Estação Ferroviária de Pinhal Novo / Torre de Sinalização e Manobra Ferroviária

IPA.00004635
Portugal, Setúbal, Palmela, Pinhal Novo
 
Arquitectura de transportes e comunicações, do século 20. Estação ferroviária com construções referenciadas a distintas correntes de influência estética e arquitectónica. Destaca-se a articulação volumétrica do conjunto da arquitectura utilitária, com coerência formal na organização do espaço, de grande dignidade urbana. Modernidade ainda na abordagem em clareza pragmática do programa racionalista utilizado, com contenção de volumes, e expressão plástica tendencialmente geometrizante, da arquitectura do betão, em especial na Torre de Sinalização e Manobra. Azulejaria de composição figurativa de cunho historicista e folclorizante, com enquadramentos e ornatos de inspiração neo-barroco, em painéis tipo postal regional. Estação ferroviária decorada com painéis de azulejo de composição figurativa, ilustrando temas de cunho historicista e regionalista, característica dos anos 20 / 30.
Número IPA Antigo: PT031508020009
 
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Registo

 
Edifício e estrutura  Edifício  Transportes  Apeadeiro / Estação  Estação ferroviária  

Descrição

O conjunto engloba o edifício de passageiros, o cais para passageiros e mercadorias - dotado de quatro plataformas para seis linhas férreas -, uma torre de sinalização e manobra ferroviária, além de outras construções anexas ou subsidiárias ao funcionamento da estação como as instalações sanitárias, edifício para armazenamento de mercadorias, abrigos para os passageiros e duas passagens pedonais superiores. EDIFÍCIO DE PASSAGEIROS - Planta rectangular, desenvolvida em dois pisos, de volumetria horizontal e com cobertura em telhado de quatro águas, rasgada por três chaminés de planta rectangular. Nas 4 fachadas painéis de azulejos à altura do primeiro registo, separados por vãos de janelas e portas. Vãos de janelas e portas bem marcados com verga, ombreira e pedra de peito ou de soleira, em calcário; registos marcados por cornija arquitravada; remate em cornija arquitravada e beiral, a que se sobrepõe um frontão rectangular, com inscrição toponímica da estação, com remate em pequeno telheiro e 2 pinhas nos topos. Fachada principal orientada a N., embasamento proeminente em cantaria; 3 panos com o do meio em destaque, divididos por pilastras sobrepostas e cunhais que acompanham o 1º registo; 2 registos: o inferior em aparelho rusticado e o superior de reboco com 3 portas de 2 batentes e bandeiras de arcos plenos; no piso superior, sobrepõem-se àquelas, 3 janelas rectangulares; panos laterais de 2 registos: no 1º, à direita, 4 portas e à esquerda, 2 portas e 1 janela; no piso superior, em ambos os panos, vãos de 4 janelas; a meio dos pisos, em cada um dos lados, logotipo dos Caminhos de Ferro Portugueses. Na fachada da gare, disposição dos panos igual à da anterior, com pilastras e cunhais até à altura do primeiro piso. No piso térreo, telheiro de placa de zinco, assente em armação de ferro e em finos pilares de ferro fundido, separa o registo inferior do superior; sob este, uma série de portadas. No piso superior, rasgam-se janelas em sobreposição aos vãos do piso inferior; nos panos laterais, nos intervalos dos vãos, armações de vigas de betão em ângulo, são o suporte de 4 telheiros; o pano central segue o desenho do correspondente na fachada fronteira. Fachadas laterais de 1 pano e 2 pisos, definidos por cunhais até à altura do primeiro registo, rematadas por cornija e beiral; na da direita, 1º piso com 2 janelas e 1 porta, a que se sobrepõem no 2º piso, 3 janelas. Na fachada oposta, 2 janelas no piso térreo, e 3 no superior; nesta fachada, inscrição toponímica da estação e placas apostas, comemorativas de prémios concedidos à Estação. INTERIOR: espaços diferenciados das salas de serviços, de chefia, de administração, de atendimento ao público, de uso de utentes, de residência com iluminação dada através dos vãos já referenciados; pé-direito de dois andares: de paredes rebocadas lisas e com azulejaria. Coberturas de tectos lisos de alvenaria rebocada. Pavimentos em mosaicos de faiança.

Acessos

Lg. José Maria dos Santos

Protecção

Categoria: IM - Interesse Municipal, Deliberação da Assembleia Municipal de Palmela de 25 junho 2002 (Torre de Sinalização e Manobra da Estação)

Enquadramento

Urbano. Implanta-se em terreno plano e articula-se com o núcleo populacional através do edifício de passageiros, à face da via pública, sendo o demais espaço da estação delimitado por muro separador a acompanhar passeio calcetado. Constitui uma das quatro frentes urbanas envolventes de um grande jardim público, caracterizadas por prédios de habitação de dois-três pisos, homegeneidade pontualmente quebrada por edifícios mais recentes e com cérceas superiores (até quatro pisos). No Jardim destacam-se algumas estruturas construídas, com particular destaque para a Igreja, o Coreto (1927), o lago, uma estátua a José Maria dos Santos e um chafariz (1952) ornamentado com painéis de azulejos. Nos terrenos que envolvem a zona posterior da estação, além do muro separador e compreendidos entre prédios de habitação recentes, situam-se outras equipamentos ferroviários, incluindo um bairro residencial e o edifício da cooperativa.

Descrição Complementar

AZULEJO: EXTERIOR: 22 painéis, de composição figurativa, de várias dimensões; monocromia: azul de cobalto em fundo branco; temática: paisagens do distrito de Setúbal e cenas da vida no campo; nas cercaduras, legendas relativas ao tema representado; 8X15 azulejos, Setúbal / Castelo São Filipe; de 8X17 Rio Frio / Varrendo a eira; de 8X18 Rio Frio / Maioral de Gado Bravo / Cabrestos / Atravessando uma Lagôa; de 8X13 Arrábida / Portinho; de 8X13 Setúbal / Cerca do Convento de Jesus; de 8X18 Setúbal / vista da Comenda; de 8X13 Palmela / Castelo; de 8X10 Rio Frio / Pequeno Alentejano e Carro; de 8X10 Arrábida Cruzeiro / sobre a Lapa; 8X19 Rio Frio / Recolhendo o gado; 8X19 Sesimbra / Consertando Rêdes; 8X7 etúbal / Pórtico da Egreja de Jesus; 8X7 Palmela / Casa Onde Nasceu / Ermenegildo Capêlo; 8X23 (tríptico) Setúbal / Mira Sado, Setúbal / Praça do Bocage, Setúbal / Doca do Comércio; 8X7 Palmela / Entrada do Castelo; 8X8 Rio Frio (vala) / Transporte do Vinho em Batelões; 8X7 Palmela / Antigo Pelourinho; 8X7 Rio Frio / Raparigas / vindimando; 8X7 Setúbal /Trabalhando nas Salinas; 8X7 Palmela / Pórtico da Egreja de São Tiago (no Castelo); 8X19 Palmela / Moinhos no Castelo; 8X19 Rio Frio / Vacas Bravas / Atravessando Ponte; 8X10 Azeitão / Bacalhoa; INTERIOR: Silhares de azulejo de padrão, reproduzindo padrões seiscentistas de tipo "camélia" e "quadrilobo"; nas costas dos bancos cobertos, revestimento de azulejos de figura avulsa, reproduzindo motivos setecentistas;

Utilização Inicial

Transportes: estação ferroviária

Utilização Actual

Transportes: estação ferroviária

Propriedade

Pública: estatal

Afectação

Sem afectação

Época Construção

Séc. 20

Arquitecto / Construtor / Autor

Companhia dos Caminhos de Ferro Portugueses (C.P.), Divisão Via e Obras: arq. José Ângelo Cottinelli Telmo (Torre de Sinalização e Manobra Ferroviária) / João Rodrigues (temas centrais dos painéis), F. Branco Pinto (cercaduras dos painéis), antiga Fábrica Constância - Fábrica Battistini (produção dos azulejos).

Cronologia

1861 - A estação do Pinhal Novo do caminho de ferro do Sul e Sueste é o entroncamento do ramal do Barreiro a Setúbal, aberto no 1.º de Fevereiro deste ano; Séc. 20, anos 30, construção a 15 Km de Lisboa da actual estação; 1936 - elaboração do projecto da Torre de Sinalização e Manobra Ferroviária, da responsabilidade de Cottinelli Telmo; 1938, Out. - inauguração da Torre; desta ano datam igualmente os painéis de azulejo; 1946 - a estação recebe o 2º prémio no Concurso das Estações Floridas, SNI; 1970 - 1º prémio regional da C.P. no Concurso da Estações bem cuidadas; 1971 - 1º Prémio da região Sul e prémio espacial no Concurso das Estações bem cuidadas; 1972 - 1º prémio da Região Sul, no Concurso das Estações bem cuidadas; 1973 - 2º prémio da região Sul no Concurso das Estações bem cuidadas; 2003, 14 março - despacho de abertura do processo de classificação do Vice-Presidente do IPPAR; 2009, 30 abril - parecer do Conselho Consultivo do IGESPAR propõe a não classificação nacional do imóvel; 25 maio - despacho do Diretor do IGESPAR revoga o despacho de abertura do processo de classificação.

Dados Técnicos

Paredes autoportantes, estrutura autónoma

Materiais

Cantaria, alvenaria, betão armado, ferro fundido, tijoleira, mosaicos de cerâmica vidrada, azulejos, madeira, telhas.

Bibliografia

MORGADO Jr., António Carlos e outros, Almada Velha: uma experiência de Recuperação in Actas I Encontro Ibérico de Municípios com Centro Histórico. Santarém, 6-8 de Novembro de 1992, Santarém, 1994; CALADO, Rafael, ALMEIDA, Pedro Vieira de, Aspectos azulejares na Arquitectura Ferroviária Portuguesa, Edição CP Caminhos de Ferro Portugueses, Lisboa, 2000; SERRÃO, Vítor, MECO, José, Palmela Histórico-Artística, um inventário do património artístico concelhio, Lisboa/ Palmela, Edições Colibri/ Câmara Municipal de Palmela, 2007.

Documentação Gráfica

IHRU: DGEMN / DSID; C.P.

Documentação Fotográfica

IHRU: DGEMN / DSID

Documentação Administrativa

C.P.

Intervenção Realizada

Observações

Autor e Data

Albertina Belo 1998 / Paula Correia 2002 / Filomena Bandeira 2003

Actualização

 
 
 
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