Rota dos Moinhos de Água das Ribeiras da Raia, de Tera e da Seda

Primavera / Público em geral /
 

Clique aqui para efectuar o download da versão SIG da presente rota.

A bacia hidrográfica da Ribeira da Raia, que engloba a Ribeira de Seda, a Ribeira de Tera e a Ribeira de Almada, é particularmente rica em património molinológico. Apresenta-se aqui uma amostragem constituída por alguns moinhos de água, de roda horizontal, que testemunham os primitivos ou antigos sistemas de moagem que se encontram na região. São compostos por unidades de moagem, sistemas de captação, adução e controle da água (açudes, levadas, comportas) e por estruturas de apoio (casas do moleiro, fornos, estábulos, choças). A maioria destas antigas estações moageiras localiza-se no Concelho de Mora, nas freguesias de Brotas, Cabeção e Pavia, com magnífica inserção na paisagem envolvente com a qual se harmonizam plenamente, encontram-se quase todas desactivadas e ao abandono.

 
 

Descrição

Funcionalmente distribuídos em duas tipologias, moinhos de roda horizontal (vulgo de rodízio) e moinhos de roda vertical (vulgo azenhas), os moinhos de água, movidos a energia hidráulica, permanecem como um importante legado patrimonial a preservar enquanto parte integrante da nossa memoria coletiva.

Os moinhos hidráulicos recorrem à energia potencial do movimento de massas de água, gerada através de um desnível ou queda de água, ou pelo aproveitamento das marés, que é convertida em energia mecânica através de rodízios ou rodetes.

Os moinhosde roda horizontal possuem eixo vertical podendo ser de dois tipos:

A - de rodízio, funcionando por jato de água (este batendo nas penas do rodízio fá-lo girar acionando o mecanismo de rotação) podendo este ser fixo ou móvel (menos comum); dentro desta tipologia encontram-se também os moinhos de maré, que utilizam a energia cinética das correntes devido às marés ou a energia potencial pela diferença de nível das águas entre a maré-baixa e a maré-alta, gerando energia maremotriz.

B - de rodete, funcionando por turbinação; o rodete trabalha submerso num poço de pedra, ou numa dorna ou pipa de madeira, de diâmetro ligeiramente superior (ao receber o impulso da água o rodete adquire um movimento contínuo de rotação acionando o mecanismo.

Os moinhos deroda vertical possuem eixo horizontal e podem ter um sistema de propulsão superior, anterior ou posterior, ou de propulsão inferior, nivelada ou desnivelada.

O moinho pode ter um ou mais caboucos, correspondendo normalmente ao número de aferidos, ou seja de casais de mós; o cabouco, situado ao nível inferior do moinho, é o local onde funciona o mecanismo de captação de energia hídrica, ou seja onde se encontram os rodízios ou rodetes. A água era levada até estes mecanismos através de túneis inclinados, de pedra ou madeira, designados de cales ou cubos, que tinham origem na parede oposta àquela onde se encontravam os caboucos e que atravessavam a parte inferior do moinho. A água era conduzida até às cales através de um sistema de adução, captação e controle da água no qual se incluem açudes, represas, levadas, comportas, enxogadouro, etc..

O conjunto de construções compreendendo o moinho propriamente dito, os sistemas sistema de adução, captação e controle da água, as armadilhas para apanha de peixe, a habitação do moleiro, os abrigos para o gado, o forno, etc., é designado por Estação de Moagem.

Os primeiros moinhos movidos a energia hidráulica são referidos pela primeira vez no Séc. I a. C.; sensivelmente meio século mais tarde Vitrúvio menciona os moinhos de roda vertical, daqui derivando uma sua outra designação, moinhos romanos. Pela abundância de referências documentais, constata-se que entre os Séculos III – XII os moinhos de água se difundem por toda a Europa, tendo aparentemente sido introduzidos na Península Ibérica pelos romanos.Em Portugal as primeiras existências remontam pelo menos ao Séc. X, supondo-se que os de rodízio terão sido divulgados pelos romanos e as azenhas pelos árabes.

Os moinhos de roda vertical necessitam de um caudal maior de água para o seu funcionamento; apesar da sua instalação ser mais dispendiosa, são mais rentáveis relativamente aos moinhos de roda horizontal; isto não só porque a velocidade da mó andadeira é bastante superior, como pelo facto da roda vertical poder acionar mais do que um casal de mós o que não é possível com os moinhos de roda horizontal. Ao invés do verificado no resto da Europa, em que o moinho de roda vertical acabará por suplantar, a partir do Séc. XVII, com vista ao aumento de produção, o de roda horizontal, em Portugal, sobretudo no Sul, no contexto da economia de subsistência que caracterizou esta região, prevaleceu o moinho de rodízio que perdurou até meados do Séc. XX (na década de 1960 contavam-se c. de 7 mil moinhos hidráulicos em atividade dos quais c. de 5 mil eram de rodízio). Muitos destes moinhos eram de submersão, isto é, tipológica e estruturalmente, concebidos para poderem ficar imersos pelas águas nas épocas de maior volume do caudal dos cursos de água; alguns outros eram de laboração temporária, estival, sendo apenas as infraestruturas estáveis e as moendas instaladas no piso superior em construções que se removiam ou abandonavam, durante o inverno.

É difícil uma datação precisa dos moinhos desta Rota devendo remontar pelo menos ao Séc. XVIII. Conhece-se vária legislação oitocentista relativa aos moinhos de água do concelho, nomeadamente a proibição de moer trigo nas pedras barroqueiras (próprias para centeio) ou de moer grão fora do concelho, bem como a obrigação de todos os moleiros "de pé de mó, como os maquilões (os moços que levavam a farinha ao domicílio) ou carregadores", de prestarem fiança por todo o mês de janeiro e a obrigação dos forneiros de fornos públicos de cozerem o pão e "mais artigos precisos a toda e qualquer pessoa". Alguns destes moinhos encontram-se assinalados na Carta Geográfica redigida e gravada em 1872 pela Direção de Trabalhos Geográficos, Topográficos, Hidrográficos e Geológicos do reino, sob a direção de Felipe Folque.

Estas estações de moagem localizam-se em locais isolados, normalmente integrados em montes ou herdades seculares, algumas partilhando o mesmo leito do rio ou ribeira, distanciando entre si poucas centenas de metros. Outras são isoladas e relativamente afastadas de outras estações. As estruturas de apoio, quando existentes, situam-se a escassas centenas de metros das casas do moinho. Os moinhos e os sistemas de captação, adução e controle da água, encontram-se pouco adulterados, com aqueles em relativo bom estado de conservação: são construções sólidas, uma vez que na maioria dos casos se destinavam a ficar, total ou parcialmente, submersas durante parte do ano; assemelham-se a pequenas fortificações, em aparelho de pedra ou de alvenaria de pedra insonsa, por vezes rebocados e caiados. Já as estruturas de apoio se encontram, na maioria dos casos, em avançado estado de degradação, dado que são construções, por regra, de alvenaria, mista de tijolo e pedra, argamassada, com telhados assentes sobre vigamentos de madeira apodrecidos ou parcialmente derrocados. Pontualmente sobrevivem ainda alguns dos mecanismos para triturar os cereais, nomeadamente mós e respetivos pousos, tendo já desaparecido os rodízios.

O Concelho de Mora situa-se em local privilegiado, na extremidade N. do distrito de Évora, a NE. de Estremoz, a SO. de Portalegre e a E. de Santarém, ponto de encontro do Alentejo com o Ribatejo; vizinhos ficam os concelhos de Avis, Coruche, Montemor-o-Novo e Arraiolos. O acesso aos moinhos é maioritariamente feito a pé, com distâncias que variam de 500m a 2Km a partir de um acesso viário, principal ou secundário (exceto o Moinho da Courela, sito na freguesia de Brotas a c. de 6km do acesso viário), mas não exigindo o recurso a viaturas de tracção às 4 rodas. Algumas unidades de moagem encontram-se completamente envolvidas pela vegetação não permitindo o acesso ao interior do moinho ou, por vezes nem sequer, ao seu exterior. Principais pontos de partida: Monte das Águias em Brotas, Cabeção e Pavia.

A maioria destas estações de moagem localizam-se em zona de planalto, levemente ondulado, de relevo por vezes sinuoso e acidentado, na qual a Ribeira da Seda constitui considerável vale. A região conjuga a paisagem típica alentejana, o montado alentejano, com a paisagem ribatejana. A área possui uma elevada diversidade de habitats, com predomínio para o montado de sobro e azinho, com utilização do sub-coberto para pastorícia e algumas culturas agrícolas e forrageiras, dispersos pinhais, pinheiros isolados, pequenos eucaliptais, clareiras desarborizadas ou de arvoredo pouco denso; a vegetação arbustiva é característica do clima mediterrânico, com maior incidência para a Esteva (Cistus ladanifer) e o Rododendro (Rhododendron) estando presente também a Figueira-da-Índia (Opuntia ficus-indica). Parte do território pertence ao "Sítio Cabeção", integrado na Rede Natura 2000. A nível da fauna encontramos, entre outros, o Javali (Sus scrofa), a Raposa (Vulpes vulpes), o Rato-de-cabrera (Microtus cabrerae), o Texugo (Meles meles), a Lontra (Lutra lutra); nas linhas de água vários anfíbios e répteis como a Rã-verde (Rana perezi), a Rã-de-focinho-pontiagudo (Discoglossus galganoi), o Sapo-parteiro (Alytes obstetricans) e a Cobra-de-água-viperina (Natrix maura), bem como várias espécies aquícolas salientando-se o Barbo (Barbus) e o Pimpão (Carassius auratus); no campo da avifauna, destaque para a comunidade de rapinas, com populações numerosas de Águia-de-asa-redonda (Buteo buteo) e de Águia-calçada (Hieraetus pennatus), marcando presença também, na primavera, a Águia-cobreira (Circaetus gallicus), o Bútio-vespeiro (Pernis apivorus) e a Ógea (Falco subbuteo); vários passeriformes, com destaque para os Chapins, Toutinegras, o Rouxinol (Luscinia megarhychos), o Rabirruivo-de-testa-branca (Phoenicurus phoenicurus), e ainda o Pica-pau-malhado (Dendrocopos major) e o Pica-pau-galego (Dendrocopos minor) entre outros.

Imóveis Recomendados

Moinho de Água da Vista Má / Moinho de Água da Má Vista / Moinho de Água da Maria Vinagre

IPA.00032065
Portugal, Évora, Mora, Cabeção
 

Estação de moagem, muito arruinada, composta por moinho de água localizado junto da margem norte da ribeira, quase totalmente submerso e encoberto pela vegetação, e por várias dependências. Assinalada a sua existência nalgumas Cartas Militares.

Moinho de Água de Entre Águas / Moinho de Água do Pé Leve

IPA.00025613
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Moinho de roda horizontal, edificado na margem S. da Ribeira da Raia. Actualmente encontra-se completamente encoberto pela vegetação, tendo-se acesso apenas à Casa do Moleiro

FOTO.00942776

Moinho de Água da Abóbada / Moinho de Água de António Aleixo

IPA.00025612
Portugal, Évora, Mora, Cabeção
 

Pequeno moinho de roda horizontal, de submersão, edificado na margem N. da Ribeira da Raia. Apresenta estrutura contrafortada, com paredes e cobertura, em abóbada, pétreas. A água era represada por açude a E. e conduzida por levada pétrea para a entrada dos caboucos a O.. O acesso era feito a N. por porta de verga recta e a iluminação por janela rectangular na fachada oposta. O interior encontra-se quase totalmente cheio de areia acumulada pelas cheias da ribeira; a cobertura é em abóbada quase plana, formada por grande lajes e blocos de pedra. Actualmente, devido à vegetação que o encobre, confunde-se com a penedia da margem sendo visível apenas a partir de S.. A 50m, na encosta a N., localizam-se as estruturas de apoio, constituídas por duas casas, destinadas a habitação do moleiro e família, a maior com dois quartos, cozinha e estábulo.

FOTO.00951402

Moinho de Água do Madeira / Moinho de Água do Medeiros / Moinho de Água do Catarino

IPA.00032074
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Estação de moagem composta por dois moinhos de água de roda horizontal, dispostos paralelamente entre si, duas casas destinadas a habitação dos moleiros, casas do forno (uma para cada habitação) e uma arrecadação em corpo independente; restam ainda os vestígios de uma choça, de planta circular. Os moinhos, como a maioria dos outros que encontramos nas Ribeiras da Raia e da Seda, são estruturas robustas, de paredes e abóbadas da cobertura em aparelho rusticado, revestido com fortes rebocos de cimento; possuem ângulos boleados e são reforçadas a vazante por contrafortes em rampa entre os quais se abrem os caboucos; destinavam-se a submersão parcial ou total durante o inverno, desmontando-se então as moegas, excepto as mós, que eram reinstaladas logo que as águas baixavam. As estruturas de apoio seguem a tipologia comum a outras estações moageiras da região, que apresenta ligeiras variantes, relacionadas com a dimensão dos respectivos agregados familiares: casa de habitação disposta paralelamente ao moinho e a eles virada, com cobertura em telhado de uma água, alçados de um único registo, o principal rasgado por porta simples, de acesso à divisão principal, a sala; nos alçados laterais porta idêntica, de acesso à cocheira, localizada sempre na fachada posterior; no interior a sala, com lareira, pial dos cântaros e cantareira, comunica directamente com o quarto de dormir, pequeno, com ou sem pequena janela de iluminação; a cocheira comunica com o quarto do moleiro através de pequena janela e apresenta a manjedoura sempre no alçado posterior; a casa do forno fica adossada ao alçado lateral. Esta planimetria-tipo podia depois ser simetricamente duplicada como acontece neste moinho, e também no Moinho da Arieira (v. PT040707040046), com duas Casas do Moleiro interligadas por corpo central mais elevado.

FOTO.00540348

Moinhos de Água da Arieira / Moinhos de Água da Arieireira

IPA.00010116
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Estação de moagem composta por dois moinhos de roda horizontal, açude, duas casas de habitação dos moleiros, agregadas num único corpo e partilhando cocheira, deitando as fachadas principais para a Ribeira da Raia e para os moinhos; casa do forno adossada à fachada lateral E. e arrecadação, isolada, a O.. Os moinhos, articulados transversalmente entre si e escalonados, possuem, como os seus congéneres, coberturas pétreas em abóbada e paredes também em aparelho rusticado, revestido por fortes rebocos caiados. A água, desviada a partir do açude erguido a N., entrava, respectivamente, pelas fachadas SE. e NE. dos moinhos, onde se rasgam os caboucos em arcos de volta perfeita, sendo estas reforçadas por contrafortes triangulares. A robustez destas estruturas é característica comum a outros moinhos existentes nas ribeiras da Raia e da Seda, que ficavam parcial ou totalmente submersos durante o inverno; para este efeito as abóbadas possuem aberturas circulares e as paredes aberturas quadradas, destinadas a respiradouros. Esta estação de moagem é uma das poucas da região que foram recuperadas e requalificadas, sendo hoje utilizada como unidade de Turismo de Aventura. Antes das obras, encontrava-se na Casa do Moleiro restos de um rodete de palas, em ferro, com uma estrutura invulgar; sendo os caboucos destes moinhos preparados para rodízio e sem, aparentemente, adaptação dos mesmos a rodete, a presença deste mecanismo motor poderá relacionar-se a rentabilização da estação de moagem em períodos durante os quais o nível de águas não permitia o funcionamento do rodízio mas apenas do rodete; isto sem necessidade de alterações estruturais nos caboucos.

FOTO.00540339

Moinho de Água do Duque / Moinho de Água da Ordem

IPA.00032071
Portugal, Portalegre, Avis, União das freguesias de Alcórrego e Maranhão
 

Esta estação de moagem, de características semelhantes a outras que encontramos ao longo das margens da Ribeira da Raia, sobressai pelo acesso ao moinho feito através de pequena ponte serpenteante, em pedra, alicerçada em arcadas com aduelas de tijolo, vencendo o curso de água formado pelo enxugadouro (ou seja um desvio lateral destinado aliviar o caudal de água acumulada através do açude). Ainda hoje é possível ver a água saindo por um dos caboucos, para aí conduzida através de um sistema de cubos que atravessam a parte inferior do moinho. Destaque ainda para a casa do forno, separada da casa de habitação do moleiro, não de planta quadrangular como as restantes mas de planta ovalada conferida pela fachada posterior (o forno propriamente dito) em semi-círculo.

FOTO.00955815

Moinho de Água da Ponte

IPA.00032061
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Na secular Herdade da Adua, à qual pertencia esta estação de moagem, subsistem vestígios de povoamento megalítico, nomeadamente a Anta da Adua (v. PT040707040072), bem como oliveiras que remontam à centúria de Quinhentos. Tem fácil acesso a partir da Ponte da Ribeira de Tera (v. PT040707040032), à saída de Pavia, por carreiro que corre paralelo ao curso de água, marginado de pequenas hortas, e que atravessa denso canavial. A ponte remonta possivelmente ao Século XV, como evidenciam as siglas medievais de mestres pedreiros gravadas nalgumas das aduelas dos arcos que sustentam o tabuleiro. O moinho destaca-se pela magnífica paisagem envolvente e pelo grande açude com passadiço fazendo a ligação entre as margens, que mesmo no pico do verão permanecem atapetadas de relva. Na margem S., sensivelmente a meia distância entre o Moinho e a Ponte, encontra-se, entre nogueiras e outras árvores de porte, o sistema de adução e captação de água que alimenta a antiquíssima Fonte do Barbudo (v. PT040707040031), cujas origens parecem remontar às do próprio povoado de Pavia. A casa do moleiro, moinho e demais dependências foram recentemente recuperados, sendo utilizados como habitação privada.

FOTO.00951459

Azenha Derrubada / Azenha do Sapo / Moinho de Água Derrubado / Moinho de Água do Sapo

IPA.00025607
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Este pequeno moinho de pedra, localiza-se na margem S. da Ribeira de Tera em magnífico enquadramento paisagístico, em terreno muito acidentado, caracterizado por granitos e rochas afins, com presença de alguns fenómenos geológicos designados por marmitas de gigante e caos de blocos, dos quais se destaca, na margem oposta, a Pedra do Sapo, cuja configuração zoomórfica, dá o nome ao moinho. Nas margens da ribeira, pequenas enseadas de areia, presentes também na área que rodeia o moinho, assinalando a presença do açude já desaparecido. Predomina a vegetação arbustiva e montado, característicos do clima mediterrânico, com maior incidência para a Azinheira e a Esteva; presentes também o Rododendro, o Pinheiro e, a uma trintena de metros do moinho, uma Figueira-da-Índia, planta esta sempre presente na maioria destes moinhos, e que teria não só função alimentar (o fruto, comummente designado por pita ou figo de piteira, bem como as folhas, são comestíveis, sendo estas, em tempos de carestia, cozidas e dadas aos animais para enganar a fome), como medicinal, dadas as suas muitas propriedades, sendo o suco das folhas tradicionalmente usado como antitússico. O moinho era de rodízio e, como outros homólogos, de submersão (parcial ou total durante o Inverno), como atestam a estrutura robusta, os ângulos boleados, a cobertura, que seria em abóbada pétrea (já desaparecida) e os alçados, totalmente cegos exceptuado as aberturas dos cubos, dos respiradouros, caboucos e a porta de acesso, oposta à ribeira; esta ao contrário do habitual, rasga-se num dos alçados maiores, como acontece no Moinho do Madeira (v. PT040707040071). A inexistência de estruturas de apoio sugere a interligação desta unidade de moagem com outras localizadas muito próximo (Moinho do Freixo (v. PT040707040052) e Moinho do Cláudio (v. PT040707040053). Apesar das pequenas dimensões, possuía dois aferidos (mós); os cubos são integralmente de pedra, individualizados para cada rodízio.

FOTO.00721317

Moinho de Água do Freixo / Moinho de Água do Zé Guitarra

IPA.00025608
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Estação de moagem composta por 3 corpos independentes correspondentes ao moinho, à casa do moleiro e ao estábulo. O moinho é do tipo de roda horizontal sendo a água conduzida para os caboucos por um sistema de levadas e comportas, todo ele em pedra, e que permanece ainda quase intacto e identificável no terreno pedregoso no qual se ergue o moinho. Todas as restantes estruturas, ao invés das restantes estações de moagem da região nas quais a casa do moleiro e o estábulo eram de alvenaria rebocada e caiada, são de pedra, em aparelho rusticado ou ciclópico, argamassado ou insonso, parcialmente rebocado. A cobertura do moinho, totalmente desaparecida, parece ter sido em telhado de duas águas indiciando que não se trataria de um moinho de submersão, apesar da robustez da estrutura e da localização, muito perto da confluência de duas ribeiras: da Tera e do Freixo, dando esta última nome ao moinho.

FOTO.00988850

Moinho de Água do Cláudio

IPA.00025609
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Estação de moagem composta por moinho, pequeno açude, casa do moleiro, estábulo e celeiro. O Moinho, de roda horizontal, alicerça-se na penedia das margens, extremamente rochosas e irregulares e, apesar da dimensão diminuta, possui dois aferidos. Desenha uma curiosa planimetria, em gomo, única entre os moinhos desta Rota. Assim como o Moinho do Freixo, não seria um moinho de submersão, como indicam a sua estrutura, que conjuga o aparelho rusticado nas paredes exteriores com aparelho de tijolo burro nas interiores, e a cobertura, já desaparecida, que terá sido em telhado de uma água. Todavia os pousos, que ainda subsistem juntamente com as mós fixas e uma mó andadeira, são característicos dos moinhos de submersão (nos quais o eixo das mós tem de ser rigorosamente o eixo do cabouco, ou do poço, onde gira o rodízio, ou o rodete, não consentindo o menor desvio), assentes sobre uma base maciça, sendo o tremonhado protegido por dois guarda-farinha. Perduram também alguns ferros e arames de suspensão das moegas. O açude, serpenteante como o do Moinho do Duque (v. PT041203070066), é capeado no topo formando estreito passadiço; os dois caboucos, rectangulares, encontram-se encobertos por silvas e o seu interior quase totalmente cheio por terras e areais acumumuladas.

FOTO.00951548

Moinho de Água da Figueira

IPA.00025610
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Como a maioria dos moinhos desta Rota, também esta estação moageira apresenta moinho pétreo e as estruturas de apoio (casa do moleiro e estábulo) contrafortadas, de alvenaria, encontrando-se estas em bom estado de conservação e habitadas. O branco da cal dos alçados contrasta com os embasamentos e pequenos adros fronteiros, em pedra granítica, conferindo uma nota de cor e acentuando a ruralidade do local. O moinho permite uma boa leitura do sistema de adução e condução de água, dada a visibilidade interna dos caboucos e dos cubos de pedra que atravessam inferiormente a sua estrutura conduzindo a água aos rodízios, já desaparecidos. Tal como no Moinho do Sapo (v. PT040707040051) os mais afoitos, podem mesmo aventurar-se no interior dos caboucos e observar a sua cobertura em falsa cúpula de pedra bem como as sétias: peças colocadas na boca de saída dos cubos com o intuito de estrangular o orifício normal da saída da água, conferindo assim maior força ao jacto que incidia sobe o rodízio; pelo menos num dos caboucos, a sétia, foi substituída, como aconteceu em grande parte do Alentejo e Algarve a partir de finais dos anos 50, por um revestimento de cimento. Como no Moinho do Duque (v. PT041203070066) e no vizinho Moinho do Claúdio (v. PT040707040053, uma pequena ponte-passadiço de pedra conduz à única porta de acesso ao interior. Neste encontramos 3 linhas de moagem, subsistindo os pousos, mós fixas e andadeiras e os tremonhados com guarda-farinha idênticos aos do Moinho do Cláudio (v. PT040707040053).

FOTO.01055328

Moinho de Água da Misericórdia / Moinho de Água do Balança

IPA.00025611
Portugal, Évora, Mora, Pavia
 

Pequeno moinho com estrutura de alvenaria, bastante descaracterizado, mas que tem a particularidade de ser o único que, até há poucos anos, se encontrava ainda em actividade, sendo o seu moleiro, nascido no moinho em 1921, trisneto da primeira proprietária ou locatária, o que faz com que este remonte a meados do Séc. XVIII. Possui um único aferido e era usado para moer fava para engorda dos porcos, bem como aveia e cevada. Com a redução do caudal da Ribeira de Tera, que fazia com que a água só chegasse ao moinho no Inverno ou em período de cheias, este foi motorizado, permitindo a moagem durante todo o ano.

FOTO.00952141

Moinho de Água da Courela

IPA.00024854
Portugal, Évora, Mora, Brotas
 

O último moinho desta Rota pertence à Freguesia de Brotas, é o único localizado nas margens da Ribeira do Divor e o de acesso mais recôndito que pode ser feito a partir do Monte das Águias, a 2Km da vila e onde se pode observar o magnífico solar fortificado, de origem manuelina, designado por Torre das Águias (v. PT040707010002). O moinho, de dois aferidos, com largos caboucos em arco de volta perfeita e contrafortado na fachada posterior, terá tido cobertura em telhado de duas águas, não se destinando, portanto, a ficar submerso durante os períodos de maior caudal da Ribeira. No interior, restam os pousos, assentes em bases com igual diâmetro, e vestígios do tremonhado. O açude alterna blocos de pedra irregular de razoável dimensão com outros mais pequenos e alguma pedra miúda, sendo provável a presença de junça como elemento consolidante da sua estrutura. A levada, de aparelho idêntico, disposta paralelamente ao curso da ribeira, é interrompida por duas comportas e prolonga-se por cerca de 1km até encontrar o ponto ideal de captação e desvio de água da ribeira.

FOTO.00951449

Mapa

Monumentos
 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login