Monumentos 39: Portalegre
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Monumentos 39: Portalegre
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Dezembro 2022, 24x32 cm, 248 pp.
À venda aqui.
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Das origens de Portalegre
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José d’Encarnação
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Revisitam-se os autores antigos que contaram das origens lendárias de Portalegre. A presença próxima das ruínas de Ammaia e o facto de ter sido vista na cidade, desde muito cedo, a inscrição mandada lavrar pelos munícipes de Ammaia contribuíram para Portalegre se ter identificado com essa cidade romana. Realça-se, no entanto, a antiguidade da ocupação humana no território.
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Porto-alegre: aspetos da sua forma urbana, do território às casas
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Sílvia Ramos e João Luís Marques
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O objeto deste artigo é a estrutura formal de Portalegre e o seu objetivo principal é perceber o lugar que conquista, ao longo do tempo, no Alto Alentejo. Estudámos Portalegre segundo o olhar do arquiteto, tendo a viagem ao lugar como princípio e o desenho como instrumento de decifração, com enquadramento numa pesquisa mais abrangente. Para este artigo interessaram-nos os elementos persistentes que geram a estrutura formal de Portalegre e determinam a sua identidade: entre a serra e a planície; da defesa natural aos baluartes modernos; as igrejas e as fábricas; as ruas e as casas.
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Santa Clara de Portalegre: a arquitetura de um mosteiro xabregano urbanista
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Ana Paula Figueiredo
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O Mosteiro de Santa Clara situava-se na orla sul do centro histórico de Portalegre, cingido pela cerca urbana, nas imediações da desaparecida Porta de Elvas. A proximidade do sistema fortificado viria a definir a estrutura do conjunto monacal e a limitar o seu natural crescimento.
Apesar de muito amputado e desprovido do seu riquíssimo património integrado, conserva, interiormente, vestígios da(s) primitiva(s) dependência(s), que nos permitem, com alguma segurança, recuperar a disposição dos espaços religiosos na área monástica e a evolução dos mesmos ao longo do tempo.
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Dois monumentos esquecidos
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Rafael Moreira e Francisco Bilou
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A região do Alto Alentejo possui um património rico, tanto artístico como natural, mas que não se pode considerar suficientemente conhecido e menos ainda divulgado. E, no entanto, o Distrito de Portalegre (vol. I, 1943) foi a primeira área do país a ser contemplada pelo Inventário Artístico de Portugal da Academia Nacional de Belas-Artes (Lisboa). Contudo muitos monumentos ficaram de fora deste primeiro levantamento patrimonial confiado ao académico Luís Cinatti Keil (1881-1947), permanecendo desconhecidos ou imperfeitamente estudados. Como é o caso dos que aqui se apresentam — o Atalaião de Portalegre, obra renascentista de Diogo da Azambuja, e a Quinta dosCantarinhos, de Manuel de Sousa.
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O Renascimento em Portalegre
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Pedro Flor
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No dealbar do século XVI, a vila alentejana de Portalegre iria entrar numa das fases mais florescentes da sua história. Iremos apresentar a conjuntura histórico-cultural que permitiu esse momento ímpar, com especial destaque para a arte e a arquitetura então patrocinadas. Entre o gótico tardio e o estilo chão, as correntes estéticas dos centros artísticos chegam a Portalegre pela mão de figuras da relevância histórica dos condes de Portalegre ou do controverso bispo D. Jorge de Melo, resultando em obras de arte por vezes híbridas, tão características da periferia. Ao atingir o estatuto de cidade e de cabeça de diocese, Portalegre assumiu então papel cimeiro na consolidação do Renascimento em Portugal, sabendo também representar o filão contra-reformista que iria culminar nas grandiosas campanhas da catedral.
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O Mosteiro de São Bernardo de Portalegre: D. Jorge de Melo e a obra escultórica de Pero Gomes
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Francisco Bilou
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Se é verdade que Filipe II de Espanha, de visita a Portalegre em 1581, achou o túmulo de D. Jorge de Melo uma “grande gaiola para tão pequeno pássaro”, assim apoucando a memória do tumulado, o certo é que o controverso bispo da Guarda foi uma importante figura do Renascimento português. Com a sua ação mecenática no mosteiro cisterciense de São Bernardo (1526-1548), que ele próprio fundou, o património artístico de Portalegre — e a história da arte portuguesa — ganhou um escultor de elevado mérito artístico, só agora identificado como Pero Gomes de Estremoz.
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Arquitetura civil palaciana de Portalegre
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Jorge Rodrigues
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Portalegre surpreende-nos desde que a avistamos, ao longe, especialmente do sacromonte da Senhora da Penha, oferecendo-se a cidade como um amplo anfiteatro, a meia encosta da serra de São Mamede, pontuada pela monumentalidade dos seus edifícios mais significativos, em que o castelo, o perfil da sé e a imponente mole do Palácio Amarelo se destacam imediatamente. O efeito surpresa continua no emaranhado das ruas que sobem do Rossio para a Porta de Alegrete, que abre para a Praça da República, já fora do perímetro das muralhas medievais, em que as casas pontuam a malha urbana.
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A arquitetura da Sé de Portalegre: entre “estilo-chão” e classicismo
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Ricardo Lucas Branco e Miguel Soromenho
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A catedral de Portalegre ocupa, na historiografia da arquitetura portuguesa do Renascimento, um lugar especial, tanto pela sua monumentalidade, como pela edificação quase coincidente com as outras novas sés decididas por D. João III. Discute-se, neste artigo, as suas características inovadoras, conseguidas pelas opções italianizantes de Diogo de Torralva, a quem se deverá a modernidade das capelas intercomunicantes com abóbadas de berço, a cúpula sobre o cruzeiro, bem como a utilização dos revestimentos estucados com motivos all’antica ou de raiz italo-flamenga. Coube também a Torralva a influência da lição de Sebastiano Serlio na organização da fachada torreada, ou na articulação do alçado interno das naves laterais.
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Os retábulos maneiristas da Sé de Portalegre: a pintura, a obra de talha, a escultura e as soluções arquitetónicas
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Vítor Serrão
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A Sé de Portalegre é não só uma das mais importantes catedrais portuguesas como também, sob o ponto de vista do seu acervo retabulístico, um verdadeiro tesouro de pintura, escultura, imaginária e talha de uma única fase artística, o maneirismo. Além de se tratar, em termos quantitativos, do mais extenso e qualificado acervo artístico do maneirismo reunido num só espaço sacro e que se conservou intacto, mostra sobretudo o aggiornamento estético dos bispos desta cidade, com recursos e gosto que os capacitou a contratar os mais competentes artistas do seu tempo.
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Recuperação do Património Móvel e Integrado da Sé de Portalegre
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Francisco José Esteves Valente
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O projeto de reabilitação da Sé de Portalegre tem como principal objetivo a devolução da integridade material, histórica, artística e cultural ao conjunto catedralício, incidindo com especial relevância sobre o seu património móvel e integrado (retabulística, pintura, imaginária, mobiliário, azulejaria, pintura mural, ourivesaria e metais, entre outros), previamente identificado, recenseado e inventariado. A intervenção segue os princípios consignados internacionalmente, alicerçando-se na intervenção mínima, na compatibilidade e na reversibilidade, salvaguardando a integridade e a originalidade do património.
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Do Calvário ao ‘Senhor do Bonfim à Paciência’: lugares e imagens da devoção portalegrense no século XVII
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Ruy Ventura
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Com abundante número de edifícios destinados ao culto cristão, Portalegre foi centro artístico importante não só no século XVI, mas também no seguinte. Não deixando o seu estatuto periférico, foi capaz de instituir-se enquanto lugar de experimentação de modelos arquitetónicos, não só nas suas edificações, mas também nos seus retábulos. Também na pintura e imaginária, pelo menos até meados do século XVII, pode ser salientada a produção portalegrense. Os seus lugares de devoção, renovados ou criados de novo, requereram uma atividade intensa, de que é bom exemplo não só a escultura produzida por Gaspar Coelho e pela sua oficina, como também a de outros artistas que marcaria o panorama da região.
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A sombra de Duarte de Armas. ‘O mappa de Portugal’ do padre Johann Koening, João dos Reis, 1685-1690
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Rafael Moreira
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Em 2013, a capa do catálogo da Ecléctica despertou-nos a atenção: uma foto ampliada de desenhos a azul-cobalto em esquadria vermelho-ocre de panoramas de Leiria, Santarém e Torres Novas que nunca havíamos visto. A peça era descrita como: Album de Desenhos, quarenta e dois fólios do século XVII contendo quarenta e cinco vistas de cidades e vilas de Portugal. Em 2020, Ruy Ventura mostrou-nos (…) uma vista inédita de Portalegre (…) de fins do século XVII, na qual logo antevimos o álbum de há 7 anos… Reunimos, então, os dados que recolhemos sobre ele e tentámos reconstituir em quadro plausível a sua intrigante e fascinante história.
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O Colégio de São Sebastião da Companhia de Jesus: da fundação jesuíta à adaptação à Real Fábrica de Lanifícios de Portalegre
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Inês Gato de Pinho
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O extinto Colégio de São Sebastião da Companhia de Jesus afirma-se na paisagem da cidade, apresentando-se como um edifício imponente, composto por duas grandes alas articuladas pelo corpo da antiga igreja. Começado a construir na segunda metade do século XVII e nunca concluído, o antigo colégio sofreu sérias transformações que o transfiguraram. Pretende-se, com o presente estudo e à luz de documentação manuscrita inédita, traçar um percurso ininterrupto que ilustre a ocupação jesuíta no seu todo, desde a sua fundação administrativa em Portalegre, até à sua expulsão e adaptação do colégio à realidade industrial, dando-se especial enfoque à questão da escolha do local, à discussão do projeto de arquitetura e ao seu autor efetivo, e à evolução construtiva e funcional do edifício.
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Estuques e esgrafitos nas fachadas de Portalegre
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Patrícia Monteiro
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O presente texto analisará diferentes núcleos de esgrafitos e de massas em alto-relevo ou estuques (stuccos), associados à arquitetura civil de Portalegre. Trata-se de um tema pouco conhecido que se enquadra no conceito, mais abrangente, do património integrado desta cidade do norte alentejano. Estes ornamentos encontram-se em risco iminente de desaparecimento, fruto do abandono da própria arquitetura, ou de intervenções de reabilitação desajustadas.
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Gabriel del Barco, António de Oliveira Bernardes e a azulejaria barroca de Portalegre
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José Meco
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Dentro do rico património artístico de Portalegre, a azulejaria barroca ocupa um lugar privilegiado, desde o final do século XVII até meados do seguinte. Para além de vários conjuntos seriados, destacam-se as criações do primeiro pintor destacado deste período, Gabriel del Barco (Igreja de São Lourenço e capela particular) e do mais importante mestre do início do século XVIII, António de Oliveira Bernardes (sacristia da sé). Dos seus discípulos, já integrados na corrente da “grande produção joanina”, evidencia-se a obra de Nicolau de Freitas (capela-mor do Convento de São Francisco), sendo o conjunto monumental do Mosteiro de São Bernardo de autoria ainda insegura. Já da fase final deste período, são os azulejos da Igreja do Bonfim, cuja linguagem joanina tardia incorpora novos elementos ornamentais de estilo rococó.
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Portalegre nos séculos XIX-XX: o crescimento industrial e operário
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António Ventura
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Neste artigo historia-se sinteticamente a atividade industrial em Portalegre no século XIX, que decorreu em torno de dois ciclos fundamentais: o dos lanifícios, numa continuidade que remonta à Idade Media, e o da cortiça, que se iniciou em meados daquela centúria. Sem esquecer um conjunto de indústrias tradicionais — lagares de azeite, moagem — que foram decaindo com o tempo, e o aparecimento de outras, no século XX, como as tapeçarias e as fibras sintéticas.
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Portalegre — arquitetura modernista e moderna, obras do Estado Novo, presença de Jacobetty Rosa e de João Simões
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José Manuel Fernandes
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Portalegre constitui uma cidade de forte personalidade, com clara vocação para se impor como centro urbano por excelência do Alto Alentejo, o que é visível a partir de uma arquitetura com uma abrangência histórica que se estende da romanização ao industrialismo do século XIX. Neste quadro, uma abordagem do urbanismo e da arquitetura da fase histórica do século XX será sempre complementar aos grandes temas do seu desenvolvimento geral. Mesmo assim, a contemporaneidade novecentista edificada de Portalegre apresenta diversos aspetos originais e qualificados, que merecem uma abordagem, como se tenta elaborar neste artigo.
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Museus de Portalegre: articulações produtivas
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Raquel Henriques da Silva
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Portalegre dispõe de três museus de arte, criados em momentos diversos, mas que podem ser articulados entre si. O mais antigo, o museu municipal reúne um conjunto relevante de coleções, oriundas dos conventos extintos e da generosidade de personalidades locais que o consideraram fundamental para a salvaguarda da história. A Casa-Museu José Régio é, simultaneamente, uma casa de escritor e um museu de artes populares daquela região alentejana. Finalmente o Museu Tapeçaria de Portalegre apresenta uma excecional coleção de arte contemporânea que une a expressividade plástica dos seus autores à excecionalidade do trabalho da Manufatura de Portalegre.
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Um alabastro inglês na Casa-Museu José Régio, em Portalegre
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Sílvia Santa-Rita
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O alabastro medieval inglês da Casa-Museu José Régio, “Adoração de Maria e José”, ilustra o protótipo do pensamento estético medieval, que coloca a arte ao serviço da fé e da edificação das gentes, utilizando uma linguagem simples para passar a essência do Cristianismo. Este objeto a uma tipologia de peças produzidas em Inglaterra, muito representada por toda a Europa Ocidental, que contribui para atestar a existência de um substrato de identidade cultural europeia.
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O Espaço Robinson. O convento, a fábrica e a fundação: o olhar de um observador comprometido
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António Camões Gouveia
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Tendo como base uma narrativa, em que o autor é um observador comprometido, o texto dá conta de questões relativas às relações da programação de cultura e do património. A propósito de um caso de património conventual e industrial com forte intervenção dos arquitectos contemporâneos Eduardo Souto de Moura, Graça Correia e Cândido Chuva Gomes, atentam-se em mecanismos e boas práticas de patrimonialização.
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Taipa, argamassa e “saber-fazer”: Observações acerca da construção em terra no Sul de Portugal
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Tiago Giovanini Sobral e Filipe Themudo Barata
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Este trabalho envolve o mapeamento da arquitetura vernacular em Portugal, dando especial atenção à taipa militar e aos locais de onde eram extraídos os materiais de construção, com a ajuda de recursos de imagens de satélite, para estabelecer um panorama dos principais fatores que contribuíram na sua evolução através dos tempos.
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