Estação Ferroviária de Vila-Real de Santo António

IPA.00017076
Portugal, Faro, Vila Real de Santo António, Vila Real de Santo António
 
Arquitectura de transportes, modernista. Estação ferroviária *1 terminal, incluindo extensa área de vias férreas e algumas construções de apoio técnico (armazéns de mercadorias cobertos, oficinas e depósitos de material circulante). O edifício de passageiros, volume articulado, de planta alongada, é constituído por adição de corpos paralelepipédicos regulares diferenciados, com cobertura em laje plana horizontal rematada por platibanda. Desenvolve-se em dois pisos, com o térreo destinado ao serviço ferroviário e apoio aos passageiros e o superior para instalações residenciais dos funcionários (com entradas independentes por zonas recedidas na fachada voltada para a povoação). O programa funcional do edifício de passageiros contempla espaço apropriado à expedição de bilhetes e à recolha de bagagens, além de salas de espera para os passageiros das diversas classes, salas para telégrafo e para o chefe de estação, instalações para a guarda fiscal e para o fiscal do governo e habitações destinadas ao chefe da estação e outros funcionários superiores. Apesar de ser a estação terminal leste (sotavento) da Linha do Sul, o edifício de passageiros não tem uma planta em U envolvendo o topo das linhas (tal como o enunciavam os tratados ferroviários) pelo facto de existir um ramal que se prolonga para além da estação até ao cais da margem do Guadiana.
Número IPA Antigo: PT050816020009
 
Registo visualizado 2019 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

A estação inclui o edifício de passageiros, uma extensa área de vias férreas e algumas construções de apoio técnico, como armazéns cobertos, oficinas e depósitos de material circulante. O edifício de passageiros desenvolve-se paralelamente à linha e situa-se entre esta e a povoação. Edifício de Passageiros - volume articulado, com dois pisos, de planta alongada contorno ortogonal quebrado e orientação E-O; é constituído por adição de corpos paralelepipédicos regulares diferenciados, com cobertura em laje plana horizontal rematada por platibanda. O piso térreo destina-se ao serviço ferroviário e apoio aos passageiros (vestíbulo, salas de espera, bilheteiras, gabinetes). O piso superior é ocupado com duas habitações para funcionários (com entradas independentes por zonas recedidas na fachada voltada para a povoação). As fachadas mais longas (E., voltada para a via férrea, e O., voltada para a povoação) têm composição simétrica. O volume central, mais alto que os restantes, corresponde ao vestíbulo de passageiros e é rasgado por três vãos verticais centrais nas duas fachadas mais longas, enquadrados por séries de lâminas opacas, que intersectam a fachada a cutelo e se prolongam na vertical para além do nível da cobertura. No lado da povoação, estes vãos verticais terminam sobre a pala horizontal de protecção da entrada, abaixo da qual se abrem três portas para acesso de passageiros com ombreiras em cantaria de pedra calcária. A fachada prolonga-se, à face do plano frontal deste volume, nos dois sentidos, em dois pisos. Em cada piso de cada um dos tramos assim definidos abre-se um grupo de dois vãos de janela quadrados, unidos por moldura linear saliente de secção rectilínea simples. Os restantes volumes são articulados em planta, escalonados em alçado e têm vãos de distinta caracterização: janelas quadradas nos volumes recuados dos extremos, com lintel saliente, no piso superior, e com peito saliente, no piso inferior; vão vertical central nos volumes avançados (contendo as escadas de acesso às habitações do piso superior). Um óculo circular alto, colocado ao nível do piso superior, e uma porta de acesso a instalações de serviço, pontuam axialmente os recessos por onde se processa a entrada às habitações. Os diversos volumes são unificados pelo embasamento em alvenaria de pedra calcária aparente que se prolonga para além do perímetro do edifício sob a forma de muretes baixos de desenvolvimento linear recto, contendo canteiros para plantas e delimitando o espaço da estação. Também o remate superior das platibandas (com cornija saliente, rectilínea horizontal, dupla ou simples) contribui para a unidade da expressão do conjunto. Os alçados de topo têm uma janela quadrada central no volume mais baixo e avançado. O alçado do lado da via férrea é mais contínuo. O perfil geral é dominado pelo vestíbulo de passageiros. Ao nível do piso superior, para cada lado dos seus vãos verticais, existem 4 janelas quadradas, ligadas entre si à altura da verga e do peito por molduras salientes, rectilíneas horizontais. Ao nível do piso térreo, ao centro, 3 vãos verticais de porta dão acesso ao vestíbulo de passageiros; são enquadrados por dois pares de janelas altas, a que se seguem, em cada lado do alçado, 4 vãos de porta idênticos, conduzindo, originalmente, às salas de espera e às dependências de serviços. A cobertura do cais de passageiros é uma laje plana em betão armado, em consola estruturada a partir do edifício de passageiros e coincidindo, em extensão, com o corpo de dois pisos; tem pendente para o interior e apresenta, na face inferior, vigas salientes e campânulas moldadas, com armaduras eléctricas de iluminação. O seu lançamento extraordinariamente profundo, sem quaisquer pontos de apoio ao solo, garante, na zona coberta, uma luminosidade pouco comum neste tipo de estruturas. A parede exterior voltada para o cais é revestida, entre o nível do embasamento e a verga dos vãos, com azulejo cerâmico vidrado na cor azul maiólica (peças rectangulares colocadas em posição horizontal e peças de remate das arestas em quarto de cilindro). INTERIOR: o vestíbulo do edifício de passageiros (situado ao centro) tem altura interior correspondente aos dois pisos e é iluminado pelos vãos verticais contrapostos; paredes das zonas de público em alvenaria rebocada e pintada, com revestimento em azulejo cerâmico vidrado na cor azul maiólica, até ao nível dos lintéis dos vãos do piso térreo. Tecto plano com vigas estruturais de suporte aparentes. As habitações do piso superior têm entradas e escadas de acesso independentes situadas em ambos os extremos do alçado voltado para a povoação. O edifício é detalhado com grande sobriedade e com um rigor geométrico legível em todos os pormenores (caixilharias, armaduras de iluminação, inscrições, balcões de atendimento), sempre com predomínio dos perfis de secção rectilínea ortogonal, sem quaisquer efeitos decorativos. O anexo das instalações sanitárias é um pequeno volume com um só piso e planta rectangular, com cobertura plana, horizontal, em laje de betão armado, rematada por dupla cornija saliente, rectilínea horizontal, idêntica à do edifício de passageiros. Tem alçados de composição assimétrica e embasamento em alvenaria de pedra calcária aparente, prolongado frente a cada porta num par de caldeiras para plantas. Os paramentos em alvenaria rebocada e pintada são parcialmente revestidos com azulejo cerâmico vidrado na cor azul maiólica.

Acessos

WGS84 (graus decimais) lat. 37,199601 long. -7,421420.

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbano, em planície, isolado. Situa-se na margem direita do rio Guadiana, a algumas centenas de metros do tecido urbano consolidado e separada deste por terrenos baldios e arborizados que têm sido progressivamente ocupados por construção dispersa de tipo industrial e equipamentos colectivos (armazéns, oficinas, grandes superfícies comerciais, escolas).

Descrição Complementar

Letreiros exteriores em relevo, no cais de passageiros e nos alçados de topo, com letras de tipo linear, condensado, sem patilha: "Vila Real de S.to António"; no cais, os vãos de acesso ao vestíbulo têm superiormente as inscrições "entrada" (ao centro) e "saída" (vãos laterais) em letras de tipo idêntico. No vestíbulo de passageiros, inscrições sobre as portas de acesso às salas de espera e sobre os balcões de atendimento, com inscrições em letras do mesmo tipo. Bancos da zona de espera de passageiros em madeira maciça. Relógio no cais de passageiros com corpo em ferro fundido pintado.

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Afectação: REFER (Dec.-lei nº 104/97 de 29/04

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTO: José Ângelo Cottinelli Telmo (1897-1948) - Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses, Divisão de Via e Obras

Cronologia

1906, 14 de Abril - abertura à exploração pública do troço de linha férrea entre Tavira e Vila Real de Santo António. Conclusão da Linha do Sul; 1929 - projecto de [Bernardino] Coelho para edifício de passageiros com caracterização regionalista (molduras de desenho neo-mudéjar, beirados, alpendres de telha e chaminés ornamentadas), não construído; 1936, Maio - projecto de Cottinelli Telmo; 1939 / 1942 - desenhos de detalhe; 1945, 4 de Setembro - inauguração.

Dados Técnicos

Estrutura autónoma em betão armado

Materiais

Edifício de Passageiros: Betão armado; alvenaria rebocada e pintada; azulejo cerâmico vidrado; caixilhos em madeira pintada; vidros simples, transparentes, incolores; pavimentos interiores em mármore branco com vergada (zona central do vestíbulo) e mosaico cerâmico (zonas de público adjacentes).

Bibliografia

ANÓNIMO, Vila Real de Santo António e a sua Nova estação Ferroviária, Gazeta dos Caminhos de Ferro, 57º ano, nº 18, 16.09.1945, p. 505; Estação de Vila Real de Santo António. Memória Descritiva e Justificativa (Arquivo Técnico D.G.G.I., C.P.), s.d.; MARTINS, João Paulo, Cottinelli Telmo. A Obra do Arquitecto (1897-1948). Dissertação de mestrado em História da Arte, Lisboa: FCSH, UNL, 1995; IDEM, Cottinelli Telmo. Arquitecto na C.P. in O Caminho de Ferro Revisitado. O Caminho de Ferro em Portugal de 1856 a 1996 (coord. Gilberto Gomes), Lisboa, Caminhos de Ferro Portugueses, 1996, pp. 126-134.

Documentação Gráfica

C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

C.P.: Direcção Geral de Gestão de Infraestruturas, Arquivo Técnico

Intervenção Realizada

Observações

(*) Tal como a definem os tratados de técnica ferroviária, é um ponto de uma linha férrea onde os comboios param para tomar ou largar passageiros ou mercadorias; a estação é delimitada fisicamente pelo espaço compreendido entre as agulhas de entrada e de saída dos comboios e inclui o conjunto das vias e dos edifícios relacionados entre si para cumprir aquelas funções. O "edifício de passageiros" constitui o elemento fulcral de uma estação ferroviária, aquele que se apresenta como fachada e porta de entrada do sistema, destino e ponto de partida da viagem, rótula de articulação entre o mundo ferroviário e o aglomerado urbano exterior.

Autor e Data

JPaulo Martins 2002

Actualização

 
 
 
Termos e Condições de Utilização dos Conteúdos SIPA
 
 
Registo| Login