Monumentos 27: Vila Viçosa
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Dossiê: Vila Viçosa
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Dezembro 2007, 24x32cm, 208 pp. (<2Kg.)
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A singularidade urbanística da vila ducal
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Nuno Portas
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Vila Viçosa é uma terra singular, mesmo no contexto das cidades e vilas do sul do país. Singular pela sua forma, mas, especialmente, pela sua formação: da Callipole ao núcleo medieval, deste ao salto moderno dito renascentista e à reforma do Estado Novo e, finalmente, à nova expansão dos últimos trinta anos. Apesar da sua reduzida dimensão, a vila de hoje é resultante de duas ou mesmo três expansões, por traçado, a partir do núcleo inicial amuralhado. Apesar de a sua etapa medieva, de tipo fusiforme, ser já, tudo indica, ocupada intra e extramuros por ruas regulares, a mais transcendente expansão regrada foi determinada a partir do início do século XVI pelo poder ascendente dos Bragança. O terceiro ensanche viria a abrir-se neste último quartel do século XX e continua, explicitamente, a lógica da vila antecedente. Vila Viçosa impõe-se, assim, como o exemplo mais “inteiro” de predeterminação — desde o desígnio ao desenho —, que chega ao meio do século XX quase incólume.
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A evolução urbana de Vila Viçosa
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Manuel C. Teixeira
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Em Vila Viçosa, cada uma das suas principais fases de desenvolvimento urbano está claramente inscrita no seu traçado. Podemos identificar cinco fases importantes do crescimento de Vila Viçosa, cada uma delas assumindo diferentes características morfológicas: a implantação do núcleo medieval em finais do século XIII, o desenvolvimento do primeiro arrabalde extramuros ao longo dos séculos XIV e XV, a expansão moderna do século XVI, as transformações urbanas de Seiscentos em consequência da restruturação dos sistemas de fortificação, e as intervenções do Estado Novo em meados do século XX. Ao longo destas sucessivas fases de evolução encontramos um conjunto de princípios de estruturação urbana, de características morfológicas e de modos de conceber e de construir a cidade que se podem classificar como invariantes do urbanismo português, e que justificam serem ainda hoje tomados como referências.
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Sete intervenções urbanas do Estado Novo em centros históricos
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José Manuel Fernandes
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A propósito da intervenção urbanística marcante do período do Estado Novo na área histórica central de Vila Viçosa, analisam-se, comparativamente, seis outros casos análogos, concretizados noutras tantas vilas e cidades portuguesas nos meados do século XX: a “Nova” Cidade Universitária de Coimbra, a Câmara Municipal de Caminha e envolvente, a Praça Municipal da Covilhã, o tribunal e largo das Portas de Moura em Évora, a Praça Gonçalo Velho e marginal de Ponta Delgada, e a Praça do Município no Funchal. Em todas estas obras ressalta um uso fortemente ideológico dos instrumentos urbanísticos e arquitetónicos, com um fundo nacionalista de evocação historicista ou regionalista, a renovação de um espaço central público da maior importância para cada aglomerado, e a aplicação local de programas públicos de relevo, sejam de tipo administrativo, pedagógico ou cultural.
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Um olhar sobre o Castelo Artilheiro
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Francisco Sousa Lobo
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O Castelo Artilheiro de Vila Viçosa é uma peça única no âmbito da arquitetura militar portuguesa. Foi construído no início do século XVI, sob o impulso de D. Jaime I, duque de Bragança, renovando a antiga alcáçova medieval. Na guerra da Restauração passou a ter uma função estratégica na defesa de Vila Viçosa com artilharia, batendo alvos a partir da plataforma superior.
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Alguns documentos relativos à Casa de Armas do Castelo de Vila Viçosa
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Maria do Rosário Gordalina
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Revela-se aqui o único inventário que se conhece da famosa “Casa de Armas” do Castelo de Vila Viçosa, no qual se descriminam a qualidade, o número e o estado de conservação do que aí se encontrava em 1757, permitindo cotejar esta armaria com quanto é referido pelos autores antigos.
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D. Teodósio II, sétimo duque de Bragança. Práticas senhoriais como política de reputação
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Mafalda Soares da Cunha
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A ideia central deste texto é a de que as práticas de mecenato e patrocínio da casa de Bragança devem ser compreendidas no quadro mais amplo de uma gestão senhorial que tinha como um dos seus principais desígnios a defesa e a conservação dos signos de preeminência da casa ducal. O seu argumento desdobra-se em dois níveis de análise. Num primeiro momento pretende-se inserir a atuação do duque D. Teodósio II no quadro global das práticas de patrocínio que a casa senhorial desenvolveu ao longo dos séculos XVI e XVII. De seguida, a perspetiva comparativa com outras grandes casas senhoriais da Andaluzia serve o propósito de situar a atuação dos duques de Bragança nos padrões do comportamento aristocrático coevos, sublinhando as semelhanças com as práticas de outros grandes titulares e desconstruindo, assim, a ideia do caráter excecional do caso brigantino.
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A coleção móvel do Paço Ducal de Vila Viçosa
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Maria de Jesus Monge
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O Paço Ducal de Vila Viçosa ocupa um lugar importante na história da arquitetura civil portuguesa, é a sede territorial da maior casa aristocrática do país, família reinante entre 1640 e 1910 e, por isso, foi escolhido pelo seu último proprietário — D. Manuel II (1889-1932) — para sede do Museu da Casa de Bragança. Transformado em Museu-Biblioteca da Casa de Bragança em 1933, esta instituição museológica alberga uma significativa coleção móvel que ilustra um passado histórico com mais de cinco séculos, preserva exemplares únicos de uma grande variedade de tipologias e, sobretudo, evoca uma memória familiar que investiu na promoção do conhecimento e no mecenato cultural como forma de afirmação de um estatuto ímpar no panorama nacional.
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O “Parnaso pictórico”: mitologia, fábula e alegoria moral nas decorações a fresco no paço de Vila Viçosa (1550-1630)
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Vítor Serrão
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Durante os ducados de D. Teodósio I (1532-1563), de D. João I (1563-1583) e de D. Teodósio II (1583-1630), o Paço Ducal de Vila Viçosa assumiu-se como uma verdadeira “corte alternativa”, onde a Casa de Bragança criou um verdadeiro “Parnaso das Artes e das Letras”. Neste ambiente, a arte da pintura teve um largo desenvolvimento, designadamente na modalidade de fresco durante a fase maneirista, através da atividade dos pintores que serviram a Casa de Bragança — a saber, Francisco de Campos até 1580, Giraldo Fernandes de Prado até 1594, André Peres até 1637 — além de outros artistas que estiveram mais esporadicamente ligados a encomendas em Vila Viçosa. Destaca-se, sobretudo, a campanha fresquista de 1602 e 1603, nas “salas novas” do palácio, da autoria do lisboeta Tomás Luís, que revela um decorador de fresco de apreciável merecimento. Referem-se, ainda, os programas artísticos de legitimação das virtudes da Fama e da Honra, prerrogativas da Casa de Bragança, realizados num quadro de resistência e afirmação nacionalista.
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A reforma da Capela Real do Paço de Vila Viçosa, em 1806, no contexto dos programas de representação monárquica de D. João VI
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José de Monterroso Teixeira
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Durante a regência do príncipe D. João (depois D. João VI) assiste-se ao desenvolvimento de uma política mecenática e de investimento cultural e artístico, que se define pela adoção de um novo discurso artístico. No refluxo da Viradeira e de algum revivalismo quinto joanino, a assimilação do neoclassicismo, passa a fazer-se de modo oficial, sinalizando uma intencionalidade de mudanças estruturais para o país, no ciclo governativo, em curso. Admite-se, assim, que a remodelação da capela real de Vila Viçosa, local de origem da família reinante, se insere nesta estratégia, enlaçando culto político e culto religioso. O projeto arquitetónico é entregue a José da Costa e Silva (1747-1813), formado pela Academia de Bolonha, e o programa ornamental a Manuel da Costa (1755-1823), pintor e talentoso cenógrafo teatral, que vêm a consagrar aquela corrente estética, na intervenção realizada a partir de 1806.
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O restauro oitocentista da Igreja de Santo Agostinho: uma obra mecenática da Casa de Bragança
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Lina Maria Marrafa de Oliveira
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Um manuscrito inédito do arquivo da Casa de Bragança, intitulado Obras na Igreja de Santo Agostinho e Outros Assuntos, descreve uma importante campanha de obras de reparação da igreja do Convento de Nossa Senhora da Graça, da Ordem de Santo Agostinho, que teve lugar em 1861, sob os auspícios da Sereníssima Casa de Bragança, detentora do seu padroado, numa atitude mecenática plenamente justificada pelo significado áulico do templo que integra o mausoléu dos duques de Bragança. A documentação descreve as várias fases dos trabalhos, as metodologias, as técnicas e os materiais aplicados, e a sua proveniência. Alude, ainda, aos fatores de degradação das estruturas e aos elementos arquitetónicos e decorativos que o imóvel apresenta desde o século XIX, permitindo obter uma noção clara e curiosa da mentalidade e das práticas de restauro da época.
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Na vida e na morte. Políticas familiares nos conventos femininos de Vila Viçosa
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Luís Urbano
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A admissão de mulheres nos conventos femininos dependia tanto da piedade religiosa como das afinidades institucionais entre os cenóbios e as famílias. Os conventos eram essenciais para a manutenção das regras da primogenitura das famílias aristocratas, sendo uma alternativa, por vezes a única, para as filhas segundas sem dote suficiente para um casamento dentro do seu estrato social. Os conventos eram também o local escolhido pelas famílias da classe alta como última morada, numa relação biunívoca que dava respeitabilidade e dividendos aos cenóbios mas garantia igualmente o prestígio das famílias. Em Vila Viçosa, nos três conventos femininos abordados — Chagas, Esperança e Santa Cruz — essa proximidade é por demais evidente, quer nas ligações à Casa de Bragança, quer nos espaços dedicados às sepulturas das religiosas e famílias aristocratas.
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A Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa: o projeto quinhentista à luz da campanha de obras da Restauração
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Miguel Soromenho
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Ligada, desde a sua fundação, provavelmente no século XIV, à Casa de Bragança, a Igreja de Nossa Senhora da Conceição de Vila Viçosa foi profundamente alterada, em duas campanhas de obras, em finais de Quinhentos e, de novo, em meados do século XVII. Alguma documentação sobre esta última empreitada, que conformou, no essencial, o edifício que chegou aos nossos dias, permite caracterizar o templo quinhentista e a sua inscrição numa tradição tipológica de geografia regional, permitindo, em simultâneo, conhecer algumas das estratégias de mecenato arquitetónico no tempo da Restauração.
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Arquitetura da água em Vila Viçosa nos séculos XVI e XVII
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Licínio Rocha Cardoso Lampreia
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A construção de novas obras hídricas, sobretudo nos séculos XVI e XVII, encontra-se intimamente ligada à conjugação de fatores de natureza política, urbanística e demográfica, aos quais se encontram associadas novas necessidades e interesses de ordem social, correspondendo a um período de afirmação e de prestígio da Casa de Bragança. Nesses séculos, entre grandes campanhas construtivas no Paço Ducal, é significativo sublinhar um conjunto de importantes intervenções ligadas ao abastecimento de água, à construção de aquedutos, de fontes, de chafarizes e de tanques, assim como outros equipamentos, sob o patrocínio ducal, numa ação concertada, por vezes, com o concelho. O esforço de modernização que estas obras representam é bastante significativo e deve ser integrado de forma coerente num programa mais vasto de renovação e construção de monumentos hidráulicos de utilidade pública, com o objetivo maior de melhorar as condições de vida e o bem-estar da população.
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Azulejos de Vila Viçosa
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Ana Paula Rebelo Correia
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Vila Viçosa reúne um acervo azulejar que ilustra praticamente todos os momentos cruciais da evolução do azulejo em Portugal até ao século XVIII: as influências hispano-árabes, os contactos com a Flandres e a Itália, o gosto pela linguagem barroca, com a utilização intensa do azul e branco em grandes painéis historiados. Destacam-se conjuntos particularmente representativos, como os painéis quinhentistas encomendados em Antuérpia para o Paço Ducal, ilustrando episódios da vida de Tobias, o revestimento barroco da capela do Santíssimo Nome de Jesus, na igreja de Nossa Senhora da Conceição, assinado Policarpo de Oliveira Bernardes, e realizado em 1720, ou, ainda, os azulejos que revestem as paredes da capela de São Nicolau Tolentino, na igreja dos Agostinhos. Paralelamente ao azulejo de composição figurativa, Vila Viçosa conserva igualmente belíssimos exemplares de padronagem seiscentista, como os revestimentos da Igreja de Nossa Senhora da Conceição e da Igreja da Misericórdia.
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Três programas de estuque relevado em Vila Viçosa
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Hélia Silva
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Os estuques portugueses surgem no âmbito dos movimentos artísticos renascentistas e maneiristas, a partir de um primeiro núcleo, nascido em torno de Évora. Apresentam, basicamente, três tipologias, que vão sendo utilizadas na decoração de espaços civis e religiosos, numa cronologia nem sempre linear e sequencial, que deriva essencialmente da cultura dos encomendadores e da sua aproximação a centros artísticos de vanguarda. Em Vila Viçosa vamos encontrar estas tipologias decorativas em vários espaços, dos quais se salientam, pela qualidade de execução, de desenho e de composição, o oratório de D. Catarina, no Paço Ducal, a casa de fresco do Paço de Sanches Baena e a Sala do Capítulo do Convento da Esperança. No entanto, e apesar do seu brilhantismo artístico, o estado de degradação e de abandono a que estão votados os espaços em que estes se encontram, coloca-os em risco, o que torna urgente, para além de uma intervenção de restauro, o desenvolvimento de projetos integrados que os valorizem.
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As casas nobres na vila do Paço Ducal
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Joaquim de Oliveira Caetano
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Construída por famílias inteiramente dependentes da corte ducal, a habitação nobre de Vila Viçosa caracteriza-se, em primeiro lugar, pela forma mitigada como assume os elementos mais típicos e expressivos que associamos à noção de palácio — a ostentação heráldica e a regularização da fachada, ordenada axialmente, pela expressão dos portais e janelas de aparato. Ao invés, o paço calipolense volta-se para dentro, para a intimidade dos jardins e casas de fresco, e tem no desenho de loggia e galerias que prolongam a vista para esses jardins e a paisagem envolvente um dos seus aspetos mais repetidos e característicos, sempre com subordinação a um desenho genericamente similar e harmonizado das ruas, também ele característico da expansão ordenada pautada pelos desejos da casa ducal.
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O engenho de papel
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João Ruas
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Conhecido como “o engenho de papel”, foi construído em 1637 um moinho de dimensões assinaláveis, com três pisos, para se produzir papel. A obra foi desde logo acompanhada pelo mestre do engenho, Francisco Ortiz de Montesinhos (talvez castelhano ou catalão, Monteciños) que ali deve ter laborado durante três anos, até 1640. Dessa produção ainda não conseguimos apurar algo de concreto, mas sabemos que de Agosto desse ano até Agosto de 1641 o moinho foi de novo arrendado a um português, João Martins, para produção de papel. Terá sido a sua última utilização para a finalidade com que fora criado. Desde a segunda metade do século XVII até meados do século XIX foi aforado como terreno agrícola.
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O triângulo do mármore: estudo geológico
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Luís Lopes
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No nordeste alentejano, entre Sousel e Alandroal, no designado “triângulo do mármore” (Estremoz — Borba — Vila Viçosa) ocorre a maior e principal jazida de rochas ornamentais do país. Efetivamente, os “mármores de Estremoz” constituem, há várias décadas, o principal promotor da atividade económica da região. A localização e os diferentes tipos de mármore que afloram nesta estrutura geológica podem ser explicados através de critérios geológicos, que os enquadram num esquema global de evolução geodinâmica da Terra nos últimos seiscentos milhões de anos.
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Os materiais e os sistemas construtivos tradicionais na região dos mármores
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Maria Fernandes
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Entre a continuidade material e a variedade construtiva, a designada região dos mármores em Portugal é abundante no que respeita a materiais, a sistemas construtivos tradicionais e a tipologias arquitetónicas. O mármore é o material pétreo mais utilizado quer em alvenarias quer em revestimentos, a própria cal é fabricada a partir da calcinação desta rocha. Na construção de tetos destacam-se as abóbadas e as abobadilhas executadas em tijolo maciço artesanal, produzido em telheiros artesanais, onde também se fabricavam as telhas e as tijoleiras. No que respeita à arquitetura em terra, a utilização da taipa foi predominante nesta região, desde a taipa militar em fortificações e em edifícios públicos (particularmente os construídos na década de quarenta do século XX) à arquitetura vernácula (de que são os principais tipos, a casa urbana de dois pisos com chaminé na fachada, a casa urbana de um piso, os montes e as casas de Juromenha).
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Vila Viçosa num álbum de desenho de el-rei D. Carlos
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Raquel Henriques da Silva
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D. Carlos de Bragança, além de rei, foi um notável pintor, aguarelista e desenhador, bem integrado na estética naturalista que teve fortíssima expressão na cultura portuguesa na transição entre os séculos XIX e XX. De acordo com os princípios do naturalismo, os apontamentos tomados sobre o motivo — ou seja, em confronto direto com o objeto ou ambiente “retratável” — foram sistematicamente praticados por D. Carlos. Entre os numerosos álbuns existentes no seu espólio, destaca-se um notável núcleo dedicado a Vila Viçosa (arquiteturas históricas e correntes, apontamentos eruditos de decoração arquitetónica e cenas de caça), percorrida pela força da realidade. Ele enriquece a iconografia dos sítios e da região com a liberdade do olhar da arte.
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A talha retabular da Igreja de Santa Catarina de Lisboa
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Sílvia Ferreira
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Em Lisboa, na Calçada do Combro, situa-se a Igreja Paroquial de Santa Catarina, antiga do Santíssimo Sacramento dos religiosos da ordem mendicante de São Paulo Primeiro Eremita. Com a extinção das ordens religiosas por decreto liberal de 1834, o antigo cenóbio dos paulistas conheceu destinos vários até nele ter fixado aquartelamento a Guarda Nacional Republicana. Quanto à igreja do mosteiro, esta passou a paroquial depois do incêndio que vitimou a antiga Igreja de Santa Catarina de Monte Sinai, da qual herdou a invocação. Começada a edificar nos anos oitenta de 1600, a igreja do Convento do Santíssimo Sacramento de Lisboa foi-se paulatinamente recheando de capelas de talha dourada, à semelhança do que se observava na maior parte dos templos, não só da capital do reino, mas em geral de todo o território português. É sobre esse acervo significativo de talha dourada, seus encomendadores e seus mestres executantes que versa o presente texto.
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