Casa do Compromisso Marítimo de Olhão / Museu da Cidade

IPA.00017026
Portugal, Faro, Olhão, Olhão
 
Arquitectura civil barroca. Casa de Compromisso marítimo, de dois pisos e planta rectangular com organização simétrica de vãos na fachada principal, com estrutura arquitectónica e planimétrica idêntica à Casa do Compromisso Marítimo de Faro (v. PT050805040054). Constitui um dos poucos testemunhos do grau de riqueza a que chegou a organização marítima da cidade durante os séculos 18 e 19. Realce para a solução do nicho com a imagem da Virgem com o Menino e os arcos geminados na fachada lateral O. que davam acesso ao antigo açougue.
Número IPA Antigo: PT050810030024
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Edifício de Confraria / Irmandade    

Descrição

Planta longitudinal quadrangular, composta por dois rectângulos regulares em torno de um eixo central e um rectângulo irregular na parte traseira, paralelo à fachada principal *1. Volumes articulados dispostos verticalmente com cobertura em telhados de canudo, de quatro águas sobre as duas dependências principais e a duas águas nas restantes partes. Fachada principal virada a N. com cunhais bem marcados e embasamento proeminente, a dois registos organizados em três corpos que denunciam a organização interior; Primeiro registo: corpo central com a entrada principal em arco recto com lintel moldurado também recto, a que se acede através de um degrau; encimando a porta, uma epígrafe ladeada por dois fogaréus interrompidos; corpos laterais simétricos com vãos de arco recto com lintel moldurado semelhante ao da entrada principal, enquadrando portas duplas de acrílico com longos puxadores verticais de ferro; separação do corpo central dos laterais é sublinhada por duas lápides à mesma altura da epígrafe anterior; segundo registo: separa-se do primeiro por meio de uma cornija dupla; corpo central com um nicho vidraçado de moldura vertical que continua os fogaréus do primeiro registo e termina em arco triangular irregular, alberga a imagem da Virgem coroada com o Menino; corpos laterais simétricos compostos por um vão de arco recto e moldura pronunciada, de dupla porta com bandeira do arco também recto, protegida a um terço de altura por um gradeamento de ferro com motivos vegetalistas estilizados; Cobertura suportada por uma cornija moldurada e conclusão da fachada em duas empenas triangulares sobre os corpos laterais que descarregam nos cunhais e ao eixo da entrada principal. Fachada lateral O. organizada também em dois registos mas em apenas dois corpos, não havendo qualquer elemento divisor de registos; Primeiro registo: corpo N. delimitado pelos cunhais originais do edifício, com dois arcos geminados de volta perfeita, moldurados e com embasamento e impostas salientes; corpo S. com um vão moderno, de dupla porta e puxadores, semelhante às portas laterais da fachada principal, diferindo na moldura que aqui é menos pronunciada; segundo registo: corpo N. com três janelas de arco abatido e molduradas em cantaria, dispostas simetricamente na fachada, faltando a quarta janela que se situava no extremo N.; corpo S. com duas janelas de arco abatido dispostas simetricamente no alçado, mas com moldura mais simples que as janelas do corpo N.; a toda a extensão deste alçado corre uma cornija moldurada idêntica à da fachada principal e o corpo N. termina em empena trapezoidal correspondente ao telhado, enquanto que o corpo S. termina com um telhado pouco saliente; Fachada lateral E. apresenta uma organização semelhante à da fachada lateral O., com dois corpos a dois registos: Primeiro registo: corpo N. sem qualquerelemento; corpo S. com a entrada para as Reservas do Museu, através de um arco recto com moldura superior idêntica à porta do corpo S. da fachada lateral O., e uma janela de arco recto também moldurada em cantaria; Segundo registo: corpo N. com duas janelas de arco abatido e moldura em cantaria simetricamete dispostas no alçado; corpo S. igualmente com duas janelas de arco abatido mas moldura mais esquemática, semelhante ao corpo S. da fachada O.; a toda a largura da fachada uma cornija moldurada idêntica à da fachada principal e corpo N. termina em empena trapezoidal correpondente ao telhado do interior, enquanto o corpo S. termina em empena triangular; Fachada posterior S. adossada. INTERIOR: Espaços diferenciados em três dependências principais nos dois pisos, sendo as divisões colocadas nos extremos iluminadas por janelas a partir das fachadas principal e laterais. Coberturas diferenciadas em abóbada de berço no piso inferior, abóbada de lunetas no vão de escadas, e tecto de madeira no piso superior, sendo o tecto da antiga Sala de Despachos policromado. Primeiro piso: a partir da entrada principal acede-se ao hall, espaço quadrangular com tecto em abóbada de berço, que estabelece a ligação ao piso superior e às duas dependências laterais do piso inferior, através de portas de comunicação de lintel recto colocadas nos extremos NO. e NE. das respectivas salas; ao lado da porta NE. uma lápide comemorativa com inscrição; Sala de Arqueologia, a E., é iluminada naturalmente pela janela da fachada principal, e ostenta cinco expositores (dois lado a lado e um no extremo S., havendo ainda uma porta de comunicação no extremo SO. com o elevador que se posiciona no extremo axial oposto ao da entrada principal; Sala de Exposições Temporárias, antigo açougue, possui bastante maior iluminação natural pelos arcos de volta perfeita que davam acesso ao interior e que hoje se encontram protegidos por uma solução acrílica; possui um balcão de acolhimento aos visitantes no extremo NO.; no topo S., rompendo a regularidade do plano da Sala e estabelecendo a ligação com a parte posterior do edifício, situa-se a Cafetaria, com balcão e área doméstica, protegidos por uma porta movível de madeira; Acesso ao segundo piso através de um lanço de escada pronunciado. Segundo piso: Sala Multimédia, imediatamente por cima da Sala de Exposições Temporárias, é iluminada por três grandes janelas de arco abatido na fachada lateral e a janela de arco recto quadrangular da fachada principal, e engloba um móvel de madeira com expositores para computadores; na parede S. um painel de papel delimitado por uma estrutura metálica com reproduções fotográficas alusivas à cidade; a E. uma pequena dependência de apoio, com um balcão e um pequeno expositor com um barco, estabelece a comunicação entre a Antiga Sala do Despacho, a N., e a Biblioteca, a S.; Sala do Despacho mantém o espaço quadrangular e a divisão originais, contém apenas uma imagem de Santo António num pedestal junto á janela N.; tecto pintado com duas linhas de composição emolduradas: ao centro o brasão real português; exteriormente, uma ornamentação de concheados e elementos vegetalistas de acanto e flores; na parede S. e ladeada pelas duas portas de arco recto com bandeira do arco também recta, uma pintura alusiva a Nossa Senhora da Conceição; Biblioteca corresponde ao piso superior das Reservas e é um espaço quarangular delimitado por prateleiras a S. e O., sendo ainda iluminado por duas janelas de arco abatido a E.; através de uma porta colocada ao centro da parede O., acede-se à área técnica do museu, espaço irregular forrado a azulejo azul e iluminado pelo lado O. com duas janelas de arco abatido; por cima do hall de entrada e fazendo a comunicação entre as salas do segundo piso pelo lado N., um expositor com um barco de pesca. RESERVAS: Espaço quadrangular irregular situado a SE. do edifício original e com acesso exterior apenas a partir de E..

Acessos

Praça da Restauração. Acesso lateral O. pela Rua C. J. Mendonça. Acesso lateral E., para o antigo Sindicato dos Pescadores, hoje Reservas do Museu, pela Rua do Compromisso Marítimo

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, planície, adossado. Ergue-se na principal Pç. da cidade, fronteiro à Igreja Matriz (v. PT050810030027), porta de entrada no centro histórico pelo lado N.. Dos lados E. e O. é flanqueado por edifícios maioritariamente de dois e três pisos. Do lado S. encontra-se adossado à Capela de Nossa Senhora da Soledade (v. PT050810030028).

Descrição Complementar

INSCRIÇÔES: sobre a porta principal: "ESTA OBRA FOI FEITA ACVSTADOS / MARIT.ES DANOBRE CAZA DO COR / PO SANTO DESTELOGAR DEOLLAÓ / EM TEMPODOFELLEÇIÇIMO REINADO / DO FIDILM.O REI OS.R D. JOZÉ OPRIMR.O / Q D.S G.E SENDO JUIS DAMESMA CAZA / ANTONIO DE GOVEIA NOANNODE / 1771"; lápides 1º registo fachada principal: "EM MEMORIA DO CENTENARIO / DO / LEVANTAMENTO POPULAR E PATRIOTICO / DE 1808 // DE UM FEITO ILLUSTRE A PERENNAL MEMORIA / VALE MAIS QUE HUM THESOURO, E MAIS QUE O MUNDO..." // 16 DE JUNHO DE 1908" e "HOMENAGEM OLHANENSE / AOS VALOROSOS TRIPULANTES DA / PEQUENA EMBARCAÇÃO 'NATÁLIA ROSA' PELA GLORIOSA TRAVESSIA: / OLHÃO-AGADIR-DAKAR-PORTO SEGURO ( BRASIL ) / DE 1-10-1958 A 29-6-1959 // OLHÃO 12-7-1959A COMISSÃO". Lápide no interior, 1º piso: "MUSEU DA CIDADE / Edifício do Compromisso Marítimo // Inaugurado no dia 16 de Junho de 2001, / pelo Presidente da Cãmara Municipal de Olhão, / Eng. Francisco José Fernandes Leal".

Utilização Inicial

Religiosa: edifício de confraria / irmandade

Utilização Actual

Cultural e recreativa: museu

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 18

Arquitecto / Construtor / Autor

João dos Santos Tavares e Álvaro da Silva; Arquitectos Carlos Martins e Rui Figueiras (projecto de adaptação a Museu)

Cronologia

1749 - João dos Santos Tavares acompanha o pai, o Mestre Diogo Tavares, nas obras do Claustro da Igreja de São Francisco de Faro (v. PT050805050076); 1755 - Mareantes de Olhão pedem ao rei a separação do Compromisso Marítimo de Faro; 1758 - João dos Santos Tavares constrói o passadiço que liga o Paço episcopal ao Seminário de Faro; 1765 - Criação do Compromisso Marítimo de Olhão ou da Confraria do Corpo Santo; 1768, 17 de Novembro - Escritura notarial para a construção do edifício; 1771 - Inauguração do edifício do Compromisso Marítimo; Séc. 19 - pintura da Sala do Despacho; 1826, após - Algumas reuniões da Câmara decorreram na Sala do Despacho; 1841 - O Compromisso de Olhão é o mais rico de todo o Algarve; 1884, 25 de Maio - Fundação do Hospital de Nossa Senhora da Conceição (v. PT050810030026) da responsabilidade do Compromisso Marítimo; 1943 - Transformação do Compromisso Marítimo em Casa dos Pescadores, onde funcionou o Sindicato dos Pescadores até à década de 90; 1987 - Arcos do primeiro piso e que davam acesso ao antigo açougue encontravam-se ainda entaipados; 1998, c. de - Proposta de vários cidadãos para a classificação do Núcleo Histórico de Olhão; 1998, 4 dezembro - Proposta do IPPAR/DRFaro para abertura de processos de classificação de vários imóveis em Olhão; 1998, 17 dezembro - Despacho de concordância, determinando a autonomização das propostas de classificação em processos individuais; 1999 - Projecto de arquitectura para a adaptação a Museu; 1999, 13 maio - Despacho de abertura do processo de classificação pelo Vice-Presidente do IPPAR; 2009, 23 outubro - o processo de classificação caduca nos termos do artigo 78.º do Decreto-Lei n.º 309/2009, DR, 1.ª série, N.º 206; 2001, 16 de Junho - Inauguração do Museu da Cidade de Olhão.

Dados Técnicos

Estrutura mista

Materiais

Alvenaria caiada, betão armado, madeira, telha, vidro, estuque, ferro, mosaico, azulejo, acrílico, alumínio termo-lacado.

Bibliografia

LOPES, João Baptista da Silva, Corografia ou Memória económica, estatística e topográfica do reino do Algarve, Lisboa, Academia das Ciências de Lisboa, 1841, reed. 2 vols., Faro, Algarve em Foco, 1988; OLIVEIRA, Francisco Xavier d'Ataíde, Monografia do concelho de Olhão da Restauração, Porto, Typograpgia Universal, 1906, reed. Faro, Algarve em Foco, 1989, (3ª ed. 1999); MASCARENHAS, J. Fernandes, Estatutos do Compromisso Marítimo da vila de Olhão, Faro, Cácima, 1933; IRIA, Alberto, "O Compromisso Marítimo da vila de Olhão da Restauração", in Correio Olhanense, 25/3/1948 e ss.; TERRAMOTO, Armando, O Livro do Compromisso Marítimo de Olhão, Coimbra, 1978; NOBRE, Antero, Cronologia geral da História de Olhão da Restauração, separata de A Voz de Olhão, Olhão, 1986; MASCARENHAS, J. Fernandes, Acerca da antiguidade das freguesias de Quelfes e Pechão e da Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Olhão e sua primitiva confraria (subsídios), separata de A Voz de Olhão, Olhão, 1987; LAMEIRA, Francisco, Edifício do Compromisso Marítimo, Olhão, Câmara Municipal de Olhão, 2001

Documentação Gráfica

DGEMN: DSID; CMO

Documentação Fotográfica

DGEMN: DSID; CMO

Documentação Administrativa

CMO

Intervenção Realizada

2000 - 2001 - Adaptação a Museu da Cidade de Olhão com projecto de arquitectura da Arquitráfego -Arquitectos Carlos Martins e Rui Figueiras.

Observações

*1 - Esta parte traseira corresponde à ampliação do edifício inicial e fez-se em duas fases distintas: a construção do antigo Sindicato dos Pescadores, hoje Reservas do Museu, sem qualquer ligação interna ao Compromisso Marítimo; a construção da actual área técnica, antigas dependências de apoio ao Compromisso e que tinha comunicação interna com o edifício. Esta última campanha deve ter suprimido um antigo quintal que ocupava o espaço entre o Compromisso e a Capela de Nossa Senhora da Soledade; *2 - Provem da antiga Capela de Nossa Senhora da Conceição que o Compromisso Marítimo tinha na Capela de Nossa Senhora do Rosário, hoje Capela de Nossa Senhora da Soledade (v. PT050810030028).

Autor e Data

Paulo Fernandes 2001

Actualização

 
 
 
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