Palácio Alagoas / Palácio Cruz- Alagoa
| IPA.00009866 |
Portugal, Lisboa, Lisboa, Santo António |
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Arquitectura residencial, pombalina. Palácio de planta em L irregular de eixo longitudinal, com alçado principal desenvolvido ao longo da via pública e animado pela abertura de vãos a ritmo regular, ao qual se adossa, no extremo NO., o corpo da primitiva capela. A massa construída apresenta-se perfurada por túnel de acesso a pátio quadrangular que se desenvolve ao longo de parte do alçado tardoz. O interior organiza-se por corredor longitudal, pelo qual se efectua o acesso aos diferentes compartimentos, dominantemente dispostos ao longo dos alçados principal e posterior. |
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Número IPA Antigo: PT031106460610 |
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Registo visualizado 2234 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre Tipo planta em L
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Descrição
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De planta em L composto pela justaposição de corpos rectangulares de modo irregular, parcialmente em redor de pátio de planta rectangular, de marcada implantação horizontal, apresenta volumetria paralelepipédica, sendo a cobertura efectuada por telhados a 3 águas, perfurados por janelas trapeiras. De 5 pisos (um deles correspondente a cave - apenas existente no corpo extremo SE. - e outro, ao nível da cobertura), o imóvel tem piso térreo separado por friso de cantaria e embasamento no mesmo material e, restante superfície murária em reboco pintado, animada pela abertura de vãos de verga recta com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal a NE. com frente extensa e inflectida, composto por 4 corpos separados por pilastras de cantaria, 3 deles com organização similar: apresentam piso térreo rasgado, por portais - dos quais se destaca o do corpo extremo a SE., de verga trapezoidal recortada, com emolduramento em cantaria a inscrever 1 janela de peito que o sobrepuja - e janelas de peito, sendo os conjuntos encimados, ao nível do andar nobre, por janelas de sacada com bandeira rectangular individualmente servidas por varandins de base coincidente com friso de cantaria e guarda em ferro forjado. 2º piso assinalado pela abertura de janelas de peito quadradas, inferiormente animadas por gotas. O corpo extremo NO., correspondente ao alçado principal de capela particular, contígua ao edifício, apresenta-se axialmente rasgado, por eixo definido pela sucessão de portal de verga recta destacada superiormente articulada com avental em cantaria de janelão iluminante, de verga curva destacada, que o encima, por sua vez articulado com óculo. O edifício é superiormente rematado por cornija sobrepujada por beiral. INTERIOR: compartimentado em função dos corpos identificados, destacam-se como principais acessos, os dos 2 corpos a SE., um deles articulado com túnel de passagem, directamente conducente a pátio, contíguo a parte do alçado posterior. No corpo extremo SE., o único com cave (com cobertura em abobadilha de tijolo), escadaria de lanços rectos opostos em cantaria com patamares intermédios - com muros de topo vazados por janelas precedidas de conversadeiras. Pisos dominados por corredores longitudinais *1 pelos quais se acede à compartimentação interna, disposta ao longos dos alçados principal e posterior, com emolduramentos dos vãos em madeira e, de um modo geral, directamente comunicante entre si. |
Acessos
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Rua da Escola Politécnica, n.º 161 - 195 |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) / Incluído na Zona Especial de Proteção Conjunta dos imóveis classificados da Avenida da Liberdade e área envolvente e na Zona Especial de Proteção do Bairro Alto e imóveis classificados na área envolvente |
Enquadramento
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Urbano. Integra uma frente homógenea, na continuidade do edifício da Real Fábrica das Sedas ( v. PT031106460227 ) e em posição fronteira ao Palacete Fontalva ( v. PT031106460740 ) e ainda na proximidade do Palácio Palmela ( v. PT031106460240 ) e da Igreja de São Mamede ( v. PT031106460739 ) |
Descrição Complementar
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No corpo extremo SE., reconhece-se, ao longo dos compartimentos do 2º andar, a presença de lambris azulejares monócromos padronados, característicos do período pombalino. Integra o acervo decorativo deste mesmo corpo, uma porta em madeira esculpida em baixo-relevo com 4 paineis de temática zoomórfica, datável do século 17 (2ª metade). |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Residencial: casa / Comercial: loja / Cultural e recreativa: galeria de exposições |
Propriedade
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Privada: pessoa singular |
Afectação
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Sem afectação |
Época Construção
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Séc. 18 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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Desconhecido |
Cronologia
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1757 / 1762 - edificação do palácio (em terrenos da antiga quinta do morgado dos Soares da Cotovia), pelo negociante José Francisco da Cruz, nobilitado com o apelido e armas de Alagoa, nos primeiros tempos pombalinos, que desempenhara funções de Presidente da Junta do Comércio e de tesoureiro-mor da Fazenda Real; 1769 - falecimento de José Francisco da Cruz Alagoa, passando a propriedade aos irmãos mais novos mas continuando a residir no palácio a sua viúva, D. Maria Joaquina Pacheco, e seus filhos Joaquim Inácio da Cruz, Ana Ludovina e Antónia Joaquina Pacheco; 1778 - até este ano a numerosa família (já organizada em ramos Cruz-Alagoa e Cruz-Sobral) residia toda no palácio, iniciando-se então a construção de uma segunda residência (para o ramo Sobral) na Calçada do Combro, passando a casa da actual Rua da Escola Politécnica a ser (parcialmente) arrendada; 1781 - 1788 - no palácio habitam os sextos condes de Vale de Reis, D. Nuno José Fulgêncio Agostinho João Nepomuceno de Mendonça e Moura e sua esposa D. Ana José de Noronha (e também os condes de Azambuja, por ramo filial); 1788 - 1804 - residem no palácio os segundos e os terceiros condes da Lousã, D. Diogo de Meneses de Eça (1788 - 1878) e sua esposa D. Mariana Antónia do Resgate de Saldanha Corte-Real da Câmara e Lencastre (1784 - 1848), enquanto no ppiso térreo se instala a roda dos Enjeitados ou Casa dos Expostos (da qual era regentet D. Joaquina Teresa Freire de Brito); 1824 - 1834 - o palácio é residência da marquesa viúva de Louriçal, D. Joaquina de Meneses (1782 - 1846); 1828 - 1829 - parte do palácio era ocupado pela marquesa de Alorna, D. Leonor de Almeida (1750 - 1839) e suas filhas; c. 1835 - habitavam o palácio os condes de Resende, tendo o edifício ido à praça nesse ano, na sequência de um complidado processo de partilhas; 1843 - 1846 - habitava o palácio o barão e visconde de Telheiras, José Balbino Barbosa Araújo (1787 - 1846); 1850 - pelo n.º 183 acedia-se aos jardins e quinta anexa, onde existia, até esta data, a então famosa Floresta Egípcia , espaço de diversão animado por um italiano pirotécnico, de nome José Osti; 1885 - o estabelecimento comercial com os n.º 161 a 163 da Rua da Escola Politécnica era de Ernesto Rodrigues Nunes; séc. 19 - 20 - o palácio é vendido pelo seu proprietário de então, o Dr. José Vaz Monteiro, sendo dividido em duas partes, uma (do n.º 177 a 195) adquirida pelo Dr. Magalhães de Barros (e, depois, 1918, pelo Visconde de Sacavém) e a outra por Carlos Champalimaud (n.º 167 a 175); 1918 - a capela (de Nossa Senhora da Conceição ou de Santo António, que havia tido pinturas de Joaquim Manuel da Rocha) ainda se encontrava em bom estado de conservação e com celebração de missa ao Sábado, segundo Gustavo de Matos Sequeira; 1947 - a parte do imóvel correspondente ao n.º 167 da Rua da Escola Politécnica era ocupada pela Sociedade Visconde de Almeida Garrett; séc. 20 - ocuparam diferentes partes do palácio designadamente o actor Ferreira da Silva, o poeta e diplomata Alberto de Oliveira, o engenheiro Gabriel Ramires dos Reis e o historiador nacionalista João Ameal (nos n.º 177 a 195), a Academia Portuguesa de História, a sede do Partido Popular Monárquico (n.º 167 a 175) e algumas casas comerciais (entre as quais, desde a década de 70 a Galeria São Mamede, de Francisco Manuel Cid Pereira Coutinho). |
Dados Técnicos
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Paredes autoportantes. |
Materiais
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Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos. |
Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Peregrinações em Lisboa, Livro XI, Lisboa, s.d. ; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Depois do Terramoto. Subsídios para a História dos Bairros Ocidentais de Lisboa, Vol. II, Lisboa, 1967 ; ALMEIDA, D. Fernando de, (dir. de), Monumentos e Edifícios Notáveis do Distrito de Lisboa, Vol. V, Tomo II, Lisboa, 1975 ; FRANÇA, José-Augusto, (dir. de), A Sétima Colina. Roteiro Histórico e Artístico, Lisboa, 1994 ; MOITA, Irisalva, (dir. de), O Livro de Lisboa, Lisboa, 1994 ; VALDEMAR, António, Palácio Alagoas, in SANTANA, Francisco, SUCENA, Eduardo, (dir. de), Dicionário da História de Lisboa, Lisboa, 1994 ; CONSIGLIERI, Carlos, RIBEIRO, Filomena, VARGAS, José M., ABEL, Marília, Pelas Freguesias de Lisboa. De Campo de Ourique à Avenida, Lisboa, 1995 ; FRANÇA, José-Augusto, Monte Olivete Minha Aldeia, Lisboa, 2001. |
Documentação Gráfica
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IHRU: DGEMN/DSID, CML: Arquivo de Obras |
Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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DGA/TT: Desembargo do Paço (Estremadura e Corte), 2.068 - 5 (Provisão de 23 Maio 1757); CML: Arquivo de Obras, Procº nº 2.855 |
Intervenção Realizada
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PROPRIETÁRIO: 1885 - alteração das portas do estabelecimento comercial com os n.º 161 a 163 da Rua da Escola Politécnica; 1899 - construção de platibanda e algeroz; 1927 - reparações exteriores e interiores, alterações na montra da loja com o n.º 169 da Rua da Escola Politécnica; 1931 - obras de beneficiação (na parte do imóvel pertença de João Champalimaud); 1935 - obras de conservação e beneficiação geral; 1936 - obras de conservação e beneficiação geral; 1939 - obras de conservação e beneficiação geral; 1940 - obras de conservação e beneficiação geral; 1947 - obras de conservação e beneficiação geral na parte correspondente ao n.º 147 da Rua da Escola Politécnica; 1959 - obras de conservação e beneficiação geral; 1962 - obras de conservação e beneficiação geral; 1971 / 1975 - alterações interiores na parte ocupada pela Galeria São Mamede, com projecto do arqto. Jorge Soares de Oliveira; 2004 / 2005 - demolição do interior no decurso das obras. |
Observações
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*1 - apesar da organização e distribuição da compartimentação e circulação interna que caracteriza o imóvel se apresentar idêntica entre os diferentes corpos que o compõem, esta sofreu algumas alterações, nomeadamente, ao nível dos corredores longitudinais, observados em cada um dos pisos, entretanto emparedados - como forma de assegurar a separação efectiva entre os 2 corpos do extremo SE.. |
Autor e Data
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Filomena Bandeira 2001/ Teresa Vale e Maria Ferreira 2002 |
Actualização
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