Quinta do Sobralinho

IPA.00019775
Portugal, Lisboa, Vila Franca de Xira, União das freguesias de Alverca do Ribatejo e Sobralinho
 
Arquitectura residencial, barroca. Casa de quinta de recreio de planta em U, composta por alas organizadas em torno de pátio rectangular interior, implantado ao nível do andar nobre. Interior dominado por amplo vestíbulo com escadaria monumental, não só enquanto principal espaço de aparato mas também de organização e distribuição da compartimentação interna, ao longo dos alçados e à qual se acede por meio de galeria articulada com corredor longitudinal, ao nível do andar nobre. No âmbito da tipologia mencionada assume-se como um exemplo arquitectónico muito interessante, não só pelo bom estado de conservação em que se apresenta mas sobretudo pelo tipo de soluções decorativas interiores que ainda mantém, na generalidade inexistentes noutros edifícios congéneres.
Número IPA Antigo: PT031114020057
 
Registo visualizado 2147 vezes desde 27 Julho de 2011
 
   
   

Registo

 
Conjunto arquitetónico  Edifício e estrutura  Residencial unifamiliar  Quinta  Casa nobre  Tipo planta em U

Descrição

Planta em U composta pela articulação de corpos rectangulares em torno de pátio com torreões nos extremos, volumetria escalonada, cobertura efectuada por telhados a 3 e 4 águas e em coruchéu. De 2 pisos, superfície murária em reboco pintado e abertura de vãos com emolduramento simples de cantaria, a ritmo regular. Alçado principal (SE) composto por 3 corpos, dos quais se destaca o central, com frente quase correspondente à totalidade da fachada, recuado em planta relativamente aos seus colaterais e de tratamento distinto: piso térreo rasgado a eixo por portal de verga recta emoldurado por pilastras rematadas em mísulas que suportam a varanda (em cantaria, com guarda em balaustrada) que guarnece a principal janela - de sacada de verga recta destacada - do andar nobre. Este conjunto é ladeado por janelas de peito de verga recta encimadas por janelas de sacada de perfil análogo, individualmente servidas por varandas com base em cantaria e guarda em ferro fundido, com pinhas nos extremos. Os corpos extremos, idênticos entre si, apresentam piso térreo rasgado por galeria em arco abatido e andar superior animado por janelas de peito de bandeira em semi-círculo. INTERIOR: amplo vestíbulo de planta rectangular e tecto em masseira de madeira, com escadaria pétrea em L, desenvolvida ao longo do muro de topo e conducente ao andar nobre, em galeria animada por 3 arcos abatidos em cantaria. Esta articula-se com corredor longitudinal de cobertura em abóbada de aresta desenvolvido ao longo de pátio rectangular, implantado à cota do 1º andar. Principais compartimentos desenvolvidos ao longo dos alçados principal e laterais, de planta rectangular com tectos em masseira ou planos com travejamentos de madeira.

Acessos

Rua do Paço do Sobralinho

Protecção

Inexistente

Enquadramento

Urbana, isolada por muros, em zona de meia-encosta, nos arredores de núcleo urbano maioritariamente composto por prédios de rendimento. Acesso através de uma alameda delimitada por árvores, a edificação da quinta apresenta implantação escalonada, segundo 3 terraços a cotas decrescentes, em posição sobranceira ao jardim e pomar organizado em socalcos cortados por alameda central conducente a tanque de planta circular.

Descrição Complementar

AZULEJO: a decorar os interiores e exteriores da propriedade, os mesmos podem ser observados sob a forma de silhares monócromos (com albarradas, ao nível da escadaria do vestíbulo) e policromos (com temas do quotidiano no corredor do 1º andar e a guarnecer o muro que separa o terraço do piso térreo da edificação do jardim a si sobrançeiro, ao gosto de Jean Pillement (1728-1808) e com cenas de chinoiserie). Na cozinha, paredes com azulejos de figura avulsa articulados com a representação de peças de alimento penduradas - caça, peixe, enchidos e fumados ; MADEIRA: um dos pisos do andar nobre apresenta-se integralmente revestido com painéis de madeira, quer ao nível do tecto, com caixotões quer das paredes, animadas por nichos inscritos em arcos de volta perfeita delimitados por pilastras de fuste canelado com sugestão de capitéis jónicos ; PINTURA: trata-se da opção decorativa com maior impacte na decoração dos espaços interiores quer ao nível dos tectos quer da superfície parietal. A mesma apresenta alguma diversidade estilística, variando entre os brutescos que animam o tecto do vestíbulo, enrolamentos vegetalistas, cenas de flora e fauna, a paineís ao gosto de Jean Pillement com laçarias, festões e vasos com flores a inscreverem medalhões com cenas galantes.

Utilização Inicial

Residencial: quinta

Utilização Actual

Cultural e recreativa: arquivo / Cultural e recreativa: biblioteca

Propriedade

Pública: municipal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 19 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITETO: Luís Possolo (reconstr. e alter); PINTOR: Antero Basalisa.

Cronologia

1661 - fundação da quinta e construção do primitivo palácio do Sobralinho como residência sasonal dos condes de Vila Flor, pertencendo a iniciativa ao 1º conde D. Sancho Manuel de Vilhena (?-1677); séc. 18 - os condes de Vila Flor procedem a uma ampliação do palácio; séc. 19 - o 7º conde de Vila Flor e 1º duque da Terceira, D. António José de Meneses e Noronha (1792 - 1860) empreende uma campanha de obras profundamente transformadora do edifício, que se converte num ponto de encontro relevante da vida social da aristocracia de então (recebendo por mais do que uma vez a família real); 1860 - 1918 - com o falecimento do duque da Terceira inicia-se um período de declínio e sobretudo de desconhecimento quanto à história da quinta, podendo ter passado à posse dos condes de Alte e Marim e/ou ao 1º visconde de Sagres (1805 - 1885); 1917 - realização de um leilão do recheio do palácio ; 1918 - o conde de Sagres surge como proprietário da quinta; 1919 - aquisição da propriedade por Camilo Infante de Lacerda, sogro de um antigo embaixador de Portugal em Londres, Dr. Armindo Monteiro a quem é cedido o imóvel para habitação, cerca de 1940, o qual (juntamente com sua esposa D. Lúcia Infante de Lacerda Sttau Monteiro) procede a uma sua redecoração luxuosa; 1944, 9 Fevereiro - um incêndio causa grande destruição no palácio, sendo o mesmo seguidamente adquirido pelo banqueiro Dr. Ricardo do Espírito Santo Silva (1900 - 1954), com o qual se inicia uma ampla campanha de obras de restauro e enriquecimento artístico do palácio, que se prolonga pela década de 50 e se continua pela de 60, já sob a coordenação de sua filha, D. Rita Espírito Santo e de seu marido Rodrigo Leite de Faria, naquela que era a sua residência; década de 80 - o Sobralinho passa para a posse de uma família inglesa; 1993 - aquisição da propriedade pela Câmara Municipal de Vila Franca de Xira

Dados Técnicos

Estrutura autoportante

Materiais

Alvenaria mista, reboco pintado, cantaria de calcário, estuque, ferro forjado, madeira, vidro, azulejos

Bibliografia

TORRES, João Castelo Branco, BAENA, Visconde de Sanches de, Memórias Histórico-Genealógicas dos Duques Portugueses do Século XIX, Lisboa, 1883 ; Catálogo. Importante Leilão de Objecto de Arte e Mobiliário Antigo que Guarneciam o Paço do Sobralinho (em Alhandra), Lisboa, 1917 ; Illustração Portuguesa, II Série, Nº 639, 20.05.1918 ; CÂNCIO, Francisco, Ribatejo Histórico e Monumental, Vol. 3, Santarém, 1939 ; Diário de Lisboa, 10.02.1944 ; CÂNCIO, Francisco, O Ribatejo - Casos e Tradições, Vol. 1, Santarém, 1948 ; PARREIRA, Rui, Inventário do Património Arqueológico e Construído do Concelho de Vila Franca de Xira Notícia dda Parcela 404-1, in Boletim Cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Nº 2, 1986 ; CALDAS, João Vieira, A Casa Rural dos Arredores de Lisboa no Século XVIII, (dissertação de Mestrado em História da Arte apresentada à FCSH da Universidade Nova de Lisboa), Lisboa, 1987 ; AZEVEDO, Carlos, Solares Portugueses, 2ª ed., Lisboa, 1988 ; Boletim Cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Nº 3, 1987 - 1988 ; Boletim Cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira, Nº 4, 1989 - 1990 ; MACEDO, Lino de, Antiguidades do Moderno Concelho de Vila Franca de Xira, 2ª ed., Vila Franca de Xira, 1992 (1ª ed. 1893) ; TALIXA, Jorge, Sobralinho. Utilização do Palácio Preocupa Partidos, in Vida Ribatejana, Ano 79, Nº 3.803, 30.03.1995 ; COSTA, Isabel, Palácio e Quinta do Sobralinho : um Património Concelhio a Visitar, in Vida Ribatejana, Ano 80, Nº 3.889, 20.11.1996 ; O Concelho em que Vivemos, Vila Franca de Xira, 1998 ; SANTOS, Sandra, Quinta do Sobralinho. Património Secular Atrai Milhares de Visitantes, in Vida Ribatejana, Ano 82, Nº 4.043, 03.11.1999 ; RIBEIRO, José Alberto, O Palácio do Sobralinho ou a Reinvenção de um Paço Nobre no Século XVIII, in CIRA. Boletim Cultural, Nº 8, 1998 - 1999

Documentação Gráfica

CMVFX: Arquivo Histórico Municipal, Procº nº 380/48 ; Procº nº 2.483/58, Procº nº 101.170/93

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID

Documentação Administrativa

CMVFX: Arquivo Histórico Municipal, Procº nº 380/48 ; Procº nº 2.483/58, Procº nº 101.170/93

Intervenção Realizada

PROPRIETÁRIO: séc. 20, década de 50 - obras de reconstrução do palácio ; 1960 - 1963 - constinuação da campanha de obras de reconstrução do palácio, datando destes anos a intervenção ao nível das cantarias, tratamento dos interiores (pintura do tecto do vestíbulo, remate das escadas, fogões de sala, etc.)

Observações

Autor e Data

Teresa Vale e Maria Ferreira 2002

Actualização

 
 
 
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