 - data inscrita em cartela sobre o portal do hospital, possivelmente assinalando a sua reforma, bem como a da igreja; 1866 - lei da desamortização, na sequência da qual se vendem quase todos os foros e terras, transformando-se tudo em títulos de dívida pública do Estado; 1879 - data dos Estatutos da Irmandade da Misericórdia; séc. 20, início - época provável da reforma interior da capela lateral da Epístola; 1903 - papa Leão XIII concede privilégio para para se celebrar com pompa sagrada exterior, no domingo, a festa de Nosso Senhor Jesus Cristo, Coroado de Espinhos, denominado de Bom Jesus da Pedra; 1936 - os títulos da dívida pública rendem 8.020$88; 1940 - a "renda perpétua" da instituição tem o rendimento de 117.713$00; 1943 - feitura da Bandeira Real da Misericórdia; 2001 - data inscrita na cobertura da capela-mor do Evangelho, decorada por oficina de Braga. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura em alvenaria de pedra, rebocada e pintada; pilastras, cornijas, frisos, molduras dos vãos, embasamento, balaustrada, cruz e pináculos em cantaria basáltica; portas de madeira; vidros simples e policromos; arcos, pilares, pilastras, pia batismal e outros elementos em cantaria basáltica; pavimento em soalho e lajes de cantaria basáltica; coro-alto em madeira envernizada; retábulos em talha policroma; porta de ferro; silhares de azulejos em bicromia azul e branco; cadeiral em talha; cobertura de telha. |
Bibliografia
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DIAS, Pedro, História da Arte Portuguesa no Mundo (1415 - 1822), O Espaço Atlântico, Lisboa, Círculo de Leitores, 1999; DIAS, Urbano de Mendonça, A Assistência Pública no Distrito de Ponta Delgada, Vila Franca do Campo, Empresa Tipográfica Ldª, 1940; II Congresso Regional das Misericórdias dos Açores. 30 de Abril a 3 de Maio de 1987, Angra do Heroísmo, Tipografia Moderna, 1990; FERNANDES, José Manuel, História Ilustrada da Arquitectura dos Açores, Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura, 2008; GUEDES, Natália Correia (Coordenação), Bandeiras das Misericórdias, Lisboa, Comissão para as comemorações dos 500 anos das Misericórdias, 2002; MEDEIROS, João Luís Andrade de, A Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo. Funcionamento e Património (das origens a meados do século XVII), Universidade dos Açores, 2003. |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID, SIPA |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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Proprietário: 1701 - obras de reparação e restauro do granel (edifício para aprovisionamento e a extração dos trigos necessários), por 32$240. |
Observações
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*1 - Segundo a lenda, a imagem do Senhor Bom Jesus da Pedra teria aparecido em época remota, dentro de um caixote de madeira, numa das praias locais a que se designou depois de Corpo Santo, com a inscrição "para a Misericórdia de Vila-Franca do Campo". Como se desconhecia quem a havia encomendado e a sua proveniência, o achado foi considerado um milagre que, desde logo, despertou grande devoção popular. *2 - a Mesa da Misericórdia administrava quatro fazendas importantes: a do padre Manuel Fernandes (1633), a de Isabel da Trindade (1672), a do padre cura Manuel de Sousa Novais (1684) e a dos vigários de Ponta da Garça, António de Pimentel Resende e Jerónimo Perdigão de Resende (1690). |
Autor e Data
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Paula Noé 2012 |
Actualização
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