Igreja Paroquial da Batalha / Igreja de Santa Cruz

IPA.00004060
Portugal, Leiria, Batalha, Batalha
 
Igreja paroquial manuelina, barroca e revivalista, de planta retangular composta por nave com cobertura em madeira de 3 planos e capela-mor com abóbada estrelada. Possui elementos decorativos e estruturais manuelinos. Janelão sobre o portal de recorte barroco. Reconstrução revivalista do remate da torre sineira, erguida do lado esquerdo, de planta quadrada de reduzidas fenestrações, com escadas de pedra em caracol dando acesso ao coro alto e sinos. A existência de mísulas na nave e de contrafortes no exterior supõe uma cobertura inicial da nave em abóbada de nervuras, que já não existia no séc. 17 ( O Couseiro, 1868). A torre neo-manuelina na frontaria substituíu torre mais baixa com sineira de empena aguda. Os dois altares, mor (barroco), colateral esquerdo (renascentista), provavelmente da escola de Coimbra e a pia baptismal são provenientes da igreja do Mosteiro da Batalha.
Número IPA Antigo: PT021004010002
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Religioso  Templo  Igreja paroquial  

Descrição

Planta longitudinal, composta pelos rectângulos da nave e da capela-mor, este de menores proporções e ladeado pela sacristia, tendo adossada no lado esquerdo da fachada principal a torre sineira. Fachadas rebocadas e pintadas de branco percorridas por embasamento em cantaria e rematadas por beiral duplo; volumes articulados com cobertura diferenciada em telhados de 2 águas sobre a nave e a capela-mor, de uma água sobre a sacristia, em coruchéu facetado sobre a torre sineira. Fachada principal orientada a O., delimitada por cunhais em cantaria, e contraforte do lado direito; rasgada por portal em arco policêntrico rematado por pequenos pináculos de folhas, enquadrado por alfiz pouco saliente emoldurado por colunelos facetados com capitéis vegetalistas e faixas decoradas com grutescos, flanqueado por dois nichos vazios, compostos por mísulas e baldaquinos de rendilhados vegetalistas; os pés-direitos são igualmente decorados com grutescos sobre bases facetadas cingidas por anéis, o arco assenta em colunelos com capitéis de folhagem e sobre estes eleva-se outro trilobado guarnecido por grilhagem integrando a decoração do alfiz que se completa com cogulhos, florões e pinhas de folhagem no encontro dos segmentos dos arcos e dois medalhões circulares apostos em escudos recortados, um com esfera armilar,à direita, e outro, à esquerda, com a cruz da Ordem de Cristo encimada por frontão contracurvado. O portal é encimado por janelão de molduras barrocas com frontão contracurvado; remate em empena recortada; corpo da torre sineira de 3 registos separados por friso e cornija, sendo o 1º rasgado por pequena fresta com moldurada em cantaria, o 2º cego e o 3º aberto por ventanas sineiras em arco pleno; a fachada N. da torre sineira apresenta um portal polilobado de perfil rebaixado no 1º registo, pelo qual se acede ao coro alto e aos sinos, e o 2º uma fresta igual à descrita; remate com balaustrada de flores-de-lis e coruchéu piramidal. Fachada lateral S. apresenta um portal em arco polilobado de perfil rebaixado com segmentos inferiormente unidos e rematados por pequenos florões estilizados e pé-direito facetado, gramática que se repete no portal lateral N., localizado no corpo da igreja. Contrafortes escalonados encostam-se às paredes da nave e cabeceira. INTERIOR com guarda-vento em madeira através do qual se acede à nave percorrida por um silhar de azulejos polícromos, de padrão setecentista, com pavimento em lajes e coberta por tecto em madeira, de 3 planos; nos cantos, de um e outro lado do arco triunfal, restos de 2 mísulas; coro-alto de madeira com guarda de madeira em balaústres, sobre a porta axial, assenta em mísulas e 2 colunas de madeira; pia baptismal no sub-coro protegida por balaustrada em madeira; dois altares colaterais ladeiam o arco triunfal, ambos com mesa paralelepipédica e banco forrado a azulejos de padrão; do lado do Evangelho o altar colateral tem um retábulo tipo nicho, de planta recta de três eixos e corpo de 2 registos; eixo central com 2 nichos sobrepostos e eixos laterais igualmente com 2 nichos mas de menores dimensões; remate em frontão contracurvado suportado por 2 atlantes; sobre o altar do lado da Epístola destaca-se uma cruz latina simbolizando o calvário, em azulejos liso, branco, limitado por friso azul e amarelo. Os braços apresentam a marcação das chagas, tendo ao centro a coroa de espinhos e no topo cartela com a inscrição INRI e na base duas tíbias e caveira remetendo para o Monte Gólgota, lugar da crucificação; ao lado do altar um pequeno nicho rectangular para as alfaias litúrgicas, com marcação de arco trilobado na zona superior; a nave abre para a capela-mor por arco trilobado; a capela-mor é coberta por abóbada estrelada tendo no bocete das nervuras um rosetão e o escudo das quinas, descarregando em mísulas; sobre supedâneo de 2 degraus o altar-mor com retábulo de mármore de planta plana de 3 eixos verticais, com 3 nichos sendo o central de maior altura que os laterais, delimitados por colunas salomónicas assentes em mísulas e rematadas por urnas; conjunto encimado por cornija onde assentam 3 frontões interrompidos correspondendo a cada um dos nichos; escudo dos Sousas no frontal. Na capela-mor, do lado da epístola, portal de moldura facetada e arco polilobado de perfil rebeixado, abre-se para a sacristia de planta rectangular. O templo é iluminado pelo janelão do coro alto, por duas janelas com capialço de cada lado da nave e duas na capela-mor. 4 pias de água benta encontram-se localizadas nas entradas da nave.

Acessos

Largo Goa, Damão e Diu; EN. 356, Km. 13,4, Rua António Cândido Encarnação. WGS84 (graus decimais) lat: 39.657865 long:-8.824155

Protecção

Categoria: MN - Monumento Nacional, Decreto de 16-06-1910, DG n.º 136 de 23 junho 1910 / Incluído na Zona Especial de Proteção do Mosteiro da Batalha (v. PT021004010001)

Enquadramento

Urbano, isolado, destacado. Situa-se na zona envolvente do Mosteiro da Batalha (v. PT021004010001), em pleno centro histórico; à sua frente um pequeno adro pavimentado com paralelepípedos e lajes, delimitado por muro, separa-a da EN. 356. A fachada lateral esquerda é separada da via pública por murete, que se une ao muro do adro da Igreja da Misericórdia, (v. PT021004010006), onde se implanta a fachada posterior da igreja. Fronteiro situa-se um edifício do séc. XVIII (v. PT021004010009) e do lado esquerdo o Pelourinho da Batalha (v. PT021004010003).

Descrição Complementar

Utilização Inicial

Religiosa: igreja paroquial

Utilização Actual

Religiosa: Igreja paroquial

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 16 / 20

Arquitecto / Construtor / Autor

ARQUITECTOS: Baltazar de Castro (séc. 20); Boitaca (séc. 16); Mateus Fernandes (conjectural); CANTEIROS: Domingos Vieira; ENTALHADORES: Manuel Álvares (1700).

Cronologia

1514 - Construção de iniciativa régia, a pedido dos habitantes da vila da Batalha que não tinham igreja paroquial; 1532 - data incisa no arco do portal principal; 1532, 26 Dezembro - data da deliberação da Confraria da Misericórdia da Batalha sobre a contribuição desta para as obras da igreja nova que se fazia na vila tendo sido pago o madeiramento, recebido por Diogo de Seixas, escudeiro e vedor da obra da igreja; 1534, 02 abril - aprovação de uma deliberação pela confraria da Misericórdia da Batalha, tendente à concessão de ajuda financeira à construção da igreja Matriz que estava em fase de acabamento; 1534 - 1537 - durante estes anos a confraria da Misericórdia da Batalha contribuiu para a conclusão da obra da igreja de Santa Cruz da Batalha com avultadas somas; 1536 - já existia na igreja a confraria da Santíssima Trindade, que organizava as Festas do Espírito Santo (Pereira, 1987); 1700, 02 fevereiro - contrato com Manuel Álvares para a feitura do retábulo-mor (FERREIRA, 2009, vol. II, p. 535); 1771, 29 novembro - contrato estabelecido entre o Pe. Manuel de Oliveira Soares, cura de Santa Cruz da Batalha, e Domingos Vieira, canteiro, para execução do que pertencia a pedreiro e canteiro na obra que então se fazia; séc. 18 - reconstrução da frontaria; 1834 - a paróquia muda para o Mosteiro devido ao estado de degradação da igreja, tendo esta sido votada ao abandono; 1858 - um abalo de terra faz ruir o tecto em madeira da igreja; as lajes são levantadas e o interior é transformado em cemitério; séc. 19, final - transferência do altar-mor da igreja do Mosteiro da Batalha; 1908, cerca - alteamento e novo remate da torre sineira; 1936 - transferência do altar de mármore do absidíolo S. do Mosteiro (capela dos descendentes de D. Lopo Dias de Sousa) e da pia baptismal do mesmo Mosteiro; revestimento azulejar vindo do extinto convento de Ara-coelis, em Alcácer do Sal; séc. 20, meados - trabalhou nas obras o arquiteto Baltazar de Castro; 1954 - refundição dos sinos da igreja.

Dados Técnicos

Estrutura autoportante e mista

Materiais

Alvenaria e cantaria de pedra calcária; telha cerâmica; vidros martelados coloridos, pedra de Ançã, mármores.

Bibliografia

O Couseiro ou Memórias do Bispado de Leiria, Braga, 1868; Guia de Portugal, vol. II, Lisboa, 1927; DGEMN, A Igreja Matriz da Batalha, Boletim nº 13, Lisboa, 1938; Ministério das Obras Públicas, Relatório da Actividade do Ministério no ano de 1952, Lisboa, 1953; SEQUEIRA, Gustavo de Matos, Inventário Artístico de Portugal, vol. V, Lisboa, 1955; O Mensageiro, Leiria, 1980; Terras da Nossa Terra, Porto, 1989; ESPÍRITO-SANTO, Moisés, O Concelho da Batalha, Batalha, 1987; GOMES, Saúl António, Oficinas Artísticas no Bispado de Leiria nos séculos XV a XVIII, separata das Actas do VI Simpósio Luso-Espanhol de História da Arte, Viseu, 1991; GOMES, Saúl António, O Livro do Compromisso da Confraria e Hospital de Santa Maria da Vitória da Batalha (1427-1544) Estudo Histórico e Transcrição Documental, Leiria, 2002; CORREIA, LuísMiguel, In Situ, Igreja Matriz da Batalha, in MONUMENTOS 16, p. 115-121, Lisboa. Mar. 2002; FERREIRA, Sílvia Maria Cabrita Nogueira Amaral da Silva - A Talha Barroca de Lisboa (1670-1720). Os Artistas e as Obras. Lisboa: s.n., 2009. Texto policopiado. Dissertação de Doutoramento em História da Arte apresentada à Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 3 vols.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro/DM

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro/DM

Documentação Administrativa

IHRU: DGEMN/DSID, DGEMN/DREMCentro, DGEMN/DSARH

Intervenção Realizada

1933 - Demolição de anexos do lado N.; entaipamento de um arco e de 5 vãos; desentulho da igreja; 1934 - rebaixamento do lajedo de 2 capelas; construção de um gigante e reparação de outro; rebaixamento das entradas e lajeamento das 2 portas laterais; consolidação da abóbada da capela-mor, substituição de pedra mutilada na mesma; 1935 - aplicação de cantarias em patins, soleira na porta principal; armação do telhado da nave, demolição e reconstrução do telhado da capela-mor; construção de um anel de betão envolvendo toda a igreja; construção e assentamento de portas exteriores; rebaixamento de 2 pavimentos, colocação de lajedo e degraus; reparação das bases do arco triunfal; execução de 6 cachorros em cantaria; assentamento de cunhal na frente da igreja; entaipamento de porta e janela na capela-mor; 1936 - transferência do altar de mármore do Mosteiro para a capela-mor; reboco de paredes, regularização de terrenos e lajeamento das entradas; 1937 - construção de vitrais; conclusão do coro; reconstrução parcial da escada do coro; reparação de telhados e rebocos interiores e exteriores; conclusão das obras da sacristia; regularização dos terrenos do adro; 1949 - reparação e limpeza dos telhados; 1961 - revisão da cobertura, colocação de portas, reparação de vitrais, reconstituição de paramentos interiores e exteriores; 1976 - revisão geral da cobertura, reparação de rebocos interiores, arranjo ou execução de portas; reparação de vitrais; revisão da instalação eléctrica; construção de bancos em madeira; 1977 - arranjo nas paredes exteriores; execução de guarda-vento; 1980 - arranjo do telhado, substituição de ripados; 1981 pintura e reparação em portas, arranjo do guarda-vento; 1999 - obras de recuperação das coberturas (nave, capela-mor e sacristia), reconstrução de rebocos exteriores, limpeza e tratamento das cantarias exteriores, particularmente da torre sineira, com excepção do pórtico manuelino; 2000 - execução de rebocos interiores e reparação do tecto da nave em madeira, conservação e consolidação do coro alto com substituição do soalho, execução de novas portas laterais, conservação da porta principal, beneficiação da sacristia; execução de instalação sanitária e eléctrica; colocação de equipamento litúrgico de apoio à celebração (estrado, mesa de altar e ambão); 2001 - restauro do pórtico manuelino, dos altares e do revestimento azulejar.

Observações

Chave na casa do Pároco.

Autor e Data

Isabel Mendonça 1991 / Cecília Matias e Lina Oliveira 2005

Actualização

2010
 
 
 
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