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Edifício e estrutura Edifício Residencial senhorial Casa nobre Casa nobre
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Descrição
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Planta rectangular irregular. Fachada principal voltada a Sul constituída por corpo único de dois pisos, sendo o piso nobre constituído por uma ordem de onze janelas de sacada, estando a central guarnecida e coroada de lavores na sobreverga, no piso térreo ordem de dez janelas de peitoril, centradas pelo portal, bem como oito frestas (seis delas fechadas), uma porta de serviço e uma de garagem. A fachada Nascente com ordem de cinco janelas de sacada, no piso nobre e frestas no piso térreo. A fachada Poente, que confina com o muro dos jardins superiores, apresenta duas ordens de onze janelas e uma porta de serviço ao nível térreo. INTERIOR: átrio, com tecto em estuque trabalhado e pinturas ornamentais, com porta de fundo que abre para a escadaria de dois lanços, apresentando em vidros policromados as armas dos Praia e Monforte, escudos conjugados oblìquamente sob coroa de marquês. O primeiro (Monfortes) esquartelado dos Freires: banda vermelha saindo da boca de duas serpentes; Albergaria: cruz sanguinha entre oito escudetes das quinas; Galhardos: leopardo e flor de lis em chefe; Pegados: quatro cotas de púrpura em banda, tudo centrado pelo escudo dos Coutinhos: cinco estrelas em santor. O segundo (Praia) esquartelado dos Borges: leão de ouro em campo com bordadura de dez flores de lis; Medeiros: cinco águias em santor; Câmaras: torre ladeada por dois lobos rompantes; Dias: luzeiro de ouro de dez raios. |
Acessos
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Largo do Rato, n.º 2; Calçada Bento da Rocha Cabral, n.º 1 |
Protecção
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Incluído na Zona de Proteção no Aqueduto das Águas Livres (v. IPA.00006811) |
Enquadramento
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Urbano. Implantado no patamar superior da zona a N. do Largo do Rato. |
Descrição Complementar
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HALL de entrada: tecto em estuque, com grande florão central constituído por oito folhas de acanto e oito boquetes de rosas, rodeando uma forma oval de ornamentação rectílinea, formando losangos alongados, tendo como fundo estuque escaiola (marmoreado em tons de beije e cinza) ladeado por quatro molduras ovais com elementos decorativos em flor-de-lis, com terminação em folha de acanto, simples e cruzada, envolvendo uma fita ovalada; à volta formas geométricas que se interlação nos extremos em folhas ornamentais com terminação em cravo e margaridas. O tecto divide-se em quatro partes simétricas, tendo o fundo em estuque de tons de beije e rosa, formando uma esquadria quadriculada com flor central na união de todos os vértices; o emolduramento geral é constituído por enrolamentos vegetais de folha de acanto, em cépia, rosa e beije, tendo o último friso dourado, em folha de acanto, e entrecruzada. ESCADARIA: no patamar do primeiro andar, porta de acesso à ante-câmara da Sala de Jogos, com frontão curvo interrompido, constituido por enrolamentos vegetais e de folhas de acanto lanceoladas, com monograma "PM" (Praia e Monforte), encimado por coroa de conde; frisos dentículos, tendo o principal túlpias enbricadas e, nas zonas laterais, folha de videira enrolada e aberta. Encimando a porta e fazendo parte da clarabóia encontram-se quatro brazões com as armas de família *1, encimados por coroas e, na parte inferior, concha assimétrica envolta em asa de morcego ao gosto rocaille, destacando em curva e contra-curva enrolamentos vegetais de folha lanceolada de fortes arestas; na s paredes da escadaria oito pilastras com caneluras e capitel em folha de acanto ao gosto classizante; por cima, pares de rostos femininos com toucados coroados como reminiscência grega, mas evidenciando um gosto Arte Nova traduzido nos penteados. ANTE-CÂMARA da Sala de Jogos: tecto recôncavo com florão central num jogo de várias conchas simétricas, ladeadas por enrolamentos vegetais de folhas lanceoladas, folhas de roseira e rosas, bem como ramos de flores campestres; um friso ovalado separa a zona central dos quatro vértices, em reserva quase triangular, integrando instrumentos musicais de corda e de sopro (violino, trombone e clarinete; braguesa, flauta e pandeireta; braguesa, violino e clarinete; trobone, clarinete e flauta) envolvidos por fitas; na parte concava, junto à sanca e aos cantos, urnas encimando conchas simétricas, que por sua vez, são encimadas por folhas de acanto de perfil, ladeadas por reservas de amores-perfeitos embrincados; ao longo da sanca, na zona intermédia, elemento polarizador em ramo de folha de acanto de perfil na parte superior e, de frente na parte inferior, ladeada por reservas ovaladas terminando em enrolamentos de cornucópia lançando pequenas folhas de hera, tendo ao centro ramo de flores campestres simétrico e folhas lanceoladas; o fundo é de cor verde água com ornamentação a branco e ouro. SALA DE JOGOS: acesso feito por vão ladeado por duas colunas torsas de estilo barroco, decoradas com aves, folhas de videira e cachos de uvas, terminando em capitel coríntio e por pilastras com cneluras evidenciando pequenos florões de margaridas e enrolamentos vegetais dentro de reservas; tecto com florão central de cinco filas de folhas de acanto, criando a ilusão de flor a desabrochar, ladeada por duas reservas circulares de flores embrincadas envolvendo enrolamentos vegetais; a rodear, nos dois lados, dois anjos de braços e asas abertas tendo a terminação do corpo, abaixo da cintura, em folhas de acanto, segurando em grinaldas de flores de roseira, envoltas em enrolamentos vegetais; envolvendo a zona central delimitada por rectangulo, desenvolvem-se jogos de flores e enrolamentos vegetais terminados em urnas com rosas; primeiro friso de dentículos, o segundo folha de acanto enrolado em fita e o terceiro com folha de videira e cachos de uvas; a zona concava do tecto apresenta, nos cantos, meninos a meio corpo, segurando grinaldas de rosas com florões em margaridas, terminando em folha de acanto e enrolamentos vegetais; oito águias de frente, com asas semi-abertas e olhando para o lado direito, distribuem-se, pousadas, ao longo das grinaldas; complecta o tecto novo friso de folhas de videira e cachos de uvas e outros frisos com dentículos lanceolados; sobre os três vãos de porta que abrem para a sala, e nos quatros vãos de janelas, encontram-se reservas com folhas de acanto, de perfil, terminando em dois enrolamentos vegetais sobre os quais, duas figuras femininas reclinadas e desnudas, da cintura para cima, seguram cornucópias. SALÃO DE BAILE / SALA DE MÚSICA: de planta rectangular apresenta tecto ornamentado com grande florão central com elementos vegetalistas de gosto barroco co predominância de desenhos de liras.; possui quatro níveis de folhas de acanto formando uma rosa desabrochada, terminando em enrolamentos vegetais e flora variada; o primeiro friso circular circular em flor-de-lis e o segundo em folha de acanto cruzada e enrolada em fita; o florão prolonga-se com reservas, rodeadas por enrolamentos vegetais, com anjinhos de pé, sobre fundo rosa, tocando instrumentos musicais (flauta e tambor); o friso final circular apresenta-se envolto por caixotões com decoração de túlipas; o tecto é dividido em caixotões triangulares, quadrados e rectangulares com ornamentações de grinaldas, pequenos florões, enrolamentos vegetais, bailarinas trajando à grega e tocando pandeireta; a parte superior dos vãos, bem como em redor de todo o salão apresenta ornamentação com reservas preenchidas por instrumentos musicais (alaúde, viola, tuba, clarinete, instrumentos de sopro, pandeiretas, pratos, tambores, liras e pautas de música); numa das paredes varandin com gradeamento em ferro forjado, tendo monograma "PM" coroado e, suportado por dois atalantes, a meio corpo, rodeando um espelho de moldura com concha de gosto barroco e reservas delineando florão e enrolamentos vegetais; distribuidos pela divisão surgem pilastras com elemento central de cabeça de anjo ladeada por dragões, com capitel respectivo de estilo coríntio. |
Utilização Inicial
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Residencial: casa nobre |
Utilização Actual
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Política e administrativa: sede de organização político-partidária |
Propriedade
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Privada |
Afectação
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Época Construção
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Séc. 18 / 19 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITECTO: Manuel Joaquim de Sousa (1839). ESTUCADOR: Rodrigues Pita (1846). |
Cronologia
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1784 - construido por Luís José de Brito, contador do Real Erário e tesoureiro das contribuições para a superintendência das Obra das Águas Livres, em terrenos que pertenceram à fábrica de louças do Rato; 1804 - por morte do edificador, D. Helena Pinto de Morais Sarmento, sua viúva, vende-o a Joaquim Pedro Quintela, 1º Barão de Quintela, que promove alguns restauros no edifício; 1817 - após a morte do Barão de Quintela, o imóvel passa à posse de sua neta casada com o 2º Marquês de Viana; 1839 - o Marquês de Viana compra um prédio na Calçada da Louça (actual Bento da Rocha Cabral) e adapta-o para capela da casa com a invocação de Nossa Senhora da Bonança (passando mais tarde a Nossa Senhora da Conceição); esta foi executada por Manuel Joaquim de Sousa; 1846 - data dos estuques realizados por Rodrigues Pita; séc 19, meados - o imóvel é vendido em hasta pública e adquirido por Luís Coutinho de Albergaria Freire, 1º Visconde de Monforte; 1903 - por morte do Marquês de Praia e Monforte, passa para seus filhos, D. Duarte que herda a parte Poente e, D. Maria Francisca da Câmara, Condessa de Cuba, que herda a parte Nascente e capela; 1921 / 1924 - na capela do palácio (de invocação de Nossa Senhora da Conceição) funcionou a sede da paróquia de São Mamede, por o dito templo se encontrar em obras de reconstrução após um incêndio; 1945 - por morte da condessa, a capela é legada, em testamento, ao Patriarcado de Lisboa, e a parte Nascente cabe a seu sobrinho D. Pedro de Sousa Holstein Beck; 1975 - instalação da sede nacional do Partido Socialista. |
Dados Técnicos
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Materiais
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Fachadas de alvenaria mista com reboco pintado; portas e janelas de madeira; pavimentos de madeira e de pedra; paredes interiores de alvenaria rebocadas a estuque; tectos de estuque em relevo pintados e dourados: balaustradas em ferro forjado. |
Bibliografia
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ARAÚJO, Norberto de, Inventário de Lisboa, Fasc. VIII, Lisboa, 1950 |
Documentação Gráfica
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Documentação Fotográfica
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IHRU: DGEMN/DSID |
Documentação Administrativa
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Intervenção Realizada
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1939 - arranjo urbanístico do Largo do Rato leva à rectificação da fachada Poente (Rua das Amoreiras) passando a existir uma porta de serviço ao nível térreo. |
Observações
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Autor e Data
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João Machado 2005 |
Actualização
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