Monumentos 04: Palácio de Belém, Lisboa
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Dossiê: Palácio de Belém, Lisboa
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Março 1996, 24x32cm, 96 pp.
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Entre o palácio e o Tejo
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Pedro Bebiano Braga
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A praça que se desenhou entre o Tejo e o palácio, limitada dos lados pelo casario, foi-se tornando local de passeio, sob o impulso de D. Fernando, que também aqui trouxe o hábito de passear a família, introduzindo-o nos costumes dos lisboetas, acabando o lugar por receber o seu nome em 1846. Em 1881, é edificado um coreto octogonal no meio da praça, animando-a regularmente no estio e em dias de festa, pela noite dentro, todo iluminado a gás. Entretanto, iniciaram-se as obras do porto de Lisboa, que muito foram aumentando a praça por aterro, fazendo desaparecer, ao mesmo tempo, o velho cais e a muralha setecentista. Em 1902 o monumento a Afonso de Albuquerque foi ali erigido por Silva Pinto e Costa Mota. Nos anos de 1940 foi demolido o velho coreto, riscando-se a praça com novo jardim, mais geométrico, enquadrando nos seus vértices fontes, perdendo este a sua feição de passeio oitocentista.
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Uma quinta à beira-rio
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José Sarmento de Matos
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A história do palácio começa com a sua aquisição, por parte de D. Manuel de Portugal, aos frades jerónimos, em 1599, onde constrói um pavilhão de lazer composto por cinco corpos autónomos justapostos. É este núcleo inicial que determina para sempre a articulação do conjunto. Assim, D. Manuel de Portugal e o mestre que o serviu atuam deliberadamente sobre uma tradição, afeiçoando-a aos critérios racionais que os princípios renascentistas espalharam pela Europa. No entanto, esta construção insere-se no movimento ambíguo e hesitante que abalou a confiança renascentista, correndo sobre a Europa como uma brisa incómoda que desfez mitos e refez religiões, a que a historiografia chamou o maneirismo.
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O Palácio de Belém na arquitetura da sua época
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João Vieira Caldas
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O enquadramento arquitetónico do Palácio de Belém levanta de imediato dois problemas: o da cronologia e o da tipologia. Qual é, afinal, a época de um edifício cuja história remonta ao século XVI e tem sido, desde então, objeto das mais variadas remodelações, arranjos e ampliações? Será possível, no meio da diversidade construída, isolar um ou vários corpos que constituam, aos nossos olhos, um todo coerente? São as respostas a estas questões que estabelecem a base do texto que aqui é apresentado.
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A "residência para o chefe de Estado": uma obra de Luís Benavente
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José Manuel Fernandes
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Realizada nos anos de 1951-1952, especificamente para a instalação do novo presidente da República, Craveiro Lopes, a profunda remodelação do chamado “corpo da Arrábida” (a ala poente do palácio), que se encontrava então em situação decrépita, por falta de manutenção e uso adequado, foi uma obra cuidada de reinvenção do espaço interior, entre a procura do conforto moderno e a revivescência classicizante, protagonizada por Luís Benavente.
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Os jardins
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Ana Cristina Leite
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O primitivo jardim da quinta de Belém data da segunda metade de Quinhentos. No início do século seguinte, a quinta, residência de veraneio, passa para a família dos condes de Aveiras e vai sofrer algumas modificações, tendo sido significativas as que foram levadas a cabo nos finais do século XVII por D. João da Silva Teles de Meneses, que decide trocar o bulício da capital pela serenidade do sítio de Belém, e instalar-se num palácio e quinta remodelados para o efeito. Em Belém, os jardins são tradicionalmente em terraços determinados pela topografia do terreno e pela necessidade de compartimentação e hierarquização dos espaços, conferindo-lhes um caráter intimista.
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Palácio de Belém: sete anos de cooperação eficaz
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Francisco Pimenta da Gama
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Entre 1989 e 1995, estabeleceu-se entre a DGEMN e a Secretaria-Geral da Presidência da República, tendo em conta as especificidades de funcionamento deste órgão de soberania, uma cooperação eficaz visando a realização de obras de grande relevância para o Palácio Nacional de Belém, com o objetivo de definir prioridades, programação e planeamento de execução de obras.
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Intervenções recentes da DGEMN
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José Fernando Canas
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Logo a partir da sua fundação, em 1929, a DGEMN inicia as suas intervenções no Palácio de Belém, com um conjunto de obras de beneficiação e aggiornamento, por ocasião da visita dos reis de Espanha. Desde então esta direção-geral tem sido responsável por todas as obras de conservação e restauro, implementando e financiando um vasto programa de intervenções, que se traduziu nos anos noventa do século XX, no lançamento de várias dezenas de empreitadas, englobando coberturas, rebocos e pinturas, caixilharias, decorações interiores, instalações pessoais, jardins, etc.
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Beneficiação da cobertura e teto da Sala das Bicas
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Manuel Dias das Neves
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A Sala das Bicas do Palácio Nacional de Belém localiza-se junto ao Pátio dos Bichos. A sua cobertura era constituída por um conjunto de varedo em madeira de castanho, que simultaneamente servia de suporte ao teto de masseira, composto por tábuas em casquinha revestidas por uma tela pintada. A água do telhado voltada para o Pátio dos Bichos apresentava uma deformação excessiva que se transmitiu ao próprio teto, pondo em causa toda a segurança do conjunto. Assim, deu-se início ao levantamento da situação e ao estudo dos processos construtivos, bem como ao dimensionamento dos novos elementos estruturais de modo a salvaguardar a tela e as tábuas que lhe serviam de suporte.
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A Torre do Bugio: intervenção de emergência
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António Cerdeira
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A Torre do Bugio localiza-se na barra do Tejo, no lado sul, em frente ao Forte de São Julião, num pequeno ilhéu rochoso/arenoso, que não é mais que o prolongamento do cabedelo da Trafaria. A constatação do estado de ruína, em 1993, por parte das entidades que têm, direta ou indiretamente, responsabilidade pelo estado de conservação do imóvel, levou a que a DGEMN fosse incumbida de levar a efeito as ações e a disponibilizar verbas visando uma intervenção de emergência.
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A rotunda de Santa Maria de Celas, um caso tipológico singular
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Walter Rossa e Paulo Varela Gomes
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O convento cisterciense feminino de Santa Maria de Celas é um conjunto edificado muito intrigante devido à sua extrema irregularidade formal e às incertezas que continuam a preencher a sua história. Este tipo de igreja, de planta redonda, não está de acordo com a tradição conventual cisterciense e constitui um caso, aparentemente, único na Ordem de Cister. As hipóteses levantadas por esta comunicação parecem mostrar que Celas é um convento com interesse para a história da arquitetura medieval, residindo esse interesse fundamentalmente na questão da origem e transformação da linhagem tipológica das igrejas redondas.
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Conservação e restauro da Igreja do Seminário de Santarém
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Carmen Almada e Luís Tovar Figueira
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A igreja de que nos ocupamos foi inicialmente construída e utilizada como Colégio da Companhia de Jesus. Nesta igreja foi feita uma intervenção ao nível dos tetos da nave e da capela-mor, assim como do conjunto do altar-mor, cujas descrições dos tratamentos adequados se encontram no presente texto.
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Reabilitação do Edifício do Aljube para instalação da divisão concentrada da PSP do Porto
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Victor Mestre
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Num imóvel de reconhecido valor patrimonial e de grande estima para os habitantes do Porto, o Edifício do Aljube, construído para convento mas desativado da sua ancestral função e maltratado ao longo de um século, a proposta para a instalação da PSP do Porto pretende responder às novas necessidades determinadas para o edifício, assegurando a manutenção das memórias mais significativas e reveladoras do seu passado, e reintroduzindo um novo sentido apoiado em conceitos atuais de reabilitação, procurando a fusão entre a ética e a estética como valores indissociáveis na intervenção.
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