Quartel do Trem / Escola Superior Agrária de Elvas
| IPA.00026791 |
Portugal, Portalegre, Elvas, Assunção, Ajuda, Salvador e Santo Ildefonso |
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Trem de artilharia para fabrico, reparação e armazenamento de apetrechos e munições militares, com construção iniciada no final do séc. 17 e concluída na segunda década do 18, adaptado a instituição de ensino, já no séc. 21. Implantado no interior de um meio baluarte da praça e nas imediações de uma das suas portas, para garantir a sua defesa e facilitar a distribuição dos materiais, à semelhança do que acontece com o Trem de Almeida (v. IPA.00009517), apresenta amplas dimensões e planta poligonal irregular, composta por vários corpos adaptados à estrutura militar, com fachadas desenvolvidas num ou dois pisos, à volta de pátio central descoberto. A ala principal, virada à via, desenvolve-se em dois pisos, com estrutura bastante possante, tendo as paredes 3,70m de espessura e o interior coberto por falsas abóbadas de berço, e a fachada principal austera e de linguagem clássica, firmada por pilastras, rematada em friso e cornija, de massa, alteada ao centro, formando falso frontão curvo, e de fenestração regular. O primeiro piso, em talude, é rasgado por janelas jacentes, com grande enxalço interior, algumas tendo servido de canhoneiras, separando-se do andar nobre por cordão, o qual é iluminado com janelas de varandim, de moldura encimada por friso e cornija reta. Este esquema é apenas interrompido ao centro, decorativamente mais rico, e em plano intermédio, onde se abrem portais de acesso à capela e a dois vestíbulos, com arco de volta perfeita sobre pilastras, de aparelho rusticado. A capela tem o portal entre duplas pilastras, sustentando entablamento, encimado por janela de sacada de verga reta, entre duplas pilastras e aletas, sobreposta por tabela retangular e as armas de Portugal, também entre aletas e pináculos, em bola. Realça-se a porta de madeira com bandeira decorada em ferro recortado, com as armas reais e cartela inscrita com a data de 1718, e a guarda da janela, em ferro forjado e perfil recortado, de grande elegância, com balaústres, arcos e guarnições decoradas com vários motivos incisos, tendo a data de 1716 inscrita e esferas armilares igualmente ornadas. Interiormente, a capela tinha espaço único, marcando na parede testeira a zona da estrutura retabular, em arco de volta perfeita, realçado com decoração em estuque, de feitura posterior. Nos eixos intermédios, o esquema é mais simples, surgindo o portal entre contrafortes, encimado por janela de sacada superior, com esferas armilares nos ângulos da guarda, muito mais sóbria. Os vestíbulos, de eixo longitudinal, acedem lateralmente a salas amplas, a espaços de arrumos (a poente) ou às escadas para o andar nobre (a nascente), respetivamente por portais em arco abatido ou de volta perfeita, sobre pilastras. As quatro salas são amplas, tendo funcionado nas duas do lado poente o presídio, entre 1821 e 1911, e na do topo nascente, uma cavalariça, possivelmente desde 1887, data em que foi entregue à Companhia do 4º batalhão da guarda-fiscal, conservando ainda as manjedouras. As portas exteriores dos vestíbulos e as laterais do disposto a poente, de acesso ao presídio, apresentam um trabalho de ferragens semelhante a uma das portas do 2.º piso do Hospital São João de Deus (v. IPA.00026795), indiciando a sua feitura pelo mesmo mestre, integrando as interiores postigos muito interessantes. O andar nobre organizava-se numa única sala, com cerca de 10m de comprimento e 7m de largura, denominada sala de armas, mas que, em 1900, estava subdividido em quatro, possuindo "prateleiras" com quadros a óleo, de "pouco valor artístico", existindo 7 na metade nascente, a que se chegou a negociar ceder para a Câmara ali instalar a cadeia. Os restantes edifícios do Trem, à volta do pátio, onde funcionavam as várias oficinas e as latrinas (no ângulo noroeste), têm um ou dois pisos, adaptados ao declive do terreno, e linguagem muito mais simples, sendo interiormente cobertos por falsas abóbadas de berço e iluminados por janelas retilíneas que, no segundo piso, são conversadeiras, sendo os antigos acesso s feitos por portais em arco sobre pilastras, com linguagem igual aos dos vestíbulos. De notar que conserva o antigo espaço da casa do cofre, coberto por fala abóbada de aresta, na intercessão da ala sul com a poente, e a cisterna do pátio, com boca octogonal, havendo referência a uma segunda cisterna, integrada na oficina dos ferreiros e assinalada na planta de 1900 no corpo norte, atualmente coberto por terraço. |
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Número IPA Antigo: PT041207030152 |
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Registo visualizado 1730 vezes desde 27 Julho de 2011 |
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Edifício e estrutura Edifício Armazenamento e logística Trem de artilharia
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Descrição
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Planta poligonal irregular, composta de vários corpos, organizados à volta de um pátio central, descoberto. Volumes articulados, com coberturas diferenciadas, em telhados de uma água, na ala poente e norte, ou duas águas, na ala sul e nascente, rematados em beirada simples, e em terraço num pequeno corpo a norte; à exceção da ala principal, todas as outras são posteriormente protegidas por anteparo mais alto. ALA SUL com fachada principal virada a sul, de cunhais apilastrados e de dois pisos, separados por cordão de cantaria, o primeiro em talude e o segundo rematado em friso e cornija, de massa, alteada ao centro, formando falso frontão curvo. É rasgada regularmente por 13 eixos de vãos, três com portais, e os restantes formados por janelas jacentes, no piso térreo, retilíneas, molduradas e gradeadas, e por janelas de varandim, com moldura encimada por friso e cornija reta, e guarda em ferro forjado, no andar nobre. No eixo central abre-se portal, de cantaria, em arco de volta perfeita, de aparelho rusticado, sobre pilastras semelhantes, entre duplas pilastras, que sustentam entablamento e balcão da janela de sacada superior. Esta possui verga reta e é ladeada por duplas pilastras, a interior almofadada, e aletas, sustentando entablamento, encimado por tabela retangular lisa e brasão, com armas de Portugal, entre aletas e pináculos em bola, no alinhamento das pilastras, tendo guarda em ferro forjado, decorada com vários motivos. Os eixos intermédios são formados por portal, em arco de volta perfeita, de aparelho rusticado, sobre pilastras semelhantes, entre contrafortes, e por janela de sacada, ao nível do segundo piso, também encimada por friso e cornija reta, com guarda em ferro forjado, tendo nos ângulos esferas armilar, também em ferro. A fachada posterior deste corpo, formando recorte no ângulo nascente, no enfiamento do portal intermédio, tem apenas um piso, rasgado em ritmo irregular por vãos retilíneos, com molduras pintadas de branco, desenvolvendo-se no ângulo poente escada. No INTERIOR o espaço do piso térreo é estruturado por três eixos longitudinais, no enfiamento dos portais da frontaria, correspondendo, ao centro, à antiga capela e à atual entrada principal, e a dois vestíbulos intermédios, intercaladas por quatro amplas salas retangulares. O vestíbulo central apresenta espaço único, coberto por falsa abóbada de berço abatido, tendo marcado na parede testeira a zona de antiga estrutura retabular, definida por arco de volta perfeita, com friso e fecho pintado de ocre, sobre pilastras de massa almofadadas, interiormente coberta por falsa abóbada de berço, ornada de apainelados de estuque, pintados de ocre, flanqueado por dois pequenos espaços de arrumos, fechados por porta de madeira. Os vestíbulos intermédios possuem pavimento em calçada ou, no disposto a nascente, também em cantaria, e coberturas em falsa abóbada de berço abatido, comunicando com as salas laterais por portais em arco abatido, sobre pilastras, os do lado poente com portas de madeira, integrando postigos. De cada lado possuem ainda portal mais estreito, em arcos de volta perfeita sobre pilastras, os do vestíbulo poente de ligação a pequenos arrumos, e os do vestíbulo nascente, de ligação ao segundo piso, por escadas de cantaria; este vestíbulo abre-se ao pátio, por arco abatido. As salas são amplas e possuem cobertura em falsa abóbada de berço abatido; as dispostas a poente correspondem ao atual auditório Nuno de Oliveira, precedido por parede divisória e com pavimento rebaixado, em soalho, e à sala multiusos, com pavimento em lajes de cantaria. Na antiga capela, abre-se, para nascente, corredor de ligação às outras salas, a intermédia subdividida em mais de uma sala, e a do topo, parcialmente seccionada com estruturas ligeiras, mas conservando num dos lados manjedouras. O segundo piso tem a primitiva sala ampla, coberta por falsa abóbada de berço, e com janelas conversadeiras, atualmente subdividida em vários espaços funcionais, em algumas zonas com corredor de distribuição, dispondo-se no topo poente a biblioteca. As outras alas desenvolvem-se num ou dois pisos e têm as fachadas viradas ao pátio central pintadas de branco e a terminar em friso e cornija, de massa. A ALA POENTE, de apenas um piso, tem a fachada rasgada por vãos recentes retilíneos, sem moldura. A ALA NORTE tem igualmente um piso, mas é mais alta, sendo rasgada por vãos retilíneos e um em arco, moldurados a cantaria. A ALA NASCENTE desenvolve-se num ou dois pisos, adaptados ao declive, com a fachada rasgada, por janelas retilíneas, molduradas, as do piso térreo jacentes e gradeadas, e por dois portais, em arco abatido sobre pilastras, existindo ainda duas portas de verga reta, uma delas, precedida por escada de cantaria com balcão, de guarda plena. O INTERIOR, subdividido em várias salas e espaços funcionais, por estruturas amovíveis, tem cobertura em falsa abóbada de berço ou plana, e janelas conversadeiras, no segundo piso. PÁTIO de cota sobrelevada, pavimentado a paralelos, parcialmente delimitado por guarda em ferro, com rampa ao longo da ala sul e nascente; o pátio é pontuado de árvores, tendo canteiros a bordejar as alas poente e norte, integrando cisterna com boca octogonal, com guarda em mármore. |
Acessos
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Assunção, Avenida 14 de janeiro. WGS84 (graus decimais) lat.: 38,881179; long.: -7,167565 |
Protecção
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Incluído no Núcleo urbano da cidade de Elvas / Cidade Fronteiriça e de Guarnição de Elvas (v. IPA.00001839) e na Zona de Proteção da Fortaleza de Elvas (v. IPA.00035956) |
Enquadramento
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Urbano, adossado, no interior da praça de Elvas, na zona mais a poente da mesma, ocupando o meio baluarte da Gávea, ou do Arsenal, conforme é designado na planta da praça de Miguel Luiz Jacob, de 1757, circundado por estrada militar, fechada lateralmente. Implanta-se adaptada ao declive do terreno, de cota mais elevada no pátio e zona a norte, nas imediações da Porta da Esquina. A poente adossa-se edifício do antigo Quartel do Calvário, ao qual se segue o Paiol de Nossa Senhora da Conceição (v. IPA.00028667). Em frente, ergue-se o Convento de São Paulo (v. IPA.00014243) e, para nascente, a Casa das Barcas / Mercado Municipal de Elvas (v. IPA.00026777), a Casa dos Fornos (v. IPA.00035918), o Quartel de São Martinho / Quartel da Rua dos Quartéis (v. IPA.00035791), a Igreja de São Martinho / Capela de Nossa Senhora da Guia (v. IPA.00026775) e o edifício do Conselho de Guerra (v. IPA.00026790). |
Descrição Complementar
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A porta do portal central da frontaria, de duas folhas, possui bandeira com réguas metálicas trevadas, contendo grossos rebites, enquadrando brasão com as armas de Portugal, entre aletas, e cartela inscrita, com a data de "1715". A janela de sacada superior tem guarda de perfil recortado, decorada por frisos e argolas incisas, com arcos sustentados por balaústres, os do alinhamento da pilastra mais saliente torsos e coroados por esferas armilares também com motivos incisos, e acrotérios canelados. O acrotério central é sobreposto por folha, com motivos incisos e o rodamão é encimado pela inscrição relevada "ERA DE 1716". As portas dos eixos intermédios, também de duas folhas, possuem réguas metálicas trevadas na zona central e integram postigo. O portal intermédio nascente é ladeado por guarita quadrangular, com cobertura piramidal. No atual vestíbulo existem duas placas metálicas com as seguintes inscrições: "Instalações da ESAE (2ª Fase) / Inauguradas em / 25 de Novembro de 2005" e "Escola Superior Agrária de Elvas 7 Instalações Definitivas / Inauguradas em 26 de Novembro de 2007 / INSTITUTO POLITÉCNICO / de PORTALEGRE". |
Utilização Inicial
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Armazenamento e logística: trem de artilharia |
Utilização Actual
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Educativa: escola superior |
Propriedade
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Pública: estatal |
Afectação
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Ministério da Educação, auto de cessão e reafetação de 01 agosto 2000 |
Época Construção
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Séc. 17 / 18 / 21 |
Arquitecto / Construtor / Autor
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ARQUITETO: João Cardoso (2004-2007). |
Cronologia
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1643 - a Fazenda Real expropria à confraria da Misericórdia da cidade umas casas no cimo da Rua de São Francisco, pela quantia de 103$000, para instalação do Trem de Elvas; 1649 - segundo o pároco da freguesia da Sé nas Memórias Paroquiais de 1758, no local do atual Trem, constroem-se, por ordem do engenheiro João Paschasio Cosmander (que nesta data já havia morrido), uns alpendres ou telheiros, para os oficiais que trabalhavam nas armas e apetrechos de guerra; 1688 - início da construção da cisterna grande do edifício; 1691 - conclusão da construção da cisterna grande do edifício; 1694, novembro - data normalmente apontada para o início da construção do atual edifício do Trem, por determinação de D. Pedro II, no local onde existiam os referidos alpendres; no edifício do Trem procede-se ao fabrico, reparação e armazenamento de apetrechos e munições militares *1; 1703 - em período de paz o Trem ocupa continuamente 16 oficiais de serralheiros, conforme se depreende de documento que escusa dos cargos municipais e de servir nas campanhas da ordenança o mestre serralheiro da praça; este recebe então $150 por dia, tem na sua oficina sempre 16 oficiais a limpar e consertar as armas, está continuando a fábrica das pistolas, mostrando-se sempre pronto para ir visitar todos os armazéns da província; 1706 - chegam dos "baluartes da praça de Valença" seis imagens antigas de madeira, as quais são colocados no edifício; 1715 - continuam a decorrer obras no móvel; 1716 - data inscrita na sacada que encima o portal central da fachada principal, assinalando a colocação das guardas, em ferro, nas janelas; 1718 - data inscrita no portal central, em ferro recortado; 1723, 04 junho - manda-se construir a oficina dos ferreiros, na zona de cota mais elevada do pátio, albergando cisterna; 1735 - recebe-se no Trem uma encomenda de Lisboa para fornecimento de cerca de 1000 espingardas; 1757 - planta da Praça de Elvas e seus contornos, do capitão de engenharia Miguel Luiz Jacob, na sua visita geral de 1755, assinalando o quartel do Trem e legendando-o como arsenal; 1758, 30 maio - descrição do edifício nas Memórias Paroquiais da freguesia da Sé *2; 1821 - o presídio militar funciona no piso térreo, pelo menos desde esta data; 1821 - 1844 o número mensal de presos varia entre 50 e 112; 1868 - extinção do Trem, com a reorganização do Arsenal do Exército, conservando-se como armazém e depósitos, com a designação de "Extinto Trem"; 1875 - aqui funciona o presídio militar; 1886 - devido à retirada para a capital dos poucos operários que ali ainda havia, o edifício passa a servir de Depósito de Artigos de Guerra da Praça ou Reserva de Equipamento de Guerra; com os operários, sai do Trem uma cruz de prata, de mais de 4 kg, e uma lâmpada, também de prata, com c. 6 kg, que havia servido em tempo para o culto de Santa Bárbara e haviam pertencido ao antigo Regimento de Artilharia 3; no mesmo ano vai também para Lisboa o Estandarte Real do Trem, que fora uma oferta de D. João V; 1887 - o edifício é entregue ao Ministério da Fazenda, por empréstimo, e convertido em quartel e secretaria da 1ª Companhia do 4º batalhão da guarda-fiscal e em cavalariça da secção de cavalaria da mesma guarda (ALMADA, p. 338); 1889, cerca - segundo Victorino d' Almada, o arsenal é ocupado nos altos pela pagadoria da 7ª divisão militar, e pela repartição fiscal dum comissário de mostras, e os baixos por duas ou três atafonas, aproveitadas somente nos anos de estiagem, em que as azenhas de Varche e os moinhos de Guadiana não davam farinha suficiente para o consumo da cidade; 1900, 10 dezembro - planta do edifício pelo tenente de engenharia Adolpho Guimarães; 1901 - o Ministério da Guerra concede à Câmara Municipal de Elvas, por empréstimo, e enquanto dela não necessitasse para o seu serviço, a prisão do edifício do ex-Trem da praça, medindo 25,0 x 6,70, bem como a parte superior do mesmo edifício que está por cima da mesma prisão, a fim de para ali se mudar a prisão da comarca e dependência; 26 janeiro - data da planta da parte noroeste do edifício do Trem e edificações adjacentes a ser cedida à Câmara; 28 janeiro - envio ao chefe de Estado Maior da Direção Geral do Serviço de Engenharia de uma planta dos armazéns do edifício, situados a noroeste do portão principal do edifício, e que serviam de prisão militar, bem das edificações do Estado adjacentes até às Portas da Esquina; 22 março - nota n.º 300 de Inspeção do Serviço da engenharia da 4.ª Divisão Militar, a lembrar a necessidade de retirar os quadros a óleo existentes na parte do edifício do Trem a ceder à Câmara, "de tal ou qual merecimento, senão artístico pelo menos histórico", e de remetê-los para o Museu Militar; 26 março - orçamento da obra de desmancho de prateleiras e tarimbas na parte do edifício a entregar à Câmara, orçadas em 15$000, sendo 2$000 de tirar 7 quadros, $960 de tirar 48m de cimalha, 6$:500 de desmanchar 130m2 de prateleira, 4$464 de trabalhos imprevistos; 28 março - o governador da praça de Elvas informa que os quadros a que se referia a nota do Ministro não podiam ser retirados do lugar onde se acham sem sofrerem grande deterioração, porém o Ministro autoriza o Diretor Geral do Serviço de Engenharia a mandar proceder às diligências precisas para que os quadros fossem retirados do local, com o devido cuidado, para depois serem entregues no museu da artilharia; 22 julho - determina-se ao Governo da Praça de Elvas que mande pôr à disposição da Direção Geral do Serviço de Artilharia, os quadros que existiam nas dependências do extinto Trem e que se acham arrecadados nuns armazéns da mesma praça, a fim de serem colocados no museu da mesma Direção-Geral; 30 julho - ofício de Francisco Augusto Gomez Teixeira, tenente da engenharia e chefe da Secção ao inspetor do Serviço de Engenharia da 4.ª Divisão Militar, 2.ª Secção, referindo que "segundo informações que colhi, não existem arrecadados em nenhum armasem da Praça qualquer quadros pertencentes a dependências do extinto Trem. Os quadros da sala nobre daquele edifício estão ainda ali colocados nos locais onde primitivamente foram postos e julgo que não devem d'alli ser tirados a não ser que sejam desmanchadas as prateleiras de que fasem parte. Acresce ainda que estão em sitio onde se não danificam e o seu pouco valor artístico não justifica a sua transferência. É possível que tenha havido equivoco julgando-se que tivessem sido arrancados sete desses quadros na parte do edifício que devia ser entregue à Câmara Municipal d'esta cidade e que o não chegou a ser por ter a mesma Câmara desistido da sua posse"; 1902 - passa a funcionar numa parte do piso térreo uma cavalariça (Morgado, p. 46) e outra parte do edifício é ocupado pelo Regimento de Caçadores n.º 8; 1909, 21 maio - auto de entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 4 da parte do r/c do edifício do extinto Trem, que foi adaptado e onde foi instalado o parque das metralhadoras do dito batalhão e cavalaria dos respetivos solípedes; as casas entregues (parque e cavalariça) acham-se em bom estado de conservação, necessitando todavia de reparação a calçada da cavalariça; 1910, 05 outubro - auto de entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 4 do armazém n.º 1 do extinto Trem, constando de uma casas térreas com três janelas gradeadas, para o exterior, e de uma porta, que dá saída para o corredor de entrada para o referido edifício, achando-se tudo em boas condições; 1911 - desativação do presídio militar; 22 março - exposição da Câmara ao Ministro da Guerra solicitando, entre outras coisas, a cedência de parte do andar térreo do extinto Trem, para transferência da cadeia civil, que se acha pessimamente acomodada nos baixos da administração do concelho; 19 julho - analisando o assunto, a Inspeção das Fortificações e Obras Militares refere que quanto à cedência de parte do r/c do Trem, na parte atualmente destinada a prisão das praças, a Inspeção diz que o edifício é muito extenso e está em grande parte desocupado, posto que se acha entregue à secção do material de guerra da praça; dá parecer que, existindo em cada um dos quartos da guarnição uma prisão destinada às praças que constituem nas condições em que o regulamento disciplinar preceitua tal situação, se torne desnecessário uma outra provisão para cumprimento das penas infligidas pelo governo da praça, podendo assim ser cedido à Câmara para instalação da cadeia civil a parte do edifício a que se refere a sua apresentação (Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 15/Elvas - Casa das Barcas); 1926 - determina-se que a parte do edifício do Trem onde está instalado o quartel do Grupo de Baterias de Artilharia a cavalo n.º 1, deve ser entregue ao Batalhão de Caçadores n.º 8, por dela carecer; 1928, 08 maio - auto de entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 8; verifica-se que no corpo da frente e no que fica a nascente, os pavimentos necessitam reparos, os caixilhos das vidraças e as portas de reparação e pintura, encontrando-se a parte restante do edifício ou seja, o corpo poente, bastante arruinado e com necessidade urgente de reparações para que a sua ruína não seja completa em pouco tempo; em todo o edifício é preciso proceder-se a esboços e caiações; 1929, 27 junho - auto de entrega ao Batalhão de Caçadores n.º 8 do terreno à volta do edifício, constituído pela rua militar nas suas traseiras e cortina de ligação do meio baluarte do Trem e o da Conceição, o qual devia "somente pode ser destinado a instrução"; 1932, 27 junho - auto de entrega à Câmara de uma parcela de terreno da Rua Militar à volta do edifício do extinto Trem; 1940, 31 dezembro - data do Tombo do edifício, descrito como sendo composto por três corpos com um pátio central, calcetado, e duas cisternas; o corpo da frente e uma terça parte que fica a nascente tem dois pavimentos e a parte restante, tem apenas um; tem a área coberta do primeiro pavimento 3190m2 e do segundo pavimento 1990m2; é ocupado pelo Batalhão de Caçadores n.º 8, e tem o valor de 1.241.200$00; 1946 - pedido para calcetamento de parte do terreno em volta do edifício do extinto Trem, Batalhão Caçadores n.º 8; 1978, 24 novembro - aqui está instalado o Batalhão de Instrução do Regimento de Infantaria de Elvas, encontram-se também na área coberta do r/c arrecadações do material de aquartelamento do RIE; 1987 - estudo de transferência do Depósito Disciplinar do Forte da Graça para o Quartel do Trem, então ocupado pelo RIE, com uma companhia de instrução e alguns órgãos logísticos; 1989 / 1990 / 1991 - remodelação da cobertura de todo o edifício; 1991 - desativação do quartel, passando a ter apenas um serviço de guarda; 1992, 27 outubro - informação do major de engenharia Alfredo António Neves, chefe da Delegação em Évora da Direção de Serviço de Fortificações e Obras do Exército, relata que o edifício onde a Delegação da Manutenção Militar de Elvas está instalada, o PM -10/Elvas - Quartel do Assento, irá ser alienado, tornando necessário transferir as instalações para outro prédio militar; analisadas as várias hipóteses na cidade, considera-se que o mais favorável para a sua instalação é parte do r/c do Quartel do Trem *3; 1993, 28 setembro - CESP do General Q.M.G. concordando com a instalação da delegação da Manutenção Militar no edifício, o que nunca se chega a concretizar; 1994, 19 dezembro - por Decreto-lei n.º 304/94 cria-se a Escola Superior Agrária de Elvas (ESAE), integrada no Instituto Politécnico de Portalegre; 1995, 28 julho - Decreto n.º 190/95, DR, 1.ª série-A, n.º 173, procede à desafetação do domínio público de vários imóveis e autoriza a sua alienação, em regime de hasta pública, ou em regime de cessão a título definitivo e oneroso, definindo as modalidades de que a mesma se deve revestir; 1996 - Despacho n.º 14-XIII/SEES/96 do Secretário de Estado do Ensino Superior constituindo o Conselho Científico da Escola, composto por professores da Universidade de Évora (António Cipriano Pinheiro, José Nobre de Oliveira Peça e Manuel Torres Antunes Barradas), do Instituto Superior de Agronomia da Universidade Técnica de Lisboa (Carlos Alberto Martins Portas, José Paulo Pimentel Castro Coelho, Pedro Lynce de Faria), Estação de Melhoramento de Plantas (Francisco Bagulho) e Escuela de Ingenierías Agrártia da Universidad de Extremadura (Leopoldo Olea Marquez de Prado); 1997 - 1998 - negociações com a Direção-Geral de Infraestruturas do Ministério da Defesa para a definição de valores e formas de pagamento do edifício; 1998 - início do levantamento topográfico do imóvel; 1999, 10 março - publicação do Despacho conjunto do Ministério da Defesa Nacional, das Finanças e da Educação (de 31 de dezembro de 1998),n.º 221/99, em DR 2.ª série, n.º 58, a autorizar a reafetação ao Ministério da Educação do PM 86/Elvas - Quartel do Trem mediante uma compensação financeira de 230.000.000$00; desenvolvimento de escavações arqueológicas no local; concurso para adaptação do imóvel a estabelecimento de ensino e execução do projeto; 2000, 01 agosto - auto de entrega e reafetação do edifício ao Ministério da Educação para instalação da Escola Superior Agrária de Elvas/IPP, sendo abatido do cadastro do Ministério de Defesa Nacional; 2000 - 2001 - o Instituto solicita a cedência, para exploração agrícola, das propriedades rústicas das Herdades do Colégio e de Campos, ao Instituto de Reinserção Social e Instituto de Gestão Financeira e Patrimonial da Justiça, não recebendo qualquer resposta; 2001, 15 janeiro - auto de entrega do PM 86/Elvas - Quartel do Trem ao Ministério da Educação, na pessoa do Presidente do Instituto Politécnico de Portalegre, Doutor Nuno Manuel Grilo de Oliveira; candidatura ao PRODEP III e abertura de concurso de empreitada de remodelação e readaptação do imóvel; 2004 - obras de remodelação do edifício - 1.ª fase, por administração direta; o projeto teve a supervisão do Gabinete Técnico do Instituto Politécnico de Portalegre, coordenado pelo arquiteto João Cardoso, contando ainda com a colaboração dos técnicos João Novo, Álvaro Setoca, Fernando Couto, Rui Pernas, José Pissarra, Carlos Paulino, Manuel Mourato e José Dinis, dos Serviços Auxiliares e de Manutenção do Instituto; 1.º semestre - transferência para o edifício das atividades letivas; 2005 - obras de remodelação do edifício - 2.ª fase, por administração direta; 1.º semestre - transferência para o edifício dos serviços administrativos, biblioteca, gabinetes de docentes, relações públicas, serviços académicos, associação de estudantes e conselho diretivo da Escola Superior Agrária; 25 novembro - inauguração das instalações da Escola Superior Agrária de Elvas (2.ª fase); 2007, 1.º semestre - início de obras que permitissem a utilização plena das instalações do edifício, com criação de um auditório, uma clínica veterinária e diversas salas de aula e espaços laboratoriais; 26 novembro - inauguração das instalações definitivas da Escola Superior Agrária de Elvas. |
Dados Técnicos
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Sistema estrutural de paredes portantes. |
Materiais
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Estrutura rebocada e pintada; placas de betão; pilastras, cordão e molduras dos vãos em cantaria de granito; grades e guardas em ferro forjado; gatos de ferro; vidraças e guarda-vento em vidro simples; silhares de azulejos policromos; trabalhos de estuque na capela; pavimento cerâmico, de diferentes tipos, em lajes de cantaria, soalho de madeira e calçada; enxalços dos vãos em tijoleira; cobertura em telha. |
Bibliografia
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AA.VV - Fortificações de Elvas. Proposta para a sua inscrição na lista do Património Mundial. Elvas (Portugal): texto policopiado, 2008; ALMADA, Victorino d' - Elementos para um Dicionário de Geographia e História Portugueza Concelho d'Elvas. Tomo 1, Elvas: Typ. Elvense, de Samuel F. Baptista, 1889, vol. 2 (p. 318); BARRADAS, Gonçalo, BARRADAS, Manuel, Escola Superior Agrária de Elvas - notas sobre o seu passado, presente e futuro, in, Elvas Caia - Revista Internacional de Cultura e Ciência, n.º 1, Elvas / Lisboa, Câmara Municipal de Elvas / Edições Colibri, 2003, pp. 255-274; BUCHO, Domingos - Cidade-Quartel Fronteiriça de Elvas e suas Fortificações. Lisboa: Edições Colibri; Câmara Municipal de Elvas, 2013; CÂMARA MUNICIPAL DE ELVAS - Duas décadas de Poder Local. Elvas: Vírgula Desgin, 2013, p. 92; «Ensino Superior Perto de Si!» (), [consultado em 21 novembro 2017]; KEIL, Luís - Inventário Artístico do Distrito de Portalegre. Lisboa: Academia Nacional de Belas Artes, 1943; MORGADO, Amílcar F. - Elvas: Praça de Guerra, Arquitectura Militar. Elvas: Câmara Municipal de Elvas; Grupo de Apoio e Dinamização Cultural de Elvas (G.A.D.I.C.E.), 1993. |
Documentação Gráfica
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Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 86/Elvas - Quartel do Trem (Cx. 1, Processo n.º 1) |
Documentação Fotográfica
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DGPC: SIPA |
Documentação Administrativa
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Direção de Infraestruturas do Exército: Tombo dos Prédios Militares: PM n.º 86/Elvas - Quartel do Trem, PM n.º 15/Elvas - Casa das Barcas; DGALB/TT: Memórias Paroquiais, vol. 13, n.º (E) 14, p. 71 a 106 (Sé); Conservatória do Registo Predial de Elvas, Matriz Predial Urbana da freguesia de Nossa Senhora da Assunção, art.º 135 e 136, Livro M/26-150 *4 |
Intervenção Realizada
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Observações
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*1 - No Trem procedia-se à reparação e fabrico de espingardas, fornecimento de mochilas e cartuchos para clavina, pedreneiras e armamentos completos para a Infantaria; construção de carretas de madeira para transporte de diverso material; fabrico de granadas de mão, fabrico de um barco para permitir aos correios atravessar o rio Caia, facilitando assim a correspondência entre Portugal e Espanha; execução de todas as obras de ferro ou madeira necessárias para a conservação da praça e seus fortes. Nas várias oficinas trabalhavam ferreiros, serralheiros, coronheiros, torneiros, tanoeiros, sapateiros, correeiros, bainheiros, chaveiros, fundidores, serventes, etc. Os materiais necessários para fornecimento das oficinas do Trem eram adquiridos na localidade ou, como por exemplo, as madeiras, eram fornecidas pelos pinhais e matas do Estado, pelo Arsenal do Exército ou pelo Trem de Estremoz. Segundo Amilcar Morgado, em noites de gala, a fachada era iluminada por 377 lanternas. *2 - Segundo as Memórias Paroquiais da freguesia da Sé, "(…) no Largo, que faz transito para a porta da Esquina sta hum grande armazém chamado o Trem, no qual há hum Almoxarife Com seu scrivão e dous ajudantes. Hé edifício grãdioso Com 3 grandes e formosas portas, 13 grandes e formosas janelas Com suas grades de ferro postas no anno de 1716 sendo no anno de 1715 acabado este edifício que se tinha principiado em Novembro de 1694, no mesmo Logar, em que, no anno de 1649 se tinhão feito alguãs alpendoradas, ou telheiros, por ordem e direção do Coronel engenheiro o Revdº Pe. da Companhia de JESUS João Pascacio de Cosmandel; para os officiaes, que trabalhavão nas armas, e apetrechos de guerra. Nos altos d'este armazém se fizeram muitos Cabides de madeira, para accommodação das armas: E dous nichos, em que se colocarão as imagens de N. S. da Conceição, e sancta Barbara: E no meio, defronte da janela, que fica sobre a porta principal (que hé de Cantaria de pedra grosseira suficientemente Lavrada) sta hum retrato de D. João o 5.º de saudosa memoria. Dentro d'este edifício há hum grande pátio triangular, e, no meio d'elle huã grande Cisterna principiada no anno de 1688, e finalizada no de 1691. Tem em Circuito mutas officinas, e no Cimo das dos ferreiros, (que se fizeram por ordem de 4 de Junho de 1723.) há outra Cisterna, Com seu patim; junto da qual sta huã Casa Com 3. fragoas para os serralheiros: tudo feito Com grandiosa magnificência. Achãosse, n'este armazém, 6 imagens de pão já velho, que eram de diversos sanctos, Cujos nomes hoje se ignoram; stavão nos baluartes da praça de Valença, e se trrosserão para esta, no anno de 1706, em que a Rendeu o nosso exercito". *3 - Esta área permitia instalar na zona 1, todo o equipamento de frio, dispondo ainda de espaço para armazenamento de víveres não sujeitos a conservação em frio; a zona 2 permitia criar uma zona de carga e descarga e ainda um WC para apoio de pessoal da Delegação; a zona 3 permitia criar uma área administrativa com 1/2 compartimento ligado ao armazém e área de carga e descarga. Para esta instalação da Manutenção, o edifício do Trem precisava de obras de remodelação. *4 - Na Matriz Predial Urbana o edifício é descrito do seguinte modo: confronta a norte e nascente com o baluarte do Trem, a sul com Avenida 14 janeiro e a poente com a cortina da fortificação entre o baluarte do Trem e o baluarte da Conceição. Edifício de três corpos em forma trapezoidal e um pátio com a área total de 4.300 m2, correspondendo 3260 m2 a área coberta e a 1040 m2 área descoberta. O edifício tem na sua maior parte dois pisos, com exceção da parte situada a poente de um só piso. Contudo, face à diferença de cotas, a construção desenvolve-se ao nível de três pavimentos, tendo quatro divisões no primeiro, 15 divisões no segundo e 9 divisões no terceiro piso. |
Autor e Data
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Paula Noé 2017 |
Actualização
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